Horta, Açores

A Cidade que Dá o Norte ao Atlântico


Santíssimo Salvador
A Igreja Matriz do Santíssimo Salvador, destacada acima do casario da Horta.
Horta. Vista do Monte da Guia
Vista da cidade da Horta para lá da enseada do Porto Pim. A partir do Monte da Guia.
Pinturas murais do porto
Secção de pinturas murais da Marina da Horta.
Praia do Almoxarife
Banhistas usufruem do mar suave e da vista sobre o Pico, na Praia do Almoxarife.
Interior do Peter Café Sport
Clientes convivem no interior acolhedor do Café Sport da Horta.
Santa Conceição
Estátua da Virgem Santa da Conceição num miradouro homónimo nos arredores da cidade da Horta.
Pinturas Náuticas Expo
Pinturas murais estendidas num molhe da Marina da Horta, com o Pico em fundo.
De volta ao Faial
Ferry que cumpre a ligação Faial - Pico aproxima-se do Faial.
Ancoradouro
Barcos de pesca ancorados no porto da Horta, capital do Faial.
Peter Café Sport
Visitantes da Horta passam em frente ao Café Sport, mais conhecido por Peters
Casario Horta
Secção pitoresca do casario maioritariamente alvo da cidade da Horta.
Porto Pim
Areal exposto pela maré vazia em frente à Travessa do Porto Pim.
Moinho vento
Moinho de vento de provável inspiração flamenga, na encosta da Espalamaca.
Sol de Porto Pim
Banhista apanha sol na praia de areia vulcânica de Porto Pim.
Bandeirolas & Estandartes
Perspectiva do Café Sport que revela a panóplia de itens náuticos que o decoram.
Vaca. E o Canal do Faial
Vaca destacada no panorama do Monte da Conceição, com o Canal do Faial e a montanha do Pico em fundo.
Casario da Horta
Zona de Angústias em primeiro plano no casario da cidade da Horta.
“Peter”
José Henrique Azevedo, o actual proprietário do Café Sport, também na data dos primeiros 100 anos do Peters.
Quase noite na Horta
Enseadas e casario da Horta coloridas pela iluminação artificial e pelo lusco-fusco.
Veleiros Mil
Veleiros ancorados no porto e marina da Horta, um dos procurados pelos veleiros que atravessam o Atlântico.
A comunidade mundial de velejadores conhece bem o alívio e a felicidade de vislumbrar a montanha do Pico e, logo, o Faial e o acolhimento da baía da Horta e do Peter Café Sport. O regozijo não se fica por aí. Na cidade e em redor, há um casario alvo e uma efusão verdejante e vulcânica que deslumbra quem chegou tão longe.

O tempo está óptimo no canal. Como se mantém sobre todo o triângulo desajeitado do Atlântico de que o Faial faz de vértice ocidental.

Quando chegamos ao cimo do Monte da Guia, percebemos, em todas as suas formas e cores, que a geologia jovem dos Açores tinha prendado a Horta a dobrar.

Espraiada à nossa frente, de um gradiente de um azul-marinho quase escuro, até ao verde-esmeralda da beira-mar, a água da baía afagava os lares da Horta e refrescava o areal cinza da praia de Porto Pim.

Horta, Faial, Cidade que dá o Norte ao Atlântico

Vista da cidade da Horta para lá da enseada do Porto Pim. A partir do Monte da Guia.

O Fascínio Filipino e a História Baleeira do Faial

O fascínio pela calheta suave e o desejo de nela ancorar vem de há muito. O povoamento do Faial teve início no século XV. Dois séculos depois, D. Filipe II, filho da Imperatriz Isabel, neto de D. Manuel I, o Filipe espanhol que amava mais Portugal que Espanha, ditou que se construísse ali um porto, para que lá pudesse desembarcar.

Mais tarde, os pescadores aproveitaram a iniciativa real. Assim o fez também a pesca baleeira que, entretanto, chegou ao arquipélago e que justificou a operação de uma Fábrica da Baleia local, hoje ocupada pelo Observatório do Mar dos Açores.

