Tongariro, Nova Zelândia

Os Vulcões de Todas as Discórdias


Lagoas fumarentas
Lagoas e fumarolas na base do vulcão Tongariro.
Ascenção
Família de caminhantes kiwis sobe o trilho em direcção ao vulcão Tongariro.
Vislumbre de Cume
Cimo do monte Ngauruhoe ainda pouco nevado após o fim do Verão meridional.
Contemplação
Caminhantes contemplam o cume do monte Ngauruhoe.
Montanhas de fogo
Encostas sulfúricas do vulcão Tongariro.
Lagoa Imóvel
Recanto de uma lagoa no sopé do vulcão Tongariro.
Conquista familiar
Família de caminhantes prestes a chegar ao topo do monte Tongariro.
Ngauruhoe 2291m
Placa sinaliza o monte Ngauruhoe, com 2.291 metros de altitude.
Vertente degelada
O lado batido pelo sol do monte Ngauruhoe, praticamente sem neve.
Caminhada em família
Família sobe o trilho pedregoso que conduz à base do monte Ngauruhoe.
Tufos de Ouro
Vegetação resiliente cresce em tufos sobre o solo vulcânico do Parque Nacional Tongariro.
Silhueta solar
Silhueta de uma das montanhas do Parque Nacional Tongariro.
Um cume à mão de semear
Monte Ngauruhoe e a placa que o identifica e informa da altitude de 2.291m do cume.
Espelho vulcânico
Reflexo do vulcão Ngauruhoe numa lagoa de Tongariro.
Montanha de Fogo
O vulcão Ngauruhoe avermelhado pela luz mais quente do pôr-do-sol e destacado sobre um planalto do Parque Nacional dos Vulcões.
No final do século XIX, um chefe indígena cedeu os vulcões do PN Tongariro à coroa britânica. Hoje, parte significativa do povo maori reclama aos colonos europeus as suas montanhas de fogo.

A encarregada da guest house não tem boas notícias para os hóspedes ansiosos: “gostava de vos dar melhores notícias mas a coisa parece complicada.

Está previsto para amanhã vento ainda mais forte. Se se confirmar, os rangers fecham o trilho.

Afectados pela notícia e contagiados pelo desalento comunal que se instala, impressiona-nos o silvar poderoso, audível no interior apesar do isolamento do edifício.

Percebemos, cada vez melhor, a razão de ser do nome polinésio atribuído pelos indígenas ao domínio que todos desejávamos percorrer. “Tonga” significava vento do sul. “Riro”, levado. Para mal dos nossos pecados, o padrão meteorológico não parecia disposto a dar tréguas.

Devido à força com que persistia, tornava arriscada até a mera descoberta rodoviária dos cenários em redor.

Deixamos esse dia passar no conforto da pousada, entregues a distintos afazeres e prazeres online, a um convívio internacional e a bebidas aconchegantes. Para não variar, deitamo-nos tarde. Temos mais dificuldade que o costume em despertar com a alvorada mas, curiosos para verificar que fortuna traria o novo dia, acabamos por nos obrigar a levantar.

Espreitamos pela janela embaciada e não vemos já o balouçar da vegetação.

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Silhueta de uma das montanhas do Parque Nacional Tongariro.

O céu dourado permanece tão limpo quanto antes mas, com o vento desistente, foi-se também a poeira que antes esvoaçava. Mal acreditamos naquela benesse dos deuses maori. Arrumamos nas mochilas o que temos que levar e fazemo-nos à estrada.

A Bênção Meteorológica que nos Concedeu o PN Tongariro

Chegamos em três tempos à entrada do parque. Estacionamos e interpretamos o painel com o mapa do trilho e restantes avisos. Entusiasmados pelo enorme significado daquela caminhada, inauguramos os 20 km do Tongariro Alpine Crossing.

As primeiras centenas de metros são planas, percorridas sobre um passadiço de madeira, entre arbustos amarelados resistentes. Mas, a determinada altura, o trilho rende-se à pedra-lava e faz-se às montanhas. Entregamo-nos ao coração fumegante de Te Ika A Maui, a ilha do norte da Nova Zelândia.

