Ilha da Boa Vista, Cabo Verde

Ilha da Boa Vista: Vagas do Atlântico, Dunas do Sara


Fantasma do “Cabo Santa Maria”
As vagas do Atlântico embatem no cargueiro "Cabo Santa Maria" e prosseguem para o areal da Praia de Atlanta.
Cabredo
Rebanho de cabras aproxima-se de um tanque de água onde é suposto matarem a sede.
Chaminé de Chaves
Dois banhistas correm em direcção à chaminé de Chaves, ápice de uma antiga fábrica de tijolos e telhas.
Duo de Coqueiros
Dois coqueiros destacam-se do solo arenoso em redor das ruínas do Curral Velho.
Ginásio Sal Rei
Trabalhadores da ilha da Boa Vista exercitam-se num ginásio improvisado de Sal Rei.
Ginásio Sal Rei II
Morador de Sal Rei fortalece o corpo numa parede de um edifício abandonado de Sal Rei.
Na Sombra de Deus
Moradora passa em frente à igreja de Santa Isabel, em Sal Rei.
Sorriso Bubista
Uma menina de Sal Rei interrompe as brincadeiras com as amigas para rir para a máquia fotográfica.
Montanha seca
Elevação do interior da ilha da Boa Vista, esculpida pelo ventos alísios.
Palmeira
Sombra de uma das palmeiras que dotam as dunas junto à chaminé de Chaves.
Peixeira de Sal Rei
Peixeira de Sal Rei, guarda um balde a transbordar de peixe acabado de pescar.
Suave Peixeirada
Peixeiras convivem à entrada da peixaria municipal de Sal Rei.
Mar agitado em Chaves
Banhistas enfrentam vagas poderosas na vasta Praia de Chaves.
Um velho mural dá mais cor à cidade de Sal Rei, a capital da ilha da Boa Vista.
Salina Curral Velho
Uma das salinas que justificou a formação da povoação de Curral Velho, hoje em ruínas.
Costura Caboverdiana
Costureira de Sal Rei termina um vestido azul numa velha máquina de costura.
Brincadeiras Marinhas
Três amigas brincam na maré vazia da Praia d D'Diante.
O Curral Velho
Ruínas e arbustos espinhosos da antiga povoação de Curral Velho.
ilha-boa-vista-cabo-verde-sal-sara-sandboard-dunas-chaves
Dois amigos chegam ao cimo de uma duna da Praia de Chaves, prestes a descê-la de sandboard.
Barco urbano
Barco e redes repousam contra uma casa de Sal Rei, a capital da ilha da Boa Vista.
Boa Vista não é apenas a ilha cabo-verdiana mais próxima do litoral africano e do seu grande deserto. Após umas horas de descoberta, convence-nos de que é um retalho do Sara à deriva no Atlântico do Norte.

Caminhamos pela beira-mar da grande praia de Chaves, de sobreaviso para as incursões das vagas areal acima.

Os alísios que as geram sopram forte. Em aliança, o vento e as ondas castigam o litoral arenoso do oeste da ilha. Mantêm a bandeira da praia vermelha e uns poucos banhistas de pé atrás.

Vemos os seus vultos ao longo da baía sem fim. Salpicam-na mesmo até ao sopé da cordilheira de areia que isola a praia da vastidão ocre do interior.

A água do mar está a 23º. Em dia de boa-disposição oceânica, os banhos e mergulhos dos vultos dariam que fazer ao nadador-salvador

Naquelas condições, o homem destacado permanecia semi-afundado na sua torre de madeira. Limitava-se a espreitar de quando em quando se alguma alma tresloucada desafiava o Atlântico.

Praia de Chaves, Ilha da Boa Vista, Cabo Verde, Sal, a Evocar o Sara

Banhistas enfrentam vagas poderosas na vasta Praia de Chaves.

A Chaminé Emblemática (da Praia) de Chaves

Prosseguimos para norte, na direcção da velha chaminé de Chaves. Deixamo-la guiar-nos como um farol de tijolinho. Desde há muito desactivada e legada às dunas que a envolvem, por mais inverosímil que pareça, esta chaminé teve a sua era de glória fumarenta.

