São Petersburgo e Mikhaylovskoe, Rússia

O Escritor que Sucumbiu ao Próprio Enredo


De visita
Casal deixa o antigo lar de campo e de exílio da família Pushkin e percorre a paisagem verdejante de Mikhaylovskoe.
Pushkin de bronze
Estátua de Pushkin erguida junto ao mosteiro de Svyatogororsky.
Beijo de fé
Padre ortodoxo beija uma imagem religiosa no interior do mosteiro de Svyatogororsky, onde Pushkin e a sua família estão sepultados.
Lar doce lar Pushkiniano
A fachada da casa de Pushkin com melhor vista, a virada para o lago Kuchane, em Mikhaylovskoe.
Arma(s) do Crime
Caixa com mosquetes usados por Pushkin, em exibição no museu em que foi transformada a casa do escritor de São Petersburgo.
Rússia outonal
Cenário outonal da propriedade da família de Alexander Pushkin, um refúgio campestre herdado da mãe.
O Duelo fatal
Pintura de época ilustra o duelo que vitimou Pushkin. Na imagem, Pushkin, já ferido no estômago, tenta atingir o adversário francês Georges-Charles d'Anthés que tinha antes desafiado.
Homenagens póstumas
Flores no pequeno mausoléu da família de Alexander Pushkin, junto ao mosteiro de Svyatogororsky e nas imediações de Mikhaylovskoe.
Rússia idílica
Franja do lago Kuchane com o casario de Trigorskoe - uma povoação vizinha de Mikhaylovskoe - em fundo.
Pushinskaya
Uma outra estátua de Alexander Pushkin, esta iluminada em dourado na estação de metro de São Petersburgo que o homenageia, Pushinskaya.
Campo Russo
Velho moinho perdido na grande charneca em redor de Mikhaylovskoe.
Ploshchad Iskusstv
Estátua de Pushkin destacada sobre a praça das Artes (Ploshchad Iskusstv) de São Petersburgo.
Pesca em paz
Pescador de fato camuflado pesca no rio Sorot, em Mikhaylovskoe
A Carta Fatídica
A famosa carta de D'Anthes que deu origem ao duelo que vitimou Alexander Pushkin.
pushkin-escritor-russia-escritorio-museu
Escritório de Alexander Pushkin no museu que lhe foi dedicado, em São Petersburgo.
Estação Pushinskaya
Esquema de estações de metro de São Petersburgo como apresentado na estação Pushinskaya.
Vendedora de Maças
Vendedora de maças em Mikhaylovskoe, povoação em que o escritor Pushkin tinha casa
Rabiscos de Pushkin
Rabiscos de Pushkin, no museu que foi dedicado ao escritor, em São Petersburgo.
Alexander Pushkin é louvado por muitos como o maior poeta russo e o fundador da literatura russa moderna. Mas Pushkin também ditou um epílogo quase tragicómico da sua prolífica vida.

É de tal forma importante a figura de Pushkin na Rússia que nos deparamos com ela vezes sem conta.

Tsarskoye Selo, antiga residência da família imperial russa e uma das espécies de Versailles de São Petersburgo, foi rebaptizada com o seu nome por ocasião dos cem anos da morte do escritor, que lá estudou.

Tanto as redes de metro de São Petersburgo como a de Moscovo contam com a sua estação Pushkinskaya.

Mesmo se são abundantes os escritores e outros artistas de renome no país dos Czares, o culto da sua personagem multiplica-se em ambas as cidades e um pouco por toda a Rússia.

Estação Pushinskaya, estátua do escritor Pushkin

Uma outra estátua de Alexander Pushkin, esta iluminada em dourado na estação de metro de São Petersburgo que o homenageia, Pushinskaya.

A devoção tem uma óbvia razão de ser.

Ploshchad Iskusstv, estátua do escritor Pushkin

Estátua de Pushkin destacada sobre a praça das Artes (Ploshchad Iskusstv) de São Petersburgo.

A Ascendência Excêntrica de Alexander Pushkin

Faltava pouco menos de meio semestre para a entrada no século XIX quando Alexander Sergeyvich Pushkin veio ao mundo. Era filho do major Sergei Lvovich Pushkin e de Nadezhda Ossipovna Gannibal.

A ascendência do lado da mãe revelava-se uma encruzilhada étnica. Combinava proveniência de um lado germânica e escandinava, do outro, uma improvável ascendência africana.

