PN Kaziranga, Índia

O Baluarte dos Monocerontes Indianos


Rino d’ouro
Rinoceronte destacado da água dourada de um dos lagos do PN Kaziranga.
À Procura de Rinocerontes
Guia montado num elefante percorre a erva alta do PN Kaziranga, antecedido por outros elefantes.
Búfalos na bruma
Búfalos subsumidos na vegetação alta do PN Kaziranga.
Estilos diferentes
Tratadores montam elefantes no PN Kaziranga.
Um Prado Comunal
Rinocerontes pastam sobre um prado ensopado do PN Kaziranga.
Rinoceronte-indiano
Rinoceronte unicórnio atravessa um estrada do PN Kaziranga.
Os Protectores da fauna
Guardas do PN Kaziranga, armados de espingardas, na sua casa.
Dois colossos
Búfalo e elefante partilham uma zona anfíbia do PN Kaziranga.
Rino-curiosidade
Rinoceronte juvenil subsumido na erva alta do PN Kaziranga.
Safari de elefante
Visitantes do PN Kaziranga montados num elefante, observam rinocerontes.
Uma rara travessia
Tigre cruza um trilho largo do PN Kaziranga.
Aos Esses na Erva-Canita
Jipe percorre uma estrada sulcada sobre o mato denso do PN Kaziranga.
Situado no estado de Assam, a sul do grande rio Bramaputra, o PN Kaziranga ocupa uma vasta área de pântano aluvial. Lá se concentram dois terços dos rhinocerus unicornis do mundo, entre em redor de 100 tigres, 1200 elefantes e muitos outros animais. Pressionado pela proximidade humana e pela inevitável caça furtiva, este parque precioso só não se tem conseguido proteger das cheias hiperbólicas das monções e de algumas polémicas.

No Nordeste quase enclave do subcontinente indiano, o pino do Inverno faz-se sentir. Há muito que as chuvas longas e persistentes das monções deixaram de cair. Mesmo assim, secura é algo que não parece aplicar-se a estas paragens.

Sobrevivemos a nova viagem “sempre a abrir” do motorista que nos calhara para o trajecto entre Guwahati e Kaziranga. Malgrado o trânsito infernal de camiões quase todos Tata, cumprimo-la em meras quatro horas.

Quando damos entrada no Hotel Aranya Tourist Lodge, por volta da uma da tarde, o sol permanece aprisionado atrás de uma névoa densa tanto de alta como de baixa altitude.

Jipe com visitantes, PN Kaziranga, Assam, Índia

Jipe percorre uma estrada sulcada sobre o mato denso do PN Kaziranga.

Nos dois dias que passamos no PN Kaziranga e região circundante, pouco ou nada mudou: o grande astro manteve-se um mero vislumbre de brilho que ora espreitava, tímido, ora se sumia, consoante ditava a meteorologia.

Dos macacos assameses aos rinocerontes-indianos

A fauna prolífica do parque, essa, não se fez rogada. Ainda nos estamos a instalar no quarto, de porta aberta para o corredor avarandado, quando dois macacos assameses de faces bem rosadas surgem do nada e se sentam no parapeito da varanda, sob o olhar desconfiado de dois hóspedes de passagem.

Ao contrário do que já nos acontecera em Varanasi e noutras partes da Índia, os bichos não manifestam um plano de assalto. Acabamos por os ignorar. Descemos para almoçar o único menu que aquele lodge estatal estava a servir aos hóspedes: pooris com caril de batata e umas boas pratadas de arroz.

Mesmo se nos últimos tempos, caíram na alçada dos defensores dos animais, os safaris de elefante fazem parte da tradição de Kaziranga há quase um século. A recente polémica teve o condão de nos fazer ponderar.

Acabamos por decidir que a agrura dos elefantes domesticados não seria necessariamente das situações mais dramáticas no que a violência animal diria respeito. Levamos a ideia por diante.

À Procura de Rinocerontes, sobre o Dorso de Elefantes

As saídas de elefante são concorridas. De tal maneira que nos aconselham a reservarmos o quanto antes a hora de partida da madrugada seguinte. A muito esforço, sobretudo do motorista-guia que nos acompanhava, conseguimos uma vaga tirada do nada às 6h15, sobre o raiar do dia.

