Chã das Caldeiras, Ilha do Fogo Cabo Verde

Um Clã “Francês” à Mercê do Fogo


Casinhas de outros tempos
Casinhas de lava vendidas por nativos, à entrada do PN Fogo.
Meandro na lava
Moradora da Chã das Caldeiras percorre a estrada que sobrou do grande mar de lava.
Adriano & Filomena
Adriano e Filomena Montrond, à entrada da casa que habitavam, agora preenchida por lava solidificada.
O grande Fogo
O cone quase perfeito do vulcão Fogo, a maior das montanhas de Cabo Verde, com 2829 m de altitude.
Por esse vulcão abaixo
Guia João da Silva caminha pela base do Fogo, rumo à zona habitada da Chã das Caldeiras.
Aos saltos
Guia João da Silva salta vertente abaixo em direcção à cratera do Pequeno Fogo, de onde tinham tido origem as últimas erupções.
Encurralados
Gado guardado num curral cercado pela lava libertada pelo Fogo.
No lugar errado II
Casas de Chã das Caldeiras debaixo da lava que delas se apoderou em Novembro de 2014.
Car-sharing
Tiago e Aírson, crianças descendentes do clã; Montrond, um alourado como, com o tempo, se tornou comum na Chã das Caldeiras.
Persistência
Casas recém-construídas uma vez mais no possível caminho da lava libertada numa próxima erupção do Fogo.
No lugar errado III
Pormenor de outro edifício invadido pela lava.
Vítima isolada
Casa perdida na torrente de lava.
No cimo de Cabo Verde
Guia João da Silva contempla o oceano Atlântico em redor da ilha do Fogo.
A submissão da lava
Os povoados de Chã das Caldeiras soterrados pela última erupção do vulcão Fogo.
A grande Chã
A vasta caldeira do Fogo, com 9km de diâmetro e a oeste do grande cone do vulcão.
Fogo em Fogo
Ocaso envolve o cone do Fogo de um céu ardente.
Em 1870, um conde nascido em Grenoble a caminho de um exílio brasileiro, fez escala em Cabo Verde onde as beldades nativas o prenderam à ilha do Fogo. Dois dos seus filhos instalaram-se em plena cratera do vulcão e lá continuaram a criar descendência. Nem a destruição causada pelas recentes erupções demove os prolíficos Montrond do “condado” que fundaram na Chã das Caldeiras.    

A Viagem Madrugadora de São Filipe a Chã das Caldeiras

Os despertadores tocam às 5h15. Quinze minutos depois, ainda escuro como breu, zarpamos de São Filipe, no táxi conduzido por Edilson, o mesmo adolescente que, uns dias antes, nos tinha trazido do aeroporto para a capital da ilha do Fogo.

Aos poucos, ascendemos a encosta sudeste do grande cone no âmago da ilha. Não vislumbramos vivalma quando passamos a grande placa de madeira que sinaliza a entrada no Parque Natural do Fogo. Entramos no âmago da montanha. A vastidão de lava solidificada em redor e acima só acentua o negrume.

Edilson avança devagar devagarinho receoso de que a estrada irregular e dura provocasse estragos no carro do patrão. É, assim, com a iminente aurora já a reavivar a caldeira que chegamos à zona habitada da Chã das Caldeiras.

Lá nos encontramos com João Silva, o guia local com quem subiríamos ao cume do vulcão. João dá-nos as boas-vindas. Não desperdiça palavras. Já tinha conquistado o Fogo inúmeras vezes, à frente de forasteiros de distintas partes. Para ele, aquela ascensão seria apenas mais uma.

Em simultâneo, uma ajuda financeira preciosa e um transtorno no trabalho de construção da nova e desafogada pousada que, apesar da ameaça sempre latente do vulcão, a sua família erguia.

A Ascensão dolorosa ao Cume do vulcão Fogo

Nas suas últimas más-disposições, o Fogo tinha recoberto a secção leste da caldeira com lava fresca. O caminho abrasivo que tomamos começa por a atravessar numa inclinação branda para, pouco depois, apontar às alturas da vertente oriental e nos submeter a um exasperante esforço.

Quanto mais subimos, melhor se define o leito circular e raso da Chã e a torrente de lava que a preenchia e havia envolvido e arrasado boa parte dos edifícios de Portela, Bangaeira e de Dje de Lorna, povoações de que, dali ou de onde quer que fosse, já só quase se avistavam telhados.