No início do século XX, investidores constaram que o solo argiloso em volta era ideal para produzir tijolos e telhas. E que os poderiam depois vender nos países mais próximos, nas Guinés, no Senegal. A unidade fabril desenvolveu-se.

Chegou a dar trabalho a dezenas de funcionários cabo-verdianos, alguns migrados de outras ilhas. Sem aviso, em 1928, a fábrica fechou as portas.

Com o tempo, ao sabor do vento, a areia e os arbustos invadiram a secção mais baixa dos fornos. Não tarda cem anos depois, a chaminé resiste, contra o céu quase sempre azulão.

Chaminé de Chaves, Ilha da Boa Vista, Cabo Verde, Sal a Evocar o Sara

Dois banhistas correm em direcção à chaminé de Chaves, ápice de uma antiga fábrica de tijolos e telhas.

Tornou-se uma imagem de marca da ilha da Boa Vista. Por aqueles lados, só as palmeiras do restaurante Pérola de Chaves reptam a sua supremacia.

Mais passo menos passo, chegamos ao pequeno vale-oásis em que este negócio se instalou. Sentadas em cadeiras brancas, algumas famílias descontraem num convívio solarengo.

Nas imediações, dois amigos armados de sandboards, divertem-se a deslizar duna abaixo, com partida do cimo resvaladiço em que ondula uma bandeira cabo-verdiana.

Sandboard, Praia de Chaves, Ilha da Boa Vista, Cabo Verde, Sal, a Evocar o Sara

Dois amigos chegam ao cimo de uma duna da Praia de Chaves, prestes a descê-la de sandboard.

Também subimos. Dali, contemplamos a vastidão de praia e semi-deserto dos 8km que ainda nos ainda separavam de Sal Rei, a capital de Boa Vista.

Meia Volta em Plenas Dunas da Boa Vista, em Busca da Capital Sal Rei

Convencidos de que, a pé, demoraríamos demais, regressamos ao ponto de partida.  Em Cabeçadas, apanhamos uma boleia para a cidade.

Chegamos a Sal Rei em cima das três e meia da tarde. O calor do sol a pique desvanecia-se. Isso facilitava-nos não só a deambulação como as fotografias consequentes.

Deixamos a boleia em plena Avenida dos Pescadores, a uns poucos metros do Wakan Bar que lhe serve de separador inusitado.

Espreitamos a Praia d´Diante. Percorremo-la até ao extremo oposto. Junto à casa Tut Dret, surpreende-nos o frenesim atlético de um ginásio ao ar livre.

O piso é o da areia da praia. A parede de uma casa abandonada e arruinada estava dotada de barras de ferro. Ali mesmo, sem grandes condições mas sem desculpas, cinco ou seis homens fortaleciam os músculos. Metemos conversa.

Exercício, Ilha da Boa Vista, Cabo Verde, Sal a Evocar o Sara

Trabalhadores da ilha da Boa Vista exercitam-se num ginásio improvisado de Sal Rei.

Percebemos num ápice que eram quase todos, senão todos, imigrantes da Guiné Bissau. Trabalhavam como seguranças nos vários resorts disseminados pelo litoral balnear da Boa Vista. Percebia-se, assim, o afinco com que se entregavam às flexões, elevações e exercícios afins.

Na enseada por d’Diante, os barquinhos de pesca oscilavam, para cá, para lá, consoante o embalo do mar protegido, bem mais domado que o da Praia de Chaves.

Dois pescadores metem-se num deles e zarpam. Em terra, as gentes do bairro humilde que ocupou a saliência rochosa e repleta de limos que separava a praia Diante da baía ao lado faziam pelas vidas. Ou entretinham o tempo.