Mais que um mero vulcão, o reduto de Tongariro consiste num maciço vulcânico que agrupa 12 cones em redor do monte homónimo que chega aos 1978 m.

Foi cedido pelo chefe maori todo-poderoso Te Heuheu Tukino aos colonos europeus de forma a apaziguar conflitos já duradouros e evitar a exploração comercial do lugar, com a exigência única de respeito pelas crenças indígenas.

Aos poucos, acercamo-nos da sua base e o trilho transforma-se numa rampa tão sinuosa como dolorosa.

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Família sobe o trilho pedregoso que conduz à base do monte Ngauruhoe.

Eleva-nos a um planalto castanho, semi-nevado e à proximidade do vizinho ainda mais elevado, o Ngauruhoe, um colossal cone secundário do Tongariro que entrou em erupção em mais de 70 ocasiões, desde 1839, mas que, ao contrário do principal, se tem mantido tranquilo.

A Fúria Imprevisível dos Vulcões de Tongariro

Durante 2012, foram duas as erupções poderosas do monte Tongariro.

A segunda, no fim de Novembro, seis meses após a inaugural, obrigou o professor Lomi Schaumkel e um grupo de 90 alunos que se encontravam a apenas 1 km da cratera a correr, preocupados como nunca, pela vida: “estávamos bem próximos e foi realmente espectacular e assustador ver toda a cinza a ser projectada.

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Cimo do monte Ngauruhoe ainda pouco nevado após o fim do Verão meridional.

Parecia uma daquelas explosões de bomba atómica. Fez um som subterrâneo impressionante.”

Nessa ocasião, as autoridades tiveram que evacuar outras 40 a 50 pessoas do trilho por que continuávamos a avançar. Não foram esses os únicos percalços.

A uma escala bem mais contida do que se passou com o congénere da Islândia Eyjafjallajokull, a erupção do Tongariro causou também a interrupção de grande parte tráfego aéreo neozelandês.

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Família de caminhantes prestes a chegar ao topo do monte Tongariro.

De Volta aos Trilhos do PN Tongariro, a serpentear Entre Vulcões

Encontramos na encosta que nos desgasta, dois ou três grupos de trampers que recuperam energias a devorar barras energéticas e chocolates junto às placas de orientação. Juntamo-nos à refeição por alguns minutos.

Restabelecidos, alguns daqueles caminhantes desviam-se da rota para conquistar o iminente Ngauruhoe. Outros, como nós, mantêm-se no trilho principal.

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Monte Ngauruhoe e a placa que o identifica e informa da altitude de 2.291m do cume.

Terminada a planura, anuncia-se nova subida. A segunda metade desta vertente surge coberta de gelo e de pedras soltas que resvalam. Pouco depois, atingimos os domínios elevados e sulfurosos do Monte Tongariro.

Vislumbramos, escondida na sombra, a Cratera Vermelha, assim chamada por estar coberta de uma rocha ocre repleta de ferro oxidado, cercada pela lava escura libertada pelas várias erupções.

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Encostas sulfúricas do vulcão Tongariro.

Acedemos à secção problemática do percurso, aquela que mais justificava o fecho do trilho caso o vento forte se tivesse confirmado.

Ali, a caminhada é feita ao longo de uma aresta estreita do cume em que qualquer descuido pode significar cair muitos metros para o interior fumegante da cratera.

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Lagoas e fumarolas na base do vulcão Tongariro.

Sem vento para importunar ou cansaço excessivo, seguimos sem sobressaltos. Até ao começo da próxima descida que fazemos quase a correr e semi-enterrados numa rampa poeirenta de areia e cinza.

O Lago Azul Te Wai-whakaata-o-te Rangihiroa

A meio da descida, revelam-se três lagos que ocupam buracos abertos por antigas explosões vulcânicas. O trilho prossegue e chega a outro lago de maior dimensão e título a condizer, o Te Wai-whakaata-o-te Rangihiroa, lago azul na versão simplificada ocidental.

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Recanto de uma lagoa no sopé do vulcão Tongariro.

