Kazbegi, Geórgia

Deus nas Alturas do Cáucaso


Vista do cimo
Tamara Giorgadze fotografa o casario de Kazbegi e de Gergeti na garganta ampla de Dariali, de ambos os lados do rio Terek.
Amizade vencida
Dois homens apreciam a paisagem de uma das varandas do monumento de amizade entre a Geórgia e a Rússia, cada vez menos justificado pela História.
Uma Face de Kazbegi
Moradora de Kazbegi a apanhar ar.
Foto com névoa
Visitante fotografa a igreja do Monte Kazbegi.
Águas sombrias
As águas frias e escuras do reservatório Zhinvali.
kazbegi-georgia-caucaso
O casario de Kazbegi, abaixo do monte do Cáucaso com o mesmo nome.
Engarrafamento
Engarrafamento de camiões junto à fronteira com a Rússia.
Estrada Escorregadia
Carro sobre a estrada para Kazbegi, muito devagar devido ao gelo.
Caminho para o panorama
Visitantes detêm-se no cimo de uma colina a algumas centenas de metros da igreja de Santa Trindade para a admirarem contra as encostas nevadas acima de Kazbegi e Gergeti.
Santas alturas
A igreja Ortodoxa da Santa Trindade de Gergeti bem acima desta povoação e de Kazbegi mas muito abaixo do cume do monte Kazbegi.
O Mosteiro do Frio
A torre dos sinos da igreja de Santa Trindade, tão granítica e espartana quanto o edifício principal.
Cristianismo de granito
O edifício principal da Igreja de Santa Trindade lado a lado com a sua torre de sinos nas alturas enregeladas do Cáucaso.
O grande Cáucaso
Neve e névoa tornam difuso o cume do monte Kazbegi, o terceiro mais elevado da Geórgia e o sétimo da cordilheira do Cáucaso.
Uma fortaleza dourada
O castelo medieval de Ananuri, assento fortificado da dinastia Araqvi que dominou a região do século XIII ao XVIII.
Montes de Kazbegi
Panorama das encostas íngremes em redor do Monte Kazbegi.
No século XIV, religiosos ortodoxos inspiraram-se numa ermida que um monge havia erguido a 4000 m de altitude e empoleiraram uma igreja entre o cume do Monte Kazbek (5047m) e a povoação no sopé. Cada vez mais visitantes acorrem a estas paragens místicas na iminência da Rússia. Como eles, para lá chegarmos, submetemo-nos aos caprichos da temerária Estrada Militar da Geórgia.

É Domingo de manhã cedo. Tbilissi está deserta.

Viajamos nos bancos de trás de um Lada Niva que flui pelas suas avenidas largas, interrompido apenas por um ou dois semáforos inconvenientes. À frente, seguem Apo, ao volante, e Tamara Giorgadze, com quem falamos em castelhano.

Chegamos num ápice à entrada Mtskheta, uma das cidades mais antigas da Geórgia, situada na confluência de dois dos grandes rios da nação, o Mtkvari e o afluente Aragvi. Ignoramo-la por uns dias mais. Prosseguimos até às imediações do campo de refugiados Tserovani.

Foi neste campo que o governo de Tbilissi instalou os habitantes georgianos que abandonaram os seus lares na Ossétia do Sul quando se acendeu o conflito militar que opôs a Geórgia, nação natal de Josef Stalin e os separatistas ossetas eslavos, apoiados pela Rússia.

A E-60 corta a 90 graus para oeste.

Transforma-se numa auto-estrada sofisticada e cruza a maior parte do país até ao Mar Negro. Nós, trocamo-la pela bem mais antiga e verdejante E-117, conhecida como a Estrada Militar da Geórgia. Esta via avança contra o fluxo do rio Aragvi pela rota histórica de retorno de comerciantes e invasores oriundos do lado de lá do Cáucaso.

É de tal forma antiga que Strabo a mencionou na sua Geographica.

Progredimos para norte, em direcção às montanhas do Cáucaso e à Rússia.

Sucedem-se bancas e pequenos negócios de berma repletos de fruta outonal e outros víveres. Até que nos internamos num desfiladeiro que estreita o acesso à grande cordilheira que se diz separar a Europa da Ásia.

