Paul do Mar a Ponta do Pargo a Achadas da Cruz, Madeira, Portugal

À Descoberta da Finisterra Madeirense


Igreja de Santo Amaro
A igreja de Santo Amaro, erguida no lugar de uma pequena capela dos primórdios da colonização da Madeira.
Fábio Afonso
Fábio Afonso no seu restaurante "Maktub" do Paul do Mar.
Paul do Mar
O casario do Paul do Mar divide a fajã local com um grande bananal.
Quase Noite
Banhistas divertem-se num molhe dos fundos do Paul do Mar.
Praia de Pedra
A beira-mar pedregosa abaixo de Paul do Mar.
Paul do Mar de Longe
O casario do Paul do Mar divide a fajã local com um grande bananal.
Ocaso vegetal
Formas de um pescoço-de-ganso e de um cacto bem definidas pelo pôr-do-sol
A Piscina da Levada
A piscina das Casas da Levada, com a Ponta do Pargo ao fundo.
500 metros de vertigem
Teleférico das Achadas da Cruz desce para o destino final da Quebrada Nova.
Reabastecimento
Morador da Quebrada Nova tenta encher um balde de água do mar agitado em frente.
Enseada da Quebrada
Enseada repleta de rochas delimita a Quebrada Nova.
Ascensão iminente
Grupo de visitantes da Quebrada Nova aguarda pelo teleférico para regressar ao cimo das Achadas da Cruz.
Vista da Ponta do Pargo
O ocaso amarela as falésias a sul da Ponta do Pargo.
O Farol da Ponta
Visitantes da Ponta do Pargo fotografam-se em frente ao farol da povoação.
Ocaso ao Acaso
Um curto momento exposto do pôr-do-sol, como visto detrás do farol da Ponta do Pargo.
Curva atrás de curva, túnel atrás de túnel, chegamos ao sul solarengo e festivo de Paul do Mar. Arrepiamo-nos com a descida ao retiro vertiginoso das Achadas da Cruz. Voltamos a ascender e deslumbramo-nos com o cabo derradeiro de Ponta do Pargo. Tudo isto, nos confins ocidentais da Madeira.

A Madeira e os túneis incontáveis que a perfuraram e percorrem num fascinante mundo subterrâneo paralelo na base das suas montanhas exuberantes: não há como lhes fugir.

Vencida nova sequência de quilómetros nesse submundo, os correspondentes à linha quase recta entre o Jardim do Mar e o Paul do Mar, a estrada VE7 deixa-nos logo acima do casario longilíneo que compõe a última das povoações.

A via ER223 que dá continuidade ao túnel, prova-se também ela um feito de engenharia rodoviária, encaixada como está no sopé de algumas das falésias mais elevadas e íngremes do sul da ilha, tendo em conta que, até ao fim dos anos 60, só se chegava ao Paul do Mar de barco.

E que nos trinta anos seguintes era uma estradinha sinuosa, íngreme e traiçoeira que lá permitia chegar por terra.

Uns metros de luz resplandecente para diante, cortamos para a Rua da Igreja.

Damos de caras com um miradouro avarandado, com o Atlântico a banhar o litoral repleto de calhaus basálticos com uma ternura que o litoral do norte não sente nem em sonhos.

Paul do Mar, Ilha da Madeira, Portugal

A igreja de Santo Amaro, erguida no lugar de uma pequena capela dos primórdios da colonização da Madeira.

A Chegada Luminosa a Paul do Mar

Por alguma razão a rua em que nos detivemos recebeu tal nome. Viramos as costas ao miradouro e ao mar. No plano de vista oposto, uma igreja com visual futurista parecia desafiar a sumptuosidade geológica verde-ocre das escarpas.

A igreja de Santo Amaro, padroeiro da freguesia, tomou o lugar de uma capela modesta mas que desempenhou o papel de sede da paróquia local, instituída nos últimos dias de 1676, demolida no ano da revolução dos Cravos.

A cruz arrojada do novo templo destaca-se da nave. Aliás, da laje calçada de que a admiramos, dá-nos a ideia de que está prestes a descolar para o Espaço.

Espreitamos a Travessa do Serradinho que dali se estende, delimitada por um casario que tem ar de ser o mais antigo das redondezas. Logo, regressamos ao carro e à ER223.

Por umas dezenas de metros apenas.

A Marginal Social que Abriga as Famílias que Resistiram à Emigração

A extensão moderna e alongada do Paul do Mar exige-nos novo desvio em direcção ao oceano. Cruzamos um dos bananais mais extensos que vimos na Madeira, a amadurecer sob o calor daquela zona, diz-se que a mais solarenga e abafada da ilha.

