São Nicolau, Cabo Verde

São Nicolau: Romaria à Terra di Sodade


Coração da Ribeira Brava
Igreja e pelourinho confirmam o âmago histórico da Ribeira Brava.
Orla da Ribeira
Um outdoor dá mais vida a uma rua da capital Ribeira Brava.
Comércio
Vendedora de tudo um pouco numa loja da Ribeira Brava.
Religião a Cores
Janela da igreja da Ribeira Brava emprestam cor à cidade.
Ribeira Brava
Casario da Ribeira Brava, estendido ao longo do leito afundado pelas chuvas.
Vale verde
Vista a partir do Monte Cintinho sobre o vale da Ribeira Brava.
Pico-Pirâmide
Um dos vários picos aguçados que dotam a ilha de São Nicolau.
Dragoeiro
Dragoeiro exuberante no PN Monte Gordo.
Arte Xávega
Pescadores do Tarrafal estendem uma rede xávega.
Jovem sobre “Viviano”
Jovem pescador sobre as redes usadas pelos adultos do Tarrafal.
As asas do peixe
Pequenos pescadores do Tarrafal mostram um peixe voador acabado de pescar.
Farol de Barril
O velho farol de Barril, na costa oeste de São Nicolau.
Norte Bravo
Trecho de estrada do norte de São Nicolau.
Top Matinho e Praia Branca
Duo de picos Top de Matinho, acima do casario de Praia Branca.
Praia Branca. A cores
O casario de Praia Branca, encavalitado na encosta abaixo do Top de Matinho.
Terra di Sodad
Pórtico de Sodad, à entrada da Praia Branca, a terra é o compositor do tema, Armando Zeferino Soares .
Confim de Ribeira da Prata
Povoação na extensão de Ribeira da Prata, num beco sem saída rodovíario de São Nicolau.
Grande Sol da Fajã
Sol resplandece atrás das montanhas em redor do vale da Fajã
Partidas forçadas como as que inspiraram a famosa morna “Sodade” deixaram bem vincada a dor de ter que deixar as ilhas de Cabo Verde. À descoberta de Saninclau, entre o encanto e o deslumbre, perseguimos a génese da canção e da melancolia.

Os Alísios, sempre os Alísios.

Não há como lhes fugir em Cabo Verde. Na travessia de São Vicente para Santo Antão, as vagas que geravam fizeram o ferry baloiçar como uma casca de noz. No voo entre Santiago e São Nicolau, sentimo-los na pele, em forma de arrepios, de cada vez que o avião da TACV saltava ao sabor das suas rajadas.

A aproximação final ao Aeroporto de Preguiça, em particular, revelou-se uma curta-metragem de verdadeiro terror aeronáutico. À medida que se alinhava com a direcção da pista, o vento incidia no avião lateralizado. Fá-lo descair sem aviso.

Uma vez atrás da outra, para sobressalto dos passageiros, como nós, estreantes naquela rota e que começámos a duvidar se a aeronave não se estatelaria sobre a pista, em vez de nela pousar. Por fim, o piloto concede um derradeiro grande salto ao Embraer. Completa a travagem num ápice e com uma estabilidade que nos devolve a confiança.

Enquanto aguardamos pela bagagem, conversa puxa conversa, desabafamos com um funcionário do aeroporto. Este trata de nos confirmar o extremismo do voo. “Pois amigos, por norma, cancelam-nos quando registam 40 nós. Hoje, estavam 36 mas não me admira que tenham apanhado umas rajadas superiores a 40.”

As malas chegam. Em boa hora. Mesmo em modo humorístico, a confissão tinha-nos tirado a vontade de apurarmos mais. Sabíamos já, em vez de o estimarmos, o quanto os Alísios contribuíam para a aspereza da vida de São Nicolau.

Do aeroporto, cumprimos uma curta viagem para a Ribeira Brava, a maior povoação da ilha. Lá nos instalamos. No que restava do dia, resolvemos a logística necessária à volta que tínhamos planeada.

Praça central, Ribeira Brava, Cabo Verde

Igreja e pelourinho confirmam o âmago histórico da Ribeira Brava.

Tal como tinha acontecido em Santo Antão, alugamos uma pick up robusta. Depois, almoçamos cachupa pobre no bar de um italiano expatriado e remediado na ilha.