O cenário torna-se inóspito, ressequido pelo vento e pelo frio. Alguns quilómetros para diante, encharcam-no as águas frígidas do reservatório de Zhinvali, sobrevoadas por uma névoa que filtra a luz solar ansiosa por aquecer a terra e sublima a atmosfera.

Reservatório Zhinvali, Geórgia, Cáucaso

As águas frias e escuras do reservatório Zhinvali.

Uma descida íngreme conduz-nos ao lugar em que o Araqvi se ramifica e se entrega ao lago. Em simultâneo, desvenda um castelo que nos parece saído de um conto de encantar.

Tínhamos chegado a Ananuri. “A ideia era pararmos aqui no regresso.” adianta-se Tamara – ou Tamo, como preferia que a tratássemos – ao perceber a nossa inquietação.

E, rende-se, de imediato, quando a lembramos que só por milagre encontraríamos um ambiente tão mágico como aquele, isto, se ainda voltássemos de dia. Aproveitamos o acordo.

Exploramos e fotografamos o castelo, as margens do reservatório e a estranha ponte negra que se estendia de um lado ao outro de um braço de rio lamacento.

Castelo de Ananuri, Geórgia, Cáucaso

O castelo medieval de Ananuri, assento fortificado da dinastia Araqvi que dominou a região do século XIII ao XVIII.

Do século XIII ao XVIII, foi aquele o assento fortificado da dinastia feudal Araqvi de que o rio tomou nome. Nesse período, a fortaleza foi palco de inúmeras batalhas. Por fim, em 1739, os seus senhores foram massacrados por um clã rival. Apesar de incendiada, a fortaleza manteve-se de pé.

A UNESCO tarda em lhe atribuir o estatuto de Património Mundial, devido a alterações na estrutura causadas pela formação do reservatório. Assim como a conhecêramos, resistiria para sempre nas nossas mentes uma Ananuri resplandecente que suplantava o que alguma vez tínhamos esperado. Satisfeitos, retomámos a viagem.

A altitude aumentou e a neve não tardou a tomar conta da paisagem e da estrada. Fazia um frio de rachar. Uma temperatura semelhante à das relações entre a Geórgia e a Rússia após a guerra que travaram de 7 a 12 de Agosto de 2008 e que, nos dias que correm, continua a causar danos.

Apo ainda sente a comoção do conflito e faz questão de nos explicar: ”durante anos a fio, as autoridades russas baniram por completo a entrada de cidadãos e produtos georgianos, principalmente a nossa água mineral e o vinho”.

Até à guerra, exportávamos quase 80% para a Rússia.

Hoje, nunca sabemos o que vai ou não passar e os produtos que passam fluem para norte da fronteira a conta-gotas, de acordo com a predisposição dos guardas que se habituaram a lucrar com a aflição dos camionistas.”

O que admirávamos, incrédulos, era uma fila interminável de camiões, sobretudo arménios e russos estacionados na berma da estrada; os seus condutores entregues a conversas repetidas ou a tarefas que se esforçavam por diversificar.

Engarrafamento, Kazbegi, Geórgia, Cáucaso

Engarrafamento de camiões junto à fronteira com a Rússia.

A sequência de TIRs era tão longa que desistimos de lhe tentar prever o fim. “Têm ideia de por quantos camiões passámos”, pergunta-nos Apo que, até então, conduzia em silêncio. “Eu sei quantos. Quando vou a Kazbegi gosto de os contar.

Estavam ali 184 camiões. Mas, até à Rússia, ainda vão aparecer muitos mais.”

Detemo-nos numa estação de serviço à entrada de Gudauri, a estância de neve por excelência da região. Tamo fala ao telemóvel por algum tempo. Transmite-nos complicações de última hora.

Nevara imenso na noite anterior. As autoridades cortaram, por estar gelada, a secção Gudauri-Gobi, uma das mais traiçoeiras da Estrada Militar da Geórgia, enfiada num grande vale em que, devido à sua configuração, grande parte do asfalto ficava à sombra.

