Galle, Sri Lanka

Nem Além, Nem Aquém da Lendária Taprobana


Passerelle secular
Mulheres caminham sobre a muralha sul da fortaleza de Galle, acima do oceano Índico.
Frente do Forte Galle
Autocarros Tata e riquexós no exterior do pórtico norte do forte de Galle.
A caminho
Excursão de miúdos de escola numa pequena expedição rumo ao bastião da bandeira.
Viagem na história
Dia-a-dia flui através do pórtico "português" da fortaleza, hoje com os brasões holandês e inglês sobre as entradas.
Acima de tudo
Telhados e torres destacam-se do velho casario da cidade fortificada de Galle.
Conversa a 2
Jovens amigos conversam num de vários riquexós em fila numa rua interior da velha Galle.
Em fila e em apuros
Fila de cingaleses regressa lentamente e aos tropeções ao areal, após uma pequena viagem a rochas no meio do mar.
O sul de Galle
Perspectiva da muralha sul do forte de Galle, com a mesquita de Meeran Juma e o farol em destaque.
Forte Ocaso II
Sol alaranja o céu a ocidente do bastião sudoeste do Forte Galle.
Nubentes cingaleses
Achintha e Kaushma, par de noivos durante a sua longa sessão fotográfica prévia ao casamento.
Leitura ao ar livre
Morador repousa a ler um jornal sobre uma das muralhas leste da fortaleza de Galle, em frente à igreja holandesa.
Mais nubentes cingaleses
Dois outros noivos em plena acção da sua própria produção casamenteira.
Forte ocaso
Bola do sol prestes a cair para trás das muralhas próximas ao bastião da Rocha da Bandeira.
Exibição Réptil
Morador de Galle exibe uma cobra aos visitantes.
Meeran Juma
A mesquita Meeran Juma acima dos telhados seculares de Galle.
Euforia pós-escolar
Alunos rejubilam com uma visita ao forte de Galle.
A Caminho
Riquexó percorre uma rua do interior do Forte de Galle.
Frontões Históricos
Sucessivos telhados e cimos grandiosos de edifícios históricos do Forte Galle.
Túnel à Pinha
Moradores atravessam o túnel do Pórtico Português do Forte de Galle.
Camões eternizou o Ceilão como um marco indelével das Descobertas onde Galle foi das primeiras fortalezas que os portugueses controlaram e cederam. Passaram-se cinco séculos e o Ceilão deu lugar ao Sri Lanka. Galle resiste e continua a seduzir exploradores dos quatro cantos da Terra.

É de cima de um dos velhos baluartes virados a norte que nos apercebemos como a estrutura da fortaleza continua a demarcar uma tão clara divisão na cidade.

Do lado de fora, tudo nos parece circular e frenético. Os jogadores da equipa de críquete local dão entrada no redondo Galle International Cricket Stadium, aquecem e estreiam os exercícios do treino matinal.

Os autocarros, quase todos velhos Tatas folclóricos, disputam a rotunda da Stadium Road com os pequenos riquexós que, apesar da hora madrugadora, já rodam sedentos de passageiros.

Forte Galle, Sri Lanka, Ceilão Lendária Taprobana

Autocarros Tata e riquexós no exterior do pórtico norte do forte de Galle.

Mais um Dia Tropical e Quente entre as Muralhas do Forte Galle

No interior, as muralhas sólidas e lineares contêm a incursão do novo dia.  Corvos esvoaçam de guarida em guarida prestes a inaugurar a sua patrulha aérea por alimento. Alguns moradores ginasticam sobre a relva que forra o humilde Mahendra Amarasooriya Park.

Quatro ou cinco vacas pastam-na, indolentes e indiferentes ao resto.

Interrompemos a contemplação que nos ameaçava hipnotizar. Retomamos a caminhada a leste, pelo adarve que dá para a enseada do porto de Galle e revela, ao longe, o grande e morno Índico.

Repetimos passos prudentes, já avisados da irregularidade das suas pedras e do percurso em geral que inclui passagens delicadas para níveis de altura distintos, estreitamentos e intrusões tentaculares de figueiras-de-Bengala.

Terminamos um destes trechos problemáticos mesmo de frente para a igreja holandesa que se diz ter sido construída no lugar de um convento dos Capuchinhos português.

De tempos a tempos, chegam riquexós que deixam visitantes à porta.