O Encanto Tom de Pastel da Ribeira Brava

Recuperados das atribulações do voo, revigorados, deambulamos à descoberta dos recantos e encantos da Ribeira Brava.

Como o deixa perceber o seu nome, após o declínio de Preguiça, a povoação antes protagonista, adaptou-se aos meandros intermédios de uma ribeira que, em tempo de chuvas, flui com grande fúria pelas vertentes do ponto mais elevado da ilha, o Monte Gordo (1312m) abaixo.

Estávamos a meses dessa monção do Atlântico. Tanto a Ribeira Brava como a povoação viviam uma paz abençoada. Abençoada a dobrar ou não fosse a agora cidade a sede orgulhosa da diocese de Cabo Verde.

Apontamos à praça central. Do fundo da ruela que descemos escutamos o crioulo dos taxistas à conversa junto às suas Hiaces geminadas.

E, do lado oposto, ao sol que incide na igreja amarela, castanha e branca do Rosário, um outro núcleo de anciãos, diríamos que reformados, com tempo para se perderem nos assuntos do dia.

A essa hora encalorada, o jardim que se estende da meia-lua empedrada à frente à igreja, entre o velho pelourinho e a meia-encosta a que se ajeitaram a biblioteca, pertencia apenas à ave pernalta de pedra que ali coroa a fonte seca.

Espreitamos mercearias familiares clássicas, com mobiliário de madeira do antigo, bem sólido, e uma panóplia de embalagens e produtos coloridos, boa parte deles importados de Portugal e, como tal, familiares.

Toda essa tarde, continuamos a deambular sobre a calçada cinzenta da povoação, ruela após ruela, tranquilizados pela constância multicolor do casario pastel.

O Mote Musical Escutado na “Banana Secca”

Com a inevitabilidade da noite, do cansaço e da última fome série do dia, refugiamo-nos num restaurante “Banana Secca”. Lá devoramos nova cachupa enriquecida e uma ervilhada, adocicadas por pontches fortes e pelas inevitáveis mornas, coladeiras, funanás e outros ritmos das ilhas que aquecem Cabo Verde e o mundo.

Às tantas, soa “Sodade”. Uma versão distinta da que a diva dos pés descalços Cesária Évora eternizou. A letra volta a enquadrar o tema em São Nicolau. Estávamos no coração urbano da ilha. Ansiosos por a percorrermos em busca da quintessência de mar, de lava e de amor ao próximo que tanto custou a tantos sanicolauenses a deixar.

O sábado amanhece solarengo. Por uma ou duas das suas horas matinais, dá-nos a impressão que os Alísios se haviam mudado para outras paragens. É sol de pouca dura.

Com a pick up pronta a pegar, saímos para a ilha.

A Subida Monumental às Alturas do Monte Gordo

A inevitável ascensão para o cimo do vale em que expandiu a Ribeira Brava, desvenda-nos o todo do seu casario, acomodado na base de um cerro, quase meseta, com uma vertente preenchida por arbustos viçosos.

Invertemos rumo para um alto bem mais elevado: o do Cachaço.

Quando chegamos ao adro terroso da Capela Nª Srª Monte Cintinha, o vendaval aliseu ressuscita, mais poderoso do que alguma vez o tínhamos sentido.

Aventuramo-nos sobre o promontório rochoso e pejado de agaves nas imediações da igrejinha, de onde, quanto mais à frente, mais desimpedida se revelava sobre o talvegue nessa altura verdejante que descia para a quase cidade de que tínhamos partido.

As rajadas sacodem-nos como se nos quisessem impedir de fotografar tamanha beleza. Com cuidados redobrados e uma ínfima parte de inconsciência, estabilizamos os pés e as pernas em saliências das rochas.

O suficiente para cumprirmos a missão. Voltamos ao caminho.

Reverenciamos a exuberância geológica do Parque Natural Monte Gordo e os dragoeiros imponentes do vale da Fajã.

Surpreendemo-nos com o duo de coqueiros tresmalhado, mais abaixo, sobre uma profusão de milheiral e outros cultivos, contra o recorte caprichoso da cumeada em redor da Covoada.