Horta, Faial, Cidade que dá o Norte ao Atlântico

Areal exposto pela maré vazia em frente à Travessa do Porto Pim.

Por mais condições dadas ao Faial, a pesca, fosse qual fosse, no âmago do Atlântico sem fim, provou-se tudo menos um mar de rosas. Por alguma razão, a freguesia em que se situa essa velha fábrica baleeira ostenta o nome que tem: Angústias.

Não bastasse o encanto e a tranquilidade da enseada de Porto Pim, do lá do istmo elevado que lhe servia de biombo, uma outra calheta banhava a Horta. Víamo-la recortada como que a reclamar uma acoplagem à extremidade oeste da vizinha ilha do Pico, a ponta da Criação Velha e da Madalena.

Apreciamo-la, arredondada e polida pelos milénios. Alongada no anfiteatro natural em que a cidade disputou uma primeira fila à altura da montanha-vulcão se projecta do lado de lá do canal para os céus.

O Refúgio Atlântico da Horta (e sua Marina)

Meia-hora de contemplação depois, regressamos às ruelas da Horta. À marginal em que a ilha celebra a Liberdade e à marina desafogada que impôs ao canal.

A Marina da Horta é o porto de recreio mais antigo dos Açores, a quarta marina mais frequentada dos sete mares. Lá ancoram, todos os anos, em redor de mil e duzentas embarcações.

Veleiros na Marina da Horta, Faial, Cidade que dá o Norte ao Atlântico

Veleiros ancorados no porto e marina da Horta, um dos procurados pelos veleiros que atravessam o Atlântico.

Por conta dessa antiguidade e da posição providencial no oceano bravio e no arquipélago – uma posição que protege os barcos dos ventos, venham eles de onde vierem – os navegadores têm-na quase como mítica.

Que outra explicação poderia ter a profusão garrida de pinturas murais com que os timoneiros e tripulação dos iates e veleiros continuam humanizar os paredões e corredores de betão em que se viram em segurança, nos braços de um já saudoso bem-estar.

Pinturas murais, Horta, Faial, Cidade que dá o Norte ao Atlântico

Pinturas murais estendidas num molhe da Marina da Horta, com o Pico em fundo.

Só os navegadores conhecerão a plenitude desse sentimento mas, fruto da modernidade e da globalização que há muito andam de mão dada quem, como nós, se limita a aterrar no Faial, beneficia de uma forma algo parasita da sensualidade náutica destes confins.

Ditou a história e a sensibilidade da família fundadora que o magnetismo do Faial e da Horta gire em redor de um café-restaurante. Um café-restaurante de tal maneira famoso que repetir-lhe o nome nos soa a desperdício.

Satisfeitos com o já longo estudo fotográfico dos murais e com uma sede súbita a afectar-nos o julgamento, invertemos o rumo da caminhada.

Casario, Horta, Faial, Cidade que dá o Norte ao Atlântico

Secção pitoresca do casario maioritariamente alvo da cidade da Horta.

Apontamos à Praça Infante Dom Henrique em que, por norma, se inaugura o acolhimento dos navegadores.

Meras dezenas de passos depois, damos com a entrada simples mas elegante do Café Sport, impingida à fachada do casario como um pequeno baleeiro em terra.

Não só em terra.

Peter Café Sport: um Monumento ao Encontro Atlântico dos Navegadores

Sobre uma calçada portuguesa, açoriana e dos mares. Ali, um letreiro de madeira envernizada surge entre duas baleias brancas que nos pareciam sorrir.

Peter Café Sport, Horta, Faial, Cidade que dá o Norte ao Atlântico

Visitantes da Horta passam em frente ao Café Sport, mais conhecido por Peters

Do exterior batido pelo sol, o âmago do Peter’s pouco passava de um breu intrigante. Quando entramos, desvendamos o mundo lúdico-náutico, orgânico e harmonioso que confirmava a notoriedade planetária do estabelecimento.