A Vida Pachorrenta da Capital Sal Rei

Dois compinchas disputavam uma partida de ouri, sobre uma tábua diminuta deste jogo africano. Uma dona sorridente limpava o seu bar Kapadocia para a noite que não tardaria a anunciar-se. Três jovens amigas munidas de pranchas artesanais brincavam às navegações nas piscinas e poças legadas pela maré-baixa.

Regressamos ao âmago urbano de Sal Rei. Deambulamos por entre o casario térreo, rendidos à beleza decadente dos seus pastéis há muito por repintar. Detemo-nos em frente a um desses edifícios despretensiosos.

Para variar, mal lhe vemos a fachada. Uma loja de artesanato cabo-verdiano e africano tinha-se dele apoderado. Uma sua funcionária costurava numa máquina digna de museu.

Costureira em Sal Rei, Ilha da Boa Vista, Cabo Verde, Sal, a Evocar o Sara

Costureira de Sal Rei termina um vestido azul numa velha máquina de costura.

Um páreo, bandeira e mapa de Cabo Verde, fazia de saia da mesa em que assentava a máquina. De fita métrica ao pescoço, a senhora concedeu-nos um grande sorriso e momentos deliciosos de tagarelice, roubados à costura do vestido azul que finalizava.

Prosseguimos, com o ilhéu de Sal Rei sempre pela frente. Até esbarrarmos com uma extensão da avenida Amílcar Cabral já sem nome. E com a peixaria municipal da cidade.

À entrada, um grupo de peixeiras vestidas com lenços e capulanas garridas discutiam com grande alvoroço.

Nessa noite, a filha adolescente de uma delas não tinha dormido em casa. Inédito para a mãe, mais que um caso, a sua ausência era um drama cuja abordagem e resolução as colegas faziam questão de alvitrar.

Peixeiras, Ilha da Boa Vista, Cabo Verde, Sal, a Evocar o Sara

Peixeiras convivem à entrada da peixaria municipal de Sal Rei.

Malgrado a comoção, atiramos uma outra piada e caímos no seu goto. Daí em diante, a discussão alternou com poses combinadas, com bocas e observações que nos fizeram corar.

À Descoberta do Deserto Insular da Boa Vista

Estávamos meros 16º acima do Equador. A noite caiu num ápice. Com os dias seguintes para planearmos, obrigados a despachar um “trabalho de escritório” que se acumulava, antecipamos o regresso ao hotel.

Cumprimo-lo num jipe Jimmy que tínhamos pré-alugado, achávamos que à altura da exploração da ilha.

Na manhã seguinte, deixamos Cabeçadas o mais cedo que conseguimos. Apontamos ao sul da ilha e à sua praia de Santa Mónica. Tínhamos pensado passar também pela da Varandinha.

Um inesperado fenómeno fluvial distraiu-nos dos planos e reteve-nos no deserto vermelho a sul do de Viana e da Ribeira do Rabil.

Ilha da Boa Vista, Cabo Verde, Sal, a Evocar o Sara

Elevação do interior da ilha da Boa Vista, esculpida pelo ventos alísios.

Conduzíamos por essa vastidão poeirenta, concentrados em nos mantermos no que achávamos ser a estrada. Sem aviso, um caudal surgiu do sentido contrário. Percorria-a sem grandes pressas, com avanços bifurcados, nem sempre sincronizados.

Aquele riacho rodoviário deixou-nos boquiabertos. Segundo nos explicaram mais tarde, acontecia porque os alísios fortalecidos do Inverno desviavam água da Ribeira do Rabil. Faziam-na fluir, como rios espontâneos, pelos sulcos mais profundos do deserto.

Confirmar de onde provinha, ia exigir-nos um desvio de muitos quilómetros. De acordo, retomámos o destino original do Kurral Bédju.

Passamos pelo derradeiro resort com visual magrebino do sul. Logo, por um enorme rebanho de cabras ansiosas por beber de um tanque próximo.

Cabras, Ilha da Boa Vista, Cabo Verde, Sal, Evocar o Sara

Rebanho de cabras aproxima-se de um tanque de água onde é suposto matarem a sede.

