Lençois da Bahia, Brasil

A Liberdade Pantanosa do Quilombo do Remanso


Moldura
António do Remanso caminha em frente à Fazenda Velha.
Maré de nenúfares
Visitantes atravessam o pantantal Marimbus.
De barco em barco
Nativo do Remanso na doca da povoação sobre o pantanal Marimbus.
António do Remanso
António, um dos muitos descendentes dos escravos que, no século XIX, fugiram de sanzalas da região.
Reflexo fluvial
Grupo percorre a margem de um dos rios que delimitam o Marimbus.
Ninfeias
Folhas de nenúfares, uma das plantas predominantes do pantanal Marimbus.
Sorriso de alívio
Apicultor do Remanso já liberto da máscara que o faz suar sob o sol tropical da região.
Duche natural
Visitante da Chapada Diamantina refresca-se numa poça do rio Roncador.
Fazenda Velha
A casa principal da Fazenda Velha, situada numa das extremidades do território histórico dos quilombos que deram origem ao Remanso.
Oferta adocicada
Apicultor do Remanso protegido a rigor das abelhas oferece favos de mel a visitantes do Marimbus.
Rio cor de café
Adolescente do Remanso banha-se numa lagoa escura do rio Roncador.
De novo entre nenúfares
Remador Tiago conduz visitantes pelos canais do pantanal Marimbus.
Desembarque
Guias do Remanso António e Tiago preparam-se para arrastar a canoa, num trecho demasiado raso do rio Roncador.
Escravos foragidos subsistiram séculos em redor de um pantanal da Chapada Diamantina. Hoje, o quilombo do Remanso é um símbolo da sua união e resistência mas também da exclusão a que foram votados.

Apesar do fim da prospecção mineira e da escravatura, algumas das gentes de Lençóis da Bahia mantiveram-se à parte da evolução, perdidas no tempo, fiéis à história. Não foi só o caso dos quilombos.

Foi o caso dos garimpeiros, uma classe hoje isolada da sociedade local que mantém representantes solitários a viver e a trabalhar em condições precárias nos leitos dos rios e riachos mas também povoações que agrupam descendentes dos antigos prospectores.

Barqueiro, Remanso, Comunidade Quilombola Marimbus, Lençóis, Chapada Diamantina

Nativo do Remanso na doca da povoação sobre o pantanal Marimbus.

É o caso de Estiva, um vilarejo perdido no meio da imensa catinga do interior da Bahia. E foi também o que se passou com Remanso, uma comunidade que sucedeu a distintos quilombos antes disseminados nesta zona remota e isolada dos arredores de Lençóis da Bahia.

As Origens Austeras e Seculares da Comunidade Quilombola do Remanso

Seja ou não verdade, diz-se que o primeiro destes quilombos foi originado por um escravo que liderou uma fuga temerária de uma senzala através do pantanal de Marimbus, estima-se que, na altura, bem mais repleto de jacarés, piranhas e anacondas que agora – o que há muito frustrava qualquer tentativa de evasão.

António do Remanso, Comunidade Quilombola Marimbus, Lençóis, Chapada Diamantina

António do Remanso caminha em frente à Fazenda Velha.

Esse e outros escravos, terão ficado entregues à sua sorte. Obrigaram índias então ainda existentes na zona a viverem e a procriarem com eles. Com frequência, surgiam outros quilombos após os fugitivos resistirem a tentativas de recaptura, numa era pós-colonial em que a sua desobediência escandalizava muito mais a população livre e abastada que o arrastar da escravatura.

Quando chegamos ao Remanso, um destes cafuzos, conhecido por António do Remanso passou a guiar-nos naquele cenário baiano exótico em que cresceu. “Com certeza!”

É com a popular expressão abrasileirada e um forte sotaque sertanejo que nos responde a quase todas as perguntas e confirma a maioria das nossas observações.

António exibe uma suavidade de trato pouco comum no género masculino que nos pareceu, de imediato, estar associada aos seus traços andrógenos raros, por aqueles lados.

Foi este anfitrião que nos indicou a canoa escolhida de entre dezenas ancoradas à entrada do Marimbus e que, apoiado por Tiago, um colega de ofício bem mais másculo e musculado, deu início à navegação.