Passamos ao lado do cemitério da povoação. Após o que entramos na sua extensa marginal, delimitada a sul por um paredão que a protege das tempestades.

Litoral pedregoso, Paul do Mar, Ilha da Madeira, Portugal

A beira-mar pedregosa abaixo de Paul do Mar.

E, a norte, por casas bem mais recentes, com perfil de bairro social, habitadas em boa parte por descendentes numerosos dos pescadores que – decorriam os anos 60 – resistiram a emigrar para as Américas, dizem os registos que com grande incidência no Panamá e a reforçar a já impressionante diáspora madeirense em redor do mundo.

Mesmo assim, nessa década, os habitantes de Paul do Mar diminuíram de mais de 1800 para 900, um número próximo ao da população de hoje.

Cada casa por que passamos abriga uma complexa expressão de vida, com sangue de pescadores – não fosse o Paul do Mar – um dos mais importantes polos piscatórios da Madeira.

E o Fundo do Paul, o Domínio Absoluto da Diversão

Com o tempo e a benesse do clima, mais que lugar de celebrações religiosas e populares frequentes, o Paul do Mar tornou-se uma espécie de povoação sempre em festa.

Os surfistas descobriram as ondas que, na altura certa do ano, ali se formam. Chegaram e procuraram lugar onde ficar.

Aos primeiros alojamentos, bares e outros negócios, seguiram-se vários mais, a contar com pequenas iniciativas de caminhadas, desportos náuticos e avistamento de golfinhos e baleias.

Os bares, em particular, aumentaram a olhos vistos. Hoje, sobretudo em períodos de férias e junto aos fins de semana, o paredão em frente a estes estabelecimentos mantém-se repleto de jovens ávidos por partilharem o sol, a boa-disposição e as peripécias meritórias do espanto alheio.

Uma Viagem Gastronómica e Cultural chamada “Maktub”

É neste espírito que damos entrada num dos estabelecimentos incontornáveis de Paul do Mar, o restaurante pré-destinado, descontraído e garrido “Maktub”.

Fábio Afonso põe-nos à vontade. Serve-nos um dos pargos mais suculentos e saborosos que degustámos até hoje, empratado com azeite e pétalas aromáticas, acompanhado por palitinhos de cenoura e courgette, arroz integral e cubinhos de batatas fritas. Jantamos cercados de mensagens deixadas por convivas de todo o mundo no mural improvisado das paredes.

Fábio Afonso, Maktub, Paul do Mar, Ilha da Madeira, Portugal

Fábio Afonso no seu restaurante “Maktub” do Paul do Mar.

Por mapas e outros elementos alusivos ao nosso âmbito preferido, o das viagens.

Fábio conta-nos que o seu próprio “Maktub” é uma espécie de jornada de vida, influenciada por distintos universos, o do mar e do surf, o da música, o das viagens e por aí fora. “Sabem, isto já corre na família.

Neste preciso momento, tenho o meu pai a dar uma volta ao mundo de veleiro. Levou a bordo umas quarenta garrafas de vinho da Madeira para oferecer onde ancorasse.”

Fábio Afonso e os irmãos levam a cabo outras empresas. São, não tarda há vinte anos, organizadores do Maktub Soundsgood, um festival de música virado para o reggae e para o mar.

Com o sol quase a assentar no oceano, abreviamos o jantar e desculpamo-nos a Fábio por isso.

Mesmo a partir do muro logo em diante ao “Maktub”, para trás e para a frente, é para o mar que nos viramos.

Com o ocaso raptado por um rodapé de nebulosidade que provinha do norte da ilha, decidimos antecipar o regresso à estrada. À ER223, claro está.

Silhueta de pescoço de ganso, Paul do Mar, Ilha da Madeira, Portugal

Formas de um pescoço-de-ganso e de um cacto bem definidas pelo pôr-do-sol

O Caminho Deslumbrante para a Ponta do Pargo

Mais destemida e pitoresca que nunca, a via fez-nos ziguezaguear pela falésia acima.

Assim mesmo e sem pressas, levou-nos a terras mais altas da Madeira: Fajã da Ovelha, Lombada dos Marinheiros e, meia-hora depois, ao destino desse fim de dia, o cabo finisterra madeirense da Ponta do Pargo.

Pelo caminho, não conseguimos resistir às sucessivas vistas do casario de Paul do Mar e do seu bananal prolífico a preencher a base da encosta.