Paramos no topo de uma encosta intermédia com vista privilegiada. Observamos as vistas que ficaram para atrás. Abaixo, além do lago, estende-se uma superfície lunar com uma cicatriz escura de lava que mancha a base amarelada de um leito seco. Detectamos ainda, o cume aguçado do Ngauruhoe, destacado da paisagem surreal.

Cenários Dantescos que Ilustraram a “Saga Senhor dos Anéis”

Foi nestes panoramas estranhamente grandiosos e, em particular, no visual enigmático das mais aguçadas montanhas de Tongariro que Peter Jackson se inspirou para recriar Mount Doom, a moradia incandescente e temida em que J.R.R. Tolkien fez Sauron forjar o poderoso Anel Um.

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Placa sinaliza o monte Ngauruhoe, com 2.291 metros de altitude.

Nos planos mais longos da sequela, a montanha negra foi, no entanto, representada por um modelo de grande escala ou por uma imagem gerada por computador.

Apesar de já dividido entre o bem o mal da obra que passava para o ecrã, Peter Jackson teve que se submeter a um outro poder, o da mitologia secular maori.

Os indígenas neozelandeses acreditam que o vulcão Ngauruhoe foi baptizado por Ngatoro-i-rangi, um alto sacerdote mitológico colonizador de Aotearoa (a Nova Zelândia). Crêem também que Ngatoro-i-rangi convocou para aquela montanha o fogo da sua pátria espiritual Hawaiki com o propósito de terminar com o frio que a enregelava e ao domínio circundante.

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Vegetação resiliente cresce em tufos sobre o solo vulcânico do Parque Nacional Tongariro.

O vulcão é, há muito, tabu. De acordo, os chefes maori não permitiram que fosse filmado. O realizador kiwi Peter Jackson encontrou soluções alternativas na tecnologia assistida por computador e nas encostas da terceira grande montanha vulcânica de Tongariro, o mais afastado e ainda mais elevado vulcão Ruapehu (2797 m).

A Polémica que Perdura da Posse do Território Sagrado de Tongariro

Mas, nem o respeito pela cultura ancestral nem o sucesso estrondoso da saga que promoveu a Nova Zelândia por todo o Mundo, contribuíram para sanar a velha polémica.

Como o vê a maioria dos indígenas, a passagem do território sagrado para as mãos dos pakeha (europeus) resultou de uma decisão precipitada do chefe Te Heuheu Tukino. Hoje, decorridos quase 127 anos, muitos maori mantêm-se revoltados pela oferta.

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O vulcão Ngauruhoe avermelhado pela luz mais quente do pôr-do-sol e destacado sobre um planalto do Parque Nacional dos Vulcões.

Defendem que, por liderar apenas a tribo Ngati Tuwharetoa, o chefe não poderia ter alienado as montanhas à revelia da restante nação indígena e reclamaram num tribunal de Waitangi, uma participação directa nos destinos das suas montanhas de fogo.

À medida que regressamos ao parque de estacionamento, muito depois da hora prevista, extenuados e meio perdidos no breu que se havia instalado, passa-nos pela mente o que teria opinado o demoníaco Sauron de toda esta confusão.

Nelson a Wharariki, PN Abel Tasman, Nova Zelândia

O Litoral Maori em que os Europeus Deram à Costa

Abel Janszoon Tasman explorava mais da recém-mapeada e mítica "Terra Australis" quando um equívoco azedou o contacto com nativos de uma ilha desconhecida. O episódio inaugurou a história colonial da Nova Zelândia. Hoje, tanto a costa divinal em que o episódio se sucedeu como os mares em redor evocam o navegador holandês.
Chã das Caldeiras, Ilha do Fogo Cabo Verde

Um Clã "Francês" à Mercê do Fogo

Em 1870, um conde nascido em Grenoble a caminho de um exílio brasileiro, fez escala em Cabo Verde onde as beldades nativas o prenderam à ilha do Fogo. Dois dos seus filhos instalaram-se em plena cratera do vulcão e lá continuaram a criar descendência. Nem a destruição causada pelas recentes erupções demove os prolíficos Montrond do “condado” que fundaram na Chã das Caldeiras.    
PN Bromo Tengger Semeru, Indonésia

