Pirenópolis, Brasil

Uma Pólis nos Pirinéus Sul-Americanos


O cimo de telha de Piri
Vista dos sucessivos telhados nas imediações da Rua do Rosário
Sombras de fé
Holofote faz projectar sombras dos fiéis contra a Igreja de Nª Srª do Rosário
Piri Dourada
Iluminação de Piri nos tons dourados que combinam com o Ciclo do Ouro que deu origem à cidade
Camisetas contra troncos-nus
Uma peladinha à beira do Rio das Almas
Paisagem de Piri
Rua Abaixo
Joia de trabalho
Um dos muitos joalheiros de Pirinópolis trabalha um fio.
O ocaso dourado de Pirenópolis
Western Brasileiro
Cavaleiros cruzam a Ponte do Carmo, sobre o Rio das Almas, o rio de que foi extraído o ouro que financiou Pirenópolis.
Caminho da fé
Morador conduz uma charrete pela frente da igreja da Nª Srª do Rosário
Paepalanthus ou caliandra
Chuveirinho destacado do cerrado em redor de Pirenópolis, Goiás, Brasil
Cris na oficina
Cristiano Costa trabalha em jóias com recurso a elementos naturais do Cerrado.
Fachada & Buritizeiros
A fachada da igreja de Nª Srª do Rosário acompanhada das suas palmeiras buritizeiras
Igreja Nª Srª Rosário-Pirenópolis-Goiás-Brasi
Lojinha Azul
Telhados Portugueses de Pirenópolis
Casario de Pirenópolis tal como visto do cimo de uma das torres da igreja d Nª Srª do Rosário.
Palmeiras acima do Casario
Enorme buritizeiros parecem vigiar a vida de Pirenópolis.
Banho equino
Rapazes banham-se e a alguns cavalos no rio das Almas, logo ao lado da ponte do Carmo.
De serviço
Cozinheiras da Fazenda Babilónia preparam uma refeição
Em plena Petrocidade
Guias internam-se na Cidade de Pedra
Minas de Nossa Senhora do Rosário da Meia Ponte foi erguida por bandeirantes portugueses, no auge do Ciclo do Ouro. Por saudosismo, emigrantes provavelmente catalães chamaram à serra em redor de Pireneus. Em 1890, já numa era de independência e de incontáveis helenizações das suas urbes, os brasileiros baptizaram esta cidade colonial de Pirenópolis.

Alguns dos muitos dias em Pirenópolis, passamo-los alojados num hotel instalado na encosta contrária à do velho centro.

É do miradouro privilegiado dos seus terraços que admiramos o casario secular.

Dali, percebemos melhor como se adaptou à serrania verdejante de Pireneus, como se imiscuiu e integrou na vegetação tropical: nos buritis, nos coqueiros, nos tamarindos.

A simbiose da sua história com a serra e o Cerrado imenso em redor explica, aliás, porque uma passarada exótica faz parte da vida local, com destaque para os exuberantes, esquivos e sempre atarefados tucanos.

De quando em quando, estas aves também trepadoras sobrevoam-nos a grande velocidade, acima de ruas, ruelas becos e avenidas delimitadas por casinhas térreas e alguns casarões.

Igreja de Nossa Senhora do Rosário e casario de Pirenópolis, Goiás, Brasil

A igreja de Pirenópolis, de Nª Srª do Rosário destaca-se do casario colonial e da vegetação que envolve Pirenópolis.

Casario Colonial e uma Natureza Providencial

Em Piri, os edifícios têm paredes brancas. Têm molduras de portas e janelas coloridas, cobertas por telha portuguesa, parte delas ainda moldada nas coxas dos escravos.

Sejam ou não lares, quase todas as construções foram financiadas pelo ouro extraído do rio das Almas e bacia envolvente.

A época seca do estado de Goiás e do imenso Planalto Central brasileiro estava em vigor havia mais de um mês. Dia após dia, caminhamos para o centro de Pirenópolis sob um céu azulão, aqui e ali, sarapintado de novelos tresmalhados de nebulosidade.

Descemos a rua do Carmo. Atravessamos a velha ponte homónima, ainda hoje de madeira vermelha e branca, anunciada por candeeiros parisienses.

Daqueles lampiões elegantes que, entre proveitos de ouro, diamantes e café, se convencionou iluminarem as povoações brasileiras abastadas.