À Descoberta do Pantanal do Marimbus, Chapada Diamantina

O Marimbus ocupa uma vasta (1250km²) área alagada entre Lençóis da Bahia e Andaraí. É alimentado por três rios. Esconde algumas lagoas interligadas em que, abrigadas por papiro (localmente chamado de marimbus ou peri) a restante flora e uma fauna mista da Mata Atlântica e da Amazónia proliferam .

A embarcação de madeira zarpa com a lotação esgotada. O peso exagerado exige esforço redobrado aos remadores.

Barco sobrelotado, Remanso, Comunidade Quilombola Marimbus, Lençóis, Chapada Diamantina

Visitantes atravessam o pantantal Marimbus.

Mesmo assim, lá avançamos aos poucos, a romper um denso manto verde formado por distintas plantas aquáticas, embelezado por centenas de nenúfares, pelo menos até o sol tropical (o Trópico de Capricórnio atravessa a Chapada Diamantina) fazer as suas flores coloridas recolherem.

Tínhamos como primeiro objectivo uma tal de Fazenda Velha. O tempo do percurso para a atingir multiplicou-se muito para lá do previsto, isto, com a concordância dos guias que nunca se escusaram a parar ou a desviar-se da rota para nos mostrarem os espécimes animais e vegetais mais exuberantes ou apenas interessantes.

Uma hora e meia, muitos meandros sem visibilidade depois, demos com um braço de um rio. Ali, a pouca profundidade obriga-nos a encalhar a canoa na beira e prosseguir a pé o pouco que restava, ao longo do leito arenoso e avermelhado do Roncador.

Rio Roncador, Remanso, Comunidade Quilombola Marimbus, Lençóis, Chapada Diamantina

Grupo percorre a margem de um dos rios que delimitam o Marimbus.

Regressados a terra, metemo-nos num trilho de mato cerrado. Prendado com a sombra de um cajueiro e com o sumo açucarado dos frutos que todos partilhamos, António aproveita para dissertar sobre o passado do Remanso e as crenças e rituais afro-brasileiros que subsistiam na comunidade.

Ao conjugamos as suas palavras com as de vários outras figuras da aldeia, inteiramo-nos de como tudo se terá passado.

De Manézinho ao Guia António do actual Remanso

A povoação, em si, foi fundada por Manoel da Silva – Manézinho do Remanso (hoje com 73 anos), pelo irmão Inocêncio e por três primos mais as respectivas famílias, em 1942. A história da ocupação escrava daquele confins, essa, é muito anterior. “Meu bisavô era índio e foi ‘pegado’ no mato a dente de cachorro”, habituou-se o próprio Manézinho a contar a quem chega de fora. “Na senzala, ele se casou com a minha bisavó, que ainda veio de África” (cálculos feitos, supostamente no início do século XIX).

Retrato António do Remanso, Comunidade Quilombola Marimbus, Lençóis, Chapada Diamantina

António, um dos muitos descendentes dos escravos que, no século XIX, fugiram de sanzalas da região.

“Aqui, somos todos primos e filhos de primos que casaram com primos”. “Meu avô era pescador e, de pai para filho, todo o mundo era pescador”, esclarece o ancião. “ No começo, a vida era difícil. A gente pescava tucunarés e crumatás, guardava os peixes num viveiro e, no dia de feira, prendia tudo pelo boca num cambão (vara de madeira), saíamos ainda de noite, a pé, para vender lá em Lençóis”.

As décadas passaram. O Remanso adornou-se com as primeiras modernidades, incluindo uma TV a cores ligada a uma antena de satélite que atraía toda a comunidade em redor dos episódios das novelas mais populares.

A aldeia permaneceu muito tempo sem benefício de uma rede social e de infra-estruturas erguida quase apenas em Lençóis, desprovida de escolas, centros de saúde ou do que quer que fosse.

Os habitantes queixam-se ainda de que, apesar de estarem numa terra abençoada no que diz respeito à sua beleza e fertilidade, o Remanso, o Marimbus e o Rio Roncador não providenciam empregos e obrigam muitos dos seus filhos a migrar para Lençóis e outras paragens bem mais distantes do Brasil.

Banho no rio Roncador do Remanso, Comunidade Quilombola Marimbus, Lençóis, Chapada Diamantina

Visitante da Chapada Diamantina refresca-se numa poça do rio Roncador.