A visão longínqua da sua desgraça deteve-nos por várias vezes num fascínio contemplativo.

Aldeias soterradas, Chã das Caldeiras, ilha do Fogo, Cabo Verde

Os povoados de Chã das Caldeiras soterrados pela última erupção do vulcão Fogo.

Sensibilizava-nos o destino da lava que fluiu, imparável, para leste, condicionada pelo sopé da vertente oposta da Bordeira, a orla elevada e escarpada da vasta e profunda caldeira que mede 9km de diâmetro delimitados por penhascos com 1km de altura.

Intrigavam-nos ainda o como e o porquê de, com tanta ilha do Fogo à sua disposição, lá se terem instalado de armas e bagagens duas povoações, à mercê dos caprichos naturais da maior das montanhas de Cabo Verde, do seu mais jovem, majestoso e intimidante vulcão.

No Cimo Torrado do Fogo

Quatro horas depois, com muitas paragens fotográficas pelo meio, atingimos o cume. Recuperamos energias com snacks convenientes. Aos 2,829 metros do Pico do Fogo, sobre o mais alto a que poderíamos almejar chegar em todo o arquipélago cabo-verdiano, contemplamos a imensidão da caldeira.

E a do Atlântico em redor, abafado por um manto de nuvens bem mais baixas que escondia os picos aguçados da ilha vizinha de Santiago e lhe trazia um conveniente filtro solar, naquela altura invernal e ainda seca do ano, nem pensar em chuva.

Passamos para o lado de lá da orla da cratera, com cuidado redobrado para evitarmos tropeços que nos poderiam fazer rebolar por ali abaixo. Por fim, um trilho interno leva-nos a uma passagem protegida pela rocha.

Aproveitamo-la para nos apoiarmos e espreitarmos o fundo arredondado do cone que nos sustinha.

As suas vertentes revelavam-se também elas curvas. Explicava-se, assim, que tranquilizados pelo facto de a última erupção dali saída datar do ano longínquo de 1769, vários dos visitantes do Pico do Fogo lá descessem e deixassem testemunhos – na sua maioria de identidade e de amor – escritos com pedras claras sobre o solo cinzento escuro.

Guia de Chã das Caldeiras, pico do vulcão Fogo, Cabo Verde

Guia João da Silva contempla o oceano Atlântico em redor da ilha do Fogo

Contornamos alguns metros adicionais do interior do cone. Em breve, regressamos ao lado de fora e à vista descomunal da caldeira. Vencemos um lajedo atulhado de pedras mal fixas ao solo poroso.

Ultrapassado esse obstáculo, deparamo-nos com o Pico Pequeno, uma das aberturas do vulcão que, em 2014, deu origem à última das erupções e a fluxos de lava de estilo havaiano, lentos, mas inexoráveis.

Do Cume, aos saltos, de Volta ao Sopé

Sucede aos pedregulhos um declive acentuado, coberto de uma areia vulcânica volumosa e poeirenta. João faz-se a ela numa correria alternada com longos saltos. Seguimos-lhe o exemplo. Chegámos, assim, em três tempos, mas com as botas cheias de detritos, ao cimo da cratera secundária onde tresandava a enxofre e fazia um calor redobrado.

João detém-se para nos mostrar o quão activo e energizado se mantinha ali o vulcão. Reúne alguns galhos, coloca-os sobre uma fenda enegrecida e fica a olhar para a obra. Quinze segundos depois, os galhos sucumbiam ao fogo do Fogo.

Descida do cume, vulcão Fogo, Cabo verde

Guia João da Silva salta vertente abaixo em direcção à cratera do Pequeno Fogo, de onde tinham tido origem as últimas erupções

O resto do percurso, cumprimo-lo ao longo do sopé, entre as vinhas e as figueiras que antecediam as habitações. Chegamos à pousada de um dos seus dez irmãos, Alcindo.

Lá repousamos na companhia de uma turma de alunos franceses numa privilegiada viagem escolar.

E de lá nos mudamos para a pousada dos vizinhos Adriano e Filomena, ela um dos muitos Montronds que, a determinada altura, tomaram conta da Chã.

A História e Descendência Prolífica dos Montrond

Os Montrond não chegaram directos àquelas paragens de fim de mundo, nem nada que se parecesse. A sua história começa com um conde francês nascido em Grenoble.