Além deste vale, em particular, também um caminho às alturas de Deus e de Kazbegi teria ficado intransponível ou, pelo menos, para os pneus e condições oferecidas pelo Lada Niva em que seguíamos. Tamo conferencia com Apo e faz chamadas atrás de chamadas para Tbilissi e para Kazbegi.

Esperamos quase uma hora naquela estação de serviço. Pelo meio, tentamos obter boas novas de polícias e autoridades do parque que por lá paravam.

Meia-hora depois dessa hora, é Tamo quem as transmite, mais animada:” OK, parece que já estão a abrir a estrada. Isso era o mais importante. Vamos até Kazbegi, depois lá vemos o resto.”

Kazbegi, Geórgia, Cáucaso, caminho para o cimo

Carro sobre a estrada para Kazbegi, muito devagar devido ao gelo.

Retomamos a viagem. Não tarda, voltamos ter a visão surreal de novas filas de camiões, tão ou mais extensas que as anteriores, provavelmente atrasados em simultâneo pelos procedimentos da aduana russa de Zemo-Larsi e pelo congelamento da estrada.

Ao chegarmos a Kazbegi – ou a Stepantsminda como pretendem as autoridades georgianas que seja conhecida – Tamo já tinha o imbróglio local resolvido. “Vamos passar para um outro veículo, OK?”

Apresenta-nos Xvicha, o novo condutor que, sem mais demoras, nos leva à sua carrinha estilo Hiace artilhada.

Acima de tudo, imperava que ascendêssemos dos 1740 metros da povoação aos 2170 da Igreja da Santa Trindade que dali vislumbrávamos como que suspensa.

Devíamos cumpri-lo e regressar a tempo de evitar a frigidez do fim da tarde que nos poderia bloquear tanto no cimo da igreja como em qualquer trecho montanhoso do regresso a Tbilissi. Mesmo assim, ainda nos detemos no Monumento Gudari, que celebra a amizade entre a Geórgia e a Rússia.

A essa data, seriamente desactualizado.

Monumento Gaudari, Geórgia, Cáucaso

Dois homens apreciam a paisagem de uma das varandas do monumento de amizade entre a Geórgia e a Rússia, cada vez menos justificado pela História.

Xvicha inaugura o caminho por ruelas apertadas de Gergeti, a aldeia a oeste do rio Terek. Fá-lo entre casas de campo com inspiração de isbas soviéticas e desgaste a condizer. Logo, livra-se do casario e mete-se por uma estrada de encosta, apertada, serpenteante e subsumida na floresta.

Seria provavelmente de terra batida mas nunca o poderíamos saber tal era a quantidade de neve acumulada nas suas bermas e sobre o solo da floresta e o gelo entretanto picotado que cobria a superfície da via e que transformava a ramagem marginal da vegetação em estranhos candelabros brancos.

Xvicha e a carrinha pareciam mover-se no seu ambiente predilecto. O condutor já levava vários anos a ganhar a vida com aquele percurso.

Igreja Sta Trindade, Alto nevado acima de Kazbegi, Geórgia, Cáucaso

Visitantes detêm-se no cimo de uma colina a algumas centenas de metros da igreja de Santa Trindade para a admirarem contra as encostas nevadas acima de Kazbegi e Gergeti.

Não só não receava os resvalares inesperados, como os usava para apressar a locomoção, seguro da tracção adicional conferida pelas correntes nas rodas traseiras.

Entretínhamo-nos com este rali de montanha quando um meandro da estrada nos desvendou o cume altivo do monte Kazbegi (o terceiro da Geórgia e sétimo da cordilheira do Cáucaso) a libertar laivos de névoa contra o azulão do céu.

Árvores e montes nevados, Kazbegi, Geórgia, Cáucaso

Panorama das encostas íngremes em redor do Monte Kazbegi.

Daí, até atingirmos o planalto que acolheu a Igreja da Santa Trindade, decorreram apenas alguns minutos.

Detectámos a silhueta escura do templo ao longe, bem definida contra a vertente branca das montanhas opostas ao monte Kazbegi.

