Lanzarote, Ilhas Canárias

A César Manrique o que é de César Manrique


Fotografia macro acrobática
Dois visitantes tentam fotografar os caranguejinhos endémicos dos Jameos del Água.
Selfie da praxe
Visitantes da Fundación César Manrique com o vulcão Tahíche em fundo.
El Jameo
Obra símbolo dos Jameos del Água, inspirada nos pequenos caranguejos endémicos destas grutas.
Caminho insólito
Panorâmica da Fundación César Manrique, no limiar da lava libertada pelo vulcão Tahíche.
Magma Decor
Sala subterrânea da Fundación César Manrique.
Deslumbre a dois
Visitantes exploram um dos trilhos do Jardin del Cactus.
Vulcano-Piscina
A Piscina tropical dos Jameos del Água.
Túnel de luz
Jogo de luz mágico no interior dos Jameos del Água.
Uma Fundação Centenária
Edifício da Fundación César Manrique, com o vulcão Tahíche fundo.
Vapores de magma
Funcionário do PN Timanfaya leva a cabo uma experiência vulcânica em frente ao restaurante El Diablo, com arquitectura de César Manrique.
Ascensão em loop
Visitantes sobem a escadaria de acesso ao restaurante do Museo del Campesino.
Passeios em duo
Panorâmica do Museo del Campesino, no âmago da ilha de Lanzarote.
Floresta de cactus
Uma das secções mais exuberantes do Jardin del Cactus, uma das obras de César Manrique.
Jardin-casa-Saramago-e-pilar-Lanzarote-Canarias-Espanha
Mãe e filha visitantes da casa de Saramago e Pilar em Lanzarote, percorrem o jardim.
Sobre o abismo
Fotografia no limiar norte de Lanzarote, com a silhueta da ilha Graciosa em fundo. Um lugar da ilha adorado por Manrique e onde ergueu o seu Mirador del Rio.
Multidão nas profundezas
Grupo de visitantes no interior da Cueva de los Verdes, iluminado por Jesús Soto, um amigo de Manrique.
Cores ao vento
Um engenho de vento da autoria de César Manrique, à entrada da sua fundação.
Parede Rica
Recanto criativo da Fundação César Manrique, adornado com elementos visuais da ilha.
Só por si, Lanzarote seria sempre uma Canária à parte mas é quase impossível explorá-la sem descobrir o génio irrequieto e activista de um dos seus filhos pródigos. César Manrique faleceu há quase trinta anos. A obra prolífica que legou resplandece sobre a lava da ilha vulcânica que o viu nascer.

Não há como falhar, é tão simples como isso.

Quem, como nós, procura os lugares imperdíveis de Lanzarote, acaba por os listar a todos num itinerário de descoberta da ilha: o Jardin de Cactus, em Guatiza, os Jameos del Água, o Mirador del Rio sobre a ilha de La Graciosa, a Casa-Museo del Campesino e o Monumento Al Campesino, o Restaurante El Diablo das Montanhas del Fuego, o Museu LagOmar.

Sem esquecer a Casa-Museo e a Fundação César Manrique. Todos estes, entre outros menos populares. Nem por isso a ignorar.

Jardin del Cactus, Lanzarote, Canárias, Espanha

Visitantes exploram um dos trilhos do Jardin del Cactus.

Nos dias que passamos em Lanzarote visitamos, claro está, aquele que foi o refúgio de José Saramago da hipocrisia e intolerância beata de demasiados dignitários e instituições portuguesas para com a sua pessoa e a sua obra.

Dois Autores Geniais para Sempre na História de Lanzarote

A presença de Saramago em Lanzarote de 1992 a 2010 (ano da sua morte) centrou a atenção dos media na vida exilada do escritor, sobretudo no período que se seguiu à atribuição do Prémio Nobel da Literatura, em 1998.

Hoje, o legado de Saramago está eternizado à escala universal em cada página dos livros que escreveu.

Após a sua morte, em termos tangíveis, imobiliários, vá lá que seja, Lanzarote, preservou pouco mais a casa de Saramago e Pilar, com a biblioteca de ambos, o escritório do escritor e restantes espaços comuns, incluindo uma varanda que dá para um jardim verdejante, com vista sobre o Atlântico.

Este património não chega a concorrer com o deixado por César Manrique, de tal forma abundante e diversificado que, a determinada altura, nos dá a sensação de se confundir com a ilha.

Visitantes no jardim da casa de Saramago e Pilar em Lanzarote, Canárias

Mãe e filha visitantes da casa de Saramago e Pilar em Lanzarote, percorrem o jardim.