Os Trunfos Turísticos do Pantanal do Marimbus e do Rio Roncador

Nos últimos tempos, a aldeia começou, por fim, a beneficiar do vigor turístico crescente da Chapada Diamantina.

A comunidade cobra, agora, entradas aos forasteiros que a visitam e ao Marimbus. Os guias são remunerados pelas pequenas agências instaladas em Lençóis.

Esse desafogo, com os proveitos adicionais das roças, da pesca e da criação de mel – mas também de outras artes e ofícios – permitiram a vários nativos regressar e, senão prosperar, pelo menos sustentar as suas famílias.

Navegação Marimbus do Remanso, Comunidade Quilombola Marimbus, Lençóis, Chapada Diamantina

Remador Tiago conduz visitantes pelos canais do pantanal Marimbus.

A auto-estima indígena do Remanso provém, em grande parte, da consciência das origens marginais da comunidade.

Quando as famílias se unem para celebrar o que quer que seja, essas origens  abençoadas por orixás, patuás e babalorixás ficam bem patentes ao som dos tambores, do berimbau, do reco-reco que dão o ritmo à capoeira dos mais jovens e aos cânticos de inspiração tribal e africana.

Regressamos à Fazenda Velha. Admiramos o seu encanto de “Sitio do Pica-Pau Amarelo” isolado antes de um almoço baiano revigorante.

Fazenda Velha, Remanso, Comunidade Quilombola Marimbus, Lençóis, Chapada Diamantina

A casa principal da Fazenda Velha, situada numa das extremidades do território histórico dos quilombos que deram origem ao Remanso.

O caminho de regresso cumpriu-se contra a corrente. Provou-se também bastante mais doce.

No meio do pantanal, cruzamo-nos com dois apicultores conhecidos de António e Tiago, em plena recolha.

Completada uma acostagem suave e alguma conversa bem disposta, os nativos sumidos em fatos e máscaras protectores brancos que os mantinham em destilação, prendam-nos com favos ainda ensopados de mel.

Oferta de mel no Marimbus, Remanso, Comunidade Quilombola Marimbus, Lençóis, Chapada Diamantina

Apicultor do Remanso protegido a rigor das abelhas oferece favos de mel a visitantes do Marimbus.

Pouco depois, a noite tomava já conta do Marimbus, ancoramos de volta no Remanso e regressamos à civilização pós-colonial de Lençóis da Bahia.

Lençois da Bahia, Brasil

Lençois da Bahia: nem os Diamantes São Eternos

No século XIX, Lençóis tornou-se na maior fornecedora mundial de diamantes. Mas o comércio das gemas não durou o que se esperava. Hoje, a arquitectura colonial que herdou é o seu bem mais precioso.
Barra a Kunta Kinteh, Gâmbia

Viagem às Origens do Tráfico Transatlântico de Escravos

Uma das principais artérias comerciais da África Ocidental, a meio do século XV, o rio Gâmbia era já navegado pelos exploradores portugueses. Até ao XIX, fluiu pelas suas águas e margens, boa parte da escravatura perpetrada pelas potências coloniais do Velho Mundo.
Passo do Lontra, Miranda, Brasil

O Brasil Alagado a um Passo da Lontra

Estamos no limiar oeste do Mato Grosso do Sul mas mato, por estes lados, é outra coisa. Numa extensão de quase 200.000 km2, o Brasil surge parcialmente submerso, por rios, riachos, lagoas e outras águas dispersas em vastas planícies de aluvião. Nem o calor ofegante da estação seca drena a vida e a biodiversidade de lugares e fazendas pantaneiras como a que nos acolheu às margens do rio Miranda.
Manaus, Brasil

Os Saltos e Sobressaltos da ex-Capital Mundial da Borracha

De 1879 a 1912, só a bacia do rio Amazonas gerava o latex de que, de um momento para o outro, o mundo precisou e, do nada, Manaus tornou-se uma das cidades mais avançadas à face da Terra. Mas um explorador inglês levou a árvore para o sudeste asiático e arruinou a produção pioneira. Manaus voltou a provar a sua elasticidade. É a maior cidade da Amazónia e a sétima do Brasil.