Cavaleiros cruzam a Ponte do Carmo, Pirenópolis, Goiás, Brasil

Cavaleiros cruzam a Ponte do Carmo, sobre o Rio das Almas, o rio de que foi extraído o ouro que financiou Pirenópolis.

Para cá, para lá, de olho no caudal esverdeado do Almas, constatamos como, em Pirenópolis, os tempos se fundiram de forma harmoniosa.

Em plena temporada da longa Festa do Divino Espírito Santo local – uma das mais exuberantes à face da Terra – vemos-nos forçados a dar passagem a caravanas de cavaleiros trajados segundo a moda hípica de há dois ou três séculos.

Do outro lado do Almas, já em plena avenida Beira-Rio, damos com uma pelada aguerrida: camisetas contra troncos-nus, sobre o pelado irregular oposto ao Beco da Cadeia.

Peladinha em Pirenópolis, Goiás, Brasil

Uma peladinha à beira do Rio das Almas

O Âmago Religioso e Social da Igreja de Nª Srª do Rosário

Fazemo-nos à Rua do Rosário, a via de fé da cidade que conduz à Igreja de Nª Senhora do Rosário, a primeira e maior edificação religiosa do Estado de Goiás.

Esta igreja foi erguida entre 1732 e 1736, no auge da abundância aurífera.

Foi prendada com tal sumptuosidade que, tendo em conta os parâmetros da região, começou a ser vista como uma verdadeira catedral.

Igreja de Nossa Senhora do Rosário, Pirenópolis, Goiás, Brasil

A fachada da igreja de Nª Srª do Rosário acompanhada das suas palmeiras buritis

Marcou – como ainda marca – o centro geográfico e social da cidade, para o que contribui o duo divinal de grandes palmeiras buritis que já quase fazem parte da fachada.

Lá vemos serem erguidos a custo os mastros quase tão altos como os buritis que ostentam os estandartes da Festa do Divino Espírito Santo. Lá se realizam missas atrás de missas, casamentos, baptizados, comunhões, ensaios musicais e tantos outros eventos.

Lá admiramos o teatro espontâneo das sombras dos crentes que assistiam a um fogo-de-artifício distante.

Entre os projectores e as paredes alvas da igreja, e ao dos participantes numa procissão eminente que não tarda a sumir-se no dourado resplandecente, algo extraterrestre, da nave.

Sombra de crentes de Pirenópolis, Goiás, Brasil

Holofote faz projectar sombras dos fiéis contra a Igreja de Nª Srª do Rosário

Nascida do ouro desviado aos Goyás

 O arraial que deu origem à Pirenópolis abençoada dos nossos dias resultou da determinação de bandeirantes portugueses:

Amaro Leite, Urbano do Couto Menezes, este, companheiro de Bartolomeu Bueno da Silva, filho de um bandeirante português homónimo.

Bartolomeu Bueno da Silva, pai, foi autor de tantas atrocidades cometidas sobre os Goyas que este grupo de indígenas o apodou de Anhanguera, velho diabo, no seu dialecto.

Bartolomeu da Silva – o filho – obteve do governador da Província de São Paulo a concessão do território dos Goyas em redor de Meia-Ponte.

Assim ficou conhecida a zona depois de uma inundação do Rio Almas ter destruído metade da ponte que o permitia cruzar.

Banho equino no Rio das Almas, Pirenópolis, Goiás, Brasil

Rapazes banham-se e a alguns cavalos no rio das Almas, logo ao lado da ponte do Carmo.

O Ouro Lucrativo das Almas

Em troca, o governador exigiu que as minas de ouro fossem exploradas por portugueses. Para o cumprir, o Anhanguera filho – entretanto instalado na Vila Boa (hoje, Goiás Velho)  – terra da escritora Cora Coralina – incumbiu Manuel Rodrigues Tomar de fundar um arraial.

Seguiu-se a prospecção. Ao longo do rio das Almas, o ouro surgiu em grande quantidade.

Fez milionários vários colonos portugueses. Financiou a expansão da povoação de Minas de Nossa Senhora do Rosário da Meia Ponte, e a construção de quatro igrejas.

Meia Ponte ganhou um inesperado impulso civilizacional.

E começou a competir com Vila Boa no estatuto de cidade mais abastada do estado de Goiás. Assim foi, até 1800.