Nos dias supostamente primaveris que passamos em Lanzarote, os dias amanhecem nublados e frescos. Só já bem para o fim da manhã consegue o sol afastar o manto de nuvens denso que se forma durante a noite para logo fazer resplandecer os cenários.

As Formas e as Cores Lanzarotenhas

Sob as nuvens, Lanzarote parece-nos uma ilha a preto e branco com laivos de verde. Mal o grande astro irrompe por entre a nebulosidade, esse tricolorido ganha uma dimensão e complexidade de tons e formas antes difíceis de prever. Muitas das formas humanizadas de Lanzarote – de entre as excêntricas, pelo menos – são os contornos, jeitos e trejeitos da mente insatisfeita de César Manrique.

Os primeiros de que damos conta, encontramo-los nas imediações de San Bartolomé, no coração da ilha. Seguimos a estrada Tinajo quando vislumbramos uma espécie de totem modernista bem destacado acima do asfalto e dos campos em redor.

A escultura “Fecundidad”, de 1968, serve-nos de farol. Guia-nos até ao Museo del Campesino circundante.

Gerações após gerações, os nativos de Lanzarote viram-se servos de uma vida rural extenuante, local ou emigrada, em Lanzarote ainda mais ingrata devido à dificuldade em cultivar e obter produção de um solo vulcânico áspero.

Com o monumento e o museu, Manrique granjeou aos descendentes uma obra que dignifica e celebra a era dos seus pais, avós e bisavós.

Lá encontramos um conglomerado de pequenos edifícios alvos com janelos e varandins verdes que contrastam com a negrura vulcânica em redor.

Museo del Campesino, Lanzarote,

Panorâmica do Museo del Campesino, no âmago da ilha de Lanzarote.

César Manrique dotou-os de algumas das expressões incontornáveis da cultura campesina de Lanzarote: os vinhedos sobre a lava, protegidos por muros de pedra basáltica, à imagem dos da ilha do Pico. Instalações com os instrumentos mais usados na lavra da terra e na pecuária. Pequenas oficinas de tecelagem e cerâmica, exemplos pitorescos da arte que as gentes de Lanzarote aperfeiçoaram com os séculos e lojas que vendem exemplares em forma de recuerdos.

Madrid, Nova Iorque. De Lanzarote a… Lanzarote.

Manrique viveu o que pôde em Lanzarote. Na sua adolescência, mudou-se para Tenerife. Lá estudou arquitectura sem ter completado a licenciatura. Entre 1936 e 1939, alistou-se como voluntário numa unidade de artilharia do exército que servia Franco. Em 1945, mudou-se para Madrid.

Na capital espanhola, recebeu uma bolsa para frequentar a Escola de Belas-Artes de San Fernando. Nesta escola, formou-se como professor de arte e de pintura. Manrique viveu e expôs as suas obras de arte não-figurativa em Madrid durante os 19 anos que se seguiram.

Nesse tempo, foi associado ao movimento “informalista” que então ganhava relevo em Espanha, visto como um empenhado abstracionista, obcecado pelas propriedades e especificidades da matéria.

Em particular, com as da diversificada matéria vulcânica de que era e é feita Lanzarote. Em 1964, Manrique mudou-se para Nova Iorque. De chegada à Big Apple, voltou a ver o mundo com outros olhos.

Sala da Fundación César Manrique, Lanzarote, Canárias, Espanha

Sala subterrânea da Fundación César Manrique.

O Autor e Artista Multifacetado

Em contacto permanente com o Expressionismo abstracto norte-americano, com a pop e a kinetic art que despontavam, Manrique enriqueceu o seu próprio estilo, aventurou-se de corpo e alma em diversas disciplinas.

De tal maneira que, nos dias que correm, ninguém se atreve a catalogá-lo como escultor, pintor ou arquitecto. Nem sequer como pertencendo mais a uma destas modalidades da arte.

Em Nova Iorque, viu ser-lhe atribuída uma bolsa Rockefeller que lhe permitiu alugar um estúdio e viver na cidade. Conheceu e lidou com outros artistas e personalidades de renome, entre os quais Andy Warhol.

O seu crescente estatuto e o das obras que criou já na cidade granjeou-lhe três exibições a solo na conceituada galeria Catherine Viviano. E um crescente desafogo financeiro.

A Beleza Crua e Insuperável de Lanzarote

Na sua mente, Nova Iorque era, no entanto, Nova Iorque. Por mais fascínio cosmopolita e artístico que a megalópole norte-americana lhe despertasse, nenhum lugar chegava aos calcanhares da sua Lanzarote.