O bisavô de Pushkin, Abram Petrovich Gannibal (1696-1781), foi um pajem capturado nos actuais Camarões, quando tinha sete anos e levado para a corte do sultão otomano Mustafa II.

Depois de um ano em Constantinopla, resgatou-o um deputado do embaixador russo de então que o ofereceu a Pedro o Grande.

O imperador simpatizou com o jovem. Forjaram uma forte cumplicidade. Levou-o consigo em várias campanhas militares. Com o tempo, Gannibal tornou-se um dos seus generais preferidos e um membro da família real.

E uma Vida a Par dos Antecedentes

O bisneto Pushkin, por sua vez, desenvolveu-se num homem elegante, como era natural, com características bem distintas dos protótipos masculinos russos.

O seu cabelo revelou-se escuro e encaracolado e a sua compleição típica de um moreno, para não dizer… africano.

Estátua de Alexander Pushkin, escritor, Rússia

Estátua de Pushkin erguida junto ao mosteiro de Svyatogororsky.

Ao longo da vida, as suas raízes viriam a inspirar diversas calúnias por parte dos críticos. Pushkin respondeu com literatura. Sobre o tema, publicou “O Negro de Pedro o Grande” em que louvou a história de vida do bisavô. E ainda “A Minha Genealogia”.

A Formação Académica e as Sátiras que o Submeteram a Exílios

Em 1811, Pushkin deu entrada no liceu imperial de Tsarskoe Selo. Foi ali que desenvolveu a sua aptidão para a escrita. E, em simultâneo, pelas viagens. Passados seis anos, já graduado, aceitou uma posição no Ministério dos Negócios Estrangeiros e integrou-se na vida social e intelectual da Veneza do Norte.

Ao mesmo tempo, começou a usar a sua pena para satirizar várias figuras da corte.

Esta postura irou Alexandre I. O imperador decretou-lhe um exílio sob a forma de serviço cívico, no sul da Rússia, de início na actual Dniepropetrovsk, onde deveria reportar ao General Iván Inzov.

Inzov acolheu-o de braços abertos e escusou-se a dar-lhe tarefas. De tanto banho nas águas frias do rio Dniepr, Pushkin adoeceu.

Nicolay Rayévski, um outro militar, passou pela cidade. Ia com a família a caminho do Cáucaso onde o seu filho mais velho se curava numas termas. Rayévski convenceu Pushkin a acompanhá-los e Inzov autorizou.

Aventuras no Cáucaso e o Refúgio Forçado no Interior Bucólico de Mikhaylovskoe

Na altura, o Cáucaso era a verdadeira fronteira com a Ásia. Pushkin deslumbrou-se e inspirou-se com a beleza das montanhas da região e com a rebeldia dos chechenos e de outros povos da zona.

Vários dos seus poemas e até romances de então refletiam realidades destas paragens, exóticas para a quase totalidade dos habitantes de Moscovo ou São Petersburgo. Foi o caso do “Prisioneiro do Cáucaso” que aflorou a relação entre um captivo russo e uma rapariga circassiana.

Quatro anos de exílio depois, Pushkin sofreu nova admoestação tolerante do imperador por escritos problemáticos mais recentes.

Desta feita, refugiou-se em Mikhaylovskoe, uma propriedade da família, algumas horas a sul de São Petersburgo.

Rússia outonal

Cenário outonal da propriedade da família de Alexander Pushkin, um refúgio campestre herdado da mãe.

Foi aí que tivemos o primeiro contacto com o retiro familiar do autor. Deixámos Pskov e percorremos cerca de 120 km por pequenas estradas campestres.

A Deliciosa Viagem entre Pskov e Mikhaylovskoe

Atravessámos aldeolas que agrupavam izbas sem fim, umas em estado imaculado, outras que o tempo havia degradado, aqui e ali, também exemplares a que o fogo causara danos irreparáveis.

Nas povoações mais vivas, verdadeiras redes de canalização elevada de cores garridas estendiam-se dobradas e bifurcadas vezes sem conta, ruela após ruela. Os lares dependiam do sopro do gaz natural vindo da Sibéria que por elas circulava.