Curral Velho da Boa Vista. Legado de Uma Povoação que Entrou em Ruína

Desse limiar do asfalto e da civilização bubista, metemo-nos numa das estradas mais pedregosas da ilha. Quinze minutos de solavancos depois, de novo na iminência do Atlântico, encontramos as ruínas que buscávamos, também elas pétreas, esterilizadas pelo sol inclemente.

Ilha da Boa Vista, Cabo Verde, Sal, a Evocar o Sara

Ruínas e arbustos espinhosos da antiga povoação de Curral Velho.

Eram, sobretudo, paredes e muros, com a companhia de arbustos espinhosos.

O Curral Velho espreitava uma lagoa salgada. Numa ilha seca e inóspita como Boa Vista, foram essa mesma lagoa e o seu sal que justificaram a presença humana naqueles confins inóspitos.

À imagem do que sucedeu na ilha vizinha do Sal, além de peixe, os nativos do Curral Velho tinham sal, ali à mão de semear.

Ilha da Boa Vista, Cabo Verde, Sal, a Evocar o Sara

Uma das salinas que justificou a formação da povoação de Curral Velho, hoje em ruínas.

Ora, bem mais que o peixe, o sal era raro. E valioso.

A sua exportação para o litoral da África continental e para outras ilhas de Cabo Verde gerou um sustento que compensava a agrura de subsistir naquele inferno áspero.

No pino do Verão, a temperatura roçava os 40º. Em qualquer altura do ano, garantir água potável revelava-se um desafio complicado. Como se não bastasse, mesmo elementar, a partir do século XIX, a povoação viu-se vítima das incursões de piratas a Boa Vista.

Os ilhéus reorganizaram-se. Ergueram o Forte Duque de Bragança no ilhéu de Sal Rei e mudaram-se para uma zona sob a sua protecção, a área da cidade contemporânea de Sal Rei.

Com a ilha do Sal e outros lugares concorrentes a fornecerem muito mais sal, o Curral Velho foi abandonado ao sol, ao tempo, e às aves e tartarugas que proliferam no areal-palmeiral da Paisagem Protegida envolvente.

Coqueiros, Ilha da Boa Vista, Cabo Verde, Sal a Evocar o Sara

Dois coqueiros destacam-se do solo arenoso em redor das ruínas do Curral Velho.

Povoação Velha e o Velho Deserto de Viana

No regresso, desviamos para a Povoação Velha. Mais que o Curral Velho, é esta a povoação na génese da história da Boa Vista. Encontramos apenas algumas filas de casas baixas, brancas, azuis, dispostas no sopé de morros esquecidos pela erosão.

Separam-nas uma estrada calçada ampla que, malgrado a secura, os moradores procuram dotar de palmeiras verdejantes.

Ache-se o que se achar, apesar da sua insignificância, esta que foi a primeira povoação da Boa Vista foi também a sua capital. Até 1810, o ano em que a recém-fortificada Sal Rei assumiu o protagonismo.

Regressamos ao jipe. Saímos para lá orientados. Detemo-nos a admirar as dunas do pequeno Deserto de Viana, que se diz medir 1km de largura por 5km de comprimento.

Na prática, este mini-deserto é um reduto em que se concentram as areias sopradas do Sara pelos alísios, em forma de sucessivas dunas.

À boa maneira do Sara, acolhe as suas próprias tamareiras e algumas das incontáveis acácias que tingem de verde a Boa Vista. Já a comunidade de coqueiros, essa, dificilmente a veríamos no grande deserto original.

Palmeira, Ilha da Boa Vista, Cabo Verde, Sal, a Evocar o Sara

Sombra de uma das palmeiras que dotam as dunas junto à chaminé de Chaves.

Em vez de nos determos em Sal Rei, continuamos até à praia da Atalanta.

Com uns desafogados 10km de extensão, virada a norte, exposta a todos os ventos, os alísios e os menos constantes, batida por tempestades e vagas sem fim, na praia da Atalanta desvendamos o lado mais selvagem da Boa Vista. De tal maneira rude e selvagem que reclamou e exibe aos seus visitantes chegados por terra, uma das suas vítimas náuticas.