Por alguma razão – especula-se que descontentamento político e ideológico, necessidade de fuga por dívidas ou até ambas, entre outros possíveis motivos – François Louis Armand de Montrond deixou França com destino ao Brasil. Em 1872, aportou em São Vicente. Depressa se encantou com a proximidade com a terra e com o calor afável de Cabo Verde.

Explorou outras ilhas. Mas acabou por se instalar na do Fogo. Lá se entregou a sucessivos romances. Sabe-se que se apaixonou por Clementina, por Camila, Demitília, Josefa, Antónia, Guelhermina e Jesuína. Todas elas, mães dos seus muitos filhos. Cada parceira mereceu-lhe a construção de um sobrado – em Achada Maurício, Baluarte, Mosteiros, São Filipe e outros sítios.

Alguns deles foram construídos com materiais que encomendou em França e estiveram na origem de novas povoações da ilha, como Genebra (hoje Luzia Nunes) que ele próprio baptizou, inspirado por um monte nas imediações de Grenoble.

Culto, dotado de formação aristocrata, filantropo, Armand Montrond empregou os seus conhecimentos (incluindo médicos) e influência no serviço dos nativos.

Plantou vinhas com videiras também trazidas da terra natal, e produziu café em quantidade suficiente para exportar para Portugal. Montrond ganhou o respeito e afecto dos nativos. De tal maneira que o povo de D’jar Fogo o começou a tratar por Nho Erman di França.

Os genes de Montrond depressa se disseminaram por toda a ilha. Mais tarde, via emigração baleeira mas não só, também pelos Estados Unidos e outras partes do mundo.

Jovens moradores de Chã das Caldeiras, ilha do Fogo, Cabo Verde

Tiago e Aírson, crianças descendentes do clã; Montrond, um alourado como, com o tempo, se tornou comum na Chã das Caldeiras

Mas o que mais interessa à Chã das Caldeiras é que, apesar das erupções recentes e recorrentes de 1847, 1852 e 1857, os filhos de Armand Montrond, Manuel da Cruz e Miguel, para lá se mudaram com as suas famílias.

Esta curta migração ainda justifica que, hoje, em nenhuma outra parte da ilha do Fogo ou de Cabo Verde sejam os genes e os visuais francófonos tão óbvios e abundantes.

A Gente Resiliente da Chã das Caldeiras

Instalamo-nos no quarto que Adriano e Filomena nos haviam reservado. Almoçamos. Em seguida, navegamos pelo mar de lava sólida, entre os destroços dos lares por ela engolidos. Exploramos o que restava de Portela e de Bangaeira.

Ambas as povoações foram habitadas até que a lava libertada pela erupção dramática de Novembro de 2014, avançou na fatídica direcção, no mais temido, mas também mais lógico dos sentidos: aquele que desce do sopé do Pico do Fogo rumo à enorme abertura leste da caldeira.

Acompanhamos os esforços de reconstrução de algumas das famílias então expulsas pela erupção, mas que decidiram persistir. Vemo-las amontoar blocos de cimento e tijolos. Acertar placas de tectos e molduras de janelas, tudo feito por eles, só em casos raros, com a ajuda de um ou dois operários contratados nas terras mais baixas da ilha.

Algumas, mantêm bancas de artesanato à beira da estrada e correm para o tentar vender sempre que intuem a passagem de visitantes. “Levem umas recordações, senhores. É tudo feito cá por nós!” diz-nos uma rapariga com tom determinado.

Casinhas miniatura, Chã das Caldeiras, Vulcão Fogo, Cabo Verde

Casinhas de lava vendidas por nativos, à entrada do PN Fogo.

Admiramos as casinhas de lava, colmo e sementes que os nativos criam em menos de cinco minutos com material à mão, mas que, ainda assim, emulam na perfeição as reais, tantas delas enchidas de lava pelas mais recentes erupções.

Umas são cabanas básicas; outras maiores e mais complexas, outras ainda colocadas no cimo de penhascos afiados. Já tínhamos decidido trazer presentes de Cabo Verde. Encontramos ali algo que nos agradava e que, ao mesmo tempo, nos permitia contribuir para o esforço de reconstrução dos nativos.

Uma Cratera Prolífica mas que a Lava Não Poupa

Despedimo-nos e regressamos à caminhada. Damos com o que restava dos pomares que abasteciam os nativos e os visitantes.