Ultrapassamos inúmeras relíquias automóveis soviéticas: Volgas, UAZs e Kamaz, entre outros.  Alguns seguiam em estados lastimáveis como um Lada que vimos perder uma roda e enfiar-se contra uma sebe do lado oposto da estrada.

Corrido mais tempo do que contávamos, chegámos a uma zona erma de pinhais lúgubres e densos. Não detectamos vivalma nas redondezas.

À Descoberta da Mikhaylovskoye Museum Reserve

Duas placas indicativas apontaram-nos um trilho que conduziu a uma espécie de charneca coroada com uma mansão elegante encaixada num jardim cuidado.

Casa do escritor Alexander Pushkin,

A fachada da casa de Pushkin com melhor vista, a virada para o lago Kuchane, em Mikhaylovskoe.

Era o coração habitacional de Mikhailovskoe, propriedade da família materna de Pushkin desde 1742. Pushkin habituou-se a lá se refugiar do rebuliço de São Petersburgo.

Já bem fora da época turística alta, quase só nós e Alexey Kravchenko, o anfitrião que nos conduzia desde a São Petersburgo de Dostoievski, a visitávamos.

Não detectámos sinal do acolhimento especial e dos extras que culminam a 6 de Junho, o dia em que se celebra o nascimento do autor e em que milhares de admiradores vindos de toda a Rússia ali se encontram.

Espreitámos o interior amarelo da casa, com o seu mobiliário clássico, um piano de madeira e uma escrivaninha ainda repleta de manuscritos dourados pelo passar do tempo.

De volta ao exterior, avançámos até às traseiras e descobrimos o melhor atributo da residência. O seu limiar dava para uma longa encosta ervada.

Rússia idílica de Mikhaylovskoe, casa de campo do escritor Pushkin

Franja do lago Kuchane com o casario de Trigorskoe – uma povoação vizinha de Mikhaylovskoe – em fundo.

Os Cenários Campestres Alagados em Redor

Lá em baixo, um rio – o Sorot – serpenteava e entregava-se a uma espécie de paul integrante do lago Kuchane que alimentava.

Descemos por um caminho que sulcava a erva até à margem mais próxima. Lá encontrámos, por fim, sinal de vida. Um pescador enfiado num camuflado militar repetia lançamentos de linha.

Depressa percebemos que estava tão determinado em não ser incomodado como a encher o balde da pescaria.

Pescador em Mikhaylovskoe, onde o escritor Alexander Pushkin tinha casa, Rússia

Pescador de fato camuflado pesca no rio Sorot, em Mikhaylovskoe

De acordo, avançámos pela margem do rio e inspeccionámos um velho moinho de madeira isolado na paisagem, na companhia de um jovem casal acabado de chegar.

Pushkin ia quase todos os dias bem mais longe. Alexei Wulf, um dos seus melhores amigos, vivia em Trigorskoe, uma das povoações mais próximas. Wulf chegou, aliás, a afirmar que ele próprio foi a inspiração para Vladimir Lenskiy, uma das principais personagens da famosa novela em verso de Pushkin “Eugene Onegin”.

Até 1861, a escravidão manteve-se legítima na Rússia.

A Integração Social de Alexander Pushkin entre as Gentes de Mikhaylovskoe

Os camponeses residentes eram servos da família, algo que Pushkin sempre encarou à sua própria maneira. Em vez de se assumir como um soberano prepotente, apreciava o contacto com as pessoas do campo.

Inteirava-se das suas vidas e preocupava-se com o seu bem-estar. Revoltou-se quando descobriu que muitos dos camponeses que conhecia não tinham lenha suficiente para manter os fornos acesos durante o Inverno, nem podiam comprar vidros para as janelas. Interessava-se também pelo folclore dos campesinos.

Recolhia fábulas, canções e sagas que, depois, usava como inspiração para as suas obras.

De Maio a Agosto, é costume os visitantes mais empenhados inteirarem-se do que ali terá sido a vida rural na época de Pushkin. Investigar as antigas casas da zona, celeiros, currais, moinhos etc.

Campo Russo de Mikhaylovskoe, povoação em que Pushkin, escritor Russo, tinha casa

Velho moinho perdido na grande charneca em redor de Mikhaylovskoe.

Fazem inclusivamente de camponeses e debulham milho, ou tecem em teares seculares. Nenhuma destas ou outras hipóteses eram válidas quando por lá passámos.