Rua colonial dourada em Pirenópolis, Goiás, Brasil

Iluminação de Piri nos tons dourados que combinam com o Ciclo do Ouro que deu origem à cidade

O Inevitável Declínio Financeiro de Pirenópolis

Na viragem para o século XIX, o ouro já escasseava. As rotas comerciais de Goiás passaram a centrar-se noutra vizinha, Anápolis. Muitos dos habitantes emigraram.

Noventa anos depois, Meia Ponte foi rebatizada de Pirenópolis.

Piri só recuperou do marasmo a partir de 1960. Primeiro, com a construção quase messiânica de Brasília, carente de matérias-primas, em particular do quartzito abundante em redor de Pirenópolis.

Decorridos outros vinte anos, comunidades em busca de vida alternativa rejuvenesceram a notoriedade de Piri.

Para lá atraíram migrantes e visitantes vindos da nova capital brasileira.

Casario de Pirenópolis, Goiás, Brasil

Casario de Pirenópolis tal como visto do cimo de uma das torres da igreja d Nª Srª do Rosário.

Cercam Pirenópolis sítios e fazendas com pastos conquistados ao cerrado, salpicados de boiada, de termiteiros e ipês amarelos ou de um cor-de-rosa inverosímil.

A Fazenda Produtora de Estórias da Babilónia

Num dos nossos vários dias pirenopolinos, acordamos cedo. Encontramo-nos com Dª Telma que nos leva à sua fazenda Babilónia, a mais emblemática da região, situada a 24 km do centro de Pirenópolis.

Emulamos, assim, o programa de visita do nosso viajado pai da democracia, ex-presidente Mário Soares. “Se querem saber, eu achei ele bem simpático, sincero, muito “terra a terra” afiança-nos Dª Telma.

“Me pareceu daquelas pessoas que dá vontade de abraçar. E, isto, mesmo se ele recusou um suco de tamarindo e outro de maracujá do seu café da manhã.

Um tava demasiado amargo, o outro demasiado doce, dizia ele.”

Cozinheiras da Fazenda Babilónia preparam uma refeição

Com mais de dois séculos de história, a Fazenda Babilónia foi – antes de mudar de donos – o engenho de cana-de-açúcar de São Joaquim, um dos maiores do Brasil numa altura em que nele trabalhavam centenas de escravos.

Os actuais proprietários respeitaram a estrutura e o aspecto colonial.

Em 1965, a fazenda foi nomeada Património Histórico.

Continua a servir o mesmo café da manhã colonial goiano delicioso e variado tomado pelo saudoso bochechas.

A Pirenópolis dos Pireneus, do Cerrado e da Cidade de Pedra

Novo dia, novas explorações. Encontramo-nos com Cristiano Costa, à data Presidente da Associação dos Guias, no CAT- Centro de Atendimento ao Turista.

Filho orgulhoso de Pirenópolis, Cris coloca-se de imediato ao dispor. Nos tempos que se seguem, entre passeios, caminhadas e soluções logísticas, ele, o irmão Tilapa e Kike Palma – um amigo de ambos – revelar-se-iam providenciais no acompanhamento da Festa do Divino Espírito Santo que levámos a cabo.

Para dizer a verdade, em muito mais do que fizemos em Pirenópolis.

Cris quis mostrar-nos um dos seus lugares favoritos em redor de Piri. Ávidos por tudo o que fosse novo, aderimos de imediato ao repto.

Na manhã seguinte, bem cedo, integramos uma pequena comitiva a que se juntaram os seus colegas Eduardo e Jorginho.

De início a bordo de um jipe, penetramos no Parque Estadual da Serra dos Pireneus, por um caminho que se desenrola entre os emblemáticos Morro do Cabeludo e os Três Picos: o Pai (1385m), o Filho e o Espírito Santo.

Chuveirinho do cerrado em redor de Pirenópolis, Goiás, Brasil

Chuveirinho destacado do cerrado em redor de Pirenópolis, Goiás, Brasil

Já a mais de 50km de Piri, acima dos mil metros de altitude, passamos a caminhar entre buritis, cactos e chuveirinhos (Paepalanthus, caliandras ou sempre-vivas), plantas emblemáticas do Cerrado, com flores brancas que parecem gotas d’água.

A Cidade de Pedra do Cerrado

Por fim, damos com o destino da jornada. A Cidade de Pedra local é considerada a mais vasta e labiríntica do Brasil.