A Caminho da Costa Norte

Por muito que tivéssemos viajado e subido, continuávamos nas imediações da Ribeira Brava. Com a manhã a sumir-se na névoa que irrigava aquele reduto virado a norte que era o mais luxuriante de São Nicolau, vemo-nos forçados a prosseguir no périplo, rumo à costa oeste, ao invés, estival a um grau que a tornava virtualmente desértica.

Dos minifúndios verdes e férteis, descemos por uma das várias cristas áridas que sulcam o ocidente. Vários quilómetros dessa vastidão poeirenta e ocre depois, avistamos o casario cinzento-cimento e branco do Tarrafal, estendido por uma longa beira-Atlântico, a encerrar um declive demasiado irregular para ser urbanizado.

A estrada faz-nos atravessar o casario de cima abaixo. Leva-nos à Avenida Assis Cadório e à Baia do Tarrafal de que faz de marginal.

Detemo-nos, seduzidos pela frota garrida de barcos de pesca, uns em doca seca a poucos metros do mar, outros ancorados sobre á água quase espelho, mais de lago que de mar, do oceano.

Estamos nessa contemplação quando um súbito frenesim piscatório toma conta da enseada.

Tarrafal. Festa Interrompida por um Cardume Passageiro

Relembramos que é sábado. Sobre a hora de almoço, os jovens pescadores do Tarrafal confraternizavam numa festa bem regada, a ter lugar do lado de lá da avenida, entre conversa, petiscos e danças descomprometidas. A pândega evoluía a bom ritmo quando o mar diante os convoca para o trabalho.

Malgrado a diversão, dois ou três deles avistam um cardume a fervilhar e a brilhar acima do azul da baía. Com as suas vidas dependentes da quantidade de peixe, não se fazem de rogados.

Correm para uma grande rede verde, aos poucos, ajudados por alguns miúdos determinados a comprovar a sua utilidade, enrolam-na bem enrolada. E depositam-na na popa do “Viviano” um dos barcos mais à mão.

Esta preparação toma-lhes um bom quarto de hora. Só que ao contrário do que desejavam, o cardume está de passagem. Nesse lapso, veem-no afastar-se para alto mar.

O suficiente para justificar o regresso à festança em detrimento da pescaria.

Nem todos o fazem de imediato. A nossa inesperada presença e a chegada de um outro barco do mar suscita momentos de convívio com alguns elementos mais novos, que posam em grupo sobre o amontoado da rede e nos exibem peixes-voadores recém-pescados e acrobacias amortecidas pela areia.

A Génese Piscatória do Tarrafal

Desta feita, o peixe fugiu às redes. Foi, todavia, a pesca que colocou o Tarrafal no mapa de São Nicolau. Durante o século XIX, a enseada tranquila a povoação tornou-se um ancoradouro de navios baleeiros. Mais tarde, foi complementada com uma unidade de processamento de peixe.

Essas estruturas e os empregos a que deram origem estiveram na base da promoção a um estatuto equivalente ao da Ribeira Brava, mesmo se com quase metade da população.

Prosseguimos a circundar a ilha, no sentido contrário aos ponteiros, pela orla marinha a que não chegavam os veios geológicos imponentes das vertentes. Passamos a Ponta do Portinho, a Ribeira das Pedras e o farol velho, manchado pelo tempo, do Barril. A estrada flecte para norte.

Logo, curva para o interior, na direcção do âmago mais húmido da ilha que tínhamos cruzado após a subida da Ribeira Brava.

A vastidão que percorríamos mantinha-se ressequida, forrada por uma palha quase rasa que dourava as abas à nossa direita. Embrenhamo-nos na quase elipse que percorríamos no mapa.

Top de Matinho, Uma Expressão Deslumbrante da Orografia de São Nicolau

A determinada altura, a trajectória desvenda-nos uma floresta íngreme de acácias e arbustos afins. E, muito acima, a visão de dois picos aguçados, lado a lado, como irmãos.

No processo de os circundarmos, avistamos um casario distante, disperso em mais que um núcleo, parte no sopé do duo de montes, outra parte, mais acima.

Sem aviso, a calçada negra põe-nos de frente com um pórtico enquadrado na perfeição com o tal pico duplo, Top de Matinho, informam-nos mais tarde que assim se chamava.