Em volta, as paredes e o tecto surgiam forradas de bandeiras, estandartes, fotografias históricas, cartas, mapas, autocolantes e tantos outros apetrechos internacionais da navegação.

Dois balcões de madeira, subsumidos nesta parafernália colorida e que confrontavam as auras de luz moldadas pelas portas e janelas serviam de ponte de comando de todas as manobras.

Peters, Horta, Faial, Cidade que dá o Norte ao Atlântico

Clientes convivem no interior acolhedor do Café Sport da Horta.

Ao fundo, à esquerda de quem entra, um senhor de cabelo e bigode brancos operava uma pequena loja no caminho para o museu de Scrimshaw acima, um museu repleto de peças de arte esculpidas em osso e dente de baleia, de tal maneira que é considerado o museu deste género mais bem apetrechado.

Ao fundo, à direita, o bar e boca de saída do restaurante, fonte inesgotável de prazer na forma de cervejas geladas e dos badalados gin tonics da casa que fidelizaram os melhores clientes dos tempos pioneiros, os britânicos. Fonte ainda de um menu prodigioso de especialidades faialenses.

Sopa de Baleia, Boca Grande e o Famoso Gin do Peter’s

Sentamo-nos numa mesa de madeira de recanto que nos dava vista privilegiada para as restantes. Dali, bolinamos no ambiente jovem, quase adolescente e cosmopolita da sala.

Saboreamos o gin como se já tivéssemos nascido apreciadores da bebida. Até que nos servem sopas de baleia e nos vemos forçados a reorientar os sentidos da efervescência refrescante do G&T para a consistência gastronómica que nos fumegava nariz acima.

Podia não ser a versão pura, íntegra, sofrida nas peles envelhecidas dos navegadores desembarcados. Ainda assim, estávamos a cumprir o ritual e a viver o sonho do Faial, da Horta e do Peter’s.

A adicionar a tudo, o Café Sport tinha celebrado havia pouco tempo, um século e quatro gerações de vida, numa festa para que convidou toda a ilha do Faial.

Peters, Horta, Faial, Cidade que dá o Norte ao Atlântico

Perspectiva do Café Sport que revela a panóplia de itens náuticos que o decoram.

A História Já Secular do Peter Café Sport

Reza a história que Henrique Azevedo lhe abriu as portas, no dia de Natal de 1918 e ocupou um espaço de negócio antes ocupado por uma tal de loja de artesanato e bar Casa dos Açores.

Henrique Azevedo era um adepto fervoroso do desporto, praticante de futebol, de remo e de bilhar, entre outros. Surgiu, assim, como algo lógico que rebaptizasse o estabelecimento como Café Sport. Algum tempo depois, este nome ainda oficial foi suplantado por outro, o popularizado Peter’s.

Aconteceu assim porque o oficial chefe do serviço de munições e manutenção do navio “Lusitania II” da Marinha Real Britânica achou o jovem José Azevedo (filho de Henrique Azevedo) parecido com o seu próprio filho, Peter.

Peters, Horta, Faial, Cidade que dá o Norte ao Atlântico

José Henrique Azevedo, o actual proprietário do Café Sport, também na data dos primeiros 100 anos do Peters.

À medida em que, na brincadeira, continuou a chamar José Azevedo de Peter, consolidou também o nome hoje mais badalado do bar em que restabelecíamos energias.

Terminamos as sopas de baleia. Chegam dois peixes boca negra grelhados, acompanhados de um prato dos melhores enchidos açorianos. Finda a sobremesa e novo gin, estávamos prontos para rebolar.

À conversa com José Henrique Azevedo, o actual proprietário, percebemos o quanto nos tínhamos aproximado do que é agora esperado de todo e qualquer visitante da da cidade: “Se velejares até à Horta e não visitares o Peter Café Sport, não vistes a Horta na realidade.”