O Mar Vulcânico de Java

A gigantesca caldeira de Tengger eleva-se a 2000m no âmago de uma vastidão arenosa do leste de Java. Dela se projectam o monte supremo desta ilha indonésia, o Semeru, e vários outros vulcões. Da fertilidade e clemência deste cenário tão sublime quanto dantesco prospera uma das poucas comunidades hindus que resistiram ao predomínio muçulmano em redor.
Wanaka, Nova Zelândia

Que Bem que Se Está no Campo dos Antípodas

Se a Nova Zelândia é conhecida pela sua tranquilidade e intimidade com a Natureza, Wanaka excede qualquer imaginário. Situada num cenário idílico entre o lago homónimo e o místico Mount Aspiring, ascendeu a lugar de culto. Muitos kiwis aspiram a para lá mudar as suas vidas.
Ilha do Pico, Açores

Ilha do Pico: o Vulcão dos Açores com o Atlântico aos Pés

Por um mero capricho vulcânico, o mais jovem retalho açoriano projecta-se no apogeu de rocha e lava do território português. A ilha do Pico abriga a sua montanha mais elevada e aguçada. Mas não só. É um testemunho da resiliência e do engenho dos açorianos que domaram esta deslumbrante ilha e o oceano em redor.
Ilha do Norte, Nova Zelândia

Viagem pelo Caminho da Maoridade

A Nova Zelândia é um dos países em que descendentes de colonos e nativos mais se respeitam. Ao explorarmos a sua lha do Norte, inteirámo-nos do amadurecimento interétnico desta nação tão da Commonwealth como maori e polinésia.
Península de Banks, Nova Zelândia

O Estilhaço de Terra Divinal da Península de Banks

Vista do ar, a mais óbvia protuberância da costa leste da Ilha do Sul parece ter implodido vezes sem conta. Vulcânica mas verdejante e bucólica, a Península de Banks confina na sua geomorfologia de quase roda-dentada a essência da sempre invejável vida neozelandesa.
Vulcões

Montanhas de Fogo

Rupturas mais ou menos proeminentes da crosta terrestre, os vulcões podem revelar-se tão exuberantes quanto caprichosos. Algumas das suas erupções são gentis, outras provam-se aniquiladoras.
Napier, Nova Zelândia

De volta aos Anos 30 - Calhambeque Tour

Numa cidade reerguida em Art Deco e com atmosfera dos "anos loucos" e seguintes, o meio de locomoção adequado são os elegantes automóveis clássicos dessa era. Em Napier, estão por toda a parte.
La Palma, CanáriasEspanha

O Mais Mediático dos Cataclismos por Acontecer

A BBC divulgou que o colapso de uma vertente vulcânica da ilha de La Palma podia gerar um mega-tsunami. Sempre que a actividade vulcânica da zona aumenta, os media aproveitam para apavorar o Mundo.
Big Island, Havai

Grande Ilha do Havai: À Procura de Rios de Lava

São cinco os vulcões que fazem da ilha grande Havai aumentar de dia para dia. O Kilauea, o mais activo à face da Terra, liberta lava em permanência. Apesar disso, vivemos uma espécie de epopeia para a vislumbrar.
Vulcão Ijen, Indonésia

Os Escravos do Enxofre do Vulcão Ijen

Centenas de javaneses entregam-se ao vulcão Ijen onde são consumidos por gases venenosos e cargas que lhes deformam os ombros. Cada turno rende-lhes menos de 30€ mas todos agradecem o martírio.
Christchurch, Nova Zelândia

O Feiticeiro Amaldiçoado da Nova Zelândia

Apesar da sua notoriedade nos antípodas, Ian Channell, o feiticeiro da Nova Zelândia não conseguiu prever ou evitar vários sismos que assolaram Christchurch. Com 88 anos de idade, após 23 anos de contrato com a cidade, fez afirmações demasiado polémicas e acabou despedido.
Nova Zelândia  