A Praia da Atlanta e o Destroço Fantasmagórico do cargueiro “Cabo de Santa Maria”

Estacionamos o Jimmy. Caminhamos praia fora.

Decorrida quase uma hora, vislumbramos o objectivo da caminhada, um destroço adornado, ferrugento e fantasmagórico de navio que as vagas nos pareciam atravessar.

A 1 de Setembro de 1968, o cargueiro espanhol “Cabo Santa Maria” encalhou, ali mesmo, tudo aparenta que para sempre.

À imagem da chaminé de Chaves, tornou-se um símbolo de Boa Vista.

Mesmo se a sua derradeira viagem náutica e o naufrágio permanecem envoltas em controvérsia.

Cargueiro Cabo Santa Maria, Ilha da Boa Vista, Cabo Verde, Sal, a Evocar o Sara

As vagas do Atlântico embatem no cargueiro “Cabo Santa Maria” e prosseguem para o areal da Praia de Atlanta.

A versão mais popular é a de que o “Cabo Santa Maria” viajava de Génova rumo ao porto de Santos – onde ficaria a maior parte da carga enviada por Espanha – e à Argentina.

Diz-se ainda que o cargueiro transportava quatro sinos destinados a uma catedral de Brasília.

A razão fulcral do naufrágio está por apurar. Sabe-se que, pouco depois de deixar Tenerife, a tripulação se confrontou com uma tempestade tropical e com ventos alísios ciclónicos.

Não foi considerada razão suficiente para um cargueiro tão grande e bem equipado acabar encalhado. Ao longo do tempo, muitas outras suspeitas de incompetência e de desleixo têm sido levantadas.

O que se sabe ao certo, é que, na manhã de Domingo, dia 1 de Setembro de 1968, os habitantes da Boa Vista se depararam com o navio encalhado e geraram uma corrente contínua de desembarque da carga. Durante quase um ano, o “Cabo Santa Maria” deu trabalho a muitos moradores.

Mesmo considerando que a carga mais volumosa e valiosa foi guardada, conta-se que, à laia de Pão por Deus náutico, quase todas as azeitonas, azeite, melões, vinho Jerez, farinhas e muitos outros alimentos terminaram à mesa dos boavisteiros.

Chã das Caldeiras, Ilha do Fogo Cabo Verde

Um Clã "Francês" à Mercê do Fogo

Em 1870, um conde nascido em Grenoble a caminho de um exílio brasileiro, fez escala em Cabo Verde onde as beldades nativas o prenderam à ilha do Fogo. Dois dos seus filhos instalaram-se em plena cratera do vulcão e lá continuaram a criar descendência. Nem a destruição causada pelas recentes erupções demove os prolíficos Montrond do “condado” que fundaram na Chã das Caldeiras.    
Cidade Velha, Cabo Verde

Cidade Velha: a anciã das Cidades Tropico-Coloniais

Foi a primeira povoação fundada por europeus abaixo do Trópico de Câncer. Em tempos determinante para expansão portuguesa para África e para a América do Sul e para o tráfico negreiro que a acompanhou, a Cidade Velha tornou-se uma herança pungente mas incontornável da génese cabo-verdiana.

Ilha do Sal, Cabo Verde

O Sal da Ilha do Sal

Na iminência do século XIX, Sal mantinha-se carente de água potável e praticamente inabitada. Até que a extracção e exportação do sal lá abundante incentivou uma progressiva povoação. Hoje, o sal e as salinas dão outro sabor à ilha mais visitada de Cabo Verde.
Deserto Branco, Egipto

O Atalho Egípcio para Marte

Numa altura em que a conquista do vizinho do sistema solar se tornou uma obsessão, uma secção do leste do Deserto do Sahara abriga um vasto cenário afim. Em vez dos 150 a 300 dias que se calculam necessários para atingir Marte, descolamos do Cairo e, em pouco mais de três horas, damos os primeiros passos no Oásis de Bahariya. Em redor, quase tudo nos faz sentir sobre o ansiado Planeta Vermelho.
São Nicolau, Cabo Verde