A Descoberta Vespertina da Cidade da Horta

Satisfeitos pelo quase-cumprimento do desígnio, despedimo-nos e entregamo-nos de espírito renovado à cidade solarenga em redor.

Conduzimos até à Ponta da Espalamaca. Subimos ao miradouro da Nª Srª da Conceição. Encontramos uma Santa Conceição de três metros, no sopé de uma cruz com quase trinta.

Virgem Santa da Conceição, Horta, Faial, Cidade que dá o Norte ao Atlântico

Estátua da Virgem Santa da Conceição num miradouro homónimo nos arredores da cidade da Horta.

Daquele alto abençoado, temos a visão terrena da montanha suprema de Portugal com os povoados da ilha do Pico na sua base. Mas não só.

A atmosfera sobre o canal mantinha-se de tal maneira cristalina que nos concedia um vislumbre difuso das vizinhas mais distantes de São Jorge e da Graciosa.

Praia do Almoxarife, Canal a Meias com o Grande Pico

Descemos para a beira-mar da praia de Almoxarife, o areal que encerra a espécie de fatia de tarte em que se alonga a freguesia homónima, terra verdejante, povoada a partir de 1465 por um grupo de quinze flamengos.

Moinho vento, Horta, Faial, Cidade que dá o Norte ao Atlântico

Moinho de vento de provável inspiração flamenga, na encosta da Espalamaca.

Como tal, dotada de moinhos de vento com inspiração nos Países Baixos.

Hoje, os descendentes desses colonos remotos são crentes fervorosos no Divino Espírito Santo. É a razão porque, além do moinho empedrado-vermelho da Lomba da Conceição por ali constatamos também os edifícios-impérios prolíficos na ilha Terceira.

Negro, pejado de pedras basálticas arredondadas, submisso ao gigantesco Pico, o areal de Almoxarife volta a sublinhar a essência vulcânica do Faial que a faceta urbana da Horta por vezes nos fazia esquecer.

Praia do Almoxarife, Horta, Faial, Cidade que dá o Norte ao Atlântico

Banhistas usufruem do mar suave e da vista sobre o Pico, na Praia do Almoxarife.

Nós e os banhistas que se divertiam nas vagas clementes do canal, tínhamos o Pico por diante.

No extremo oposto do Faial, reinava o vulcão Mistério dos Capelinhos. Com um quarto da altitude do Pico e um nome algo ternurento, este vulcão revelou-se bem mais destrutivo para o Faial do que o Pico alguma vez se atreveu a ameaçar.

Mergulho atrás de mergulho, onda após onda, o sol depressa caiu para o ocidente ali oculto.

Desiludidos com a sombra em que nos abandonou, antecipamos o regresso à Horta.

Igreja Santíssimo Salvador. Horta, Faial, Cidade que dá o Norte ao Atlântico

A Igreja Matriz do Santíssimo Salvador, destacada acima do casario da Horta.

Genuíno Madruga e as Suas Prodigiosas Circum-Navegações

Voltamos a passar por Angústias. Em Angústias, encontramos Genuíno Madruga, outra das personalidades açorianas empreendedoras incontornáveis, nascido em Lajes do Pico mas desde criança radicado na Horta.

Genuíno recebe-nos no seu restaurante, com gentileza e paciência inesgotável para o tempo mais que contado em que andávamos.

Em 24 de Janeiro de 2008, Genuíno Madruga tornou-se o primeiro português – e o décimo velejador a nível internacional que, em solitário, conseguiu cruzar o tormentoso Cabo Horn do oceano Atlântico para o Pacífico. A acrescentar ao feito, cumpriu a travessia durante a segunda das suas navegações de volta ao mundo.

Horta, Faial, Cidade que dá o Norte ao Atlântico

Barcos de pesca ancorados no porto da Horta, capital do Faial.

Sempre humilde, Genuíno como o só o baptismo lhe faz jus, Genuíno conta-nos como as suas vivências enquanto pescador e, sobretudo, os convívios posteriores com Marcel Bardieux – o primeiro navegador a cumprir a travessia em solitário – o inspiraram a também ele a perseguir o triunfo do amigo intrépido.