Quando Contar Ovelhas Tira o Sono

Há 20 anos, a Nova Zelândia tinha 18 ovinos por cada habitante. Por questões políticas e económicas, a média baixou para metade. Nos antípodas, muitos criadores estão preocupados com o seu futuro.
Mount Cook, Nova Zelândia

O Monte Fura Nuvens

O Aoraki/Monte Cook até pode ficar muito aquém do tecto do Mundo mas é a montanha mais imponente e elevada da Nova Zelândia.
Napier, Nova Zelândia

De Volta aos Anos 30

Devastada por um sismo, Napier foi reconstruida num Art Deco quase térreo e vive a fazer de conta que parou nos Anos Trinta. Os seus visitantes rendem-se à atmosfera Great Gatsby que a cidade encena.
Fiordland, Nova Zelândia

Os Fiordes dos Antipodas

Um capricho geológico fez da região de Fiordland a mais crua e imponente da Nova Zelândia. Ano após anos, muitos milhares de visitantes veneram o sub-domínio retalhado entre Te Anau e Milford Sound.
Aoraki Monte Cook, Nova Zelândia

A Conquista Aeronáutica dos Alpes do Sul

Em 1955, o piloto Harry Wigley criou um sistema de descolagem e aterragem sobre asfalto ou neve. Desde então, a sua empresa revela, a partir do ar, alguns dos cenários mais grandiosos da Oceania.
Bay of Islands, Nova Zelândia

O Âmago Civilizacional da Nova Zelândia

Waitangi é o lugar chave da Independência e da já longa coexistência dos nativos maori com os colonos britânicos. Na Bay of Islands em redor, celebra-se a beleza idílico-marinha dos antípodas neozelandeses mas também a complexa e fascinante nação kiwi.
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No séc. XVIII, o governo kiwi proclamou uma vila mineira da ilha do Sul "fit for a Queen". Hoje, os cenários e as actividades radicais reforçam o estatuto majestoso da sempre desafiante Queenstown.
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Cidade
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Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

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Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
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Safari
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A abundância de animais, sobretudo de elefantes, deu azo, em 1932, à criação de uma Reserva de Caça. Passadas as agruras da Guerra Civil Moçambicana, o PN de Maputo protege ecossistemas prodigiosos em que a fauna prolifera. Com destaque para os paquidermes que recentemente se tornaram demasiados.
Fiel em frente à gompa A gompa Kag Chode Thupten Samphel Ling.
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Circuito Annapurna 15º - Kagbeni, Nepal

Às Portas do ex-Reino do Alto Mustang

Antes do século XII, Kagbeni já era uma encruzilhada de rotas comerciais na confluência de dois rios e duas cordilheiras em que os reis medievais cobravam impostos. Hoje, integra o famoso Circuito dos Annapurnas. Quando lá chegam, os caminhantes sabem que, mais acima, se esconde um domínio que, até 1992, proibia a entrada de forasteiros.
Bertie em calhambeque, Napier, Nova Zelândia
Arquitectura & Design
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Um Lobo Pouco Solitário

Jukka “Era-Susi” Nordman criou uma das maiores matilhas de cães de trenó do mundo. Tornou-se numa das personagens mais emblemáticas da Finlândia mas continua fiel ao seu cognome: Wilderness Wolf.
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Big Freedia: em Modo Bounce

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Os britânicos desenvolveram Zomba como capital dos seus territórios às margens do Lago Niassa. De 1964 a 1974, o Malawi independente estendeu-lhe o protagonismo. Com a despromoção para Lilongwe do ano seguinte, Zomba tornou-se uma cidade com arquitectura colonial prodigiosa e cenários deslumbrantes no sopé do planalto epónimo.
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Comida
Tonga, Samoa Ocidental, Polinésia

Pacífico XXL

Durante séculos, os nativos das ilhas polinésias subsistiram da terra e do mar. Até que a intrusão das potências coloniais e a posterior introdução de peças de carne gordas, da fast-food e das bebidas açucaradas geraram uma praga de diabetes e de obesidade. Hoje, enquanto boa parte do PIB nacional de Tonga, de Samoa Ocidental e vizinhas é desperdiçado nesses “venenos ocidentais”, os pescadores mal conseguem vender o seu peixe.
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Cultura
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Do Castro de Laboreiro à Raia da Serra Peneda – Gerês