Perdidos no “desconhecido” de Mikhaylovskoe mas Abastecidos de Maçãs

No regresso ao carro, Alexei sugeriu que nos metêssemos por um atalho. Perdemo-nos por completo. Caminhámos por vários quilómetros sem conseguirmos voltar a encontrar o trilho da ida.

Acabámos a andar em estradas desconhecidas e a pedir ajuda paga a moradores de izbas abarracadas erguidas à beira da floresta, para que nos levassem ao carro.

Em vão.

Depois de nos certificarmos de que estávamos na direcção certa,  parámos para comprar um grande saco de maças a Zina, uma babuska que as vendia, bem vermelhas e ao balde, à porta da sua casa.

Vendedora de maças, Mikhaylovskoe, povoação em que Pushkin, escritor Russo tinha casa

Vendedora de maças em Mikhaylovskoe, povoação em que o escritor Pushkin tinha casa

Matámos a sede e a fome. Quase duas horas e meia e mais de dez quilómetros depois, chegados de uma direcção oposta àquela de que tínhamos partido, voltámos a encontrar o nosso carro.

Peregrinação ao Mosteiro de Svyatogororsky e ao Mausoléu de Alexander Pushkin

Uma vez recuperados, ainda apontámos para o mosteiro de Svyatogororsky, onde demos entrada pouco antes de uma chuva inclemente.

Pushkin escritor, mosteiro de Svyatogororsky,

Padre ortodoxo beija uma imagem religiosa no interior do mosteiro de Svyatogororsky, onde Pushkin e a sua família estão sepultados.

Em tempos, Pushkin fez deste mosteiro uma escala habitual.

Lá visitava os túmulos dos seus antepassados, apreciava as peregrinações religiosas e as feiras onde adorava conviver com personagens reais que vieram a inspirar as de “Boris Godunov”.

Hoje, é lá que jaz, junto ao túmulo da sua mãe. Foi o próprio Pushkin a precipitar a sua mudança para aquela derradeira morada.

Homenagens póstumas ao escritor Pushkin

Flores no pequeno mausoléu da família de Alexander Pushkin, junto ao mosteiro de Svyatogororsky e nas imediações de Mikhaylovskoe.

O Romance de Cordel que Levou Alexander Pushkin à Sua Morte

Em 1828, Pushkin conheceu Natalia Goncharova uma das mais apreciadas beldades de Moscovo, então com apenas 16 anos.

Após farta ponderação, e depois de se certificar de que Pushkin não seria de novo perseguido pelo governo czarista, a jovem e a sua mãe aceitaram a proposta de casamento do escritor.

Casaram em 1831. Seis anos mais tarde, Pushkin tinha acumulado grandes dívidas. Como se não bastasse, recebeu uma carta anónima que lhe atribuía o título de “Deputado Grande Director e Historiógrafo da Ordem dos Cornudos”.

ao Escritor Alexander Pushkin, Carta que lhe foi enviada pelo rival D'Anthes

As Regras do duelo com D’Anthés que vitimou Alexander Pushkin.

Havia já algum tempo, Puskin e a jovem esposa tinham conhecido Georges-Charles d’Anthés, um militar francês que se alistou no exército russo para progredir na sua carreira. D’Anthés começou a cortejar a sedutora Natália em 1835.

Quando percebeu que esta o rejeitava, D’Anthés e o pai adoptivo fizeram chegar a Pushkin e a alguns dos seus melhores amigos vários exemplares daquela sátira. Pushkin – que se envolvia frequentemente em paixonetas e assédios extra-maritais – não precisou de muito para apurar os autores.

Mesmo sem ter investigado se a esposa – que se dizia que também provocava o czar Nicolas e por ele era assediada – lhe fora ou não infiel, desafiou D’Anthés para um duelo. Malgrado negociações levadas a cabo pelo pai adoptivo do francês, o duelo teve mesmo lugar numa tarde gélida de 27 de Janeiro de 1837.

D’Anthés disparou primeiro. Feriu Pushkin com gravidade no estômago.

O Duelo fatal

Pintura  ilustra o duelo que vitimou Pushkin. Pushkin, já ferido no estômago, tenta atingir o adversário francês Georges-Charles d’Anthés.

Pushkin, que antes tinha originado e travado vários duelos, ainda conseguiu ripostar mas só feriu o rival ao de leve num braço.