Essas suas experiências provaram-se de tal maneira recompensadoras que Genuíno mal disfarçava o prazer de connosco as partilhar, numa verbalização conveniente mas abreviada dos testemunhos que eternizou em “O Mundo que Eu Vi”, o livro da sua vida.

Uma obra para a história da Horta, do Faial e dos Açores.

Horta ao lusco-fusco, Faial, Cidade que dá o Norte ao Atlântico

Enseadas e casario da Horta coloridas pela iluminação artificial e pelo lusco-fusco.

Ilha do Pico, Açores

Ilha do Pico: o Vulcão dos Açores com o Atlântico aos Pés

Por um mero capricho vulcânico, o mais jovem retalho açoriano projecta-se no apogeu de rocha e lava do território português. A ilha do Pico abriga a sua montanha mais elevada e aguçada. Mas não só. É um testemunho da resiliência e do engenho dos açorianos que domaram esta deslumbrante ilha e o oceano em redor.
São Miguel, Açores

Ilha de São Miguel: Açores Deslumbrantes, Por Natureza

Uma biosfera imaculada que as entranhas da Terra moldam e amornam exibe-se, em São Miguel, em formato panorâmico. São Miguel é a maior das ilhas portuguesas. E é uma obra de arte da Natureza e do Homem no meio do Atlântico Norte plantada.
Santa Maria, Açores

Santa Maria: Ilha Mãe dos Açores Há Só Uma

Foi a primeira do arquipélago a emergir do fundo dos mares, a primeira a ser descoberta, a primeira e única a receber Cristovão Colombo e um Concorde. Estes são alguns dos atributos que fazem de Santa Maria especial. Quando a visitamos, encontramos muitos mais.
Ilha Terceira, Açores

Ilha Terceira: Viagem por um Arquipélago dos Açores Ímpar

Foi chamada Ilha de Jesus Cristo e irradia, há muito, o culto do Divino Espírito Santo. Abriga Angra do Heroísmo, a cidade mais antiga e esplendorosa do arquipélago. São apenas dois exemplos. Os atributos que fazem da ilha Terceira ímpar não têm conta.

Florianópolis, Brasil

O Legado Açoriano do Atlântico Sul

Durante o século XVIII, milhares de ilhéus portugueses perseguiram vidas melhores nos confins meridionais do Brasil. Nas povoações que fundaram, abundam os vestígios de afinidade com as origens.

Ilha das Flores, Açores

Os Confins Atlânticos dos Açores e de Portugal

Onde, para oeste, até no mapa as Américas surgem remotas, a Ilha das Flores abriga o derradeiro domínio idílico-dramático açoriano e quase quatro mil florenses rendidos ao fim-do-mundo deslumbrante que os acolheu.
Mykines, Ilhas Faroé

No Faroeste das Faroé

Mykines estabelece o limiar ocidental do arquipélago Faroé. Chegou a albergar 179 pessoas mas a dureza do retiro levou a melhor. Hoje, só lá resistem nove almas. Quando a visitamos, encontramos a ilha entregue aos seus mil ovinos e às colónias irrequietas de papagaios-do-mar.
Vulcão dos Capelinhos, Faial, Açores

Na Pista do Mistério dos Capelinhos

De uma costa da ilha à opostoa, pelas névoas, retalhos de pasto e florestas típicos dos Açores, desvendamos o Faial e o Mistério do seu mais imprevisível vulcão.
Graciosa, Açores

Sua Graça a Graciosa

Por fim, desembarcarmos na Graciosa, a nossa nona ilha dos Açores. Mesmo se menos dramática e verdejante que as suas vizinhas, a Graciosa preserva um encanto atlântico que é só seu. Quem tem o privilégio de o viver, leva desta ilha do grupo central uma estima que fica para sempre.
Corvo, Açores