Paul do Mar, Ilha da Madeira, Portugal

O casario do Paul do Mar divide a fajã local com um grande bananal.

Detemo-nos ainda para admirarmos o percurso tresloucado da própria via, feito de meandros inclinados, alguns deles abertos por pequenos túneis escavados na rocha, em que a dimensão dantesca dos penhascos reduzia os carros a um quase nada.

O Abrigo Inspirador da Casa das Levadas

Atingida a Ponta do Pargo, instalamo-nos nas Casas da Levada, um turismo rural inspirador que resultou de uma recuperação harmoniosa e sustentada de vários palheiros tradicionais, edifícios de pedra rústicos em que as famílias do campo guardavam os seus vimes.

Hoje, renovadas com uma simplicidade encantadora, as casas mantêm-se nas suas posições, sobranceiras face a campos cultivados, à vila e ao mar que banha o vértice ocidental da ilha, próximas de levadas que sulcam a floresta de laurisilva endémica da Madeira.

Piscina Casas da Levada, Ilha da Madeira, Portugal

A piscina das Casas da Levada, com a Ponta do Pargo ao fundo.

Por muita modernidade talentosa que tenha acolhido – caso ainda dos edifícios do Centro Cívico da povoação e da calçada axadrezada em que assentam – a Ponta do Pargo, como a Ponta de São Lourenço oposta –  terá sempre a origem histórica secular que lhe granjearam os pioneiros destes confins ocidentais da Madeira.

O Pargo Superlativo na Origem do baptismo Ponta do Pargo

Narrou o historiador Gaspar Frutuoso que, o baptismo de Ponta do Pargo proveio da navegação de Tristão Vaz Teixeira e de Álvaro Afonso que, malgrado a perigosidade do mar, ali terão conseguido pescar um grande pargo, o maior que tinham visto, isto, alguns anos antes da fundação da povoação, que se estima da segunda metade do século XVI.

Na manhã seguinte, estreamo-nos numa outra estrada antiga e sinuosa do oeste da Madeira, a ER-101, que sobe no mapa rumo a Porto Moniz e à costa norte da ilha.

Pelo caminho, tabuletas que indicavam um miradouro e um teleférico, aliciaram-nos para o limiar estonteante de Achadas da Cruz, quase 500 metros acima da fajã da Quebrada Nova, ambas sobre as coordenadas  em que o sul e o norte da Madeira se encontram, vertiginosas e ventosas a condizer.

A Descida Vertiginosa de Achadas da Cruz à Quebrada Nova

Debruçamo-nos sobre a vedação do miradouro. Espreitamos a orla de terra que, lá em baixo, enfrenta o grande Atlântico, os muros, murinhos e edifícios erguidos pelos colonos que, numa ilha montanhosa como a Madeira, acharam por bem aproveitar aquela terra, tão fértil como extrema.

Teleférico Achadas da Cruz à Quebrada Nova, Ilha da Madeira, Portugal

Teleférico das Achadas da Cruz desce para o destino final da Quebrada Nova.

Fotografamos a descida estonteante de um teleférico e a subida complementar do outro. Questionamo-nos se as rajadas que sentíamos intensificar-se não abanariam demasiado as cabinas.

Apreensivos, esclarecemo-nos com o funcionário da bilheteira. “Ó amigos, sim está a aumentar um pouco mas olhem que isto já aqui está há muitos anos e nunca tivemos acidentes. Estão a ver aquelas luzes? São elas que reagem ao vento, por assim dizer. Com a verde, está tudo OK. Com a vermelha, o sistema faz as cabinas pararem. Neste momento, está amarelo. Desçam sem medos.”

Mesmo algo receosos de ficarmos presos a meio da descida, com a cabine a embalar-nos, como aconteceu, em 2018, ao Presidente da Junta, seus familiares e a mais seis estrangeiros, é o que fazemos.

Aos poucos, o aproximar da cabine faz sumir as linhas e formas da Quebrada Nova. A umas meras dezenas de metros do solo, o vento enfurece-se. A cabine oscila mas completa o percurso sem que luz vermelha a barrasse.

Quebrada Nova: um Reduto Agrícola Improvável

Desembarcamos. Deslumbramo-nos com a enseada rochosa à direita, batida pelo vendaval furioso do Norte que, ali, quase nos fazia levantar voo. Percorremos o caminho que percorre a franja da fajã, na direcção contrária, entre os curralinhos de vinho, outros cultivos e a beira-mar pedregosa.

Enquanto avançamos, testemunhamos o dia-a-dia inusitado do lugar. Uma família recém-chegada transportava compras da base do teleférico para o seu palheiro-moradia.