Morreu dois dias depois na casa de São Petersburgo.

Escritório do escritor Alexander Pushkin, em São Petersburgo, Rússia

Escritório de Alexander Pushkin no museu que lhe foi dedicado, em São Petersburgo.

Como era de esperar, o seu antigo lar também foi sacralizado.

É hoje um dos museus e memoriais incontornáveis da cidade, visitado por grandes excursões de estudantes russos e por batalhões de turistas de todas as partes.

Arma(s) do Crime do escritor Alexander Pushkin

Caixa com mosquetes usados por Pushkin, em exibição no museu em que foi transformada a casa do escritor de São Petersburgo.

Antes de deixarmos Peter, deslumbrados pela excentricidade da sua vida, obra e morte, ainda fizemos questão de o desvendar.

Ilhas Solovetsky, Rússia

A Ilha-Mãe do Arquipélago Gulag

Acolheu um dos domínios religiosos ortodoxos mais poderosos da Rússia mas Lenine e Estaline transformaram-na num gulag. Com a queda da URSS, Solovestky recupera a paz e a sua espiritualidade.
Suzdal, Rússia

Em Suzdal, é de Pequenino que se Celebra o Pepino

Com o Verão e o tempo quente, a cidade russa de Suzdal descontrai da sua ortodoxia religiosa milenar. A velha cidade também é famosa por ter os melhores pepinos da nação. Quando Julho chega, faz dos recém-colhidos um verdadeiro festival.
Suzdal, Rússia

Mil Anos de Rússia à Moda Antiga

Foi uma capital pródiga quando Moscovo não passava de um lugarejo rural. Pelo caminho, perdeu relevância política mas acumulou a maior concentração de igrejas, mosteiros e conventos do país dos czares. Hoje, sob as suas incontáveis cúpulas, Suzdal é tão ortodoxa quanto monumental.
São Petersburgo, Rússia

A Rússia Vai Contra a Maré. Siga a Marinha

A Rússia dedica o último Domingo de Julho às suas forças navais. Nesse dia, uma multidão visita grandes embarcações ancoradas no rio Neva enquanto marinheiros afogados em álcool se apoderam da cidade.
Suzdal, Rússia

Séculos de Devoção a um Monge Devoto

Eutímio foi um asceta russo do século XIV que se entregou a Deus de corpo e alma. A sua fé inspirou a religiosidade de Suzdal. Os crentes da cidade veneram-no como ao santo em que se tornou.
Bolshoi Zayatsky, Rússia

Misteriosas Babilónias Russas

Um conjunto de labirintos pré-históricos espirais feitos de pedras decoram a ilha Bolshoi Zayatsky, parte do arquipélago Solovetsky. Desprovidos de explicações sobre quando foram erguidos ou do seu significado, os habitantes destes confins setentrionais da Europa, tratam-nos por vavilons.
São Petersburgo, Rússia

Na Pista de "Crime e Castigo"

Em São Petersburgo, não resistimos a investigar a inspiração para as personagens vis do romance mais famoso de Fiódor Dostoiévski: as suas próprias lástimas e as misérias de certos concidadãos.
Key West, Estados Unidos

O Recreio Caribenho de Hemingway

Efusivo como sempre, Ernest Hemingway qualificou Key West como “o melhor lugar em que tinha estado...”. Nos fundos tropicais dos E.U.A. contíguos, encontrou evasão e diversão tresloucada e alcoolizada. E a inspiração para escrever com intensidade a condizer.
Rostov Veliky, Rússia

Sob as Cúpulas da Alma Russa

É uma das mais antigas e importantes cidades medievais, fundada durante as origens ainda pagãs da nação dos czares. No fim do século XV, incorporada no Grande Ducado de Moscovo, tornou-se um centro imponente da religiosidade ortodoxa. Hoje, só o esplendor do kremlin moscovita suplanta o da cidadela da tranquila e pitoresca Rostov Veliky.
Novgorod, Rússia

A Avó Viking da Mãe Rússia

Durante quase todo o século que passou, as autoridades da U.R.S.S. omitiram parte das origens do povo russo. Mas a história não deixa lugar para dúvidas. Muito antes da ascensão e supremacia dos czares e dos sovietes, os primeiros colonos escandinavos fundaram, em Novgorod, a sua poderosa nação.
Goiás Velho, Brasil