Manrique chegou a proferir “Para mim, (Lanzarote) era o lugar mais bonito na Terra e eu percebi que se as pessoas o pudessem ver pelos meus olhos, pensariam a mesma coisa.” Mais que uma declaração, estas suas palavras não tardaram a soar a missão. A aventura novaiorquina durou dois anos.

Em 1966, Manrique regressou e entregou-se de alma e coração à sua ilha. Por esta altura, o turismo começava a tomar conta das povoações mais sedutoras de Espanha e, em particular, das Canárias.

Com os seus cenários resultantes de um vulcanismo excêntrico, Lanzarote, tinha o destino traçado por um exército de investidores construtores civis que proliferavam sem controle na Espanha de Franco: ser inundado de hotéis e resorts de cimento que acolheriam milhares de forasteiros e incentivariam novas construções afins.

De uma forma precoce, Manrique lutou pela sua consciência ecológica da paisagem, pela preservação da sua ilha e das Canárias. Malgrado o inexorável crescimento local do turismo, pelo menos em Lanzarote, vários dos seus pedidos às autoridades e à população continuam a ser atendidos.

São raros os outdoors publicitários e as vedações a infestar a beira das estradas, os prédios altos provam-se inexistentes e os moradores cativados pela filosofia de Manrique acrescentam tons pastel harmoniosos às paredes tradicionalmente brancas das casas.

Em vez dos outdoors publicitários, muitas rotundas foram embelezadas com intrigantes engenhos movidos a vento.

Engenho de vento, Fundação César Manrique, Lanzarote, Canárias, Espanha

Um engenho de vento da autoria de César Manrique, à entrada da sua fundação.

Fundação César Manrique: o projecto gradual e fulcral que Manrique nunca viu terminado

É um destes moinhos esdrúxulos mas hipnotizantes que nos recebe e fixa o olhar quando chegamos à entrada da Fundação César Manrique, uma verdadeira base experimental e galeria de arte expandida a partir da casa que habitava em Tahíche.

Isto, ainda antes de se ter mudado para a sua amada Haría, um vilarejo repleto de palmeiras, verdejante a condizer, situado no norte da ilha.

Na Fundação de Manrique, desvendamos, semi-incrédulos, aquilo em que se transformou o lar desafogado em que se instalou após o seu regresso de Nova Iorque, um lote com 30002 disposto em boa parte, sobre a lava de uma erupção do século XVIII do vulcão de Tahíche.

Visitantes numa secção da Fundação César Manrique, Lanzarote, Canárias, Espanha

Visitantes da Fundación César Manrique com o vulcão Tahíche em fundo.

À medida que progredimos pelo espaço branco-cinza lava, salpicado de cardones espinhosos e um sortido improvável obras de arte: os estúdios dos artistas a ocuparem os antigos quartos do andar superior.

A cave disposta a agrupar cinco câmaras de lava amplas legadas pela solidificação do magma, cada qual decorada no seu próprio estilo inusitado, uma delas a dar para um jardim que faz fronteira com a própria maré de lava, embelezado de uma piscina, uma área de churrascos e até uma pista de dança.

Obras de Manrique mas Não Só

De volta ao âmbito que lá nos levou, a Fundação acolhe ainda uma galeria que expõe várias das obras da autoria de Manrique outras por ele obtidas ao longo da sua vida, entre as quais, esboços originais de Pablo Picasso e de Joan Miró.

A partir de 1982, a Fundação foi expandida por Manrique e um grupo de amigos. Só viria a ser aberta ao público dez anos mais tarde, após o acidente de viação ocorrido nas imediações da fundação que lhe abreviaria a vida.

A fundação César Manrique revelou-se um projecto gradual. Até porque Manrique e os seus a desenvolveram em simultâneo com intervenções paralelas que moldaram para sempre a ilha de Lanzarote e contribuíram para que conquistasse a classificação protectora de Reserva da Biosfera, a segunda a ser atribuída pela UNESCO às Canárias em 1993, dez anos após a classificação de La Palma.

Recanto da Fundação César Manrique, Lanzarote, Canárias, Espanha

Recanto criativo da Fundação César Manrique, adornado com elementos visuais da ilha.

Um Périplo Fascinante por Outras das Intervenções de Manrique

Como o próprio Manrique definiu “Eu tento ser a mão livre que molda a geologia.” E, de facto, a sua mente e mãos moldaram para sempre Lanzarote e outras ilhas das Canárias.

Depois da curta passagem pelo restaurante “El Diablo” do PN Timanfaya e das aventuras sensoriais do Museu del Campesino e da Fundação, progredimos para norte.