O Abrigo Atlântico Inverosímil da Ilha do Corvo

17 km2 de vulcão afundado numa caldeira verdejante. Uma povoação solitária assente numa fajã. Quatrocentas e trinta almas aconchegadas pela pequenez da sua terra e pelo vislumbre da vizinha Flores. Bem-vindo à mais destemida das ilhas açorianas.
São Jorge, Açores

De Fajã em Fajã

Abundam, nos Açores, faixas de terra habitável no sopé de grandes falésias. Nenhuma outra ilha tem tantas fajãs como as mais de 70 da esguia e elevada São Jorge. Foi nelas que os jorgenses se instalaram. Nelas assentam as suas atarefadas vidas atlânticas.
Vale das Furnas, São Miguel

O Calor Açoriano do Vale das Furnas

Surpreendemo-nos, na maior ilha dos Açores, com uma caldeira retalhada por minifúndios agrícolas, massiva e profunda ao ponto de abrigar dois vulcões, uma enorme lagoa e quase dois mil micaelenses. Poucos lugares do arquipélago são, ao mesmo tempo, tão grandiosos e acolhedores como o verdejante e fumegante Vale das Furnas.
Ilha do Pico, Açores

A Ilha a Leste da Montanha do Pico

Por norma, quem chega ao Pico desembarca no seu lado ocidental, com o vulcão (2351m) a barrar a visão sobre o lado oposto. Para trás do Pico montanha, há todo um longo e deslumbrante “oriente” da ilha que leva o seu tempo a desvendar.
Angra do Heroísmo, Terceira, Açores

Heroína do Mar, de Nobre Povo, Cidade Valente e Imortal

Angra do Heroísmo é bem mais que a capital histórica dos Açores, da ilha Terceira e, em duas ocasiões, de Portugal. A 1500km do continente, conquistou um protagonismo na nacionalidade e independência portuguesa de que poucas outras cidades se podem vangloriar.
Ponta Delgada, São Miguel, Açores

A Cidade da Grande Ilha dos Açores

Durante os séculos XIX e XX, Ponta Delgada tornou-se a cidade mais populosa e a capital económico-administrativa dos Açores. Lá encontramos a história e o modernismo do arquipélago de mãos-dadas.
Aldeia da Cuada, Ilha das Flores, Açores

O Éden Açoriano Traído pelo outro Lado do Mar

A Cuada foi fundada, estima-se que em 1676, junto ao limiar oeste das Flores. Já em pleno século XX, os seus moradores juntaram-se à grande debandada açoriana para as Américas. Deixaram para trás uma aldeia tão deslumbrante como a ilha e os Açores.
Moradores percorrem o trilho que sulca plantações acima da UP4
Cidade
Gurué, Moçambique, Parte 1

Pelas Terras Moçambicanas do Chá

Os portugueses fundaram Gurué, no século XIX e, a partir de 1930, inundaram de camelia sinensis os sopés dos montes Namuli. Mais tarde, renomearam-na Vila Junqueiro, em honra do seu principal impulsionador. Com a independência de Moçambique e a guerra civil, a povoação regrediu. Continua a destacar-se pela imponência verdejante das suas montanhas e cenários teáceos.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Delta do Okavango, Nem todos os rios Chegam ao Mar, Mokoros
Safari
Delta do Okavango, Botswana

Nem Todos os Rios Chegam ao Mar

Terceiro rio mais longo do sul de África, o Okavango nasce no planalto angolano do Bié e percorre 1600km para sudeste. Perde-se no deserto do Kalahari onde irriga um pantanal deslumbrante repleto de vida selvagem.
Fieis acendem velas, templo da Gruta de Milarepa, Circuito Annapurna, Nepal
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Circuito Annapurna: 9º Manang a Milarepa Cave, Nepal

Uma Caminhada entre a Aclimatização e a Peregrinação

Em pleno Circuito Annapurna, chegamos por fim a Manang (3519m). Ainda a precisarmos de aclimatizar para os trechos mais elevados que se seguiam, inauguramos uma jornada também espiritual a uma caverna nepalesa de Milarepa (4000m), o refúgio de um siddha (sábio) e santo budista.
Visitantes nos Jameos del Água
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A César Manrique o que é de César Manrique