Vida e Obra de uma Escritora à Margem

Nascida em Goiás, Ana Lins Bretas passou a maior parte da vida longe da família castradora e da cidade. Regressada às origens, continuou a retratar a mentalidade preconceituosa do interior brasileiro
Upolu, Samoa

A Ilha do Tesouro de Stevenson

Aos 30 anos, o escritor escocês começou a procurar um lugar que o salvasse do seu corpo amaldiçoado. Em Upolu e nos samoanos, encontrou um refúgio acolhedor a que entregou a sua vida de alma e coração.
Rinoceronte, PN Kaziranga, Assam, Índia
Safari
PN Kaziranga, Índia

O Baluarte dos Monocerontes Indianos

Situado no estado de Assam, a sul do grande rio Bramaputra, o PN Kaziranga ocupa uma vasta área de pântano aluvial. Lá se concentram dois terços dos rhinocerus unicornis do mundo, entre em redor de 100 tigres, 1200 elefantes e muitos outros animais. Pressionado pela proximidade humana e pela inevitável caça furtiva, este parque precioso só não se tem conseguido proteger das cheias hiperbólicas das monções e de algumas polémicas.
Aurora ilumina o vale de Pisang, Nepal.
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 3º- Upper Pisang, Nepal

Uma Inesperada Aurora Nevada

Aos primeiros laivos de luz, a visão do manto branco que cobrira a povoação durante a noite deslumbra-nos. Com uma das caminhadas mais duras do Circuito Annapurna pela frente, adiamos a partida tanto quanto possível. Contrariados, deixamos Upper Pisang rumo a Ngawal quando a derradeira neve se desvanecia.
Jardin Escultórico, Edward James, Xilitla, Huasteca Potosina, San Luis Potosi, México, Cobra dos Pecados
Arquitectura & Design
Xilitla, San Luís Potosi, México

O Delírio Mexicano de Edward James

Na floresta tropical de Xilitla, a mente inquieta do poeta Edward James fez geminar um jardim-lar excêntrico. Hoje, Xilitla é louvada como um Éden do surreal.
Alturas Tibetanas, mal de altitude, montanha prevenir tratar, viagem
Aventura

Mal de Altitude: não é mau. É péssimo!

Em viagem, acontece vermo-nos confrontados com a falta de tempo para explorar um lugar tão imperdível como elevado. Ditam a medicina e as experiências prévias com o Mal de Altitude que não devemos arriscar subir à pressa.
religiosos militares, muro das lamentacoes, juramento bandeira IDF, Jerusalem, Israel
Cerimónias e Festividades
Jerusalém, Israel

Em Festa no Muro das Lamentações

Nem só a preces e orações atende o lugar mais sagrado do judaísmo. As suas pedras milenares testemunham, há décadas, o juramento dos novos recrutas das IDF e ecoam os gritos eufóricos que se seguem.
Cidade de Mindelo, São Vicente, Cabo Verde
Cidades
Mindelo, São Vicente, Cabo Verde

O Milagre de São Vicente

São Vicente sempre foi árida e inóspita a condizer. A colonização desafiante da ilha submeteu os colonos a sucessivas agruras. Até que, por fim, a sua providencial baía de águas profundas viabilizou o Mindelo, a urbe mais cosmopolita e a capital cultural de Cabo Verde.
Moradora obesa de Tupola Tapaau, uma pequena ilha de Samoa Ocidental.
Comida
Tonga, Samoa Ocidental, Polinésia

Pacífico XXL

Durante séculos, os nativos das ilhas polinésias subsistiram da terra e do mar. Até que a intrusão das potências coloniais e a posterior introdução de peças de carne gordas, da fast-food e das bebidas açucaradas geraram uma praga de diabetes e de obesidade. Hoje, enquanto boa parte do PIB nacional de Tonga, de Samoa Ocidental e vizinhas é desperdiçado nesses “venenos ocidentais”, os pescadores mal conseguem vender o seu peixe.
Maiko durante espectaculo cultural em Nara, Geisha, Nara, Japao
Cultura
Quioto, Japão

Sobrevivência: A Última Arte Gueixa

Já foram quase 100 mil mas os tempos mudaram e as gueixas estão em vias de extinção. Hoje, as poucas que restam vêem-se forçadas a ceder a modernidade menos subtil e elegante do Japão.
Desporto
Competições