Experiência térmica em frente ao restaurante El Diablo, PN Timafaya, Lanzarote, Canárias, Espanha

Funcionário do PN Timanfaya leva a cabo uma experiência vulcânica em frente ao restaurante El Diablo, com arquitectura de César Manrique.

Damos entrada nos Jameos de Água e na Cueva de los Verdes, ambos situados num túnel vasto produzido por erupções do vulcão Corona, em pleno Monumento Natural del Malpaís de la Corona.

O primeiro, surge à beira do oceano Atlântico, o último, mais para o interior, dotado de uma sala de concertos que, com meras cadeiras e um palco aproveita a magnificência e a acústica especial da câmara.

Lá nos deslumbramos com a decoração, o paisagismo e os jogos de luz emprestados por Manrique e pelo seu aliado Jesús Soto.

Ao entrarmos nas profundezas dos Jameos, a elegância colorida e luxuriante da câmara adaptada a sala de refeições insinua-se como um prenúncio do insólito subterrâneo que se segue.

Descemos a escadaria para a beira de um lago azulado. Alguns visitantes chegados antes de nós acocoram-se minutos a fio.

Visitantes nos Jameos del Água, Lanzarote, Canárias, Espanha

Visitantes tentam fotografar os caranguejinhos endémicos dos Jameos del Água.

Demoramos mas percebemos que se esforçam para fotografar os caranguejinhos albinos e cegos (munidopsis polyorpha) endémicos da gruta, num fundo pintado de vermelho pela luz artificial ali dissimulada e que contrasta com o azul petróleo da lagoa.

Cruzamos para o lado de lá. Da margem oposta, como por magia, vemos a escadaria vermelha espelhar-se e duplicar-se na água. De volta à superfície, ficamos de boca a aberta a contemplar a espécie de praia tropical-vulcânica e afundada com que Manrique continua a prendar os visitantes.

Jameos del Água, Lanzarote, Canárias, Espanha

Jogo de luz mágico no interior dos Jameos del Água.

Dos Jameos del Água ao Mirador del Rio

Mais alguns quilómetros para norte, passamos pela sua casa de Haría, situada em pleno palmeiral e onde estão preservados mobília e pertences bem como o novo estúdio em que trabalhou até à morte.

Chegados ao limiar norte e abismal de Lanzarote, sob uns alísios furibundos, deixamo-nos deslumbrar pela miragem real da pequena ilha vizinha de La Graciosa e do arquipélago Chinijo. Esta sempre foi uma das vistas que mais admiração gerou em Manrique.

Sem espanto, Manrique lá ergueu o Mirador del Rio, um edifício que se confunde com a Natureza fronteiriça e, através das formas e da luz, a torna mais rica e acolhedora.

César Manrique também proferiu alto e em bom tom que “Lanzarote era como uma obra de arte sem moldura e por montar e que a pendurava e segurava para que todos pudessem admirar”.

Casal no limiar norte de Lanzarote, Canárias, Espanha

Fotografia no limiar norte de Lanzarote, com a silhueta da ilha Graciosa em fundo. Um lugar da ilha adorado por Manrique e onde ergueu o seu Mirador del Rio.

Poderíamos ter passado outra semana a explorar e louvar o império artístico-naturalista que legou à sua ilha.

PN Timanfaya, Lanzarote, Canárias

PN Timanfaya e as Montanhas de Fogo de Lanzarote

Entre 1730 e 1736, do nada, dezenas de vulcões de Lanzarote entraram em sucessivas erupções. A quantidade massiva de lava que libertaram soterrou várias povoações e forçou quase metade dos habitantes a emigrar. O legado deste cataclismo é o cenário marciano actual do exuberante PN Timanfaya.
La Graciosa, Ilhas Canárias

A Mais Graciosa das Ilhas Canárias

Até 2018, a menor das Canárias habitadas não contava para o arquipélago. Desembarcados em La Graciosa, desvendamos o encanto insular da agora oitava ilha.
El Hierro, Canárias

A Orla Vulcânica das Canárias e do Velho Mundo

Até Colombo ter chegado às Américas, El Hierro era vista como o limiar do mundo conhecido e, durante algum tempo, o Meridiano que o delimitava. Meio milénio depois, a derradeira ilha ocidental das Canárias fervilha de um vulcanismo exuberante.
Tenerife, Canárias

O Vulcão que Assombra o Atlântico

Com 3718m, El Teide é o tecto das Canárias e de Espanha. Não só. Se medido a partir do fundo do oceano (7500 m), só duas montanhas são mais pronunciadas. Os nativos guanches consideravam-no a morada de Guayota, o seu diabo. Quem viaja a Tenerife, sabe que o velho Teide está em todo o lado.
La Palma, Canárias