Um morador, por sinal estrangeiro, saiu do seu palheiro de balde na mão, fez-se à rebentação com cuidados redobrados, encheu-o e regressou a casa.

Quebrada Nova, Ilha da Madeira, Portugal

Morador da Quebrada Nova tenta encher um balde de água do mar agitado em frente.

Sem surpresa, a Quebrada Nova nunca teve população fixa. Foi sempre uma espécie de anexo agrícola que os habitantes das imediações visitavam quando necessário para manter os seus cultivos.

Com o advento do turismo, no entanto, tornou-se frequente alguns forasteiros sentirem-se atraídos pela excentricidade geográfica e geológica do lugar, ali aprisionado entre a vastidão do Atlântico Norte e a imponência das falésias madeirenses.

Vários, compraram ou alugam palheiros-moradia e passaram a frequentá-los quando as suas almas ditavam tal retiro.

Continuamos a explorar a Quebrada Nova pelo caminho caprichoso que a sulca, em circuito quase fechado, de regresso à base do teleférico.

Ilha da Madeira, Portugal

Grupo de visitantes da Quebrada Nova aguarda pelo teleférico para regressar ao cimo das Achadas da Cruz.

Carregamos no botão que, à laia de elevador, o chama. Embarcamos e, uma vez mais sem incidentes, retornamos às alturas de Achadas da Cruz.

O Regresso a Tempo do Ocaso da Ponta do Pargo

Já de volta a Ponta do Pargo, descemos do centro do povo rumo ao farol que equipava o promontório. Espreitamos os panoramas abruptos para norte e para sul, ambos amarelados pela iminência do ocaso.

Uma mãe e uma filha, produzem Instagrames sem fim, com os cenários e adereços em redor do farol. Nós, caminhamos para trás da sua torre.

Fotografamos a silhueta da campânula translúcida entre o que nos parecem araucárias ou pinheiros-Norfolk desfolhados.

Ocaso na Ponta do Pargo, Ilha da Madeira, Portugal

Um curto momento exposto do pôr-do-sol, como visto detrás do farol da Ponta do Pargo.

Por fim, o crepúsculo dá-se. De novo antecipado e ainda mais caprichoso que o do Paul do Mar, exuberante apenas nos breves instantes em que o grande astro passou entre dois mantos densos de névoa.

Celebramos a sua inesperada excentricidade e fotogenia.

Com a noite a envolver a Madeira, cedemos ao abrigo acolhedor das Casas da Levada.

 

Os Autores agradecem o apoio das CASAS DA LEVADA à criação desta reportagem:

www.casasdalevada.com

+351 966780406

Pico do Arieiro - Pico Ruivo, Madeira, Portugal

Pico Arieiro ao Pico Ruivo, Acima de um Mar de Nuvens

A jornada começa com uma aurora resplandecente aos 1818 m, bem acima do mar de nuvens que aconchega o Atlântico. Segue-se uma caminhada sinuosa e aos altos e baixos que termina sobre o ápice insular exuberante do Pico Ruivo, a 1861 metros.
Porto Santo, Portugal

Louvada Seja a Ilha do Porto Santo

Descoberta durante uma volta do mar tempestuosa, Porto Santo mantem-se um abrigo providencial. Inúmeros aviões que a meteorologia desvia da vizinha Madeira garantem lá o seu pouso. Como o fazem, todos os anos, milhares de veraneantes rendidos à suavidade e imensidão da praia dourada e à exuberância dos cenários vulcânicos.
Lagoa de Albufeira ao Cabo Espichel, Sesimbra, Portugal

Romagem a um Cabo de Culto

Do cimo dos seus 134 metros de altura, o Cabo Espichel revela uma costa atlântica tão dramática como deslumbrante. Com partida na Lagoa de Albufeira a norte, litoral dourado abaixo, aventuramo-nos pelos mais de 600 anos de mistério, misticismo e veneração da sua aparecida Nossa Senhora do Cabo.
Ilha do Pico, Açores

Ilha do Pico: o Vulcão dos Açores com o Atlântico aos Pés

Por um mero capricho vulcânico, o mais jovem retalho açoriano projecta-se no apogeu de rocha e lava do território português. A ilha do Pico abriga a sua montanha mais elevada e aguçada. Mas não só. É um testemunho da resiliência e do engenho dos açorianos que domaram esta deslumbrante ilha e o oceano em redor.
São Miguel, Açores