Pilares feitos de quadrados de basalto, a sustentarem uma trave dotada de um painel ferrugento. Uma clave de sol do mesmo material decorava o pilar direito.

Apesar de a ferrugem ter invadido as letras do painel superior, conseguíamos decifrar “Terra di Sodad”.

Sentimentos à parte, mesmo já algo distantes da beira-mar, estávamos à entrada de Praia Branca, a maior aldeia do noroeste de São Nicolau. Interrompemos a marcha para o fotografarmos.

No processo, passa um nativo daquelas paragens. Curioso com o afazer dos forasteiros, aborda-nos. “Ficou bonito, não ficou? Vocês sabem porque é que isso tá aí, certo?”

Praia Branca: a Terra di Sodade e da Sua Controvérsia

Cesária Évora cantou “Sodade” até à sua morte e à fama eterna da canção. Desde 1991 que a autoria do tema se mantinha como pertença da dupla de músicos Amândio Cabral e Luís Morais.

Assim foi até que, em 2002, Armando Zeferino Soares surgiu a reclamar a criação do tema, apoiado pelo músico Paulino Vieira.

Mesmo se em épocas distintas, tanto Armando Zeferino Soares como Paulino Vieira nasceram em Praia Branca, a povoação deslumbrante que tínhamos por diante. Orgulhosa do mérito de Zeferino Soares, que faleceu em Abril 2007, com 77 anos, e de ter sido o berço de “Sodade”, Praia Branca ergueu o pórtico evocativo e comemorativo “Terra di Sodad”.

Mas como nasceu “Sodade”? Recuemos até à década de 50, em plena era salazarista das colónias do Ultramar, era frequente os caboverdianos necessitados migrarem para São Tomé e Príncipe onde encontravam trabalho nas roças de cacau e café.

Uma vez para lá mudados, muitos deles ficaram para sempre e integram uma parte substancial da população santomense. Foi neste contexto que Armando Zeferino Soares compôs “Sodade”.

Corria o ano de 1954. Sem grandes alternativas e alguma esperança, quatro sanicolauenses: José Nascimento Firmino, José da Cruz Gomes e o casal Mário Soares e Maria Francisca Soares constituíram o grupo pioneiro de migrantes de São Nicolau destinados às ilhas do Equador.

Por essa altura, era tradição os conterrâneos que ficavam despedirem-se com música dos que partiam. A letra de “Sodade” traduz a dor de os ver partir sem se saber se alguma vez se voltariam a ver.

Com o passar dos anos e das audições, a genuinidade e a intensidade das emoções da partida e da migração de São Nicolau fizeram de “Sodade” o hino à emigração cabo-verdiana.

Cidade Velha, Cabo Verde

Cidade Velha: a anciã das Cidades Tropico-Coloniais

Foi a primeira povoação fundada por europeus abaixo do Trópico de Câncer. Em tempos determinante para expansão portuguesa para África e para a América do Sul e para o tráfico negreiro que a acompanhou, a Cidade Velha tornou-se uma herança pungente mas incontornável da génese cabo-verdiana.

Chã das Caldeiras, Ilha do Fogo Cabo Verde

Um Clã "Francês" à Mercê do Fogo

Em 1870, um conde nascido em Grenoble a caminho de um exílio brasileiro, fez escala em Cabo Verde onde as beldades nativas o prenderam à ilha do Fogo. Dois dos seus filhos instalaram-se em plena cratera do vulcão e lá continuaram a criar descendência. Nem a destruição causada pelas recentes erupções demove os prolíficos Montrond do “condado” que fundaram na Chã das Caldeiras.    
Ilha do Sal, Cabo Verde

O Sal da Ilha do Sal

Na iminência do século XIX, Sal mantinha-se carente de água potável e praticamente inabitada. Até que a extracção e exportação do sal lá abundante incentivou uma progressiva povoação. Hoje, o sal e as salinas dão outro sabor à ilha mais visitada de Cabo Verde.
Ilha da Boa Vista, Cabo Verde

Ilha da Boa Vista: Vagas do Atlântico, Dunas do Sara

Boa Vista não é apenas a ilha cabo-verdiana mais próxima do litoral africano e do seu grande deserto. Após umas horas de descoberta, convence-nos de que é um retalho do Sara à deriva no Atlântico do Norte.
Santa Maria, Sal, Cabo Verde