A Isla Bonita das Canárias

Em 1986, Madonna Louise Ciccone lançou um êxito que popularizou a atracção exercida por uma isla imaginária. Ambergris Caye, no Belize, colheu proveitos. Do lado de cá do Atlântico, há muito que os palmeros assim veem a sua real e deslumbrante Canária.
Tenerife, Canárias

Pelo Leste da Ilha da Montanha Branca

A quase triangular Tenerife tem o centro dominado pelo majestoso vulcão Teide. Na sua extremidade oriental, há um outro domínio rugoso, mesmo assim, lugar da capital da ilha e de outras povoações incontornáveis, de bosques misteriosos e de incríveis litorais abruptos.
Santa Cruz de La Palma, Canárias

A Viagem na História de Santa Cruz de La Palma

Começou como mera Villa del Apurón. Chegado o séc. XVI, a povoação não só tinha ultrapassado as suas dificuldades como era já a terceira cidade portuária da Europa. Herdeira dessa abençoada prosperidade, Santa Cruz de La Palma tornou-se uma das capitais mais elegantes das Canárias.
Fuerteventura, Canárias

Fuerteventura - Ilha Canária e Jangada do Tempo

Uma curta travessia de ferry e desembarcamos em Corralejo, no cimo nordeste de Fuerteventura. Com Marrocos e África a meros 100km, perdemo-nos no deslumbre de cenários desérticos, vulcânicos e pós-coloniais sem igual.
Gran Canária, Canárias

Gran (diosas) Canária (s)

É apenas a terceira maior ilha do arquipélago. Impressionou tanto os navegadores e colonos europeus que estes se habituaram a tratá-la como a suprema.
Brasília, Brasil

Brasília: da Utopia à Capital e Arena Política do Brasil

Desde os tempos do Marquês de Pombal que se falava da transferência da capital para o interior. Hoje, a cidade quimera continua a parecer surreal mas dita as regras do desenvolvimento brasileiro.
Napier, Nova Zelândia

De volta aos Anos 30 - Calhambeque Tour

Numa cidade reerguida em Art Deco e com atmosfera dos "anos loucos" e seguintes, o meio de locomoção adequado são os elegantes automóveis clássicos dessa era. Em Napier, estão por toda a parte.
Helsínquia, Finlândia

O Design que Veio do Frio

Com boa parte do território acima do Círculo Polar Árctico, os finlandeses respondem ao clima com soluções eficientes e uma obsessão pela arte, pela estética e pelo modernismo inspirada na vizinha Escandinávia.

Valência a Xàtiva, Espanha

Do outro Lado da Ibéria

Deixada de lado a modernidade de Valência, exploramos os cenários naturais e históricos que a "comunidad" partilha com o Mediterrâneo. Quanto mais viajamos mais nos seduz a sua vida garrida.

Matarraña a Alcanar, Espanha

Uma Espanha Medieval

De viagem por terras de Aragão e Valência, damos com torres e ameias destacadas de casarios que preenchem as encostas. Km após km, estas visões vão-se provando tão anacrónicas como fascinantes.

La Palma, CanáriasEspanha

O Mais Mediático dos Cataclismos por Acontecer

A BBC divulgou que o colapso de uma vertente vulcânica da ilha de La Palma podia gerar um mega-tsunami. Sempre que a actividade vulcânica da zona aumenta, os media aproveitam para apavorar o Mundo.
Fuerteventura, Ilhas Canárias, Espanha

A (a) Ventura Atlântica de Fuerteventura

Os romanos conheciam as Canárias como as ilhas afortunadas. Fuerteventura, preserva vários dos atributos de então. As suas praias perfeitas para o windsurf e o kite-surf ou só para banhos justificam sucessivas “invasões” dos povos do norte ávidos de sol. No interior vulcânico e rugoso resiste o bastião das culturas indígenas e coloniais da ilha. Começamos a desvendá-la pelo seu longilíneo sul.
Vegueta, Gran Canária, Canárias

Às Voltas pelo Âmago das Canárias Reais

O velho e majestoso bairro Vegueta de Las Palmas destaca-se na longa e complexa hispanização das Canárias. Findo um longo período de expedições senhoriais, lá teve início a derradeira conquista da Gran Canária e das restantes ilhas do arquipélago, sob comando dos monarcas de Castela e Aragão.
Lanzarote, Canárias, Espanha

A Jangada de Basalto de José Saramago

Em 1993, frustrado pela desconsideração do governo português da sua obra “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, Saramago mudou-se com a esposa Pilar del Río para Lanzarote. De regresso a esta ilha canária algo extraterrestre, reencontramos o seu lar. E o refúgio da censura a que o escritor se viu votado.
Fiéis saúdam-se no registão de Bukhara.
Cidade
Bukhara, Uzbequistão