E com as figueiras e as vinhas que se crê terem sido introduzidas pelo conde Montrond, a origem do vinho manecom ali produzido de forma artesanal, diz-se que, renovado, mais tarde, com vinha “Jacquez” importada dos Estados Unidos por Néné Fontes, nativo de Cova Figueira.

Malgrado o aspecto inóspito da paisagem, o vinho do Fogo em geral e da caldeira em particular, foi de tal forma aprimorado que está prestes a conquistar a sua própria denominação de origem “Vinho Chã das Caldeiras”.

Encontramos as crianças exóticas da Chã, com longos cabelos louros. E adolescentes e adultos com peles e olhos claros, improváveis em Cabo Verde, não fosse o contributo genético dos Montrond.

Escurece. Até se desvanecer, a luz solar poente incide e aquece o Pico do Fogo. Quando se vai de vez, regressamos ao abrigo de Adriano e Filomena. Devastados pela longa ascensão da manhã, adormecemos bem mais depressa do que desejávamos.

Adriano & Filomena Montrond, Chã das Caldeiras, ilha do Fogo, Cabo Verde

Filomena Montrond, descendente directa e o marido Adriano, na sua casa invadida pela lava.

Despertamos cedo a condizer e espreitamos a propriedade do casal, envolta pelo caudal de lava que ali quase tudo arrasou. Do terraço em frente à sala de refeições, vemos Adriano e Filomena passarem no quintal afundado do lar que antes usavam.

Descemos e interrompemos a lida de Filomena que estendia roupa em frente a portas e janelas de que espreitavam pontas atrevidas de lava. Sem querermos forçar-lhes o drama que viveram, abordamos o sempre curioso tema da génese Montrond.

Indagamo-los sobre a pele alva e os olhos verdes-água de Filomena. Adriano não se furta a esclarecer: “Eu também poderei ser em parte, mas a minha mulher é que tem o apelido e tudo.

Até há uns tempos, esta era a Casa Tito Montrond, o pai dela que morreu em 2011.

Montrond (s) aqui na Chã e por esse Fogo fora, nunca hão de faltar!”

 

A TAP voa directamente de Lisboa para a cidade da Praia, Cabo Verde. Da Praia, poderá voar para São Filipe, na ilha do Fogo.

Ilha do Fogo, Cabo Verde

À Volta do Fogo

Ditaram o tempo e as leis da geomorfologia que a ilha-vulcão do Fogo se arredondasse como nenhuma outra em Cabo Verde. À descoberta deste arquipélago exuberante da Macaronésia, circundamo-la contra os ponteiros do relógio. Deslumbramo-nos no mesmo sentido.
Santo Antão, Cabo Verde

Pela Estrada da Corda Toda

Santo Antão é a mais ocidental das ilhas de Cabo Verde. Lá se situa um limiar Atlântico e rugoso de África, um domínio insular majestoso que começamos por desvendar de uma ponta à outra da sua deslumbrante Estrada da Corda.
São Nicolau, Cabo Verde

São Nicolau: Romaria à Terra di Sodade

Partidas forçadas como as que inspiraram a famosa morna “Sodade” deixaram bem vincada a dor de ter que deixar as ilhas de Cabo Verde. À descoberta de Saninclau, entre o encanto e o deslumbre, perseguimos a génese da canção e da melancolia.
Ilha da Boa Vista, Cabo Verde

Ilha da Boa Vista: Vagas do Atlântico, Dunas do Sara

Boa Vista não é apenas a ilha cabo-verdiana mais próxima do litoral africano e do seu grande deserto. Após umas horas de descoberta, convence-nos de que é um retalho do Sara à deriva no Atlântico do Norte.
Ilha do Sal, Cabo Verde

O Sal da Ilha do Sal

Na iminência do século XIX, Sal mantinha-se carente de água potável e praticamente inabitada. Até que a extracção e exportação do sal lá abundante incentivou uma progressiva povoação. Hoje, o sal e as salinas dão outro sabor à ilha mais visitada de Cabo Verde.
Santa Maria, Sal, Cabo Verde

Santa Maria e a Bênção Atlântica do Sal

Santa Maria foi fundada ainda na primeira metade do século XIX, como entreposto de exportação de sal. Hoje, muito graças à providência de Santa Maria, o Sal ilha vale muito que a matéria-prima.
Cidade Velha, Cabo Verde

Cidade Velha: a anciã das Cidades Tropico-Coloniais

Foi a primeira povoação fundada por europeus abaixo do Trópico de Câncer. Em tempos determinante para expansão portuguesa para África e para a América do Sul e para o tráfico negreiro que a acompanhou, a Cidade Velha tornou-se uma herança pungente mas incontornável da génese cabo-verdiana.