Nas imediações, Dominit exibe uma pitão e constringe os estrangeiros para longe da casa de Deus.

Forte Galle, Sri Lanka, Ceilão Lendária Taprobana, riquexós

Morador de Galle exibe uma cobra aos visitantes.

Com uma já gasta conversa de encantar, convence-os a fotografarem-se com o réptil sobre os braços. O pagamento só depende da vontade dos clientes mas seja qual for, deixa-o insatisfeito. “Cem rupias?? Mas como é que eu sustento a minha família assim?”

A Azáfama Estudantil em Volta do Museu Marítimo, em pleno Forte de Galle

Contornamos a entrada do Museu Marítimo de Galle. Um túnel que cruza a sua fachada quase laranja polariza uma comoção paralela.

Carros e riquexós passam-no sem cessar para cá e para lá, ao ritmo de um semáforo. Ao mesmo tempo, os transeuntes fazem-se àquela escuridão efémera, receosos dos desvarios do trânsito.

Estamos prestes a imitá-los quando alguma autoridade dali imperceptível, quebra a ordem das coisas.

Em vez dos veículos, surge da penumbra um enorme comboio de crianças escolares, miúdos e miúdas nos seus respectivos uniformes, algumas com hijabs que a fé dos familiares em Alá lhes impõe.

Conduzidas pelas professoras à saída, as crianças desfilam entusiasmadas pela evasão e distraídas por acenos mil.

Forte Galle, Sri Lanka, Ceilão Lendária Taprobana, fila estudantil

Excursão de miúdos de escola numa pequena expedição rumo ao bastião da bandeira.

Apenas cem metros acima, tal como apareceram, voltam a sumir-se nas profundezas bafientas do museu.

Completamos a travessia. No lado de lá, inteiramo-nos que estamos perante outro dos portais da fortaleza. É o mais antigo, coberto de musgo que se alimenta há meio milénio da sombra e da humidade das monções.

Os nativos ainda o conhecem como “o português” apesar de os brasões destacados acima das suas entradas serem o holandês e o inglês, as potências coloniais que atrapalharam e frustraram os nossos antepassados quando só estes se imiscuíam na soberania da Ilha da Canela.

A Chegada e Supremacia dos Portugueses no Velho Ceilão

Crê-se que, em 1505, uma frota comandada por Lourenço de Almeida navegava a caminho das Maldivas quando uma tempestade a desviou para o litoral do actual Sri Lanka.

Almeida deteve-se em Galle antes de seguir costa oeste acima, onde o receberia o rei de Kotte, nos arredores da actual capital Colombo.

A audiência convenceu De Almeida do valor comercial da ilha. De Almeida, por sua vez, convenceu o rei Vira Parakrama Bahu de que o poderia proteger das incursões vindas da Costa do Malabar e da Arábia em troca de um tributo anual em canela e outros produtos.

Em 1518, já sob liderança de Lopo Soares de Albergaria (também conhecido como Alvarenga), os portugueses regressaram com uma frota reforçada.

Fortificaram-se em Colombo e em Galle.

Forte Galle, Sri Lanka, Ceilão Lendária Taprobana, telhados

Telhados e torres destacam-se do velho casario da cidade fortificada de Galle.

Daí em diante, durante quase um século de alianças, rivalidade e de batalhas, aumentaram o seu domínio e forçaram o grande rival inimigo de Kandy a resistir no interior elevado do Ceilão.

Esta supremacia tinha os dias contados.

Ainda assim, persistem e multiplicam-se no Sri Lanka os apelidos que os portugueses emprestaram principalmente às famílias dos reinos que os apoiavam: Pereras, dos Pereiras – como quem lhe conta esta história – Silvas, Mendis, Fonseka, Rodrigo e muitos outros.

Forte de Galle Adentro, na Direcção do Índico

Longe do caso de JPJ Abeyawickrama, um vendedor ciclista de lotarias que resistiu a impingir-nos as suas cautelas mas nos pediu para se fotografar connosco e com um amigo.

Forte Galle, Sri Lanka, Ceilão Lendária Taprobana, túnel

Dia-a-dia flui através do pórtico “português” da fortaleza, hoje com os brasões holandês e inglês sobre as entradas.

Quando os deixamos, espreitamos as instalações da marinha cingalesa e uma pequena praia aproveitada por banhistas da cidade que se deleitavam no mar translúcido, em jeito de auto-baptismo.