Situada para lá dos Três Picos, esta obra de arte geológica foi legada pela erosão de arenito e quartzito.

Cidade de Pedra, arredores de Pirenópolis, Goiás, Brasil

Guias internam-se na Cidade de Pedra

Ditaram testes de carbono 14 que se terá começado a formar há cerca de 800 milhões de anos, com início no período pré-cambriano.

A Cidade de Pedra surge numa área de cerrado rupestre preenchida por formações rochosas de grandes dimensões, algumas, verdadeiros pináculos recortados que há muito desafiam a gravidade.

Em 1871, aquele que se crê ter sido o primeiro homem a deixar uma descrição escrita do lugar, o médico e naturalista francês Francois Trigant des Genettes viu bastante mais.

Cidade mas não Tanto

Alvitrou que a Cidade de Pedra deveria ser uma espécie de Atlântida perdida, com muralhas fortificadas, praças, ruas, ruínas de estátuas, de templos, teatros e palácios, lares e até túmulos.

Daí para cá, pouco terá mudado. Com a “cidade” diante e bastante tempo para a contemplar, chegámos à conclusão que a imaginação do naturalista tinha pouco de natural.

Suplantava em larga escala a de Cris e dos colegas que, de tempos a tempos, nos chamavam atenção para determinadas formas familiares: o orangotango, a bruxinha, entre tantos outros.

De início, a excentricidade da língua portuguesa de Cris divertia-nos. Fazia-nos lembrar as falas de Urtigão, o famoso personagem campestre dos livrinhos Disney brasileiros.

À imagem de muitos dos goianos sem estudos aturados, Cris trocava os eles (Ls) pelos erres. Mas não só. Ao mesmo tempo, atropelava a concordância de número a torto a direito.

De acordo, para proferir “as bicicletas”, dizia “as bicicreta”.

Cristiano Costa no seu atelier joalheiro de Pirenópolis, Goiás, Brasil

Cristiano Costa trabalha em jóias com recurso a elementos naturais do Cerrado.

Os Joalheiros Prodigiosos de Pirenópolis

Podiam faltar a Cristiano Costa melhores oportunidades, mas nunca a determinação. Além de guiar forasteiros, Cris criava joias num mini-estúdio artesanal que tinha há muito montado na casa em que co-habitava com a família.

Chegou a mostrar-nos como, com muita paciência e minúcia, combinava ametistas, topázios, turmalinas, esmeraldas, águas-marinhas – com sementes, metais e outros materiais.

Não era o único a fazê-lo, em Pirenópolis. À falta de outros empregos, muitos Pirenopolinos tornaram-se joalheiros e desenham as suas próprias obras de arte.

Os melhores, acabam por fornecer as lojas locais, as de outros pontos do Brasil e até mesmo do estrangeiro. Piri conta com em redor de cem ateliês.

Emprega cerca de 300 artesãos, alguns com estilos próprios prodigiosos.

Ourives em acção em Pirenópolis, Goiás, Brasil

Um dos muitos joalheiros de Pirinópolis trabalha um fio.

Um período em que o negócio quase sempre prospera são os derradeiros dias da Festa do Divino Espírito Santo, quando as Cavalhadas da cidade têm lugar no Cavalhódromo local:

cavaleiros cristãos contra Mouros, pouco importa se estamos no coração da América do Sul.

Pôr-do-sol sobre Pirenópolis, Goiás, Brasil

Fim do dia aloura por completo as silhuetas difusas da cidade.

Na manhã seguinte, como acontece ano após ano, os infiéis saíram derrotados.

Os Cavaleiros entraram em modo de repouso.

Piri voltou a viver na paz absoluta do Divino Espírito Santo.

Pirenópolis, Brasil

Cavalgada de Fé

Introduzida, em 1819, por padres portugueses, a Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis agrega uma complexa rede de celebrações religiosas e pagãs. Dura mais de 20 dias, passados, em grande parte, sobre a sela.
Pirenópolis, Brasil

Cruzadas à Brasileira

Os exércitos cristãos expulsaram as forças muçulmanas da Península Ibérica no séc. XV mas, em Pirenópolis, estado brasileiro de Goiás, os súbditos sul-americanos de Carlos Magno continuam a triunfar.
Manaus, Brasil