São Vicente, Cabo Verde

O Deslumbre Árido-Vulcânico de Soncente

Uma volta a São Vicente revela uma aridez tão deslumbrante como inóspita. Quem a visita, surpreende-se com a grandiosidade e excentricidade geológica da quarta menor ilha de Cabo Verde.
PN Bromo Tengger Semeru, Indonésia

O Mar Vulcânico de Java

A gigantesca caldeira de Tengger eleva-se a 2000m no âmago de uma vastidão arenosa do leste de Java. Dela se projectam o monte supremo desta ilha indonésia, o Semeru, e vários outros vulcões. Da fertilidade e clemência deste cenário tão sublime quanto dantesco prospera uma das poucas comunidades hindus que resistiram ao predomínio muçulmano em redor.
Ilha do Pico, Açores

Ilha do Pico: o Vulcão dos Açores com o Atlântico aos Pés

Por um mero capricho vulcânico, o mais jovem retalho açoriano projecta-se no apogeu de rocha e lava do território português. A ilha do Pico abriga a sua montanha mais elevada e aguçada. Mas não só. É um testemunho da resiliência e do engenho dos açorianos que domaram esta deslumbrante ilha e o oceano em redor.
La Palma, CanáriasEspanha

O Mais Mediático dos Cataclismos por Acontecer

A BBC divulgou que o colapso de uma vertente vulcânica da ilha de La Palma podia gerar um mega-tsunami. Sempre que a actividade vulcânica da zona aumenta, os media aproveitam para apavorar o Mundo.
Big Island, Havai

Grande Ilha do Havai: À Procura de Rios de Lava

São cinco os vulcões que fazem da ilha grande Havai aumentar de dia para dia. O Kilauea, o mais activo à face da Terra, liberta lava em permanência. Apesar disso, vivemos uma espécie de epopeia para a vislumbrar.
São Nicolau, Cabo Verde

Fotografia dess Nha Terra São Nicolau

A voz da saudosa Cesária Verde cristalizou o sentimento dos cabo-verdianos que se viram forçados a deixar a sua ilha. Quem visita São Nicolau ou, vá lá que seja, admira imagens que a bem ilustrem, percebe porque os seus lhe chamam, para sempre e com orgulho, nha terra.
Chã das Caldeiras a Mosteiros, Ilha do Fogo, Cabo Verde

Chã das Caldeiras a Mosteiros: descida pelos Confins do Fogo

Com o cimo de Cabo Verde conquistado, dormimos e recuperamos em Chã das Caldeiras, em comunhão com algumas das vidas à mercê do vulcão. Na manhã seguinte, iniciamos o regresso à capital São Filipe, 11 km de caminho para Mosteiros abaixo.
Brava, Cabo Verde

A Ilha Brava de Cabo Verde

Aquando da colonização, os portugueses deparam-se com uma ilha húmida e viçosa, coisa rara, em Cabo Verde. Brava, a menor das ilhas habitadas e uma das menos visitadas do arquipélago preserva uma genuinidade própria da sua natureza atlântica e vulcânica algo esquiva.
Santiago, Cabo Verde

Santiago de Baixo a Cima

Aterrados na capital cabo-verdiana de Praia, exploramos a sua pioneira antecessora. Da Cidade Velha, percorremos a crista montanhosa e deslumbrante de Santiago, até ao topo desafogado de Tarrafal.
Santo Antão, Cabo Verde

Porto Novo a Ribeira Grande pelo Caminho do Mar

Desembarcados e instalados em Porto Novo de Santo Antão, depressa constatamos duas rotas para chegar à segunda maior povoação da ilha. Já rendidos ao sobe-e-desce monumental da Estrada da Corda, deslumbramo-nos com o dramatismo vulcânico e atlântico da alternativa costeira.
Ponta do Sol a Fontainhas, Santo Antão, Cabo Verde