Santa Maria e a Bênção Atlântica do Sal

Santa Maria foi fundada ainda na primeira metade do século XIX, como entreposto de exportação de sal. Hoje, muito graças à providência de Santa Maria, o Sal ilha vale muito que a matéria-prima.
Santo Antão, Cabo Verde

Pela Estrada da Corda Toda

Santo Antão é a mais ocidental das ilhas de Cabo Verde. Lá se situa um limiar Atlântico e rugoso de África, um domínio insular majestoso que começamos por desvendar de uma ponta à outra da sua deslumbrante Estrada da Corda.
Ilha do Fogo, Cabo Verde

À Volta do Fogo

Ditaram o tempo e as leis da geomorfologia que a ilha-vulcão do Fogo se arredondasse como nenhuma outra em Cabo Verde. À descoberta deste arquipélago exuberante da Macaronésia, circundamo-la contra os ponteiros do relógio. Deslumbramo-nos no mesmo sentido.
São Nicolau, Cabo Verde

Fotografia dess Nha Terra São Nicolau

A voz da saudosa Cesária Verde cristalizou o sentimento dos cabo-verdianos que se viram forçados a deixar a sua ilha. Quem visita São Nicolau ou, vá lá que seja, admira imagens que a bem ilustrem, percebe porque os seus lhe chamam, para sempre e com orgulho, nha terra.
Chã das Caldeiras a Mosteiros, Ilha do Fogo, Cabo Verde

Chã das Caldeiras a Mosteiros: descida pelos Confins do Fogo

Com o cimo de Cabo Verde conquistado, dormimos e recuperamos em Chã das Caldeiras, em comunhão com algumas das vidas à mercê do vulcão. Na manhã seguinte, iniciamos o regresso à capital São Filipe, 11 km de caminho para Mosteiros abaixo.
Brava, Cabo Verde

A Ilha Brava de Cabo Verde

Aquando da colonização, os portugueses deparam-se com uma ilha húmida e viçosa, coisa rara, em Cabo Verde. Brava, a menor das ilhas habitadas e uma das menos visitadas do arquipélago preserva uma genuinidade própria da sua natureza atlântica e vulcânica algo esquiva.
Santiago, Cabo Verde

Santiago de Baixo a Cima

Aterrados na capital cabo-verdiana de Praia, exploramos a sua pioneira antecessora. Da Cidade Velha, percorremos a crista montanhosa e deslumbrante de Santiago, até ao topo desafogado de Tarrafal.
Santo Antão, Cabo Verde

Porto Novo a Ribeira Grande pelo Caminho do Mar

Desembarcados e instalados em Porto Novo de Santo Antão, depressa constatamos duas rotas para chegar à segunda maior povoação da ilha. Já rendidos ao sobe-e-desce monumental da Estrada da Corda, deslumbramo-nos com o dramatismo vulcânico e atlântico da alternativa costeira.
Ponta do Sol a Fontainhas, Santo Antão, Cabo Verde

Uma Viagem Vertiginosa a Partir da Ponta do Sol

Atingimos o limiar norte de Santo Antão e de Cabo Verde. Em nova tarde de luz radiosa, acompanhamos a azáfama atlântica dos pescadores e o dia-a-dia menos litoral da vila. Com o ocaso iminente, inauguramos uma demanda sombria e intimidante do povoado das Fontainhas.
Mindelo, São Vicente, Cabo Verde

O Milagre de São Vicente

São Vicente sempre foi árida e inóspita a condizer. A colonização desafiante da ilha submeteu os colonos a sucessivas agruras. Até que, por fim, a sua providencial baía de águas profundas viabilizou o Mindelo, a urbe mais cosmopolita e a capital cultural de Cabo Verde.
Nova Sintra, Brava, Cabo Verde

Uma Sintra Crioula, em Vez de Saloia

Quando os colonos portugueses descobriram a ilha de Brava, repararam no seu clima, muito mais húmido que a maior parte de Cabo Verde. Determinados em manterem ligações com a distante metrópole, chamaram a principal povoação de Nova Sintra.
Tarrafal, Santiago, Cabo Verde