Os Saltos e Sobressaltos da ex-Capital Mundial da Borracha

De 1879 a 1912, só a bacia do rio Amazonas gerava o latex de que, de um momento para o outro, o mundo precisou e, do nada, Manaus tornou-se uma das cidades mais avançadas à face da Terra. Mas um explorador inglês levou a árvore para o sudeste asiático e arruinou a produção pioneira. Manaus voltou a provar a sua elasticidade. É a maior cidade da Amazónia e a sétima do Brasil.
Goiás Velho, Brasil

Um Legado da Febre do Ouro

Dois séculos após o apogeu da prospecção, perdida no tempo e na vastidão do Planalto Central, Goiás estima a sua admirável arquitectura colonial, a riqueza supreendente que ali continua por descobrir.
Chapada Diamantina, Brasil

Bahia de Gema

Até ao final do séc. XIX, a Chapada Diamantina foi uma terra de prospecção e ambições desmedidas.Agora que os diamantes rareiam os forasteiros anseiam descobrir as suas mesetas e galerias subterrâneas
Goiás Velho, Brasil

Vida e Obra de uma Escritora à Margem

Nascida em Goiás, Ana Lins Bretas passou a maior parte da vida longe da família castradora e da cidade. Regressada às origens, continuou a retratar a mentalidade preconceituosa do interior brasileiro

Florianópolis, Brasil

O Legado Açoriano do Atlântico Sul

Durante o século XVIII, milhares de ilhéus portugueses perseguiram vidas melhores nos confins meridionais do Brasil. Nas povoações que fundaram, abundam os vestígios de afinidade com as origens.

Ilhabela, Brasil

Em Ilhabela, a Caminho de Bonete

Uma comunidade de caiçaras descendentes de piratas fundou uma povoação num recanto da Ilhabela. Apesar do acesso difícil, Bonete foi descoberta e considerada uma das dez melhores praias do Brasil.
Lençois da Bahia, Brasil

A Liberdade Pantanosa do Quilombo do Remanso

Escravos foragidos subsistiram séculos em redor de um pantanal da Chapada Diamantina. Hoje, o quilombo do Remanso é um símbolo da sua união e resistência mas também da exclusão a que foram votados.
Lençois da Bahia, Brasil

Lençois da Bahia: nem os Diamantes São Eternos

No século XIX, Lençóis tornou-se na maior fornecedora mundial de diamantes. Mas o comércio das gemas não durou o que se esperava. Hoje, a arquitectura colonial que herdou é o seu bem mais precioso.
Passo do Lontra, Miranda, Brasil

O Brasil Alagado a um Passo da Lontra

Estamos no limiar oeste do Mato Grosso do Sul mas mato, por estes lados, é outra coisa. Numa extensão de quase 200.000 km2, o Brasil surge parcialmente submerso, por rios, riachos, lagoas e outras águas dispersas em vastas planícies de aluvião. Nem o calor ofegante da estação seca drena a vida e a biodiversidade de lugares e fazendas pantaneiras como a que nos acolheu às margens do rio Miranda.
Miranda, Brasil

Maria dos Jacarés: o Pantanal abriga criaturas assim

Eurides Fátima de Barros nasceu no interior da região de Miranda. Há 38 anos, instalou-se e a um pequeno negócio à beira da BR262 que atravessa o Pantanal e ganhou afinidade com os jacarés que viviam à sua porta. Desgostosa por, em tempos, as criaturas ali serem abatidas, passou a tomar conta delas. Hoje conhecida por Maria dos Jacarés, deu nome de jogador ou treinador de futebol a cada um dos bichos. Também garante que reconhecem os seus chamamentos.
Curitiba, Brasil

A Vida Elevada de Curitiba

Não é só a altitude de quase 1000 metros a que a cidade se situa. Cosmopolita e multicultural, a capital paranaense tem uma qualidade de vida e rating de desenvolvimento humano que a tornam um caso à parte no Brasil.
Morro de São Paulo, Brasil

Um Litoral Divinal da Bahia

Há três décadas, não passava de uma vila piscatória remota e humilde. Até que algumas comunidades pós-hippies revelaram o retiro do Morro ao mundo e o promoveram a uma espécie de santuário balnear.
Ilhabela, Brasil

Ilhabela: Depois do Horror, a Beleza Atlântica

Nocenta por cento de Mata Atlântica preservada, cachoeiras idílicas e praias gentis e selvagens fazem-lhe jus ao nome. Mas, se recuarmos no tempo, também desvendamos a faceta histórica horrífica de Ilhabela.
Brasília, Brasil