Chegamos à (i) eminência da Galiza, a 1000m de altitude e até mais. Castro Laboreiro e as aldeias em redor impõem-se à monumentalidade granítica das serras e do Planalto da Peneda e de Laboreiro. Como o fazem as suas gentes resilientes que, entregues ora a Brandas ora a Inverneiras, ainda chamam casa a estas paragens deslumbrantes.
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Homem, uma Espécie Sempre à Prova

Está-nos nos genes. Pelo prazer de participar, por títulos, honra ou dinheiro, as competições dão sentido ao Mundo. Umas são mais excêntricas que outras.
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Em Viagem
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Prata da Casa Dominicana

Puerto Plata resultou do abandono de La Isabela, a segunda tentativa de colónia hispânica das Américas. Quase meio milénio depois do desembarque de Colombo, inaugurou o fenómeno turístico inexorável da nação. Numa passagem-relâmpago pela província, constatamos como o mar, a montanha, as gentes e o sol do Caribe a mantêm a reluzir.
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Descemos das terras altas e montanhosas de Meghalaya para as planas a sul e abaixo. Ali, o caudal translúcido e verde do Dawki faz de fronteira entre a Índia e o Bangladesh. Sob um calor húmido que há muito não sentíamos, o rio também atrai centenas de indianos e bangladeshianos entregues a uma pitoresca evasão.
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Um Sol, tantas Luzes

A maior parte das fotografias em viagem são tiradas com luz solar. A luz solar e a meteorologia formam uma interacção caprichosa. Saiba como a prever, detectar e usar no seu melhor.
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Na iminência do século XIX, Sal mantinha-se carente de água potável e praticamente inabitada. Até que a extracção e exportação do sal lá abundante incentivou uma progressiva povoação. Hoje, o sal e as salinas dão outro sabor à ilha mais visitada de Cabo Verde.
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Tem a fama da ilha mais selvagem das Caraíbas e, chegados ao seu fundo, continuamos a confirmá-lo. De Soufriére ao limiar habitado sul de Scotts Head, a Dominica mantém-se extrema e difícil de domar.
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São exclusivas dos píncaros da Terra as auroras boreais ou austrais, fenómenos de luz gerados por explosões solares. Os nativos Sami da Lapónia acreditavam tratar-se de uma raposa ardente que espalhava brilhos no céu. Sejam o que forem, nem os quase 30º abaixo de zero que se faziam sentir no extremo norte da Finlândia nos demoveram de as admirar.
José Saramago em Lanzarote, Canárias, Espanha, Glorieta de Saramago
Literatura
Lanzarote, Canárias, Espanha

A Jangada de Basalto de José Saramago

Em 1993, frustrado pela desconsideração do governo português da sua obra “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, Saramago mudou-se com a esposa Pilar del Río para Lanzarote. De regresso a esta ilha canária algo extraterrestre, reencontramos o seu lar. E o refúgio da censura a que o escritor se viu votado.
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A Mais Dramática das Patagónias

Em nenhuma outra parte os confins austrais da América do Sul se revelam tão arrebatadores como na cordilheira de Paine. Ali, um castro natural de colossos de granito envolto de lagos e glaciares projecta-se da pampa e submete-se aos caprichos da meteorologia e da luz.
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Dias Dourados que Antecederam a Tempestade

À margem dos acontecimentos políticos e bélicos precipitados pela Rússia, de meio de Setembro em diante, o Outono toma conta do país. Em anos anteriores, de visita a São Petersburgo, testemunhamos como a capital cultural e do Norte se reveste de um amarelo-laranja resplandecente. Num deslumbre pouco condizente com o negrume político e bélico entretanto disseminado.
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Parques Naturais
Monteverde, Costa Rica