Igreja Sta Trindade, Kazbegi, Geórgia, Cáucaso

A igreja Ortodoxa da Santa Trindade de Gergeti bem acima desta povoação e de Kazbegi mas muito abaixo do cume do monte Kazbegi.

Xvicha seguiu o trilho deixado pela anterior passagem de carrinhas e jipes, cavado numa altura impressionante de neve. Atingimos a base da igreja ao mesmo tempo que um outro Lada Niva, esse, ao contrário do de Apo, preparado e equipado para a rudeza da ascensão.

Vencemos uma derradeira escadaria, entramos no precinto e caminhamos em redor do edifício secular, espantados com o isolamento a que foi votado nas alturas.

Também com a negrura espartana da sua arquitectura, eventualmente mais apurada que a maior parte das muitas igrejas que tínhamos visitado no Cáucaso, admitimos que devido ao contraste com a alvura da neve.

Igreja Sta Trindade, Kazbegi, Geórgia, Cáucaso

O edifício principal da Igreja de Santa Trindade lado a lado com a sua torre de sinos nas alturas enregeladas do Cáucaso.

Tamo explica-nos que vivem 6 a 8 monges na igreja. No tempo que lá permanecemos, só vemos um deles passar, esquivo e de feições fechadas condizentes com o visual do seu lar espiritual.

As suspeições e intrigas anti-religiosas da era soviética terão contribuído para aquela postura comum entre os monges. Nessas décadas, os serviços religiosos estavam proibidos mas a Igreja da Santa Trindade não deixou de atrair visitantes.

Séculos antes, também servira para esconder relíquias preciosas trazidas de Mtskheta em tempos de perigo.

Arco da Igreja Sta Trindade, Kazbegi, Geórgia, Cáucaso

A torre dos sinos da igreja de Santa Trindade, tão granítica e espartana quanto o edifício principal.

A mais importante foi a Cruz de Santa Nino, uma mulher que, no século IV d.C. introduziu a Geórgia ao Cristianismo já prolífico na Arménia e é, hoje, a padroeira da nação.

O interior da igreja revela-se escuro quanto escuro podia ser. Ainda abrimos a porta pesada para melhor o apreciarmos, mas o vento que de imediato nos fustigava e a outros visitantes frustrou-nos.

Virámos a atenção para o exterior: para as montanhas caucasianas majestosas e enregeladas em redor, para a torre do sino independente do edifício principal e para o casario de Gergeti e Kazbegi.

Monte Kasbegi, Geórgia, Cáucaso

Neve e névoa tornam difuso o cume do monte Kazbegi, o terceiro mais elevado da Geórgia e o sétimo da cordilheira do Cáucaso.

Dali o contemplamos, disposto de forma geométrica e coberto de neve, no fundo da Garganta de Dariali que, dali se estendia por 18 km até à problemática fronteira Russo-Georgiana.

Kazbegi, Geórgia, Cáucaso

O casario de Kazbegi, abaixo do monte do Cáucaso com o mesmo nome.

A descida de volta à povoação evoluiu atribulada. Não pelo tarde que se fazia ou por qualquer desleixo de Xvicha.

Originaram a desventura uma série de turistas que estimaram que, por viajarem em modelos invejáveis, os seus veículos também eram invencíveis.

No tempo que passámos no cimo, o gelo em certos trechos da estrada tinha-se reconstituído. Foi preciso um desses jipes quase resvalar encosta abaixo e um sermão pragmático de Xvicha para aquela embaixada surreal da teimosia se render.

Acabámos por acolher o transbordo da esposa alemã e dos dois filhos desse condutor georgiano. A senhora pouco ou nada se atreveu a dizer enquanto o marido fazia regressar o jipe, a passo de caracol e a empatar a vida de alguns guias/condutores residentes.

Às três da tarde, despedimo-nos do guia de Kazbegi, sentámo-nos à mesa de um restaurante local e entregámo-nos a um dos banquetes com que os georgianos prendam os seus convidados.

O repasto incluiu mais algumas maravilhas da gastronomia da nação.

Só uma hora depois, e a grande esforço, conseguimos regressar à Estrada Militar da Geórgia e à sua capital.