Ilha de São Miguel: Açores Deslumbrantes, Por Natureza

Uma biosfera imaculada que as entranhas da Terra moldam e amornam exibe-se, em São Miguel, em formato panorâmico. São Miguel é a maior das ilhas portuguesas. E é uma obra de arte da Natureza e do Homem no meio do Atlântico Norte plantada.
Santa Maria, Açores

Santa Maria: Ilha Mãe dos Açores Há Só Uma

Foi a primeira do arquipélago a emergir do fundo dos mares, a primeira a ser descoberta, a primeira e única a receber Cristovão Colombo e um Concorde. Estes são alguns dos atributos que fazem de Santa Maria especial. Quando a visitamos, encontramos muitos mais.
Ilha Terceira, Açores

Ilha Terceira: Viagem por um Arquipélago dos Açores Ímpar

Foi chamada Ilha de Jesus Cristo e irradia, há muito, o culto do Divino Espírito Santo. Abriga Angra do Heroísmo, a cidade mais antiga e esplendorosa do arquipélago. São apenas dois exemplos. Os atributos que fazem da ilha Terceira ímpar não têm conta.
Ilha das Flores, Açores

Os Confins Atlânticos dos Açores e de Portugal

Onde, para oeste, até no mapa as Américas surgem remotas, a Ilha das Flores abriga o derradeiro domínio idílico-dramático açoriano e quase quatro mil florenses rendidos ao fim-do-mundo deslumbrante que os acolheu.
Horta, Açores

A Cidade que Dá o Norte ao Atlântico

A comunidade mundial de velejadores conhece bem o alívio e a felicidade de vislumbrar a montanha do Pico e, logo, o Faial e o acolhimento da baía da Horta e do Peter Café Sport. O regozijo não se fica por aí. Na cidade e em redor, há um casario alvo e uma efusão verdejante e vulcânica que deslumbra quem chegou tão longe.
Vulcão dos Capelinhos, Faial, Açores

Na Pista do Mistério dos Capelinhos

De uma costa da ilha à opostoa, pelas névoas, retalhos de pasto e florestas típicos dos Açores, desvendamos o Faial e o Mistério do seu mais imprevisível vulcão.
Iucatão, México

O Fim do Fim do Mundo

O dia anunciado passou mas o Fim do Mundo teimou em não chegar. Na América Central, os Maias da actualidade observaram e aturaram, incrédulos, toda a histeria em redor do seu calendário.
Kalsoy, Ilhas Faroé

Um Farol no Fim do Mundo Faroês

Kalsoy é uma das ilhas mais isoladas do arquipélago das faroés. Também tratada por “a flauta” devido à forma longilínea e aos muitos túneis que a servem, habitam-na meros 75 habitantes. Muitos menos que os forasteiros que a visitam todos os anos atraídos pelo deslumbre boreal do seu farol de Kallur.
Castro Laboreiro, Portugal  

Do Castro de Laboreiro à Raia da Serra Peneda - Gerês

Chegamos à (i) eminência da Galiza, a 1000m de altitude e até mais. Castro Laboreiro e as aldeias em redor impõem-se à monumentalidade granítica das serras e do Planalto da Peneda e de Laboreiro. Como o fazem as suas gentes resilientes que, entregues ora a Brandas ora a Inverneiras, ainda chamam casa a estas paragens deslumbrantes.
Sistelo, Peneda-Gerês, Portugal

Do "Pequeno Tibete Português" às Fortalezas do Milho

Deixamos as fragas da Srª da Peneda, rumo a Arcos de ValdeVez e às povoações que um imaginário erróneo apelidou de Pequeno Tibete Português. Dessas aldeias socalcadas, passamos por outras famosas por guardarem, como tesouros dourados e sagrados, as espigas que colhem. Caprichoso, o percurso revela-nos a natureza resplandecente e a fertilidade verdejante destas terras da Peneda-Gerês.
Campos de Gerês -Terras de Bouro, Portugal

Pelos Campos do Gerês e as Terras de Bouro

Prosseguimos num périplo longo e ziguezagueante pelos domínios da Peneda-Gerês e de Bouro, dentro e fora do nosso único Parque Nacional. Nesta que é uma das zonas mais idolatradas do norte português.
Montalegre, Portugal

Pelo Alto do Barroso, Cimo de Trás-os-Montes

Mudamo-nos das Terras de Bouro para as do Barroso. Com base em Montalegre, deambulamos à descoberta de Paredes do Rio, Tourém, Pitões das Júnias e o seu mosteiro, povoações deslumbrantes do cimo raiano de Portugal. Se é verdade que o Barroso já teve mais habitantes, visitantes não lhe deviam faltar.
Vereda Terra Chã e Pico Branco, Porto Santo