Brasília: da Utopia à Capital e Arena Política do Brasil

Desde os tempos do Marquês de Pombal que se falava da transferência da capital para o interior. Hoje, a cidade quimera continua a parecer surreal mas dita as regras do desenvolvimento brasileiro.
Hidroeléctrica Binacional de Itaipu, Brasil

HidroElétrica Binacional do Itaipu: a Febre do Watt

Em 1974, milhares de brasileiros e paraguaios confluíram para a zona de construção da então maior barragem do Mundo. 30 anos após a conclusão, Itaipu gera 90% da energia paraguaia e 20% da do Brasil.
Ilha do Marajó, Brasil

A Ilha dos Búfalos

Uma embarcação que transportava búfalos da Índia terá naufragado na foz do rio Amazonas. Hoje, a ilha de Marajó que os acolheu tem uma das maiores manadas do mundo e o Brasil já não passa sem estes bovídeos.
Cataratas Iguaçu/Iguazu, Brasil/Argentina

O Troar da Grande Água

Após um longo percurso tropical, o rio Iguaçu dá o mergulho dos mergulhos. Ali, na fronteira entre o Brasil e a Argentina, formam-se as cataratas maiores e mais impressionantes à face da Terra.
Manaus, Brasil

Ao Encontro do Encontro das Águas

O fenómeno não é único mas, em Manaus, reveste-se de uma beleza e solenidade especial. A determinada altura, os rios Negro e Solimões convergem num mesmo leito do Amazonas mas, em vez de logo se misturarem, ambos os caudais prosseguem lado a lado. Enquanto exploramos estas partes da Amazónia, testemunhamos o insólito confronto do Encontro das Águas.
Parque Nacional Amboseli, Monte Kilimanjaro, colina Normatior
Safari
PN Amboseli, Quénia

Uma Dádiva do Kilimanjaro

O primeiro europeu a aventurar-se nestas paragens masai ficou estupefacto com o que encontrou. E ainda hoje grandes manadas de elefantes e de outros herbívoros vagueiam ao sabor do pasto irrigado pela neve da maior montanha africana.
Bandeiras de oração em Ghyaru, Nepal
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 4º – Upper Pisang a Ngawal, Nepal

Do Pesadelo ao Deslumbre

Sem que estivéssemos avisados, confrontamo-nos com uma subida que nos leva ao desespero. Puxamos ao máximo pelas forças e alcançamos Ghyaru onde nos sentimos mais próximos que nunca dos Annapurnas. O resto do caminho para Ngawal soube como uma espécie de extensão da recompensa.
costa, fiorde, Seydisfjordur, Islandia
Arquitectura & Design
Seydisfjordur, Islândia

Da Arte da Pesca à Pesca da Arte

Quando armadores de Reiquejavique compraram a frota pesqueira de Seydisfjordur, a povoação teve que se adaptar. Hoje, captura discípulos da arte de Dieter Roth e outras almas boémias e criativas.
Alturas Tibetanas, mal de altitude, montanha prevenir tratar, viagem
Aventura

Mal de Altitude: não é mau. É péssimo!

Em viagem, acontece vermo-nos confrontados com a falta de tempo para explorar um lugar tão imperdível como elevado. Ditam a medicina e as experiências prévias com o Mal de Altitude que não devemos arriscar subir à pressa.
Desfile de nativos-mericanos, Pow Pow, Albuquerque, Novo México, Estados Unidos
Cerimónias e Festividades
Albuquerque, E.U.A.

Soam os Tambores, Resistem os Índios

Com mais de 500 tribos presentes, o pow wow "Gathering of the Nations" celebra o que de sagrado subsiste das culturas nativo-americanas. Mas também revela os danos infligidos pela civilização colonizadora.
Singapura, ilha Sucesso e Monotonia
Cidades
Singapura

A Ilha do Sucesso e da Monotonia

Habituada a planear e a vencer, Singapura seduz e recruta gente ambiciosa de todo o mundo. Ao mesmo tempo, parece aborrecer de morte alguns dos seus habitantes mais criativos.
Máquinas Bebidas, Japão
Comida
Japão