Uma Viagem Vertiginosa a Partir da Ponta do Sol

Atingimos o limiar norte de Santo Antão e de Cabo Verde. Em nova tarde de luz radiosa, acompanhamos a azáfama atlântica dos pescadores e o dia-a-dia menos litoral da vila. Com o ocaso iminente, inauguramos uma demanda sombria e intimidante do povoado das Fontainhas.
Mindelo, São Vicente, Cabo Verde

O Milagre de São Vicente

São Vicente sempre foi árida e inóspita a condizer. A colonização desafiante da ilha submeteu os colonos a sucessivas agruras. Até que, por fim, a sua providencial baía de águas profundas viabilizou o Mindelo, a urbe mais cosmopolita e a capital cultural de Cabo Verde.
Nova Sintra, Brava, Cabo Verde

Uma Sintra Crioula, em Vez de Saloia

Quando os colonos portugueses descobriram a ilha de Brava, repararam no seu clima, muito mais húmido que a maior parte de Cabo Verde. Determinados em manterem ligações com a distante metrópole, chamaram a principal povoação de Nova Sintra.
Moradores percorrem o trilho que sulca plantações acima da UP4
Cidade
Gurué, Moçambique, Parte 1

Pelas Terras Moçambicanas do Chá

Os portugueses fundaram Gurué, no século XIX e, a partir de 1930, inundaram de camelia sinensis os sopés dos montes Namuli. Mais tarde, renomearam-na Vila Junqueiro, em honra do seu principal impulsionador. Com a independência de Moçambique e a guerra civil, a povoação regrediu. Continua a destacar-se pela imponência verdejante das suas montanhas e cenários teáceos.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Delta do Okavango, Nem todos os rios Chegam ao Mar, Mokoros
Safari
Delta do Okavango, Botswana

Nem Todos os Rios Chegam ao Mar

Terceiro rio mais longo do sul de África, o Okavango nasce no planalto angolano do Bié e percorre 1600km para sudeste. Perde-se no deserto do Kalahari onde irriga um pantanal deslumbrante repleto de vida selvagem.
Circuito Annapurna, Manang a Yak-kharka
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna 10º: Manang a Yak Kharka, Nepal

A Caminho das Terras (Mais) Altas dos Annapurnas

Após uma pausa de aclimatização na civilização quase urbana de Manang (3519 m), voltamos a progredir na ascensão para o zénite de Thorong La (5416 m). Nesse dia, atingimos o lugarejo de Yak Kharka, aos 4018 m, um bom ponto de partida para os acampamentos na base do grande desfiladeiro.
Arquitectura & Design
Napier, Nova Zelândia

De volta aos Anos 30 – Calhambeque Tour

Numa cidade reerguida em Art Deco e com atmosfera dos "anos loucos" e seguintes, o meio de locomoção adequado são os elegantes automóveis clássicos dessa era. Em Napier, estão por toda a parte.
Alturas Tibetanas, mal de altitude, montanha prevenir tratar, viagem
Aventura

Mal de Altitude: não é mau. É péssimo!

Em viagem, acontece vermo-nos confrontados com a falta de tempo para explorar um lugar tão imperdível como elevado. Ditam a medicina e as experiências prévias com o Mal de Altitude que não devemos arriscar subir à pressa.
cavaleiros do divino, fe no divino espirito santo, Pirenopolis, Brasil
Cerimónias e Festividades
Pirenópolis, Brasil

Cavalgada de Fé

Introduzida, em 1819, por padres portugueses, a Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis agrega uma complexa rede de celebrações religiosas e pagãs. Dura mais de 20 dias, passados, em grande parte, sobre a sela.
Kremlin de Rostov Veliky, Rússia
Cidades
Rostov Veliky, Rússia

Sob as Cúpulas da Alma Russa

É uma das mais antigas e importantes cidades medievais, fundada durante as origens ainda pagãs da nação dos czares. No fim do século XV, incorporada no Grande Ducado de Moscovo, tornou-se um centro imponente da religiosidade ortodoxa. Hoje, só o esplendor do kremlin moscovita suplanta o da cidadela da tranquila e pitoresca Rostov Veliky.
Comida
Margilan, Usbequistão

Um Ganha Pão do Uzbequistão

Numa de muitas padarias de Margilan, desgastado pelo calor intenso do forno tandyr, o padeiro Maruf'Jon trabalha meio-cozido como os distintos pães tradicionais vendidos por todo o Usbequistão
Camponesa, Majuli, Assam, India
Cultura
Majuli, Índia