Entre Minaretes do Velho Turquestão

Situada sobre a antiga Rota da Seda, Bukhara desenvolveu-se desde há pelo menos, dois mil anos como um entreposto comercial, cultural e religioso incontornável da Ásia Central. Foi budista, passou a muçulmana. Integrou o grande império árabe e o de Gengis Khan, reinos turco-mongois e a União Soviética, até assentar no ainda jovem e peculiar Uzbequistão.
Skipper de uma das bangkas do Raymen Beach Resort durante uma pausa na navegação
Praia
Ilhas Guimaras  e  Ave Maria, Filipinas

Rumo à Ilha Ave Maria, Numas Filipinas Cheias de Graça

À descoberta do arquipélago de Visayas Ocidental, dedicamos um dia para viajar de Iloilo, ao longo do Noroeste de Guimaras. O périplo balnear por um dos incontáveis litorais imaculados das Filipinas, termina numa deslumbrante ilha Ave Maria.
Rinoceronte, PN Kaziranga, Assam, Índia
Safari
PN Kaziranga, Índia

O Baluarte dos Monocerontes Indianos

Situado no estado de Assam, a sul do grande rio Bramaputra, o PN Kaziranga ocupa uma vasta área de pântano aluvial. Lá se concentram dois terços dos rhinocerus unicornis do mundo, entre em redor de 100 tigres, 1200 elefantes e muitos outros animais. Pressionado pela proximidade humana e pela inevitável caça furtiva, este parque precioso só não se tem conseguido proteger das cheias hiperbólicas das monções e de algumas polémicas.
Thorong La, Circuito Annapurna, Nepal, foto para a posteridade
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 13º - High Camp a Thorong La a Muktinath, Nepal

No Auge do Circuito dos Annapurnas

Aos 5416m de altitude, o desfiladeiro de Thorong La é o grande desafio e o principal causador de ansiedade do itinerário. Depois de, em Outubro de 2014, ter vitimado 29 montanhistas, cruzá-lo em segurança gera um alívio digno de dupla celebração.
costa, fiorde, Seydisfjordur, Islandia
Arquitectura & Design
Seydisfjordur, Islândia

Da Arte da Pesca à Pesca da Arte

Quando armadores de Reiquejavique compraram a frota pesqueira de Seydisfjordur, a povoação teve que se adaptar. Hoje, captura discípulos da arte de Dieter Roth e outras almas boémias e criativas.
Barcos sobre o gelo, ilha de Hailuoto, Finlândia
Aventura
Hailuoto, Finlândia

Um Refúgio no Golfo de Bótnia

Durante o Inverno, a ilha de Hailuoto está ligada à restante Finlândia pela maior estrada de gelo do país. A maior parte dos seus 986 habitantes estima, acima de tudo, o distanciamento que a ilha lhes concede.
Moa numa praia de Rapa Nui/Ilha da Páscoa
Cerimónias e Festividades
Ilha da Páscoa, Chile

A Descolagem e a Queda do Culto do Homem-Pássaro

Até ao século XVI, os nativos da Ilha da Páscoa esculpiram e idolatraram enormes deuses de pedra. De um momento para o outro, começaram a derrubar os seus moais. Sucedeu-se a veneração de tangatu manu, um líder meio humano meio sagrado, decretado após uma competição dramática pela conquista de um ovo.
Catedral Luterana sobranceira e ao anoitecer Helsínquia, Finlândia
Cidades
Helsínquia, Finlândia

A Filha Suomi do Báltico

Várias cidades cresceram, emanciparam-se e prosperaram à beira deste mar interior do Norte. Helsínquia lá se destacou como a capital monumental da jovem nação finlandesa.
Moradora obesa de Tupola Tapaau, uma pequena ilha de Samoa Ocidental.
Comida
Tonga, Samoa Ocidental, Polinésia

Pacífico XXL

Durante séculos, os nativos das ilhas polinésias subsistiram da terra e do mar. Até que a intrusão das potências coloniais e a posterior introdução de peças de carne gordas, da fast-food e das bebidas açucaradas geraram uma praga de diabetes e de obesidade. Hoje, enquanto boa parte do PIB nacional de Tonga, de Samoa Ocidental e vizinhas é desperdiçado nesses “venenos ocidentais”, os pescadores mal conseguem vender o seu peixe.
Mulheres com cabelos longos de Huang Luo, Guangxi, China
Cultura
Longsheng, China