Fotografia dess Nha Terra São Nicolau

A voz da saudosa Cesária Verde cristalizou o sentimento dos cabo-verdianos que se viram forçados a deixar a sua ilha. Quem visita São Nicolau ou, vá lá que seja, admira imagens que a bem ilustrem, percebe porque os seus lhe chamam, para sempre e com orgulho, nha terra.
Santa Maria, Sal, Cabo Verde

Santa Maria e a Bênção Atlântica do Sal

Santa Maria foi fundada ainda na primeira metade do século XIX, como entreposto de exportação de sal. Hoje, muito graças à providência de Santa Maria, o Sal ilha vale muito que a matéria-prima.
Santo Antão, Cabo Verde

Pela Estrada da Corda Toda

Santo Antão é a mais ocidental das ilhas de Cabo Verde. Lá se situa um limiar Atlântico e rugoso de África, um domínio insular majestoso que começamos por desvendar de uma ponta à outra da sua deslumbrante Estrada da Corda.
Ilha do Fogo, Cabo Verde

À Volta do Fogo

Ditaram o tempo e as leis da geomorfologia que a ilha-vulcão do Fogo se arredondasse como nenhuma outra em Cabo Verde. À descoberta deste arquipélago exuberante da Macaronésia, circundamo-la contra os ponteiros do relógio. Deslumbramo-nos no mesmo sentido.
São Nicolau, Cabo Verde

São Nicolau: Romaria à Terra di Sodade

Partidas forçadas como as que inspiraram a famosa morna “Sodade” deixaram bem vincada a dor de ter que deixar as ilhas de Cabo Verde. À descoberta de Saninclau, entre o encanto e o deslumbre, perseguimos a génese da canção e da melancolia.
Chã das Caldeiras a Mosteiros, Ilha do Fogo, Cabo Verde

Chã das Caldeiras a Mosteiros: descida pelos Confins do Fogo

Com o cimo de Cabo Verde conquistado, dormimos e recuperamos em Chã das Caldeiras, em comunhão com algumas das vidas à mercê do vulcão. Na manhã seguinte, iniciamos o regresso à capital São Filipe, 11 km de caminho para Mosteiros abaixo.
Brava, Cabo Verde

A Ilha Brava de Cabo Verde

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Santiago, Cabo Verde

Santiago de Baixo a Cima

Aterrados na capital cabo-verdiana de Praia, exploramos a sua pioneira antecessora. Da Cidade Velha, percorremos a crista montanhosa e deslumbrante de Santiago, até ao topo desafogado de Tarrafal.
Santo Antão, Cabo Verde

Porto Novo a Ribeira Grande pelo Caminho do Mar

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Ponta do Sol a Fontainhas, Santo Antão, Cabo Verde

Uma Viagem Vertiginosa a Partir da Ponta do Sol

Atingimos o limiar norte de Santo Antão e de Cabo Verde. Em nova tarde de luz radiosa, acompanhamos a azáfama atlântica dos pescadores e o dia-a-dia menos litoral da vila. Com o ocaso iminente, inauguramos uma demanda sombria e intimidante do povoado das Fontainhas.
Mindelo, São Vicente, Cabo Verde

O Milagre de São Vicente

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Nova Sintra, Brava, Cabo Verde

Uma Sintra Crioula, em Vez de Saloia

Quando os colonos portugueses descobriram a ilha de Brava, repararam no seu clima, muito mais húmido que a maior parte de Cabo Verde. Determinados em manterem ligações com a distante metrópole, chamaram a principal povoação de Nova Sintra.
Tarrafal, Santiago, Cabo Verde

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A vila de Tarrafal delimita um recanto privilegiado da ilha de Santiago, com as suas poucas praias de areia branca. Quem por lá se encanta tem ainda mais dificuldade em entender a atrocidade colonial do vizinho campo prisional.
Ribeira Grande, Santo AntãoCabo Verde