Só por si, Lanzarote seria sempre uma Canária à parte mas é quase impossível explorá-la sem descobrir o génio irrequieto e activista de um dos seus filhos pródigos. César Manrique faleceu há quase trinta anos. A obra prolífica que legou resplandece sobre a lava da ilha vulcânica que o viu nascer.
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Para Quem Só Enjoa de Navegar na Net

Embarque e deixe-se levar em viagens de barco imperdíveis como o arquipélago filipino de Bacuit e o mar gelado do Golfo finlandês de Bótnia.
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As Máscaras Nepalesas da Vida

O povo indígena Newar do Vale de Katmandu atribui grande importância à religiosidade hindu e budista que os une uns aos outros e à Terra. De acordo, abençoa os seus ritos de passagem com danças newar de homens mascarados de divindades. Mesmo se há muito repetidas do nascimento à reencarnação, estas danças ancestrais não iludem a modernidade e começam a ver um fim.
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Takayama do Japão Antigo e da Hida Medieval

Em três das suas ruas, Takayama retém uma arquitectura tradicional de madeira e concentra velhas lojas e produtoras de saquê. Em redor, aproxima-se dos 100.000 habitantes e rende-se à modernidade.
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Uma Economia de Mercado

A lei da oferta e da procura dita a sua proliferação. Genéricos ou específicos, cobertos ou a céu aberto, estes espaços dedicados à compra, à venda e à troca são expressões de vida e saúde financeira.
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Pontes de Povos que Criam Raízes

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Cruzeiro num Cargueiro

Após longa pedinchice de mochileiros, a companhia chilena NAVIMAG decidiu admiti-los a bordo. Desde então, muitos viajantes exploraram os canais da Patagónia, lado a lado com contentores e gado.
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Nem só com silêncio e retiro espiritual se procura o Nirvana. No Mosteiro de Sera, os jovens monges aperfeiçoam o seu saber budista com acesos confrontos dialécticos e bateres de palmas crepitantes.
Comboio do Fim do Mundo, Terra do Fogo, Argentina
Sobre Carris
Ushuaia, Argentina

Ultima Estação: Fim do Mundo

Até 1947, o Tren del Fin del Mundo fez incontáveis viagens para que os condenados do presídio de Ushuaia cortassem lenha. Hoje, os passageiros são outros mas nenhuma outra composição passa mais a Sul.
Walter Peak, Queenstown, Nova Zelandia
Sociedade
Nova Zelândia  

Quando Contar Ovelhas Tira o Sono

Há 20 anos, a Nova Zelândia tinha 18 ovinos por cada habitante. Por questões políticas e económicas, a média baixou para metade. Nos antípodas, muitos criadores estão preocupados com o seu futuro.
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Vida Quotidiana
Colónia Pellegrini, Argentina

Quando a Carne é Fraca

É conhecido o sabor inconfundível da carne argentina. Mas esta riqueza é mais vulnerável do que se imagina. A ameaça da febre aftosa, em particular, mantém as autoridades e os produtores sobre brasas.
Parque Nacional Amboseli, Monte Kilimanjaro, colina Normatior
Vida Selvagem
PN Amboseli, Quénia

Uma Dádiva do Kilimanjaro

O primeiro europeu a aventurar-se nestas paragens masai ficou estupefacto com o que encontrou. E ainda hoje grandes manadas de elefantes e de outros herbívoros vagueiam ao sabor do pasto irrigado pela neve da maior montanha africana.
The Sounds, Fiordland National Park, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Fiordland, Nova Zelândia

Os Fiordes dos Antipodas

Um capricho geológico fez da região de Fiordland a mais crua e imponente da Nova Zelândia. Ano após anos, muitos milhares de visitantes veneram o sub-domínio retalhado entre Te Anau e Milford Sound.