Estamos despertados desde as 5h45. Vijay só nos toca à porta às 6h05. Chegamos em cima da hora mas de pouco serve. Vários dos restantes participantes aparecem atrasados.

Acrescentado o tempo da distribuição pelos elefantes respectivos e sua montada, ao quarto para as sete ainda estamos sobre as espécies de torres que a administração do parque erguera para facilitar a subida dos passageiros para o dorso dos paquidermes, abundantes em Assam, como em nenhum outro estado.

Safari sobre elefante, PN Kaziranga, Assam, Índia

Visitantes do PN Kaziranga montados num elefante, observam rinocerontes.

Estima-se que, dos cerca de 10.000 elefantes selvagens da Índia, mais de metade estejam em Assam. Destes, em redor de 1200, proliferam no PN Kaziranga.

O atraso favorece-nos. Até mesmo em cima da hora, a névoa matinal mantém-se de tal forma cerrada que não vemos um palmo à frente do nariz, quanto mais espécimes animais por volumosas que fossem, subsumidas nos prados altos e ensopados pelos excessos do rio Bramaputra que preenchia boa parte dos 430km2 do PN Kaziranga.

Erva-canita, Nevoeiro, Rinocerontes, Búfalos & Cia

Por fim, inauguramos o percurso. De início, por trilhos da selva que separava o pântano da área humanizada circundante. Uns minutos depois, a selva abre-se para uma vastidão pejada de grandes tufos de erva-canita. Os elefantes caminham entre esses tufos, numa fila não tão fila como isso. Várias crias irrequietas, seguem as progenitoras a pouca distância.

A atmosfera revela-se misteriosa, com o verde da erva quase arbórea a recortar a névoa pesada. Baixo no horizonte, a rasar a copa das árvores, uma bola ínfima e desmaiada do sol avermelha o relento.

Munidos de espingardas, os guias e condutores dos elefantes conduzem-nos para onde acham mais provável encontrarem exemplares das espécies que tornaram o PN Kaziranga uma vedeta dos parques nacionais indianos, ao ponto de a UNESCO o manter, desde 1985, na sua lista de Património Mundial.

Búfalos, PN Kaziranga, Assam, Índia

Manada de búfalos-d’água-selvagens subsumidos na vegetação alta do PN Kaziranga.

Confrontamo-nos com uma manada desconfiada dos mil e oitocentos búfalos-d’água-selvagens residentes, a maior população do planeta. Identificamo-los mesmo ao longe pela dimensão e abertura dos cornos, bem acima do ervado verde-amarelo.

Cruzamo-nos ainda com veados barasingha (do pântano) e com javalis que se assustam com a grandeza da caravana e debandam numa guincharia.

Por fim, os Rinocerontes Monocerontes de Kaziranga

Os inquilinos seguintes não se deixam impressionar. Os dois que encontramos mantêm-se dissimulados na erva-canita. Ostentam um porte, peso (entre as 2 e as 3 toneladas) e uma armadura de couro com dobras muito característica que lhes permite contemplar e confrontar a estranha aliança de elefantes e humanos.

Os rinocerontes-indianos são a espécie estrela do parque. Em tempos, ocupavam todo o subcontinente, em redor das bacias dos grandes rios Indo, Ganges e Bramaputra, do Paquistão ao actual Myanmar, Nepal e até Butão. O seu número e habitat mirrou de década para década.

O PN Kaziranga acolhe em redor de 1860 espécimes, quase dois terços de todos os que subsistem à face da Terra, agora presentes apenas em onze redutos limitados à Índia e ao sul do Nepal.

Rinoceronte no PN Kaziranga, Assam, Índia

Rinoceronte juvenil subsumido na erva alta do PN Kaziranga.

Os rinocerontes veem mal. Com a brisa suave a soprar na nossa direcção, o seu olfacto demora a descrever-lhes a audiência montada que os contempla.  Por fim, de focinho erguido a sondar o ar encharcado, pressentem a proximidade já exagerada da caravana e regressam ao abrigo da erva alta.

Prosseguimos por novas bolsas de nevoeiro rumo a um lago legado pelo Bramaputra com margens amplas forradas de um tapete de pasto, raso mas viçoso. Partilham-no quatro outros enormes rinocerontes-indianos, espaçados entre si, entretidos a devorar as centenas de quilos de erva diários que lhes alimentam os corpos pré-históricos.