Pouco depois, regressamos à saída sul do pórtico e continuamos a exploração da fortaleza pela Queens e, logo, Hospital Street. Esta última rua e a praça contígua concentram uma panóplia de instituições administrativas que atraem moradores dotados de pastas, documentos e paciência.

Uns metros e muitas arcadas à frente, entramos no jardim marginal da Pedlar Street. Por ali, a atmosfera, de novo marinha e tropical, volta a desanuviar-se.

Um grupo de amigas conversa à sombra de uma Figueira-da-Índia que assentara sobre dezenas de troncos estreitos.

Achintha e Kaushma, noivos em trajes tradicionais lustrosos protagonizam uma produção casamenteira que se arrastaria por horas, percorreria inúmeras outras paragens de Galle e se cruzaria com a de outros noivos nos mesmos preparos.

Forte Galle, Sri Lanka, Ceilão Lendária Taprobana, Nubentes cingaleses

Achintha e Kaushma, par de noivos durante a sua longa sessão fotográfica prévia ao casamento.

Legado Luso, Holandês, Árabe e Cingalês entre Muralhas Portuguesas

O farol desgastado de Galle impõe-se entre coqueiros que lhe perseguem o topo, acima do arvoredo do jardim e na ponta da extremidade que acolheu a praça fortificada.

Apuramos que não são permitidas ascensões ao seu varandim.

Forte Galle, Sri Lanka, Ceilão Lendária Taprobana

Mulheres caminham sobre a muralha sul da fortaleza de Galle, acima do oceano Índico.

Conformados, viramos para a face da muralha disposta entre a Rampart St. e o oceano Índico a sul. Era a terceira aresta da fortaleza que completávamos. Faltavam outras tantas.

O calor e a humidade aumentaram sem clamor.

Desidrataram-nos e dissolveram-nos as energias, como fizeram a vários dos condutores de riquexós que dormitavam sobre os bancos acolchoados.

Não nos levaram o encanto histórico em que andávamos desde o despertar.

Forte Galle, Sri Lanka, Ceilão Lendária Taprobana, riquexós

Jovens amigos conversam num de vários riquexós em fila numa rua interior da velha Galle.

Do lado de lá da rua, como que a desafiar o protagonismo do farol, uma também branca mesquita.

Meeran Juma assenta numa arquitectura que, não fossem os pequenos crescentes cimeiros, e os escritos em árabe do frontal, quase nos passaria por igreja.

Forte Galle, Sri Lanka, Ceilão Lendária Taprobana, mesquita Meeran Juma

A mesquita Meeran Juma acima dos telhados seculares de Galle.

E, no entanto, foi construída pelos mercadores árabes do Sri Lanka no mesmo Bairro Mouro que concentra, em redor das orações, a comunidade muçulmana do forte.

Pré-Produções Fotográficas de Matrimónios Fortificados

Percebemos a iminência de um outro casamento. Pelo séquito de familiares e convidados que arrasta, só pode ser endinheirado. Andamos junto à base da muralha que isola a povoação do Índico, quando, vinda da esquina do farol, uma embaixada de mulheres glamorosas em saris garridos e reluzentes se aproxima no plano do adarve acima.

Intuem, num ápice, o quanto nos despertam interesse como a outros forasteiros ocidentais. Solidárias no orgulho e na vaidade, pavoneiam-se durante quase trezentos metros contra o céu azulão, entre cumulus nimbus quase tão esplendorosos.

Um guia cingalês que nos havia proposto os seus serviços vezes sem conta, esclarece-nos com tom nacionalista de reprovação: “São indianos. O que vale é que cá deixam um bom dinheiro..”

A passerelle só termina no bastião de Flag Rock, a próxima aresta da fortaleza e, de longe, a mais disputada, sempre cercada de vendedores de fruta, bebidas e de guloseimas.

Também Dominit e a sua pitão para lá se tinham mudado, atraídos pela abundância de presas.

De Bastião em Bastião. Um Forte que Preserva a Vida Cingalesa

No cimo da escadaria, um outro animador concentra as atenções da multidão. É mergulhador, num jeito minimal e desajeitado dos clavadistas de La Quebrada de Acapulco. Tem uma tabela para várias proezas. A principal é mergulhar de cabeça para o mar, para um intervalo profundo mas exíguo entre as rochas.

O acrobata não tarda a encontrar clientes entre os grupos de chineses.