O Refúgio Ecológico que os Quakers Legaram ao Mundo

Desiludidos com a propensão militar dos E.U.A., um grupo de 44 Quakers migrou para a Costa Rica, nação que havia abolido o exército. Agricultores, criadores de gado, tornaram-se conservacionistas. Viabilizaram um dos redutos naturais mais reverenciados da América Central.
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Património Mundial UNESCO
Colónia do Sacramento, Uruguai

Colónia do Sacramento: o Legado Uruguaio de um Vaivém Histórico

A fundação de Colónia do Sacramento pelos portugueses gerou conflitos recorrentes com os rivais hispânicos. Até 1828, esta praça fortificada, hoje sedativa, mudou de lado vezes sem conta.
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Personagens
El Fuerte, Sinaloa, México

O Berço de Zorro

El Fuerte é uma cidade colonial do estado mexicano de Sinaloa. Na sua história, estará registado o nascimento de Don Diego de La Vega, diz-se que numa mansão da povoação. Na sua luta contra as injustiças do jugo espanhol, Don Diego transformava-se num mascarado esquivo. Em El Fuerte, o lendário “El Zorro” terá sempre lugar.
Soufrière e Pitons, Saint Luci
Praias
Soufrière, Saint Lucia

As Grandes Pirâmides das Antilhas

Destacados acima de um litoral exuberante, os picos irmãos Pitons são a imagem de marca de Saint Lucia. Tornaram-se de tal maneira emblemáticos que têm lugar reservado nas notas mais altas de East Caribbean Dollars. Logo ao lado, os moradores da ex-capital Soufrière sabem o quão preciosa é a sua vista.
Detalhe do templo de Kamakhya, em Guwahati, Assam, Índia
Religião
Guwahati, India

A Cidade que Venera Kamakhya e a Fertilidade

Guwahati é a maior cidade do estado de Assam e do Nordeste indiano. Também é uma das que mais se desenvolve do mundo. Para os hindus e crentes devotos do Tantra, não será coincidência lá ser venerada Kamakhya, a deusa-mãe da criação.
Train Fianarantsoa a Manakara, TGV Malgaxe, locomotiva
Sobre Carris
Fianarantsoa-Manakara, Madagáscar

A Bordo do TGV Malgaxe

Partimos de Fianarantsoa às 7a.m. Só às 3 da madrugada seguinte completámos os 170km para Manakara. Os nativos chamam a este comboio quase secular Train Grandes Vibrations. Durante a longa viagem, sentimos, bem fortes, as do coração de Madagáscar.
Cabine Saphire, Purikura, Tóquio, Japão
Sociedade
Tóquio, Japão

Fotografia Tipo-Passe à Japonesa

No fim da década de 80, duas multinacionais nipónicas já viam as fotocabines convencionais como peças de museu. Transformaram-nas em máquinas revolucionárias e o Japão rendeu-se ao fenómeno Purikura.
Cruzamento movimentado de Tóquio, Japão
Vida Quotidiana
Tóquio, Japão

A Noite Sem Fim da Capital do Sol Nascente

Dizer que Tóquio não dorme é eufemismo. Numa das maiores e mais sofisticadas urbes à face da Terra, o crepúsculo marca apenas o renovar do quotidiano frenético. E são milhões as suas almas que, ou não encontram lugar ao sol, ou fazem mais sentido nos turnos “escuros” e obscuros que se seguem.
Salvamento de banhista em Boucan Canot, ilha da Reunião
Vida Selvagem
Reunião

O Melodrama Balnear da Reunião

Nem todos os litorais tropicais são retiros prazerosos e revigorantes. Batido por rebentação violenta, minado de correntes traiçoeiras e, pior, palco dos ataques de tubarões mais frequentes à face da Terra, o da ilha da Reunião falha em conceder aos seus banhistas a paz e o deleite que dele anseiam.
Napali Coast e Waimea Canyon, Kauai, Rugas do Havai
Voos Panorâmicos
NaPali Coast, Havai

As Rugas Deslumbrantes do Havai

Kauai é a ilha mais verde e chuvosa do arquipélago havaiano. Também é a mais antiga. Enquanto exploramos a sua Napalo Coast por terra, mar e ar, espantamo-nos ao vermos como a passagem dos milénios só a favoreceu.