O Tarrafal da Liberdade e da Vida Lenta

A vila de Tarrafal delimita um recanto privilegiado da ilha de Santiago, com as suas poucas praias de areia branca. Quem por lá se encanta tem ainda mais dificuldade em entender a atrocidade colonial do vizinho campo prisional.
Ribeira Grande, Santo AntãoCabo Verde

Santo Antão, Ribeira Grande Acima

Na origem, uma Povoação diminuta, a Ribeira Grande seguiu o curso da sua história. Passou a vila, mais tarde, a cidade. Tornou-se um entroncamento excêntrico e incontornável da  ilha de Santo Antão.
Fiéis saúdam-se no registão de Bukhara.
Cidade
Bukhara, Uzbequistão

Entre Minaretes do Velho Turquestão

Situada sobre a antiga Rota da Seda, Bukhara desenvolveu-se desde há pelo menos, dois mil anos como um entreposto comercial, cultural e religioso incontornável da Ásia Central. Foi budista, passou a muçulmana. Integrou o grande império árabe e o de Gengis Khan, reinos turco-mongois e a União Soviética, até assentar no ainda jovem e peculiar Uzbequistão.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Parque Nacional Amboseli, Monte Kilimanjaro, colina Normatior
Safari
PN Amboseli, Quénia

Uma Dádiva do Kilimanjaro

O primeiro europeu a aventurar-se nestas paragens masai ficou estupefacto com o que encontrou. E ainda hoje grandes manadas de elefantes e de outros herbívoros vagueiam ao sabor do pasto irrigado pela neve da maior montanha africana.
Bandeiras de oração em Ghyaru, Nepal
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 4º – Upper Pisang a Ngawal, Nepal

Do Pesadelo ao Deslumbre

Sem que estivéssemos avisados, confrontamo-nos com uma subida que nos leva ao desespero. Puxamos ao máximo pelas forças e alcançamos Ghyaru onde nos sentimos mais próximos que nunca dos Annapurnas. O resto do caminho para Ngawal soube como uma espécie de extensão da recompensa.
Cabana de Bay Watch, Miami beach, praia, Florida, Estados Unidos,
Arquitectura & Design
Miami Beach, E.U.A.

A Praia de Todas as Vaidades

Poucos litorais concentram, ao mesmo tempo, tanto calor e exibições de fama, de riqueza e de glória. Situada no extremo sudeste dos E.U.A., Miami Beach tem acesso por seis pontes que a ligam ao resto da Florida. É parco para o número de almas que a desejam.
Aventura
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Para Quem Só Enjoa de Navegar na Net

Embarque e deixe-se levar em viagens de barco imperdíveis como o arquipélago filipino de Bacuit e o mar gelado do Golfo finlandês de Bótnia.
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De Volta aos Anos 30

Devastada por um sismo, Napier foi reconstruida num Art Deco quase térreo e vive a fazer de conta que parou nos Anos Trinta. Os seus visitantes rendem-se à atmosfera Great Gatsby que a cidade encena.
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O Porto Boémio da Austrália Ocidental

Em tempos o principal destino dos condenados britânicos desterrados na Austrália, Fremantle desenvolveu-se até se tornar o grande porto do Oeste da grande ilha. E, ao mesmo tempo, um abrigo de artistas aussies e expatriados em busca de vidas fora da caixa.
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Pacífico XXL

Durante séculos, os nativos das ilhas polinésias subsistiram da terra e do mar. Até que a intrusão das potências coloniais e a posterior introdução de peças de carne gordas, da fast-food e das bebidas açucaradas geraram uma praga de diabetes e de obesidade. Hoje, enquanto boa parte do PIB nacional de Tonga, de Samoa Ocidental e vizinhas é desperdiçado nesses “venenos ocidentais”, os pescadores mal conseguem vender o seu peixe.
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Onde o Pecado tem Sempre Perdão

Projectada do Deserto Mojave como uma miragem de néon, a capital norte-americana do jogo e do espectáculo é vivida como uma aposta no escuro. Exuberante e viciante, Vegas nem aprende nem se arrepende.
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Banidas em grande parte do Primeiro Mundo, as lutas de galos prosperam nas Filipinas onde movem milhões de pessoas e de Pesos. Apesar dos seus eternos problemas é o sabong que mais estimula a nação.
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A Subida Inaugural do rio Sangha