Huang Luo: a Aldeia Chinesa dos Cabelos mais Longos

Numa região multiétnica coberta de arrozais socalcados, as mulheres de Huang Luo renderam-se a uma mesma obsessão capilar. Deixam crescer os cabelos mais longos do mundo, anos a fio, até um comprimento médio de 170 a 200 cm. Por estranho que pareça, para os manterem belos e lustrosos, usam apenas água e arrôz.
Fogo artifício de 4 de Julho-Seward, Alasca, Estados Unidos
Desporto
Seward, Alasca

O 4 de Julho Mais Longo

A independência dos Estados Unidos é festejada, em Seward, Alasca, de forma modesta. Mesmo assim, o 4 de Julho e a sua celebração parecem não ter fim.
Casal Gótico
Em Viagem

Matarraña a Alcanar, Espanha

Uma Espanha Medieval

De viagem por terras de Aragão e Valência, damos com torres e ameias destacadas de casarios que preenchem as encostas. Km após km, estas visões vão-se provando tão anacrónicas como fascinantes.

Ooty, Tamil Nadu, cenário de Bollywood, Olhar de galã
Étnico
Ooty, Índia

No Cenário Quase Ideal de Bollywood

O conflito com o Paquistão e a ameaça do terrorismo tornaram as filmagens em Caxemira e Uttar Pradesh um drama. Em Ooty, constatamos como esta antiga estação colonial britânica assumia o protagonismo.
arco-íris no Grand Canyon, um exemplo de luz fotográfica prodigiosa
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Luz Natural (Parte 1)

E Fez-se Luz na Terra. Saiba usá-la.

O tema da luz na fotografia é inesgotável. Neste artigo, transmitimos-lhe algumas noções basilares sobre o seu comportamento, para começar, apenas e só face à geolocalização, a altura do dia e do ano.
Kiomizudera, Quioto, um Japão Milenar quase perdido
História
Quioto, Japão

Um Japão Milenar Quase Perdido

Quioto esteve na lista de alvos das bombas atómicas dos E.U.A. e foi mais que um capricho do destino que a preservou. Salva por um Secretário de Guerra norte-americano apaixonado pela sua riqueza histórico-cultural e sumptuosidade oriental, a cidade foi substituída à última da hora por Nagasaki no sacrifício atroz do segundo cataclismo nuclear.
Santo Antão, Cabo Verde, Porto Novo a Ribeira Grande, Morro do Tubarão
Ilhas
Santo Antão, Cabo Verde

Porto Novo a Ribeira Grande pelo Caminho do Mar

Desembarcados e instalados em Porto Novo de Santo Antão, depressa constatamos duas rotas para chegar à segunda maior povoação da ilha. Já rendidos ao sobe-e-desce monumental da Estrada da Corda, deslumbramo-nos com o dramatismo vulcânico e atlântico da alternativa costeira.
Quebra-Gelo Sampo, Kemi, Finlândia
Inverno Branco
Kemi, Finlândia

Não é Nenhum “Barco do Amor”. Quebra Gelo desde 1961

Construído para manter vias navegáveis sob o Inverno árctico mais extremo, o quebra-gelo Sampo” cumpriu a sua missão entre a Finlândia e a Suécia durante 30 anos. Em 1988, reformou-se e dedicou-se a viagens mais curtas que permitem aos passageiros flutuar num canal recém-aberto do Golfo de Bótnia, dentro de fatos que, mais que especiais, parecem espaciais.
Lago Manyara, parque nacional, Ernest Hemingway, girafas
Literatura
PN Lago Manyara, Tanzânia

África Favorita de Hemingway

Situado no limiar ocidental do vale do Rift, o parque nacional lago Manyara é um dos mais diminutos mas encantadores e ricos em vida selvagem da Tanzânia. Em 1933, entre caça e discussões literárias, Ernest Hemingway dedicou-lhe um mês da sua vida atribulada. Narrou esses dias aventureiros de safari em “As Verdes Colinas de África”.
Ilha de São Miguel, Acores Deslumbrantes por Natureza
Natureza
São Miguel, Açores

Ilha de São Miguel: Açores Deslumbrantes, Por Natureza

Uma biosfera imaculada que as entranhas da Terra moldam e amornam exibe-se, em São Miguel, em formato panorâmico. São Miguel é a maior das ilhas portuguesas. E é uma obra de arte da Natureza e do Homem no meio do Atlântico Norte plantada.
Estátua Mãe-Arménia, Erevan, Arménia
Outono
Erevan, Arménia