Ilha de Goreia, Senegal

Uma Ilha Escrava da Escravatura

Foram vários milhões ou apenas milhares os escravos a passar por Goreia a caminho das Américas? Seja qual for a verdade, esta pequena ilha senegalesa nunca se libertará do jugo do seu simbolismo.​

Casario

Lares Doces Lares

Poucas espécies são mais sociais e gregárias que a humana. O Homem tende emular outros lares doces lares do mundo. Alguns desses casarios revelam-se impressionantes.
Brasília, Brasil

Brasília: da Utopia à Capital e Arena Política do Brasil

Desde os tempos do Marquês de Pombal que se falava da transferência da capital para o interior. Hoje, a cidade quimera continua a parecer surreal mas dita as regras do desenvolvimento brasileiro.
Ilha do Marajó, Brasil

A Ilha dos Búfalos

Uma embarcação que transportava búfalos da Índia terá naufragado na foz do rio Amazonas. Hoje, a ilha de Marajó que os acolheu tem uma das maiores manadas do mundo e o Brasil já não passa sem estes bovídeos.
Chapada Diamantina, Brasil

Bahia de Gema

Até ao final do séc. XIX, a Chapada Diamantina foi uma terra de prospecção e ambições desmedidas.Agora que os diamantes rareiam os forasteiros anseiam descobrir as suas mesetas e galerias subterrâneas
Fort-de-France, Martinica

Liberdade, Bipolaridade e Tropicalidade

Na capital da Martinica confirma-se uma fascinante extensão caribenha do território francês. Ali, as relações entre os colonos e os nativos descendentes de escravos ainda suscitam pequenas revoluções.
Miranda, Brasil

Maria dos Jacarés: o Pantanal abriga criaturas assim

Eurides Fátima de Barros nasceu no interior da região de Miranda. Há 38 anos, instalou-se e a um pequeno negócio à beira da BR262 que atravessa o Pantanal e ganhou afinidade com os jacarés que viviam à sua porta. Desgostosa por, em tempos, as criaturas ali serem abatidas, passou a tomar conta delas. Hoje conhecida por Maria dos Jacarés, deu nome de jogador ou treinador de futebol a cada um dos bichos. Também garante que reconhecem os seus chamamentos.
Curitiba, Brasil

A Vida Elevada de Curitiba

Não é só a altitude de quase 1000 metros a que a cidade se situa. Cosmopolita e multicultural, a capital paranaense tem uma qualidade de vida e rating de desenvolvimento humano que a tornam um caso à parte no Brasil.

Florianópolis, Brasil

O Legado Açoriano do Atlântico Sul

Durante o século XVIII, milhares de ilhéus portugueses perseguiram vidas melhores nos confins meridionais do Brasil. Nas povoações que fundaram, abundam os vestígios de afinidade com as origens.

Morro de São Paulo, Brasil

Um Litoral Divinal da Bahia

Há três décadas, não passava de uma vila piscatória remota e humilde. Até que algumas comunidades pós-hippies revelaram o retiro do Morro ao mundo e o promoveram a uma espécie de santuário balnear.
Ilhabela, Brasil

Ilhabela: Depois do Horror, a Beleza Atlântica

Nocenta por cento de Mata Atlântica preservada, cachoeiras idílicas e praias gentis e selvagens fazem-lhe jus ao nome. Mas, se recuarmos no tempo, também desvendamos a faceta histórica horrífica de Ilhabela.
Ilhabela, Brasil

Em Ilhabela, a Caminho de Bonete

Uma comunidade de caiçaras descendentes de piratas fundou uma povoação num recanto da Ilhabela. Apesar do acesso difícil, Bonete foi descoberta e considerada uma das dez melhores praias do Brasil.
Goiás Velho, Brasil

Um Legado da Febre do Ouro

Dois séculos após o apogeu da prospecção, perdida no tempo e na vastidão do Planalto Central, Goiás estima a sua admirável arquitectura colonial, a riqueza supreendente que ali continua por descobrir.
Hidroeléctrica Binacional de Itaipu, Brasil

HidroElétrica Binacional do Itaipu: a Febre do Watt

Em 1974, milhares de brasileiros e paraguaios confluíram para a zona de construção da então maior barragem do Mundo. 30 anos após a conclusão, Itaipu gera 90% da energia paraguaia e 20% da do Brasil.
Cataratas Iguaçu/Iguazu, Brasil/Argentina