Durante uma hora, sobrevoamos a vastidão tropical imensa que separa a capital Brazzaville da pequena cidade ribeirinha de Ouésso. Das suas margens, ascendemos o rio Sangha até ao parque nacional camaronês de Lobéké, num cenário ainda com muito de “Coração das Trevas”.
Maksim, povo Sami, Inari, Finlandia-2
Étnico
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Os Guardiães da Europa Boreal

Há muito discriminado pelos colonos escandinavos, finlandeses e russos, o povo Sami recupera a sua autonomia e orgulha-se da sua nacionalidade.
tunel de gelo, rota ouro negro, Valdez, Alasca, EUA
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Portfólio Got2Globe

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Mar Morto, Tona de água, Lugar Mais Baixo Terra, Israel, repouso
História
Mar Morto, Israel

À Tona d’água, nas Profundezas da Terra

É o lugar mais baixo à superfície do planeta e palco de várias narrativas bíblicas. Mas o Mar Morto também é especial pela concentração de sal que inviabiliza a vida mas sustém quem nele se banha.
Camiguin, Filipinas, manguezal de Katungan.
Ilhas
Camiguin, Filipinas

Uma Ilha de Fogo Rendida à Água

Com mais de vinte cones acima dos 100 metros, a abrupta e luxuriante, Camiguin tem a maior concentração de vulcões que qualquer outra das 7641 ilhas filipinas ou do planeta. Mas, nos últimos tempos, nem o facto de um destes vulcões estar activo tem perturbado a paz da sua vida rural, piscatória e, para gáudio dos forasteiros, fortemente balnear.
Caminhantes andam sobre raquetes na neve do PN Urho Kekkonen
Inverno Branco
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Pelas Terras (não muito) altas da Finlândia

A oeste do monte Sokosti (718m) e do imenso PN Urho Kekkonen, Saariselkä desenvolveu-se enquanto polo de evasão na Natureza. Chegados de Ivalo, é lá que estabelecemos base para uma série de novas experiências e peripécias. A uns 250km enregelantes a norte do Círculo Polar Árctico.
José Saramago em Lanzarote, Canárias, Espanha, Glorieta de Saramago
Literatura
Lanzarote, Canárias, Espanha

A Jangada de Basalto de José Saramago

Em 1993, frustrado pela desconsideração do governo português da sua obra “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, Saramago mudou-se com a esposa Pilar del Río para Lanzarote. De regresso a esta ilha canária algo extraterrestre, reencontramos o seu lar. E o refúgio da censura a que o escritor se viu votado.
Graciosa, Açores, Monte da Ajuda
Natureza
Graciosa, Açores

Sua Graça a Graciosa

Por fim, desembarcarmos na Graciosa, a nossa nona ilha dos Açores. Mesmo se menos dramática e verdejante que as suas vizinhas, a Graciosa preserva um encanto atlântico que é só seu. Quem tem o privilégio de o viver, leva desta ilha do grupo central uma estima que fica para sempre.
Sheki, Outono no Cáucaso, Azerbaijão, Lares de Outono
Outono
Sheki, Azerbaijão

Outono no Cáucaso

Perdida entre as montanhas nevadas que separam a Europa da Ásia, Sheki é uma das povoações mais emblemáticas do Azerbaijão. A sua história em grande parte sedosa inclui períodos de grande aspereza. Quando a visitámos, tons pastéis de Outono davam mais cor a uma peculiar vida pós-soviética e muçulmana.
Serra Dourada, Cerrado, Goiás, Brasil
Parques Naturais
Serra Dourada, Goiás, Brasil

Onde o Cerrado Ondula Dourado

Um dos tipos de savana da América do Sul, o Cerrado estende-se por mais de um quinto do território brasileiro que abastece de boa parte da água doce. Situado no âmago do Planalto Central e do estado de Goiás, o do Parque Estadual Serra Dourada resplandece a dobrar.
Missoes, San Ignacio Mini, argentina
Património Mundial UNESCO
San Ignácio Mini, Argentina

As Missões Jesuíticas Impossíveis de San Ignácio Mini

No séc. XVIII, os jesuítas expandiam um domínio religioso no coração da América do Sul em que convertiam os indígenas guarani em missões jesuíticas. Mas as Coroas Ibéricas arruinaram a utopia tropical da Companhia de Jesus.
Sósias dos irmãos Earp e amigo Doc Holliday em Tombstone, Estados Unidos da América
Personagens
Tombstone, E.U.A.