Homem, uma Espécie Sempre à Prova

Está-nos nos genes. Pelo prazer de participar, por títulos, honra ou dinheiro, as competições dão sentido ao Mundo. Umas são mais excêntricas que outras.
Cavalos sob nevão, Islândia Neve Sem Fim Ilha Fogo
Em Viagem
Husavik a Myvatn, Islândia

Neve sem Fim na Ilha do Fogo

Quando, a meio de Maio, a Islândia já conta com o aconchego do sol mas o frio mas o frio e a neve perduram, os habitantes cedem a uma fascinante ansiedade estival.
Cenário marciano do Deserto Branco, Egipto
Étnico
Deserto Branco, Egipto

O Atalho Egípcio para Marte

Numa altura em que a conquista do vizinho do sistema solar se tornou uma obsessão, uma secção do leste do Deserto do Sahara abriga um vasto cenário afim. Em vez dos 150 a 300 dias que se calculam necessários para atingir Marte, descolamos do Cairo e, em pouco mais de três horas, damos os primeiros passos no Oásis de Bahariya. Em redor, quase tudo nos faz sentir sobre o ansiado Planeta Vermelho.
Ocaso, Avenida dos Baobás, Madagascar
Portfólio Fotográfico Got2Globe

Dias Como Tantos Outros

aggie grey, Samoa, pacífico do Sul, Marlon Brando Fale
História
Apia, Samoa Ocidental

A Anfitriã do Pacífico do Sul

Vendeu burgers aos GI’s na 2ª Guerra Mundial e abriu um hotel que recebeu Marlon Brando e Gary Cooper. Aggie Grey faleceu em 1988 mas o seu legado de acolhimento perdura no Pacífico do Sul.
Magníficos Dias Atlânticos
Ilhas
Morro de São Paulo, Brasil

Um Litoral Divinal da Bahia

Há três décadas, não passava de uma vila piscatória remota e humilde. Até que algumas comunidades pós-hippies revelaram o retiro do Morro ao mundo e o promoveram a uma espécie de santuário balnear.
Passageiros sobre a superfície gelada do Golfo de Bótnia, na base do quebra-gelo "Sampo", Finlândia
Inverno Branco
Kemi, Finlândia

Não é Nenhum “Barco do Amor”. Quebra Gelo desde 1961

Construído para manter vias navegáveis sob o Inverno árctico mais extremo, o quebra-gelo Sampo” cumpriu a sua missão entre a Finlândia e a Suécia durante 30 anos. Em 1988, reformou-se e dedicou-se a viagens mais curtas que permitem aos passageiros flutuar num canal recém-aberto do Golfo de Bótnia, dentro de fatos que, mais que especiais, parecem espaciais.
Enseada, Big Sur, Califórnia, Estados Unidos
Literatura
Big Sur, E.U.A.

A Costa de Todos os Refúgios

Ao longo de 150km, o litoral californiano submete-se a uma vastidão de montanha, oceano e nevoeiro. Neste cenário épico, centenas de almas atormentadas seguem os passos de Jack Kerouac e Henri Miller.
Bungee jumping, Queenstown, Nova Zelândia
Natureza
Queenstown, Nova Zelândia

Queenstown, a Rainha dos Desportos Radicais

No séc. XVIII, o governo kiwi proclamou uma vila mineira da ilha do Sul "fit for a Queen". Hoje, os cenários e as actividades radicais reforçam o estatuto majestoso da sempre desafiante Queenstown.
Estátua Mãe-Arménia, Erevan, Arménia
Outono
Erevan, Arménia

Uma Capital entre o Leste e o Ocidente

Herdeira da civilização soviética, alinhada com a grande Rússia, a Arménia deixa-se seduzir pelos modos mais democráticos e sofisticados da Europa Ocidental. Nos últimos tempos, os dois mundos têm colidido nas ruas da sua capital. Da disputa popular e política, Erevan ditará o novo rumo da nação.
savuti, botswana, leões comedores de elefantes
Parques Naturais
Savuti, Botswana

Os Leões Comedores de Elefantes de Savuti

Um retalho do deserto do Kalahari seca ou é irrigado consoante caprichos tectónicos da região. No Savuti, os leões habituaram-se a depender deles próprios e predam os maiores animais da savana.
Crocodilos, Queensland Tropical Australia Selvagem
Património Mundial UNESCO
Cairns a Cape Tribulation, Austrália