O Troar da Grande Água

Após um longo percurso tropical, o rio Iguaçu dá o mergulho dos mergulhos. Ali, na fronteira entre o Brasil e a Argentina, formam-se as cataratas maiores e mais impressionantes à face da Terra.
Goiás Velho, Brasil

Vida e Obra de uma Escritora à Margem

Nascida em Goiás, Ana Lins Bretas passou a maior parte da vida longe da família castradora e da cidade. Regressada às origens, continuou a retratar a mentalidade preconceituosa do interior brasileiro
Parque Nacional Gorongosa, Moçambique, Vida Selvagem, leões
Safari
PN Gorongosa, Moçambique

O Coração da Vida Selvagem de Moçambique dá Sinais de Vida

A Gorongosa abrigava um dos mais exuberantes ecossistemas de África mas, de 1980 a 1992, sucumbiu à Guerra Civil travada entre a FRELIMO e a RENAMO. Greg Carr, o inventor milionário do Voice Mail recebeu a mensagem do embaixador moçambicano na ONU a desafiá-lo a apoiar Moçambique. Para bem do país e da humanidade, Carr comprometeu-se a ressuscitar o parque nacional deslumbrante que o governo colonial português lá criara.
Caminhantes no trilho do Ice Lake, Circuito Annapurna, Nepal
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 7º - Braga - Ice Lake, Nepal

Circuito Annapurna – A Aclimatização Dolorosa do Ice Lake

Na subida para o povoado de Ghyaru, tivemos uma primeira e inesperada mostra do quão extasiante se pode provar o Circuito Annapurna. Nove quilómetros depois, em Braga, pela necessidade de aclimatizarmos ascendemos dos 3.470m de Braga aos 4.600m do lago de Kicho Tal. Só sentimos algum esperado cansaço e o avolumar do deslumbre pela Cordilheira Annapurna.
Jardin Escultórico, Edward James, Xilitla, Huasteca Potosina, San Luis Potosi, México, Cobra dos Pecados
Arquitectura & Design
Xilitla, San Luís Potosi, México

O Delírio Mexicano de Edward James

Na floresta tropical de Xilitla, a mente inquieta do poeta Edward James fez geminar um jardim-lar excêntrico. Hoje, Xilitla é louvada como um Éden do surreal.
Barcos sobre o gelo, ilha de Hailuoto, Finlândia
Aventura
Hailuoto, Finlândia

Um Refúgio no Golfo de Bótnia

Durante o Inverno, a ilha de Hailuoto está ligada à restante Finlândia pela maior estrada de gelo do país. A maior parte dos seus 986 habitantes estima, acima de tudo, o distanciamento que a ilha lhes concede.
cavaleiros do divino, fe no divino espirito santo, Pirenopolis, Brasil
Cerimónias e Festividades
Pirenópolis, Brasil

Cavalgada de Fé

Introduzida, em 1819, por padres portugueses, a Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis agrega uma complexa rede de celebrações religiosas e pagãs. Dura mais de 20 dias, passados, em grande parte, sobre a sela.
Catedral de Santa Ana, Vegueta, Las Palmas, Gran Canária
Cidades
Vegueta, Gran Canária, Canárias

Às Voltas pelo Âmago das Canárias Reais

O velho e majestoso bairro Vegueta de Las Palmas destaca-se na longa e complexa hispanização das Canárias. Findo um longo período de expedições senhoriais, lá teve início a derradeira conquista da Gran Canária e das restantes ilhas do arquipélago, sob comando dos monarcas de Castela e Aragão.
Moradora obesa de Tupola Tapaau, uma pequena ilha de Samoa Ocidental.
Comida
Tonga, Samoa Ocidental, Polinésia

Pacífico XXL

Durante séculos, os nativos das ilhas polinésias subsistiram da terra e do mar. Até que a intrusão das potências coloniais e a posterior introdução de peças de carne gordas, da fast-food e das bebidas açucaradas geraram uma praga de diabetes e de obesidade. Hoje, enquanto boa parte do PIB nacional de Tonga, de Samoa Ocidental e vizinhas é desperdiçado nesses “venenos ocidentais”, os pescadores mal conseguem vender o seu peixe.
Páscoa Seurassari, Helsínquia, Finlândia, Marita Nordman
Cultura
Helsínquia, Finlândia