Santo Antão, Ribeira Grande Acima

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Campeche, México

Campeche Sobre Can Pech

Como aconteceu por todo o México, os conquistadores chegaram, viram e venceram. Can Pech, a povoação maia, contava com quase 40 mil habitantes, palácios, pirâmides e uma arquitetura urbana exuberante, mas, em 1540, subsistiam menos de 6 mil nativos. Sobre as ruínas, os espanhóis ergueram Campeche, uma das mais imponentes cidades coloniais das Américas.
aggie grey, Samoa, pacífico do Sul, Marlon Brando Fale
Personagens
Apia, Samoa Ocidental

A Anfitriã do Pacífico do Sul

Vendeu burgers aos GI’s na 2ª Guerra Mundial e abriu um hotel que recebeu Marlon Brando e Gary Cooper. Aggie Grey faleceu em 1988 mas o seu legado de acolhimento perdura no Pacífico do Sul.
Santa Marta, Tayrona, Simón Bolivar, Ecohabs do Parque Nacional Tayrona
Praias
Santa Marta e PN Tayrona, Colômbia

O Paraíso de que Partiu Simón Bolívar

Às portas do PN Tayrona, Santa Marta é a cidade hispânica habitada em contínuo mais antiga da Colômbia.  Nela, Simón Bolívar, começou a tornar-se a única figura do continente quase tão reverenciada como Jesus Cristo e a Virgem Maria.
Ilha de Miyajima, Xintoismo e Budismo, Japão, Portal para uma ilha sagrada
Religião
Miyajima, Japão

Xintoísmo e Budismo ao Sabor das Marés

Quem visita o tori de Itsukushima admira um dos três cenários mais reverenciados do Japão. Na ilha de Miyajima, a religiosidade nipónica confunde-se com a Natureza e renova-se com o fluir do Mar interior de Seto.
Comboio Kuranda train, Cairns, Queensland, Australia
Sobre Carris
Cairns-Kuranda, Austrália

Comboio para o Meio da Selva

Construído a partir de Cairns para salvar da fome mineiros isolados na floresta tropical por inundações, com o tempo, o Kuranda Railway tornou-se no ganha-pão de centenas de aussies alternativos.
Fiéis cristãos à saida de uma igreja, Upolu, Samoa Ocidental
Sociedade
Upolu, Samoa  

No Coração Partido da Polinésia

O imaginário do Pacífico do Sul paradisíaco é inquestionável em Samoa mas a sua formosura tropical não paga as contas nem da nação nem dos habitantes. Quem visita este arquipélago encontra um povo dividido entre sujeitar-se à tradição e ao marasmo financeiro ou desenraizar-se em países com horizontes mais vastos.
Amaragem, Vida à Moda Alasca, Talkeetna
Vida Quotidiana
Talkeetna, Alasca

A Vida à Moda do Alasca de Talkeetna

Em tempos um mero entreposto mineiro, Talkeetna rejuvenesceu, em 1950, para servir os alpinistas do Monte McKinley. A povoação é, de longe, a mais alternativa e cativante entre Anchorage e Fairbanks.
Pisteiro San em acção na Torra Conservancy, Namibia
Vida Selvagem
Palmwag, Namíbia

Em Busca de Rinocerontes

Partimos do âmago do oásis gerado pelo rio Uniab, habitat do maior número de rinocerontes negros do sudoeste africano. Nos passos de um pisteiro bosquímano, seguimos um espécime furtivo, deslumbrados por um cenário com o seu quê de marciano.
Napali Coast e Waimea Canyon, Kauai, Rugas do Havai
Voos Panorâmicos
NaPali Coast, Havai

As Rugas Deslumbrantes do Havai

Kauai é a ilha mais verde e chuvosa do arquipélago havaiano. Também é a mais antiga. Enquanto exploramos a sua Napalo Coast por terra, mar e ar, espantamo-nos ao vermos como a passagem dos milénios só a favoreceu.