O seu primeiro salto concretiza-se num ápice. É quase tão rápido como o regresso pela fachada rochosa do baluarte, uma escalada traiçoeira que, ansioso por facturar algumas centenas adicionais de rupias, completa em três tempos.

Do bastião de Flag Rock até a Torre do relógio que se erguia a norte, oposta ao baluarte em que tínhamos começado o périplo, a fortaleza prova-se mais desafogada.

Forte Galle, Sri Lanka, Ceilão Lendária Taprobana, mais nubentes cingaleses

Dois outros noivos em plena acção da sua própria produção casamenteira.

Frequentam-na, sobretudo, jovens casais de namorados e noivos entregues a carícias tímidas sob chapéus de sol.

Dedicamo-nos às ruas paralelas do interior. Cumprimos uma curta peregrinação turística à igreja de Todos os Santos, que os derradeiros colonos britânicos mandaram erguer em estilo gótico vitoriano.

A igreja está entregue a intensos reparos. Por outro lado, aumentava no âmago da fortaleza o número de cafés, pousadas e lojas de souvenires que corrompiam o encanto do lugar.

Donos do nosso destino, regressamos à Pedlar St. e ascendemos a um bastião instalado sobre um enorme rochedo. Dali, admiramos a vasta baía que se prolongava até ao Pagode Japonês da Paz.

A maré tinha vazado.

As Praias para Lá das Muralhas do Forte

O Índico imediato apiscinava-se enquanto o areal se expandia e acolhia um batalhão de banhistas, entre muitos mais veraneantes.

Uma expedição dos segundos tinha-se aventurado mar raso adentro até umas rochas que distavam 50 metros. Vemo-los num doloroso regresso, a darem os braços em cadeia para evitarem cair sobre o leito rugoso. Isto, enquanto os barcos de pescadores ali ao largo os saudavam.

Forte Galle, Sri Lanka, Ceilão Lendária Taprobana, fila balnear

Fila de cingaleses regressa lentamente e aos tropeções ao areal, após uma pequena viagem a rochas no meio do mar.

Não resistimos mais ao apelo daquele recanto de litoral que irradiava harmonia e felicidade. Sentamo-nos sobre a areia e, por momentos, ficamos a apreciar o fluir do entardecer e do Indico.

Mulheres em saris tagarelam de olho nos maridos que se divertem à beira de água com as suas crianças. Sete ou oito cingaleses de meia-idade flutuam em posição de cruz. O seu ritual atrai e admite vários outros.

Estamos no nosso próprio banho quando reparamos que o sol se põe sobre o bastião da Bandeira da Rocha já sobrelotado.

Forte Galle, Sri Lanka, Ceilão Lendária Taprobana, Forte ocaso

Bola do sol prestes a cair para trás das muralhas próximas ao bastião da Rocha da Bandeira.

Contornamos o fundo da muralha abaixo do farol e entramos no areal ensopado e deserto.

Dessa inesperada posição, acompanhamos o descair do círculo incandescente para baixo do horizonte precoce das muralhas, o alaranjar do céu e o escurecimento de tudo o que estava entre nós e o grande astro: uma árvore massiva, a multidão sobre o bastião e, ao largo, um cargueiro.

Forte Galle, Sri Lanka, Ceilão Lendária Taprobana, Forte ocaso

Sol alaranja o céu a ocidente do bastião sudoeste do Forte Galle.

Com o lusco-fusco a envolver o firmamento, uma celebração efusiva da vida sustentada pela comida e bebida dos vendedores tomou conta daquele recanto lendário do Sri Lanka.

Daí a uns dias, conquistaríamos a fortaleza cingalesa e em tudo distinta de Sigiriya.

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El Tatio, Chile

Géiseres El Tatio – Entre o Gelo e o Calor do Atacama

Envolto de vulcões supremos, o campo geotermal de El Tatio, no Deserto de Atacama surge como uma miragem dantesca de enxofre e vapor a uns gélidos 4200 m de altitude. Os seus géiseres e fumarolas atraem hordas de viajantes.
Napali Coast e Waimea Canyon, Kauai, Rugas do Havai
Voos Panorâmicos
NaPali Coast, Havai

As Rugas Deslumbrantes do Havai

Kauai é a ilha mais verde e chuvosa do arquipélago havaiano. Também é a mais antiga. Enquanto exploramos a sua Napalo Coast por terra, mar e ar, espantamo-nos ao vermos como a passagem dos milénios só a favoreceu.