A Páscoa Pagã de Seurasaari

Em Helsínquia, o sábado santo também se celebra de uma forma gentia. Centenas de famílias reúnem-se numa ilha ao largo, em redor de fogueiras acesas para afugentar espíritos maléficos, bruxas e trolls
Espectador, Melbourne Cricket Ground-Rules footbal, Melbourne, Australia
Desporto
Melbourne, Austrália

O Futebol em que os Australianos Ditam as Regras

Apesar de praticado desde 1841, o Futebol Australiano só conquistou parte da grande ilha. A internacionalização nunca passou do papel, travada pela concorrência do râguebi e do futebol clássico.
Vista do John Ford Point, Monument Valley, Nacao Navajo, Estados Unidos
Em Viagem
Monument Valley, E.U.A.

Índios ou cowboys?

Realizadores de Westerns emblemáticos como John Ford imortalizaram aquele que é o maior território indígena dos Estados Unidos. Hoje, na Nação Navajo, os navajo também vivem na pele dos velhos inimigos.
Train Fianarantsoa a Manakara, TGV Malgaxe, locomotiva
Étnico
Fianarantsoa-Manakara, Madagáscar

A Bordo do TGV Malgaxe

Partimos de Fianarantsoa às 7a.m. Só às 3 da madrugada seguinte completámos os 170km para Manakara. Os nativos chamam a este comboio quase secular Train Grandes Vibrations. Durante a longa viagem, sentimos, bem fortes, as do coração de Madagáscar.
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Portfólio Got2Globe

A Vida Lá Fora

Ao fim da tarde
História
Ilha de Moçambique, Moçambique  

A Ilha de Ali Musa Bin Bique. Perdão, de Moçambique

Com a chegada de Vasco da Gama ao extremo sudeste de África, os portugueses tomaram uma ilha antes governada por um emir árabe a quem acabaram por adulterar o nome. O emir perdeu o território e o cargo. Moçambique - o nome moldado - perdura na ilha resplandecente em que tudo começou e também baptizou a nação que a colonização lusa acabou por formar.
Lifou, Ilhas Lealdade, Nova Caledónia, Mme Moline popinée
Ilhas
Lifou, Ilhas Lealdade

A Maior das Lealdades

Lifou é a ilha do meio das três que formam o arquipélago semi-francófono ao largo da Nova Caledónia. Dentro de algum tempo, os nativos kanak decidirão se querem o seu paraíso independente da longínqua metrópole.
costa, fiorde, Seydisfjordur, Islandia
Inverno Branco
Seydisfjordur, Islândia

Da Arte da Pesca à Pesca da Arte

Quando armadores de Reiquejavique compraram a frota pesqueira de Seydisfjordur, a povoação teve que se adaptar. Hoje, captura discípulos da arte de Dieter Roth e outras almas boémias e criativas.
silhueta e poema, cora coralina, goias velho, brasil
Literatura
Goiás Velho, Brasil

Vida e Obra de uma Escritora à Margem

Nascida em Goiás, Ana Lins Bretas passou a maior parte da vida longe da família castradora e da cidade. Regressada às origens, continuou a retratar a mentalidade preconceituosa do interior brasileiro
Dia escuro
Natureza

Lago Cocibolca, Nicarágua

Mar, Doce Mar

Os indígenas nicaraos tratavam o maior lago da América Central por Cocibolca. Na ilha vulcânica de Ometepe, percebemos porque o termo que os espanhóis converteram para Mar Dulce fazia todo o sentido.

Sheki, Outono no Cáucaso, Azerbaijão, Lares de Outono
Outono
Sheki, Azerbaijão

Outono no Cáucaso

Perdida entre as montanhas nevadas que separam a Europa da Ásia, Sheki é uma das povoações mais emblemáticas do Azerbaijão. A sua história em grande parte sedosa inclui períodos de grande aspereza. Quando a visitámos, tons pastéis de Outono davam mais cor a uma peculiar vida pós-soviética e muçulmana.
Lago Manyara, parque nacional, Ernest Hemingway, girafas
Parques Naturais
PN Lago Manyara, Tanzânia