Circuito Annapurna: 1º - Pokhara a ChameNepal

Por Fim, a Caminho

Depois de vários dias de preparação em Pokhara, partimos em direcção aos Himalaias. O percurso pedestre só o começamos em Chame, a 2670 metros de altitude, com os picos nevados da cordilheira Annapurna já à vista. Até lá, completamos um doloroso mas necessário preâmbulo rodoviário pela sua base subtropical.
Erevan, Arménia

Uma Capital entre o Leste e o Ocidente

Herdeira da civilização soviética, alinhada com a grande Rússia, a Arménia deixa-se seduzir pelos modos mais democráticos e sofisticados da Europa Ocidental. Nos últimos tempos, os dois mundos têm colidido nas ruas da sua capital. Da disputa popular e política, Erevan ditará o novo rumo da nação.
Lago Sevan, Arménia

O Grande Lago Agridoce do Cáucaso

Fechado entre montanhas a 1900 metros de altitude, considerado um tesouro natural e histórico da Arménia, o Lago Sevan nunca foi tratado como tal. O nível e a qualidade da sua água deterioram-se décadas a fio e uma recente invasão de algas drena a vida que nele subsiste.
Guwahati, India

A Cidade que Venera Kamakhya e a Fertilidade

Guwahati é a maior cidade do estado de Assam e do Nordeste indiano. Também é uma das que mais se desenvolve do mundo. Para os hindus e crentes devotos do Tantra, não será coincidência lá ser venerada Kamakhya, a deusa-mãe da criação.
Tbilisi, Geórgia

Geórgia ainda com Perfume a Revolução das Rosas

Em 2003, uma sublevação político-popular fez a esfera de poder na Geórgia inclinar-se do Leste para Ocidente. De então para cá, a capital Tbilisi não renegou nem os seus séculos de história também soviética, nem o pressuposto revolucionário de se integrar na Europa. Quando a visitamos, deslumbramo-nos com a fascinante mixagem das suas passadas vidas.
Alaverdi, Arménia

Um Teleférico Chamado Ensejo

O cimo da garganta do rio Debed esconde os mosteiros arménios de Sanahin e Haghpat e blocos de apartamentos soviéticos em socalcos. O seu fundo abriga a mina e fundição de cobre que sustenta a cidade. A ligar estes dois mundos, está uma cabine suspensa providencial em que as gentes de Alaverdi contam viajar na companhia de Deus.
Sheki, Azerbaijão

Outono no Cáucaso

Perdida entre as montanhas nevadas que separam a Europa da Ásia, Sheki é uma das povoações mais emblemáticas do Azerbaijão. A sua história em grande parte sedosa inclui períodos de grande aspereza. Quando a visitámos, tons pastéis de Outono davam mais cor a uma peculiar vida pós-soviética e muçulmana.
Arménia

O Berço do Cristianismo Oficial

Apenas 268 anos após a morte de Jesus, uma nação ter-se-á tornado a primeira a acolher a fé cristã por decreto real. Essa nação preserva, ainda hoje, a sua própria Igreja Apostólica e alguns dos templos cristãos mais antigos do Mundo. Em viagem pelo Cáucaso, visitamo-los nos passos de Gregório o Iluminador, o patriarca que inspira a vida espiritual da Arménia.
Uplistsikhe e Gori, Geórgia

Do Berço da Geórgia à Infância de Estaline

À descoberta do Cáucaso, exploramos Uplistsikhe, uma cidade troglodita antecessora da Geórgia. E a apenas 10km, em Gori, damos com o lugar da infância conturbada de Joseb Jughashvili, que se tornaria o mais famoso e tirano dos líderes soviéticos.
Mtskheta, Geórgia

A Cidade Santa da Geórgia

Se Tbilissi é a capital contemporânea, Mtskheta foi a cidade que oficializou o Cristianismo no reino da Ibéria predecessor da Geórgia, e uma das que difundiu a religião pelo Cáucaso. Quem a visita, constata como, decorridos quase dois milénios, é o Cristianismo que lá rege a vida.
Fiéis saúdam-se no registão de Bukhara.
Cidade
Bukhara, Uzbequistão