Uma Ilha em Contagem Decrescente

Majuli é a maior ilha fluvial da Índia e seria ainda uma das maiores à face da Terra não fosse a erosão do rio Bramaputra que há séculos a faz diminuir. Se, como se teme, ficar submersa dentro de vinte anos, mais que uma ilha, desaparecerá um reduto cultural e paisagístico realmente místico do Subcontinente.
Fogo artifício de 4 de Julho-Seward, Alasca, Estados Unidos
Desporto
Seward, Alasca

O 4 de Julho Mais Longo

A independência dos Estados Unidos é festejada, em Seward, Alasca, de forma modesta. Mesmo assim, o 4 de Julho e a sua celebração parecem não ter fim.
Gorila não habituado, a pouca distância de Bon Coin, Bomassa
Em Viagem
Expedição Ducret 2º:  PN Lobéké, Camarões - Wali Bai, Rep. Congo

Hyacinth e o Gorila de Bon Coin: Encontros com Primatas Peculiares

Acampados numa ilha do rio Sangha, saímos à descoberta dos parques nacionais Lobéké e do Wali Bai, Nouabalé-Ndoki, nos Camarões e na Rep. do Congo. Lá nos surpreendem criaturas deslumbrantes, mas díspares.  
MAL(E)divas
Étnico
Malé, Maldivas

As Maldivas a Sério

Contemplada do ar, Malé, a capital das Maldivas, pouco mais parece que uma amostra de ilha atafulhada. Quem a visita, não encontra coqueiros deitados, praias de sonho, SPAs ou piscinas infinitas. Deslumbra-se com o dia-a-dia maldivano  genuíno que as brochuras turísticas omitem.
Portfólio, Got2Globe, melhores imagens, fotografia, imagens, Cleopatra, Dioscorides, Delos, Grécia
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Portfólio Got2Globe

O Terreno e o Celestial

Aloés excelsa junto ao muro do Grande Cercado, Great Zimbabwe
História
Grande Zimbabwe

Grande Zimbabué, Mistério sem Fim

Entre os séculos XI e XIV, povos Bantu ergueram aquela que se tornou a maior cidade medieval da África sub-saariana. De 1500 em diante, à passagem dos primeiros exploradores portugueses chegados de Moçambique, a cidade estava já em declínio. As suas ruínas que inspiraram o nome da actual nação zimbabweana encerram inúmeras questões por responder.  
Hinduismo Balinês, Lombok, Indonésia, templo Batu Bolong, vulcão Agung em fundo
Ilhas
Lombok, Indonésia

Lombok: Hinduísmo Balinês Numa Ilha do Islão

A fundação da Indonésia assentou na crença num Deus único. Este princípio ambíguo sempre gerou polémica entre nacionalistas e islamistas mas, em Lombok, os balineses levam a liberdade de culto a peito
Geotermia, Calor da Islândia, Terra do Gelo, Geotérmico, Lagoa Azul
Inverno Branco
Islândia

O Aconchego Geotérmico da Ilha do Gelo

A maior parte dos visitantes valoriza os cenários vulcânicos da Islândia pela sua beleza. Os islandeses também deles retiram calor e energia cruciais para a vida que levam às portas do Árctico.
silhueta e poema, cora coralina, goias velho, brasil
Literatura
Goiás Velho, Brasil

Vida e Obra de uma Escritora à Margem

Nascida em Goiás, Ana Lins Bretas passou a maior parte da vida longe da família castradora e da cidade. Regressada às origens, continuou a retratar a mentalidade preconceituosa do interior brasileiro
Oásis do Atlas Tunisino, Tunísia, chebika, Palmeiras
Natureza
Chebika, Tamerza, Mides, Tunísia

Onde o Saara Germina da Cordilheira do Atlas

Chegados ao limiar noroeste de Chott el Jérid, o grande lago de sal revela-nos o término nordeste da cordilheira do Atlas. As suas encostas e desfiladeiros ocultam quedas d’água, torrentes sinuosas de palmeiras, aldeias abandonadas e outras inesperadas miragens.
Menina brinca com folhas na margem do Grande Lago do Palácio de Catarina
Outono
São Petersburgo, Rússia