África Favorita de Hemingway

Situado no limiar ocidental do vale do Rift, o parque nacional lago Manyara é um dos mais diminutos mas encantadores e ricos em vida selvagem da Tanzânia. Em 1933, entre caça e discussões literárias, Ernest Hemingway dedicou-lhe um mês da sua vida atribulada. Narrou esses dias aventureiros de safari em “As Verdes Colinas de África”.
Sigiriya capital fortaleza: de regresso a casa
Património Mundial UNESCO
Sigiriya, Sri Lanka

A Capital Fortaleza de um Rei Parricida

Kashyapa I chegou ao poder após emparedar o monarca seu pai. Receoso de um provável ataque do irmão herdeiro do trono, mudou a principal cidade do reino para o cimo de um pico de granito. Hoje, o seu excêntrico refúgio está mais acessível que nunca e permitiu-nos explorar o enredo maquiavélico deste drama cingalês.
Casal de visita a Mikhaylovskoe, povoação em que o escritor Alexander Pushkin tinha casa
Personagens
São Petersburgo e Mikhaylovskoe, Rússia

O Escritor que Sucumbiu ao Próprio Enredo

Alexander Pushkin é louvado por muitos como o maior poeta russo e o fundador da literatura russa moderna. Mas Pushkin também ditou um epílogo quase tragicómico da sua prolífica vida.
Tambores e tatoos
Praias
Taiti, Polinésia Francesa

Taiti Para lá do Clichê

As vizinhas Bora Bora e Maupiti têm cenários superiores mas o Taiti é há muito conotado com paraíso e há mais vida na maior e mais populosa ilha da Polinésia Francesa, o seu milenar coração cultural.
Cortejo Ortodoxo
Religião
Suzdal, Rússia

Séculos de Devoção a um Monge Devoto

Eutímio foi um asceta russo do século XIV que se entregou a Deus de corpo e alma. A sua fé inspirou a religiosidade de Suzdal. Os crentes da cidade veneram-no como ao santo em que se tornou.
Composição Flam Railway abaixo de uma queda d'água, Noruega
Sobre Carris
Nesbyen a Flam, Noruega

Flam Railway: Noruega Sublime da Primeira à Última Estação

Por estrada e a bordo do Flam Railway, num dos itinerários ferroviários mais íngremes do mundo, chegamos a Flam e à entrada do Sognefjord, o maior, mais profundo e reverenciado dos fiordes da Escandinávia. Do ponto de partida à derradeira estação, confirma-se monumental esta Noruega que desvendamos.
Corrida de Renas , Kings Cup, Inari, Finlândia
Sociedade
Inari, Finlândia

A Corrida Mais Louca do Topo do Mundo

Há séculos que os lapões da Finlândia competem a reboque das suas renas. Na final da Kings Cup - Porokuninkuusajot - , confrontam-se a grande velocidade, bem acima do Círculo Polar Ártico e muito abaixo de zero.
Visitantes nas ruínas de Talisay, ilha de Negros, Filipinas
Vida Quotidiana
Talisay City, Filipinas

Monumento a um Amor Luso-Filipino

No final do século XIX, Mariano Lacson, um fazendeiro filipino e Maria Braga, uma portuguesa de Macau, apaixonaram-se e casaram. Durante a gravidez do que seria o seu 11º filho, Maria sucumbiu a uma queda. Destroçado, Mariano ergueu uma mansão em sua honra. Em plena 2ª Guerra Mundial, a mansão foi incendiada mas as ruínas elegantes que resistiram eternizam a sua trágica relação.
Ovelhas e caminhantes em Mykines, ilhas Faroé
Vida Selvagem
Mykines, Ilhas Faroé

No Faroeste das Faroé

Mykines estabelece o limiar ocidental do arquipélago Faroé. Chegou a albergar 179 pessoas mas a dureza do retiro levou a melhor. Hoje, só lá resistem nove almas. Quando a visitamos, encontramos a ilha entregue aos seus mil ovinos e às colónias irrequietas de papagaios-do-mar.
Pleno Dog Mushing
Voos Panorâmicos
Seward, Alasca

O Dog Mushing Estival do Alasca

Estão quase 30º e os glaciares degelam. No Alasca, os empresários têm pouco tempo para enriquecer. Até ao fim de Agosto, o dog mushing não pode parar.