Pico Branco, Terra Chã e Outros Caprichos da Ilha Dourada

No seu recanto nordeste, Porto Santo é outra coisa. De costas voltadas para o sul e para a sua grande praia, desvendamos um litoral montanhoso, escarpado e até arborizado, pejado de ilhéus que salpicam um Atlântico ainda mais azul.
Graciosa, Açores

Sua Graça a Graciosa

Por fim, desembarcarmos na Graciosa, a nossa nona ilha dos Açores. Mesmo se menos dramática e verdejante que as suas vizinhas, a Graciosa preserva um encanto atlântico que é só seu. Quem tem o privilégio de o viver, leva desta ilha do grupo central uma estima que fica para sempre.
Corvo, Açores

O Abrigo Atlântico Inverosímil da Ilha do Corvo

17 km2 de vulcão afundado numa caldeira verdejante. Uma povoação solitária assente numa fajã. Quatrocentas e trinta almas aconchegadas pela pequenez da sua terra e pelo vislumbre da vizinha Flores. Bem-vindo à mais destemida das ilhas açorianas.
São Jorge, Açores

De Fajã em Fajã

Abundam, nos Açores, faixas de terra habitável no sopé de grandes falésias. Nenhuma outra ilha tem tantas fajãs como as mais de 70 da esguia e elevada São Jorge. Foi nelas que os jorgenses se instalaram. Nelas assentam as suas atarefadas vidas atlânticas.
Reserva Masai Mara, Viagem Terra Masai, Quénia, Convívio masai
Safari
Masai Mara, Quénia

Reserva Masai Mara: De Viagem pela Terra Masai

A savana de Mara tornou-se famosa pelo confronto entre os milhões de herbívoros e os seus predadores. Mas, numa comunhão temerária com a vida selvagem, são os humanos Masai que ali mais se destacam.
Caminhantes no trilho do Ice Lake, Circuito Annapurna, Nepal
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 7º - Braga - Ice Lake, Nepal

Circuito Annapurna – A Aclimatização Dolorosa do Ice Lake

Na subida para o povoado de Ghyaru, tivemos uma primeira e inesperada mostra do quão extasiante se pode provar o Circuito Annapurna. Nove quilómetros depois, em Braga, pela necessidade de aclimatizarmos ascendemos dos 3.470m de Braga aos 4.600m do lago de Kicho Tal. Só sentimos algum esperado cansaço e o avolumar do deslumbre pela Cordilheira Annapurna.
planicie sagrada, Bagan, Myanmar
Arquitectura & Design
Bagan, Myanmar

A Planície dos Pagodes, Templos e Redenções Celestiais

A religiosidade birmanesa sempre assentou num compromisso de redenção. Em Bagan, os crentes endinheirados e receosos continuam a erguer pagodes na esperança de conquistarem a benevolência dos deuses.
Salto Angel, Rio que cai do ceu, Angel Falls, PN Canaima, Venezuela
Aventura
PN Canaima, Venezuela

Kerepakupai, Salto Angel: O Rio Que Cai do Céu

Em 1937, Jimmy Angel aterrou uma avioneta sobre uma meseta perdida na selva venezuelana. O aventureiro americano não encontrou ouro mas conquistou o baptismo da queda d'água mais longa à face da Terra
Via Conflituosa
Cerimónias e Festividades
Jerusalém, Israel

Pelas Ruas Beliciosas da Via Dolorosa

Em Jerusalém, enquanto percorrem a Via Dolorosa, os crentes mais sensíveis apercebem-se de como a paz do Senhor é difícil de alcançar nas ruelas mais disputadas à face da Terra.
Executivos dormem assento metro, sono, dormir, metro, comboio, Toquio, Japao
Cidades
Tóquio, Japão

Os Hipno-Passageiros de Tóquio

O Japão é servido por milhões de executivos massacrados com ritmos de trabalho infernais e escassas férias. Cada minuto de tréguas a caminho do emprego ou de casa lhes serve para o seu inemuri, dormitar em público.
Moradora obesa de Tupola Tapaau, uma pequena ilha de Samoa Ocidental.
Comida
Tonga, Samoa Ocidental, Polinésia