Tombstone: a Cidade Demasiado Dura para Morrer

Filões de prata descobertos no fim do século XIX fizeram de Tombstone um centro mineiro próspero e conflituoso na fronteira dos Estados Unidos com o México. Lawrence Kasdan, Kurt Russel, Kevin Costner e outros realizadores e actores hollywoodescos tornaram famosos os irmãos Earp e o duelo sanguinário de “O.K. Corral”. A Tombstone que, ao longo dos tempos tantas vidas reclamou, está para durar.
Vista aérea de Moorea
Praias
Moorea, Polinésia Francesa

A Irmã Polinésia que Qualquer Ilha Gostaria de Ter

A meros 17km de Taiti, Moorea não conta com uma única cidade e abriga um décimo dos habitantes. Há muito que os taitianos veem o sol pôr-se e transformar a ilha ao lado numa silhueta enevoada para, horas depois, lhe devolver as cores e formas exuberantes. Para quem visita estas paragens longínquas do Pacífico, conhecer também Moorea é um privilégio a dobrar.
Cortejo garrido
Religião
Suzdal, Rússia

Mil Anos de Rússia à Moda Antiga

Foi uma capital pródiga quando Moscovo não passava de um lugarejo rural. Pelo caminho, perdeu relevância política mas acumulou a maior concentração de igrejas, mosteiros e conventos do país dos czares. Hoje, sob as suas incontáveis cúpulas, Suzdal é tão ortodoxa quanto monumental.
Executivos dormem assento metro, sono, dormir, metro, comboio, Toquio, Japao
Sobre Carris
Tóquio, Japão

Os Hipno-Passageiros de Tóquio

O Japão é servido por milhões de executivos massacrados com ritmos de trabalho infernais e escassas férias. Cada minuto de tréguas a caminho do emprego ou de casa lhes serve para o seu inemuri, dormitar em público.
Cruzamento movimentado de Tóquio, Japão
Sociedade
Tóquio, Japão

A Noite Sem Fim da Capital do Sol Nascente

Dizer que Tóquio não dorme é eufemismo. Numa das maiores e mais sofisticadas urbes à face da Terra, o crepúsculo marca apenas o renovar do quotidiano frenético. E são milhões as suas almas que, ou não encontram lugar ao sol, ou fazem mais sentido nos turnos “escuros” e obscuros que se seguem.
Visitantes nas ruínas de Talisay, ilha de Negros, Filipinas
Vida Quotidiana
Talisay City, Filipinas

Monumento a um Amor Luso-Filipino

No final do século XIX, Mariano Lacson, um fazendeiro filipino e Maria Braga, uma portuguesa de Macau, apaixonaram-se e casaram. Durante a gravidez do que seria o seu 11º filho, Maria sucumbiu a uma queda. Destroçado, Mariano ergueu uma mansão em sua honra. Em plena 2ª Guerra Mundial, a mansão foi incendiada mas as ruínas elegantes que resistiram eternizam a sua trágica relação.
Jabula Beach, Kwazulu Natal, Africa do Sul
Vida Selvagem
Santa Lucia, África do Sul

Uma África Tão Selvagem Quanto Zulu

Na eminência do litoral de Moçambique, a província de KwaZulu-Natal abriga uma inesperada África do Sul. Praias desertas repletas de dunas, vastos pântanos estuarinos e colinas cobertas de nevoeiro preenchem esta terra selvagem também banhada pelo oceano Índico. Partilham-na os súbditos da sempre orgulhosa nação zulu e uma das faunas mais prolíficas e diversificadas do continente africano.
Pleno Dog Mushing
Voos Panorâmicos
Seward, Alasca

O Dog Mushing Estival do Alasca

Estão quase 30º e os glaciares degelam. No Alasca, os empresários têm pouco tempo para enriquecer. Até ao fim de Agosto, o dog mushing não pode parar.