O Império das Máquinas de Bebidas

São mais de 5 milhões as caixas luminosas ultra-tecnológicas espalhadas pelo país e muitas mais latas e garrafas exuberantes de bebidas apelativas. Há muito que os japoneses deixaram de lhes resistir.
Parada e Pompa
Cultura
São Petersburgo, Rússia

A Rússia Vai Contra a Maré. Siga a Marinha

A Rússia dedica o último Domingo de Julho às suas forças navais. Nesse dia, uma multidão visita grandes embarcações ancoradas no rio Neva enquanto marinheiros afogados em álcool se apoderam da cidade.
arbitro de combate, luta de galos, filipinas
Desporto
Filipinas

Quando só as Lutas de Galos Despertam as Filipinas

Banidas em grande parte do Primeiro Mundo, as lutas de galos prosperam nas Filipinas onde movem milhões de pessoas e de Pesos. Apesar dos seus eternos problemas é o sabong que mais estimula a nação.
Barco e timoneiro, Cayo Los Pájaros, Los Haitises, República Dominicana
Em Viagem
Península de Samaná, PN Los Haitises, República Dominicana

Da Península de Samaná aos Haitises Dominicanos

No recanto nordeste da República Dominicana, onde a natureza caribenha ainda triunfa, enfrentamos um Atlântico bem mais vigoroso que o esperado nestas paragens. Lá cavalgamos em regime comunitário até à famosa cascata Limón, cruzamos a baía de Samaná e nos embrenhamos na “terra das montanhas” remota e exuberante que a encerra.
Pequeno navegador
Étnico
Honiara e Gizo, Ilhas Salomão

O Templo Profanado das Ilhas Salomão

Um navegador espanhol baptizou-as, ansioso por riquezas como as do rei bíblico. Assoladas pela 2ª Guerra Mundial, por conflitos e catástrofes naturais, as Ilhas Salomão estão longe da prosperidade.
Ocaso, Avenida dos Baobás, Madagascar
Portfólio Fotográfico Got2Globe

Dias Como Tantos Outros

real de Catorce, San Luís Potosi, México, Capela de Guadalupe
História
Real de Catorce, San Luís Potosi, México

A Depreciação da Prata que Levou à do Pueblo (Parte II)

Com a viragem para o século XX, o valor do metal precioso bateu no fundo. De povoação prodigiosa, Real de Catorce passou a fantasma. Ainda à descoberta, exploramos as ruínas das minas na sua origem e o encanto do Pueblo ressuscitado.
Camiguin, Filipinas, manguezal de Katungan.
Ilhas
Camiguin, Filipinas

Uma Ilha de Fogo Rendida à Água

Com mais de vinte cones acima dos 100 metros, a abrupta e luxuriante, Camiguin tem a maior concentração de vulcões que qualquer outra das 7641 ilhas filipinas ou do planeta. Mas, nos últimos tempos, nem o facto de um destes vulcões estar activo tem perturbado a paz da sua vida rural, piscatória e, para gáudio dos forasteiros, fortemente balnear.
Era Susi rebocado por cão, Oulanka, Finlandia
Inverno Branco
PN Oulanka, Finlândia

Um Lobo Pouco Solitário

Jukka “Era-Susi” Nordman criou uma das maiores matilhas de cães de trenó do mundo. Tornou-se numa das personagens mais emblemáticas da Finlândia mas continua fiel ao seu cognome: Wilderness Wolf.
Recompensa Kukenam
Literatura
Monte Roraima, Venezuela

Viagem No Tempo ao Mundo Perdido do Monte Roraima

Perduram no cimo do Monte Roraima cenários extraterrestres que resistiram a milhões de anos de erosão. Conan Doyle criou, em "O Mundo Perdido", uma ficção inspirada no lugar mas nunca o chegou a pisar.
Walter Peak, Queenstown, Nova Zelandia
Natureza
Nova Zelândia  

Quando Contar Ovelhas Tira o Sono

Há 20 anos, a Nova Zelândia tinha 18 ovinos por cada habitante. Por questões políticas e económicas, a média baixou para metade. Nos antípodas, muitos criadores estão preocupados com o seu futuro.
Sheki, Outono no Cáucaso, Azerbaijão, Lares de Outono
Outono
Sheki, Azerbaijão