Pacífico XXL

Durante séculos, os nativos das ilhas polinésias subsistiram da terra e do mar. Até que a intrusão das potências coloniais e a posterior introdução de peças de carne gordas, da fast-food e das bebidas açucaradas geraram uma praga de diabetes e de obesidade. Hoje, enquanto boa parte do PIB nacional de Tonga, de Samoa Ocidental e vizinhas é desperdiçado nesses “venenos ocidentais”, os pescadores mal conseguem vender o seu peixe.
Intersecção
Cultura
Hungduan, Filipinas

Filipinas em Estilo Country

Os GI's partiram com o fim da 2ª Guerra Mundial mas a música do interior dos EUA que ouviam ainda anima a Cordillera de Luzon. É de tricycle e ao seu ritmo que visitamos os terraços de arroz de Hungduan.
Desporto
Competições

Homem, uma Espécie Sempre à Prova

Está-nos nos genes. Pelo prazer de participar, por títulos, honra ou dinheiro, as competições dão sentido ao Mundo. Umas são mais excêntricas que outras.
Twelve Apostles, Great Ocean Road, Victoria, Austrália
Em Viagem
Great Ocean Road, Austrália

Oceano Fora, pelo Grande Sul Australiano

Uma das evasões preferidas dos habitantes do estado australiano de Victoria, a via B100 desvenda um litoral sublime que o oceano moldou. Bastaram-nos uns quilómetros para percebermos porque foi baptizada de The Great Ocean Road.
Espantoso
Étnico

Ambergris Caye, Belize

O Recreio do Belize

Madonna cantou-a como La Isla Bonita e reforçou o mote. Hoje, nem os furacões nem as disputas políticas desencorajam os veraneantes VIPs e endinheirados de se divertirem neste refúgio tropical.

arco-íris no Grand Canyon, um exemplo de luz fotográfica prodigiosa
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Luz Natural (Parte 1)

E Fez-se Luz na Terra. Saiba usá-la.

O tema da luz na fotografia é inesgotável. Neste artigo, transmitimos-lhe algumas noções basilares sobre o seu comportamento, para começar, apenas e só face à geolocalização, a altura do dia e do ano.
Sydney, cidade criminosos exemplar da Austrália, Harbour Bridge
História
Sydney, Austrália

De Desterro de Criminosos a Cidade Exemplar

A primeira das colónias australianas foi erguida por reclusos desterrados. Hoje, os aussies de Sydney gabam-se de antigos condenados da sua árvore genealógica e orgulham-se da prosperidade cosmopolita da megalópole que habitam.
Salto para a frente, Naghol de Pentecostes, Bungee Jumping, Vanuatu
Ilhas
Pentecostes, Vanuatu

Naghol de Pentecostes: Bungee Jumping para Homens a Sério

Em 1995, o povo de Pentecostes ameaçou processar as empresas de desportos radicais por lhes terem roubado o ritual Naghol. Em termos de audácia, a imitação elástica fica muito aquém do original.
Igreja Sta Trindade, Kazbegi, Geórgia, Cáucaso
Inverno Branco
Kazbegi, Geórgia

Deus nas Alturas do Cáucaso

No século XIV, religiosos ortodoxos inspiraram-se numa ermida que um monge havia erguido a 4000 m de altitude e empoleiraram uma igreja entre o cume do Monte Kazbek (5047m) e a povoação no sopé. Cada vez mais visitantes acorrem a estas paragens místicas na iminência da Rússia. Como eles, para lá chegarmos, submetemo-nos aos caprichos da temerária Estrada Militar da Geórgia.
Na pista de Crime e Castigo, Sao Petersburgo, Russia, Vladimirskaya
Literatura
São Petersburgo, Rússia

Na Pista de “Crime e Castigo”

Em São Petersburgo, não resistimos a investigar a inspiração para as personagens vis do romance mais famoso de Fiódor Dostoiévski: as suas próprias lástimas e as misérias de certos concidadãos.
Walvis Bay, Namíbia, baía, dunas
Natureza
Walvis Bay, Namíbia

O Litoral Descomunal de Walvis Bay

Da maior cidade costeira da Namíbia ao limiar do deserto do Namibe de Sandwich Harbour, vai um domínio de oceano, dunas, nevoeiro e vida selvagem sem igual. Desde 1790, que a profícua Walvis Bay lhe serve de portal.
Sheki, Outono no Cáucaso, Azerbaijão, Lares de Outono
Outono
Sheki, Azerbaijão

Outono no Cáucaso

Perdida entre as montanhas nevadas que separam a Europa da Ásia, Sheki é uma das povoações mais emblemáticas do Azerbaijão. A sua história em grande parte sedosa inclui períodos de grande aspereza. Quando a visitámos, tons pastéis de Outono davam mais cor a uma peculiar vida pós-soviética e muçulmana.
Vista Miradouro, Alexander Selkirk, na Pele Robinson Crusoe, Chile
Parques Naturais
Ilha Robinson Crusoe, Chile