Uma Capital entre o Leste e o Ocidente

Herdeira da civilização soviética, alinhada com a grande Rússia, a Arménia deixa-se seduzir pelos modos mais democráticos e sofisticados da Europa Ocidental. Nos últimos tempos, os dois mundos têm colidido nas ruas da sua capital. Da disputa popular e política, Erevan ditará o novo rumo da nação.
Aurora ilumina o vale de Pisang, Nepal.
Parques Naturais
Circuito Annapurna: 3º- Upper Pisang, Nepal

Uma Inesperada Aurora Nevada

Aos primeiros laivos de luz, a visão do manto branco que cobrira a povoação durante a noite deslumbra-nos. Com uma das caminhadas mais duras do Circuito Annapurna pela frente, adiamos a partida tanto quanto possível. Contrariados, deixamos Upper Pisang rumo a Ngawal quando a derradeira neve se desvanecia.
Solovetsky, Ilhas, Arquipélago, Russia, Outono, UAZ, estrada de Outono
Património Mundial UNESCO
Bolshoi Solovetsky, Rússia

Uma Celebração do Outono Russo da Vida

Na iminência do oceano Ártico, a meio de Setembro, a folhagem boreal resplandece de dourado. Acolhidos por cicerones generosos, louvamos os novos tempos humanos da grande ilha de Solovetsky, famosa por ter recebido o primeiro dos campos prisionais soviéticos Gulag.
Era Susi rebocado por cão, Oulanka, Finlandia
Personagens
PN Oulanka, Finlândia

Um Lobo Pouco Solitário

Jukka “Era-Susi” Nordman criou uma das maiores matilhas de cães de trenó do mundo. Tornou-se numa das personagens mais emblemáticas da Finlândia mas continua fiel ao seu cognome: Wilderness Wolf.
Dunas da ilha de Bazaruto, Moçambique
Praias
Bazaruto, Moçambique

A Miragem Invertida de Moçambique

A apenas 30km da costa leste africana, um erg improvável mas imponente desponta do mar translúcido. Bazaruto abriga paisagens e gentes que há muito vivem à parte. Quem desembarca nesta ilha arenosa exuberante depressa se vê numa tempestade de espanto.
Rebanho em Manang, Circuito Annapurna, Nepal
Religião
Circuito Annapurna: 8º Manang, Nepal

Manang: a Derradeira Aclimatização em Civilização

Seis dias após a partida de Besisahar chegamos por fim a Manang (3519m). Situada no sopé das montanhas Annapurna III e Gangapurna, Manang é a civilização que mima e prepara os caminhantes para a travessia sempre temida do desfiladeiro de Thorong La (5416 m).
Executivos dormem assento metro, sono, dormir, metro, comboio, Toquio, Japao
Sobre Carris
Tóquio, Japão

Os Hipno-Passageiros de Tóquio

O Japão é servido por milhões de executivos massacrados com ritmos de trabalho infernais e escassas férias. Cada minuto de tréguas a caminho do emprego ou de casa lhes serve para o seu inemuri, dormitar em público.
Magome a Tsumago, Nakasendo, Caminho Japão medieval
Sociedade
Magome-Tsumago, Japão

Magome a Tsumago: o Caminho Sobrelotado Para o Japão Medieval

Em 1603, o xogum Tokugawa ditou a renovação de um sistema de estradas já milenar. Hoje, o trecho mais famoso da via que unia Edo a Quioto é percorrido por uma turba ansiosa por evasão.
Cruzamento movimentado de Tóquio, Japão
Vida Quotidiana
Tóquio, Japão

A Noite Sem Fim da Capital do Sol Nascente

Dizer que Tóquio não dorme é eufemismo. Numa das maiores e mais sofisticadas urbes à face da Terra, o crepúsculo marca apenas o renovar do quotidiano frenético. E são milhões as suas almas que, ou não encontram lugar ao sol, ou fazem mais sentido nos turnos “escuros” e obscuros que se seguem.
Jipe cruza Damaraland, Namíbia
Vida Selvagem
Damaraland, Namíbia

Namíbia On the Rocks

Centenas de quilómetros para norte de Swakopmund, muitos mais das dunas emblemáticas de Sossuvlei, Damaraland acolhe desertos entrecortados por colinas de rochas avermelhadas, a maior montanha e a arte rupestre decana da jovem nação. Os colonos sul-africanos baptizaram esta região em função dos Damara, uma das etnias da Namíbia. Só estes e outros habitantes comprovam que fica na Terra.
Bungee jumping, Queenstown, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Queenstown, Nova Zelândia

Queenstown, a Rainha dos Desportos Radicais

No séc. XVIII, o governo kiwi proclamou uma vila mineira da ilha do Sul "fit for a Queen". Hoje, os cenários e as actividades radicais reforçam o estatuto majestoso da sempre desafiante Queenstown.