Outono no Cáucaso

Perdida entre as montanhas nevadas que separam a Europa da Ásia, Sheki é uma das povoações mais emblemáticas do Azerbaijão. A sua história em grande parte sedosa inclui períodos de grande aspereza. Quando a visitámos, tons pastéis de Outono davam mais cor a uma peculiar vida pós-soviética e muçulmana.
lago ala juumajarvi, parque nacional oulanka, finlandia
Parques Naturais
Kuusamo ao PN Oulanka, Finlândia

Sob o Encanto Gélido do Árctico

Estamos a 66º Norte e às portas da Lapónia. Por estes lados, a paisagem branca é de todos e de ninguém como as árvores cobertas de neve, o frio atroz e a noite sem fim.
Ponte de Ross, Tasmânia, Austrália
Património Mundial UNESCO
À Descoberta de Tassie, Parte 3, Tasmânia, Austrália

Tasmânia de Alto a Baixo

Há muito a vítima predilecta das anedotas australianas, a Tasmânia nunca perdeu o orgulho no jeito aussie mais rude ser. Tassie mantém-se envolta em mistério e misticismo numa espécie de traseiras dos antípodas. Neste artigo, narramos o percurso peculiar de Hobart, a capital instalada no sul improvável da ilha até à costa norte, a virada ao continente australiano.
Verificação da correspondência
Personagens
Rovaniemi, Finlândia

Da Lapónia Finlandesa ao Árctico, Visita à Terra do Pai Natal

Fartos de esperar pela descida do velhote de barbas pela chaminé, invertemos a história. Aproveitamos uma viagem à Lapónia Finlandesa e passamos pelo seu furtivo lar.
Lançamento de rede, ilha de Ouvéa-Ilhas Lealdade, Nova Caledónia
Praias
Ouvéa, Nova Caledónia

Entre a Lealdade e a Liberdade

A Nova Caledónia sempre questionou a integração na longínqua França. Na ilha de Ouvéa, arquipélago das Lealdade, encontramos uma história de resistência mas também nativos que preferem a cidadania e os privilégios francófonos.
Gravuras, Templo Karnak, Luxor, Egipto
Religião
Luxor, Egipto

De Luxor a Tebas: viagem ao Antigo Egipto

Tebas foi erguida como a nova capital suprema do Império Egípcio, o assento de Amon, o Deus dos Deuses. A moderna Luxor herdou o Templo de Karnak e a sua sumptuosidade. Entre uma e a outra fluem o Nilo sagrado e milénios de história deslumbrante.
Comboio do Fim do Mundo, Terra do Fogo, Argentina
Sobre Carris
Ushuaia, Argentina

Ultima Estação: Fim do Mundo

Até 1947, o Tren del Fin del Mundo fez incontáveis viagens para que os condenados do presídio de Ushuaia cortassem lenha. Hoje, os passageiros são outros mas nenhuma outra composição passa mais a Sul.
Sociedade
Mercados

Uma Economia de Mercado

A lei da oferta e da procura dita a sua proliferação. Genéricos ou específicos, cobertos ou a céu aberto, estes espaços dedicados à compra, à venda e à troca são expressões de vida e saúde financeira.
Visitantes nas ruínas de Talisay, ilha de Negros, Filipinas
Vida Quotidiana
Talisay City, Filipinas

Monumento a um Amor Luso-Filipino

No final do século XIX, Mariano Lacson, um fazendeiro filipino e Maria Braga, uma portuguesa de Macau, apaixonaram-se e casaram. Durante a gravidez do que seria o seu 11º filho, Maria sucumbiu a uma queda. Destroçado, Mariano ergueu uma mansão em sua honra. Em plena 2ª Guerra Mundial, a mansão foi incendiada mas as ruínas elegantes que resistiram eternizam a sua trágica relação.
Crocodilos, Queensland Tropical Australia Selvagem
Vida Selvagem
Cairns a Cape Tribulation, Austrália

Queensland Tropical: uma Austrália Demasiado Selvagem

Os ciclones e as inundações são só a expressão meteorológica da rudeza tropical de Queensland. Quando não é o tempo, é a fauna mortal da região que mantém os seus habitantes sob alerta.
Napali Coast e Waimea Canyon, Kauai, Rugas do Havai
Voos Panorâmicos
NaPali Coast, Havai

As Rugas Deslumbrantes do Havai

Kauai é a ilha mais verde e chuvosa do arquipélago havaiano. Também é a mais antiga. Enquanto exploramos a sua Napalo Coast por terra, mar e ar, espantamo-nos ao vermos como a passagem dos milénios só a favoreceu.