Rinocerontes, PN Kaziranga, Assam, Índia

Rinocerontes pastam sobre um prado ensopado do PN Kaziranga.

Os monocerontes do subcontinente e do PN Kaziranga, em particular, são os que são. A salvo da caça furtiva, poderiam contar-se muitos mais.

A História Anglófona do PN Kaziranga

O PN Kaziranga surgiu em 1908 por iniciativa da baronesa Curzon of Cudleston, esposa do Vice-Rei da Índia que visitou a área em 1904 ansiosa por avistar os animais, mas em vão. Desiludida, a baronesa persuadiu o marido a tomar medidas que protegessem os rinocerontes-indianos, então raros e em plena rota de extinção.

À data do estabelecimento da reserva, restava uma mão-cheia de rinocerontes-indianos. De então para cá, o PN Kaziranga confirmou-se um caso de sucesso ímpar da conservação animal indiana. David Attenborough dedicou a Kaziranga um dos episódios da sua série Planeta Terra II. E William e Catherine, Duque e Duquesa de Cambridge visitaram-no em 2016.

Este mediatismo anglófono enfatizou o êxito do parque. Ao mesmo tempo, desvendou os meios pouco escrupulosos com que as autoridades o atingiam.

A BBC, em particular, fez publicar um artigo, em Fevereiro de 2017, que irritou as autoridades, há muito apologistas da primazia do seu parque prodigioso de Assam, visitado todos os anos por 170.000 pessoas que contribuem para a vitalidade da economia do estado.

A Protecção Radical dos Rinocerontes-Indianos

O artigo teve como título “Kaziranga: O Parque que Mata Pessoas Para Proteger Rinocerontes”. Nessa peça, Justin Rowlatt, correspondente do Sul da Ásia da BBC, revelou factos e números contundentes: entre outros, “que os rangers do parque tinham recebido poderes para disparar e matar equiparados aos das forças armadas designadas para policiar desordem civil.

Guardas do PN Kaziranga, Assam, Índia

Guardas do PN Kaziranga, armados de espingardas, na sua casa.

Que, a determinada altura, esses rangers matavam uma média de duas pessoas por mês (mais de 20 por ano) e que, em 2015, após dois anos com mais de vinte e cinco rinocerontes abatidos – em vez dos menos de dez habituais dos anos anteriores – haviam sido vitimadas mais pessoas pelos rangers que rinocerontes pelos caçadores furtivos.”

Na base do problema, estavam (e estão), como sempre, a procura dos compradores sobretudo da China e Vietname, países em que perdura a crença de que o corno de rinoceronte cura tudo, desde o cancro à disfunção eréctil. E em que meras 100g da queratina que o compõe podem valer até 5500€.

Tendo em conta a dificuldade do combate dos gangues de caçadores furtivos bem organizados que chegam a emboscar os rangers, as suas acções até seriam justificadas. No entanto, a ansiedade dos guardas do parque e a impunidade com que operam têm vindo a causar demasiados danos e mantêm os habitantes num estado de permanente sobressalto.

Búfalo e elefante, PN Kaziranga, Assam, Índia

Búfalo e elefante partilham uma zona anfíbia do PN Kaziranga.

As Atribulações da Vida em Redor de Kaziranga

Tínhamos planeado, para a manhã seguinte, visitar e fotografar trabalhadores de uma das várias plantações de chá Assam das redondezas. Ao fim do dia, o motorista informa-nos que esses planos se iriam frustrar: “houve uma agressão de um patrão a um trabalhador que exigia receber um pagamento em atraso.

Agora, por solidariedade, está a povoação toda de greve. Nem os apanhadores de chá trabalham, nem os negócios vão abrir.” Tal como nos explicou, assim se passou.

Ainda deambulamos pela povoação entre a At Road e Kohora, a sul do Aranya Lodge. Por breves momentos. Em tempo de greve e de protesto, depressa percebemos que ali andávamos desenquadrados.

Os guias do PN Kaziranga continuavam activos. De acordo, pouco depois da uma da tarde metemo-nos num dos muitos jipes Maruti Suzuki Gypsy que servem o parque e entramos por um pórtico distinto do da manhã.

Nova Tarde Entre a Fauna de Kaziranga

Motorizados, percorremos uma área bem mais vasta e cenários bastante mais diversificados: pauis que alternavam com selva, veredas elevadas face a lagos, aqui e ali cruzadas por todos os tipos de animais e que conduziam a torres de observação. Do cimo dessas torres, observamos novos pântanos pejados de búfalos asiáticos, de elefantes e, claro está, de rinocerontes indianos.