Dias Dourados que Antecederam a Tempestade

À margem dos acontecimentos políticos e bélicos precipitados pela Rússia, de meio de Setembro em diante, o Outono toma conta do país. Em anos anteriores, de visita a São Petersburgo, testemunhamos como a capital cultural e do Norte se reveste de um amarelo-laranja resplandecente. Num deslumbre pouco condizente com o negrume político e bélico entretanto disseminado.
Parques Naturais
Estradas Imperdíveis

Grandes Percursos, Grandes Viagens

Com nomes pomposos ou meros códigos rodoviários, certas estradas percorrem cenários realmente sublimes. Da Road 66 à Great Ocean Road, são, todas elas, aventuras imperdíveis ao volante.
Embaixada, Nikko, Spring Festival Shunki-Reitaisai, Cortejo Toshogu Tokugawa, Japão
Património Mundial UNESCO
Nikko, Japão

O Derradeiro Cortejo do Xogum Tokugawa

Em 1600, Ieyasu Tokugawa inaugurou um xogunato que uniu o Japão por 250 anos. Em sua homenagem, Nikko re-encena, todos os anos, a transladação medieval do general para o mausoléu faustoso de Toshogu.
Em quimono de elevador, Osaka, Japão
Personagens
Osaka, Japão

Na Companhia de Mayu

A noite japonesa é um negócio bilionário e multifacetado. Em Osaka, acolhe-nos uma anfitriã de couchsurfing enigmática, algures entre a gueixa e a acompanhante de luxo.
Tarrafal, Santiago, Cabo Verde, Baía do Tarrafal
Praias
Tarrafal, Santiago, Cabo Verde

O Tarrafal da Liberdade e da Vida Lenta

A vila de Tarrafal delimita um recanto privilegiado da ilha de Santiago, com as suas poucas praias de areia branca. Quem por lá se encanta tem ainda mais dificuldade em entender a atrocidade colonial do vizinho campo prisional.
Casario, cidade alta, Fianarantsoa, Madagascar
Religião
Fianarantsoa, Madagáscar

A Cidade Malgaxe da Boa Educação

Fianarantsoa foi fundada em 1831 por Ranavalona Iª, uma rainha da etnia merina então predominante. Ranavalona Iª foi vista pelos contemporâneos europeus como isolacionista, tirana e cruel. Reputação da monarca à parte, quando lá damos entrada, a sua velha capital do sul subsiste como o centro académico, intelectual e religioso de Madagáscar.
Train Fianarantsoa a Manakara, TGV Malgaxe, locomotiva
Sobre Carris
Fianarantsoa-Manakara, Madagáscar

A Bordo do TGV Malgaxe

Partimos de Fianarantsoa às 7a.m. Só às 3 da madrugada seguinte completámos os 170km para Manakara. Os nativos chamam a este comboio quase secular Train Grandes Vibrations. Durante a longa viagem, sentimos, bem fortes, as do coração de Madagáscar.
aggie grey, Samoa, pacífico do Sul, Marlon Brando Fale
Sociedade
Apia, Samoa Ocidental

A Anfitriã do Pacífico do Sul

Vendeu burgers aos GI’s na 2ª Guerra Mundial e abriu um hotel que recebeu Marlon Brando e Gary Cooper. Aggie Grey faleceu em 1988 mas o seu legado de acolhimento perdura no Pacífico do Sul.
Vida Quotidiana
Profissões Árduas

O Pão que o Diabo Amassou

O trabalho é essencial à maior parte das vidas. Mas, certos trabalhos impõem um grau de esforço, monotonia ou perigosidade de que só alguns eleitos estão à altura.
Gandoca Manzanillo Refúgio, Baía
Vida Selvagem
Gandoca-Manzanillo (Refúgio de Vida Selvagem), Costa Rica

O Refúgio Caribenho de Gandoca-Manzanillo

No fundo do seu litoral sudeste, na iminência do Panamá, a nação “tica” protege um retalho de selva, de pântano e de Mar das Caraíbas. Além de um refúgio de vida selvagem providencial, Gandoca-Manzanillo revela-se um deslumbrante éden tropical.
Passageiros, voos panorâmico-Alpes do sul, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Aoraki Monte Cook, Nova Zelândia

A Conquista Aeronáutica dos Alpes do Sul

Em 1955, o piloto Harry Wigley criou um sistema de descolagem e aterragem sobre asfalto ou neve. Desde então, a sua empresa revela, a partir do ar, alguns dos cenários mais grandiosos da Oceania.