Entre Minaretes do Velho Turquestão

Situada sobre a antiga Rota da Seda, Bukhara desenvolveu-se desde há pelo menos, dois mil anos como um entreposto comercial, cultural e religioso incontornável da Ásia Central. Foi budista, passou a muçulmana. Integrou o grande império árabe e o de Gengis Khan, reinos turco-mongois e a União Soviética, até assentar no ainda jovem e peculiar Uzbequistão.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Parque Nacional Amboseli, Monte Kilimanjaro, colina Normatior
Safari
PN Amboseli, Quénia

Uma Dádiva do Kilimanjaro

O primeiro europeu a aventurar-se nestas paragens masai ficou estupefacto com o que encontrou. E ainda hoje grandes manadas de elefantes e de outros herbívoros vagueiam ao sabor do pasto irrigado pela neve da maior montanha africana.
Thorong Pedi a High Camp, circuito Annapurna, Nepal, caminhante solitário
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 12º - Thorong Phedi a High Camp

O Prelúdio da Travessia Suprema

Este trecho do Circuito Annapurna só dista 1km mas, em menos de duas horas, leva dos 4450m aos 4850m e à entrada do grande desfiladeiro. Dormir no High Camp é uma prova de resistência ao Mal de Montanha que nem todos passam.
Jardin Escultórico, Edward James, Xilitla, Huasteca Potosina, San Luis Potosi, México, Cobra dos Pecados
Arquitectura & Design
Xilitla, San Luís Potosi, México

O Delírio Mexicano de Edward James

Na floresta tropical de Xilitla, a mente inquieta do poeta Edward James fez geminar um jardim-lar excêntrico. Hoje, Xilitla é louvada como um Éden do surreal.
Aventura
Vulcões

Montanhas de Fogo

Rupturas mais ou menos proeminentes da crosta terrestre, os vulcões podem revelar-se tão exuberantes quanto caprichosos. Algumas das suas erupções são gentis, outras provam-se aniquiladoras.
Hinduismo Balinês, Lombok, Indonésia, templo Batu Bolong, vulcão Agung em fundo
Cerimónias e Festividades
Lombok, Indonésia

Lombok: Hinduísmo Balinês Numa Ilha do Islão

A fundação da Indonésia assentou na crença num Deus único. Este princípio ambíguo sempre gerou polémica entre nacionalistas e islamistas mas, em Lombok, os balineses levam a liberdade de culto a peito
Teleférico que liga Puerto Plata ao cimo do PN Isabel de Torres
Cidades
Puerto Plata, República Dominicana

Prata da Casa Dominicana

Puerto Plata resultou do abandono de La Isabela, a segunda tentativa de colónia hispânica das Américas. Quase meio milénio depois do desembarque de Colombo, inaugurou o fenómeno turístico inexorável da nação. Numa passagem-relâmpago pela província, constatamos como o mar, a montanha, as gentes e o sol do Caribe a mantêm a reluzir.
Máquinas Bebidas, Japão
Comida
Japão

O Império das Máquinas de Bebidas

São mais de 5 milhões as caixas luminosas ultra-tecnológicas espalhadas pelo país e muitas mais latas e garrafas exuberantes de bebidas apelativas. Há muito que os japoneses deixaram de lhes resistir.
Cultura
Mercados

Uma Economia de Mercado

A lei da oferta e da procura dita a sua proliferação. Genéricos ou específicos, cobertos ou a céu aberto, estes espaços dedicados à compra, à venda e à troca são expressões de vida e saúde financeira.
Bungee jumping, Queenstown, Nova Zelândia
Desporto
Queenstown, Nova Zelândia

Queenstown, a Rainha dos Desportos Radicais

No séc. XVIII, o governo kiwi proclamou uma vila mineira da ilha do Sul "fit for a Queen". Hoje, os cenários e as actividades radicais reforçam o estatuto majestoso da sempre desafiante Queenstown.
Fuga de Seljalandsfoss
Em Viagem
Islândia