Rinoceronte, PN Kaziranga, Assam, Índia

Rinoceronte destacado da água dourada de um dos lagos do PN Kaziranga.

Já quase ao fim do dia, avistamos um destes monocerontes, solitário, a deambular por um lago pouco profundo. O ocaso iminente produzia um grande feixe laranja na superfície. Aos poucos, o animal arrasta-se na sua direcção e sobrepõe-se àquela água reluzente. Empina a cabeça e o focinho e gera uma silhueta que nos deixa boquiabertos.

O deslumbre não ficaria por aí. De volta ao jipe, o guia regressava já à saída do parque quando ouvimos uma família de indianos num outro jipe gritar “tigre!!!”. Só tivemos tempo de nos voltarmos e de apontar as máquinas fotográficas para o caminho ervado em que intuímos que o felino atravessava, uns poucos metros recortados na imensidão da erva-canita.

Mesmo se o PN Kaziranga acolhe uma das densidades de tigres mais elevadas do mundo, são apenas cerca de cem os que o percorrem. Tínhamos acabado de fotografar um deles. A imagem estava longe de perfeita (tínhamos o perfil completo do felino, mas não nos encarava). Ainda assim, o “feito” não tardou a correr o lodge. E não só.

Tigre, PN Kaziranga, Assam, Índia

Tigre cruza um trilho largo do PN Kaziranga.

À noite, a greve havia já sido suspensa. A povoação regressara à sua vida agitada. Aqui e ali, visitantes indianos e até alguns donos de negócios, abordaram-nos desejosos de inspeccionarem as imagens do felino listado. “Parabéns! Não é todos os dias que se conseguem fotos dessas!” afiançam-nos dois guias que as espreitam, orgulhosos do troféu que levávamos do seu idolatrado PN Kaziranga. Essas foram só as do esquivo tigre.

Os autores agradecem o apoio na realização deste artigo às seguintes entidades: Embaixada da Índia em Lisboa; Ministry of Tourism, Government of India, Assam Development Corporation.

PN Chobe, Botswana

Chobe: um rio na Fronteira da Vida com a Morte

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Delta do Okavango, Botswana

Nem Todos os Rios Chegam ao Mar

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Reserva Masai Mara: De Viagem pela Terra Masai

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África Favorita de Hemingway

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O Legado do Saudoso Leão Cecil

No dia 1 de Julho de 2015, Walter Palmer, um dentista e caçador de trofeus do Minnesota matou Cecil, o leão mais famoso do Zimbabué. O abate gerou uma onda viral de indignação. Como constatamos no PN Hwange, quase dois anos volvidos, os descendentes de Cecil prosperam.
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O Coração Selvagem de Moçambique dá Sinais de Vida

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Meghalaya, Índia

Pontes de Povos que Criam Raízes

A imprevisibilidade dos rios na região mais chuvosa à face da Terra nunca demoveu os Khasi e os Jaintia. Confrontadas com a abundância de árvores ficus elastica nos seus vales, estas etnias habituaram-se a moldar-lhes os ramos e estirpes. Da sua tradição perdida no tempo, legaram centenas de pontes de raízes deslumbrantes às futuras gerações.
Tawang, Índia

O Vale Místico da Profunda Discórdia

No limiar norte da província indiana de Arunachal Pradesh, Tawang abriga cenários dramáticos de montanha, aldeias de etnia Mompa e mosteiros budistas majestosos. Mesmo se desde 1962 os rivais chineses não o trespassam, Pequim olha para este domínio como parte do seu Tibete. De acordo, há muito que a religiosidade e o espiritualismo ali comungam com um forte militarismo.
Dawki, Índia

Dawki, Dawki, Bangladesh à Vista

Descemos das terras altas e montanhosas de Meghalaya para as planas a sul e abaixo. Ali, o caudal translúcido e verde do Dawki faz de fronteira entre a Índia e o Bangladesh. Sob um calor húmido que há muito não sentíamos, o rio também atrai centenas de indianos e bangladeshianos entregues a uma pitoresca evasão.
Siliguri a Darjeeling, Índia

Ainda Circula a Sério o Comboio Himalaia de Brincar

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