Alexander Selkirk: na Pele do Verdadeiro Robinson Crusoe

A principal ilha do arquipélago Juan Fernández foi abrigo de piratas e tesouros. A sua história fez-se de aventuras como a de Alexander Selkirk, o marinheiro abandonado que inspirou o romance de Dafoe
Kigurumi Satoko, Templo Hachiman, Ogimashi, Japão
Património Mundial UNESCO
Ogimashi, Japão

Um Japão Histórico-Virtual

Higurashi no Naku Koro ni” foi uma série de animação nipónica e jogo de computador com enorme sucesso. Em Ogimashi, aldeia de Shirakawa-Go, convivemos com um grupo de kigurumis das suas personagens.
Era Susi rebocado por cão, Oulanka, Finlandia
Personagens
PN Oulanka, Finlândia

Um Lobo Pouco Solitário

Jukka “Era-Susi” Nordman criou uma das maiores matilhas de cães de trenó do mundo. Tornou-se numa das personagens mais emblemáticas da Finlândia mas continua fiel ao seu cognome: Wilderness Wolf.
Mini-snorkeling
Praias
Ilhas Phi Phi, Tailândia

De regresso à Praia de Danny Boyle

Passaram 15 anos desde a estreia do clássico mochileiro baseado no romance de Alex Garland. O filme popularizou os lugares em que foi rodado. Pouco depois, alguns desapareceram temporária mas literalmente do mapa mas, hoje, a sua fama controversa permanece intacta.
Santo Sepulcro, Jerusalém, igrejas cristãs, sacerdote com insensário
Religião
Basílica Santo Sepúlcro, Jerusalém, Israel

O Templo Supremo das Velhas Igrejas Cristãs

Foi mandada construir pelo imperador Constantino, no lugar da Crucificação e Ressurreição de Jesus e de um antigo templo de Vénus. Na génese, uma obra Bizantina, a Basílica do Santo Sepúlcro é, hoje, partilhada e disputada por várias denominações cristãs como o grande edifício unificador do Cristianismo.
Chepe Express, Ferrovia Chihuahua Al Pacifico
Sobre Carris
Creel a Los Mochis, México

Barrancas de Cobre, Caminho de Ferro

O relevo da Sierra Madre Occidental tornou o sonho um pesadelo de construção que durou seis décadas. Em 1961, por fim, o prodigioso Ferrocarril Chihuahua al Pacifico foi inaugurado. Os seus 643km cruzam alguns dos cenários mais dramáticos do México.
city hall, capital, oslo, noruega
Sociedade
Oslo, Noruega

Uma Capital (sobre) Capitalizada

Um dos problemas da Noruega tem sido decidir como investir os milhares milhões de euros do seu fundo soberano recordista. Mas nem os recursos desmedidos salvam Oslo das suas incoerências sociais.
Visitantes nas ruínas de Talisay, ilha de Negros, Filipinas
Vida Quotidiana
Talisay City, Filipinas

Monumento a um Amor Luso-Filipino

No final do século XIX, Mariano Lacson, um fazendeiro filipino e Maria Braga, uma portuguesa de Macau, apaixonaram-se e casaram. Durante a gravidez do que seria o seu 11º filho, Maria sucumbiu a uma queda. Destroçado, Mariano ergueu uma mansão em sua honra. Em plena 2ª Guerra Mundial, a mansão foi incendiada mas as ruínas elegantes que resistiram eternizam a sua trágica relação.
Cabo da Cruz, colónia focas, cape cross focas, Namíbia
Vida Selvagem
Cape Cross, Namíbia

A Mais Tumultuosa das Colónias Africanas

Diogo Cão desembarcou neste cabo de África em 1486, instalou um padrão e fez meia-volta. O litoral imediato a norte e a sul, foi alemão, sul-africano e, por fim, namibiano. Indiferente às sucessivas transferências de nacionalidade, uma das maiores colónias de focas do mundo manteve ali o seu domínio e anima-o com latidos marinhos ensurdecedores e intermináveis embirrações.
The Sounds, Fiordland National Park, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Fiordland, Nova Zelândia

Os Fiordes dos Antipodas

Um capricho geológico fez da região de Fiordland a mais crua e imponente da Nova Zelândia. Ano após anos, muitos milhares de visitantes veneram o sub-domínio retalhado entre Te Anau e Milford Sound.