Ilha de Fogo, Gelo, Cascatas e Quedas de Água

A cascata suprema da Europa precipita-se na Islândia. Mas não é a única. Nesta ilha boreal, com chuva ou neve constantes e em plena batalha entre vulcões e glaciares, despenham-se torrentes sem fim.
Lançamento de rede, ilha de Ouvéa-Ilhas Lealdade, Nova Caledónia
Étnico
Ouvéa, Nova Caledónia

Entre a Lealdade e a Liberdade

A Nova Caledónia sempre questionou a integração na longínqua França. Na ilha de Ouvéa, arquipélago das Lealdade, encontramos uma história de resistência mas também nativos que preferem a cidadania e os privilégios francófonos.
luz solar fotografia, sol, luzes
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Luz Natural (Parte 2)

Um Sol, tantas Luzes

A maior parte das fotografias em viagem são tiradas com luz solar. A luz solar e a meteorologia formam uma interacção caprichosa. Saiba como a prever, detectar e usar no seu melhor.
Vaca cachena em Valdreu, Terras de Bouro, Portugal
História
Campos de Gerês -Terras de Bouro, Portugal

Pelos Campos do Gerês e as Terras de Bouro

Prosseguimos num périplo longo e ziguezagueante pelos domínios da Peneda-Gerês e de Bouro, dentro e fora do nosso único Parque Nacional. Nesta que é uma das zonas mais idolatradas do norte português.
Aldeia da Cuada, Ilha das Flores, Açores, quarto de arco-íris
Ilhas
Aldeia da Cuada, Ilha das Flores, Açores

O Éden Açoriano Traído pelo outro Lado do Mar

A Cuada foi fundada, estima-se que em 1676, junto ao limiar oeste das Flores. Já em pleno século XX, os seus moradores juntaram-se à grande debandada açoriana para as Américas. Deixaram para trás uma aldeia tão deslumbrante como a ilha e os Açores.
Auroras Boreais, Laponia, Rovaniemi, Finlandia, Raposa de Fogo
Inverno Branco
Lapónia, Finlândia

Em Busca da Raposa de Fogo

São exclusivas dos píncaros da Terra as auroras boreais ou austrais, fenómenos de luz gerados por explosões solares. Os nativos Sami da Lapónia acreditavam tratar-se de uma raposa ardente que espalhava brilhos no céu. Sejam o que forem, nem os quase 30º abaixo de zero que se faziam sentir no extremo norte da Finlândia nos demoveram de as admirar.
silhueta e poema, cora coralina, goias velho, brasil
Literatura
Goiás Velho, Brasil

Vida e Obra de uma Escritora à Margem

Nascida em Goiás, Ana Lins Bretas passou a maior parte da vida longe da família castradora e da cidade. Regressada às origens, continuou a retratar a mentalidade preconceituosa do interior brasileiro
Twelve Apostles, Great Ocean Road, Victoria, Austrália
Natureza
Great Ocean Road, Austrália

Oceano Fora, pelo Grande Sul Australiano

Uma das evasões preferidas dos habitantes do estado australiano de Victoria, a via B100 desvenda um litoral sublime que o oceano moldou. Bastaram-nos uns quilómetros para percebermos porque foi baptizada de The Great Ocean Road.
Menina brinca com folhas na margem do Grande Lago do Palácio de Catarina
Outono
São Petersburgo, Rússia

Dias Dourados que Antecederam a Tempestade

À margem dos acontecimentos políticos e bélicos precipitados pela Rússia, de meio de Setembro em diante, o Outono toma conta do país. Em anos anteriores, de visita a São Petersburgo, testemunhamos como a capital cultural e do Norte se reveste de um amarelo-laranja resplandecente. Num deslumbre pouco condizente com o negrume político e bélico entretanto disseminado.
Parque Nacional Cahuita, Costa Rica, Caribe, Punta Cahuita vista aérea
Parques Naturais
Cahuita, Costa Rica

Uma Costa Rica de Rastas

Em viagem pela América Central, exploramos um litoral da Costa Rica tão afro quanto das Caraíbas. Em Cahuita, a Pura Vida inspira-se numa fé excêntrica em Jah e numa devoção alucinante pela cannabis.
Palácio Gyeongbokgung, Seul, Viagem Coreia, Manobras a cores
Património Mundial UNESCO
Seul, Coreia do Sul