Queensland Tropical: uma Austrália Demasiado Selvagem

Os ciclones e as inundações são só a expressão meteorológica da rudeza tropical de Queensland. Quando não é o tempo, é a fauna mortal da região que mantém os seus habitantes sob alerta.
Era Susi rebocado por cão, Oulanka, Finlandia
Personagens
PN Oulanka, Finlândia

Um Lobo Pouco Solitário

Jukka “Era-Susi” Nordman criou uma das maiores matilhas de cães de trenó do mundo. Tornou-se numa das personagens mais emblemáticas da Finlândia mas continua fiel ao seu cognome: Wilderness Wolf.
Jabula Beach, Kwazulu Natal, Africa do Sul
Praias
Santa Lucia, África do Sul

Uma África Tão Selvagem Quanto Zulu

Na eminência do litoral de Moçambique, a província de KwaZulu-Natal abriga uma inesperada África do Sul. Praias desertas repletas de dunas, vastos pântanos estuarinos e colinas cobertas de nevoeiro preenchem esta terra selvagem também banhada pelo oceano Índico. Partilham-na os súbditos da sempre orgulhosa nação zulu e uma das faunas mais prolíficas e diversificadas do continente africano.
Sombra vs Luz
Religião
Quioto, Japão

O Templo de Quioto que Renasceu das Cinzas

O Pavilhão Dourado foi várias vezes poupado à destruição ao longo da história, incluindo a das bombas largadas pelos EUA mas não resistiu à perturbação mental de Hayashi Yoken. Quando o admirámos, luzia como nunca.
Composição Flam Railway abaixo de uma queda d'água, Noruega
Sobre Carris
Nesbyen a Flam, Noruega

Flam Railway: Noruega Sublime da Primeira à Última Estação

Por estrada e a bordo do Flam Railway, num dos itinerários ferroviários mais íngremes do mundo, chegamos a Flam e à entrada do Sognefjord, o maior, mais profundo e reverenciado dos fiordes da Escandinávia. Do ponto de partida à derradeira estação, confirma-se monumental esta Noruega que desvendamos.
Cavaleiros cruzam a Ponte do Carmo, Pirenópolis, Goiás, Brasil
Sociedade
Pirenópolis, Brasil

Uma Pólis nos Pirenéus Sul-Americanos

Minas de Nossa Senhora do Rosário da Meia Ponte foi erguida por bandeirantes portugueses, no auge do Ciclo do Ouro. Por saudosismo, emigrantes provavelmente catalães chamaram à serra em redor de Pireneus. Em 1890, já numa era de independência e de incontáveis helenizações das suas urbes, os brasileiros baptizaram esta cidade colonial de Pirenópolis.
Casario, cidade alta, Fianarantsoa, Madagascar
Vida Quotidiana
Fianarantsoa, Madagáscar

A Cidade Malgaxe da Boa Educação

Fianarantsoa foi fundada em 1831 por Ranavalona Iª, uma rainha da etnia merina então predominante. Ranavalona Iª foi vista pelos contemporâneos europeus como isolacionista, tirana e cruel. Reputação da monarca à parte, quando lá damos entrada, a sua velha capital do sul subsiste como o centro académico, intelectual e religioso de Madagáscar.
Ponte de Ross, Tasmânia, Austrália
Vida Selvagem
À Descoberta de Tassie, Parte 3, Tasmânia, Austrália

Tasmânia de Alto a Baixo

Há muito a vítima predilecta das anedotas australianas, a Tasmânia nunca perdeu o orgulho no jeito aussie mais rude ser. Tassie mantém-se envolta em mistério e misticismo numa espécie de traseiras dos antípodas. Neste artigo, narramos o percurso peculiar de Hobart, a capital instalada no sul improvável da ilha até à costa norte, a virada ao continente australiano.
Passageiros, voos panorâmico-Alpes do sul, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Aoraki Monte Cook, Nova Zelândia

A Conquista Aeronáutica dos Alpes do Sul

Em 1955, o piloto Harry Wigley criou um sistema de descolagem e aterragem sobre asfalto ou neve. Desde então, a sua empresa revela, a partir do ar, alguns dos cenários mais grandiosos da Oceania.
PT EN ES FR DE IT