Um Vislumbre da Coreia Medieval

O Palácio de Gyeongbokgung resiste protegido por guardiães em trajes sedosos. Em conjunto, formam um símbolo da identidade sul-coreana. Sem o esperarmos, acabamos por nos ver na era imperial destas paragens asiáticas.
aggie grey, Samoa, pacífico do Sul, Marlon Brando Fale
Personagens
Apia, Samoa Ocidental

A Anfitriã do Pacífico do Sul

Vendeu burgers aos GI’s na 2ª Guerra Mundial e abriu um hotel que recebeu Marlon Brando e Gary Cooper. Aggie Grey faleceu em 1988 mas o seu legado de acolhimento perdura no Pacífico do Sul.
Barcos fundo de vidro, Kabira Bay, Ishigaki
Praias
Ishigaki, Japão

Inusitados Trópicos Nipónicos

Ishigaki é uma das últimas ilhas da alpondra que se estende entre Honshu e Taiwan. Ishigakijima abriga algumas das mais incríveis praias e paisagens litorais destas partes do oceano Pacífico. Os cada vez mais japoneses que as visitam desfrutam-nas de uma forma pouco ou nada balnear.
Gravuras, Templo Karnak, Luxor, Egipto
Religião
Luxor, Egipto

De Luxor a Tebas: viagem ao Antigo Egipto

Tebas foi erguida como a nova capital suprema do Império Egípcio, o assento de Amon, o Deus dos Deuses. A moderna Luxor herdou o Templo de Karnak e a sua sumptuosidade. Entre uma e a outra fluem o Nilo sagrado e milénios de história deslumbrante.
Executivos dormem assento metro, sono, dormir, metro, comboio, Toquio, Japao
Sobre Carris
Tóquio, Japão

Os Hipno-Passageiros de Tóquio

O Japão é servido por milhões de executivos massacrados com ritmos de trabalho infernais e escassas férias. Cada minuto de tréguas a caminho do emprego ou de casa lhes serve para o seu inemuri, dormitar em público.
Substituição de lâmpadas, Hidroelétrica de Itaipu watt, Brasil, Paraguai
Sociedade
Hidroeléctrica Binacional de Itaipu, Brasil

HidroElétrica Binacional do Itaipu: a Febre do Watt

Em 1974, milhares de brasileiros e paraguaios confluíram para a zona de construção da então maior barragem do Mundo. 30 anos após a conclusão, Itaipu gera 90% da energia paraguaia e 20% da do Brasil.
Vendedores de fruta, Enxame, Moçambique
Vida Quotidiana
Enxame, Moçambique

Área de Serviço à Moda Moçambicana

Repete-se em quase todas as paragens em povoações de Moçambique dignas de aparecer nos mapas. O machimbombo (autocarro) detém-se e é cercado por uma multidão de empresários ansiosos. Os produtos oferecidos podem ser universais como água ou bolachas ou típicos da zona. Nesta região a uns quilómetros de Nampula, as vendas de fruta eram sucediam-se, sempre bastante intensas.
Curieuse Island, Seychelles, tartarugas de Aldabra
Vida Selvagem
Île Felicité e Île Curieuse, Seychelles

De Leprosaria a Lar de Tartarugas Gigantes

A meio do século XVIII, continuava inabitada e ignorada pelos europeus. A expedição francesa do navio “La Curieuse” revelou-a e inspirou-lhe o baptismo. Os britânicos mantiveram-na uma colónia de leprosos até 1968. Hoje, a Île Curieuse acolhe centenas de tartarugas de Aldabra, o mais longevo animal terrestre.
The Sounds, Fiordland National Park, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Fiordland, Nova Zelândia

Os Fiordes dos Antipodas

Um capricho geológico fez da região de Fiordland a mais crua e imponente da Nova Zelândia. Ano após anos, muitos milhares de visitantes veneram o sub-domínio retalhado entre Te Anau e Milford Sound.