Circuito Annapurna: 1º - Pokhara a ChameNepal

Por Fim, a Caminho


Por Chame
Amigos percorrem a rua principal de Chame, uma povoação situada a 2670 metros, de onde se vislumbram os primeiros picos nevados dos Annapurnas.
Paz lacustre
Barcos de recreio no lago Phewa, junto a Pokhara, a base logística dos mochileiros que se embrenham no Annapurna Circuit.
No calor da noite
Carregadores, guias e condutores de jipe convivem na cozinha aquecida do Himalyan Hotel, em Chame.
Talasso descanso
Dois clientes de uma Tea House  de Syange.
Tempo de chá
Cozinheiras do Himalayan Hotel, um de vários que acolhem os caminhantes de passagem por Chame.
Pescaria prateada
Pescadores na margem do lago Phewa, às portas de Pokhara.
Himalaias abaixo
Desfiladeiro apertado do rio Marsyangdi, em pleno trajecto entre Syange e Chame.
Um descanso
Moradora de Chame repousa momentaneamente de cortar a lenha que aquece as noites frias da povoação.
Lugarejo nepalês
Pequena povoação impingida à falésia, a caminho de Chame.
New Sunrise
Rapazes entretem-se a ver os caminhantes passar junto ao hotel New Sunrise de Danaque.
A janta possível
Sopa (de alho) e veg fried rice, uma combinação clássica de refeição durante o percurso. Diz-se que a sopa de alho previne o mal da montanha. Outro mal está em conseguir uma sopa que não seja instantânea.
Moto-paternidade
Pai conduz o filho ainda bebé numa viagem de mota que passa por Chame.
No assento do costume
Ancião repousa e apanha sol à beira da estrada, entre Syange e Chame.
A Tal
Tal, um povoado plantado à beira do rio Marsyangdi e algo vunerável às suas enchentes.
Manas
Irmãs espreitam os forasteiros da porta da sua casa, em Chame.
Depois de vários dias de preparação em Pokhara, partimos em direcção aos Himalaias. O percurso pedestre só o começamos em Chame, a 2670 metros de altitude, com os picos nevados da cordilheira Annapurna já à vista. Até lá, completamos um doloroso mas necessário preâmbulo rodoviário pela sua base subtropical.

Estamos em Pokhara, a capital mochileira do Nepal e do Circuito dos Annapurnas. Para trás, ficaram Kathamandu, Bakhtapur e o vale que os envolve.

Os Annapurnas insinuam-se a norte.

Por algumas horas após cada alvorada, a água imóvel do lago Phewa contempla os forasteiros com o reflexo dos seus cumes nevados. A visão inquieta-nos a dobrar mas não podíamos levar os Himalaias e o Circuito Annapurna de ânimo leve.

Lago Phewa, Pokhara, Nepal

Barcos de recreio no lago Phewa, junto a Pokhara, a base logística dos mochileiros que se embrenham no Annapurna Circuit.

Chegados a Kathmandu, da Índia, sem roupa para o frio, tínhamos muito que planear, os permits necessários por obter e quase todo o equipamento ainda por comprar.

São tantas e tão semelhantes as lojas de trekking e montanhismo que – como acontece com a maior parte dos forasteiros –  depressa nos vimos perdidos no labirinto de montras e interiores atafulhados de vestuário sintético e colorido Made in China e Made in Nepal.

Conscientes de que iríamos estar duas semanas ou mais sem Internet condigna, além das compras, retiveram-nos ainda a criação dos artigos e restantes tarefas computorizadas que, à partida, devíamos deixar resolvidas.

Passámos boa parte do tempo no quarto e na varanda do hotel, com saídas cirúrgicas à baixa comercial da povoação para nos alimentarmos e nos abastecermos da roupa e equipamento na nossa recém-criada lista.

Pokhara, Demasiada Pokhara

“Vocês outra vez? Ainda por cá? Mas, afinal, quando é partem?” Pergunta-nos Binsa, a dona pachorrenta e espirituosa de uma das lojas a que regressámos e voltamos a regressar.

Demasiados dias se sucederam sem que os conseguíssemos evitar, quase todos com meteorologias que evoluíam de um sol matinal radioso a chuvadas e trovoadas furiosas para o fim da tarde e noite.

Tínhamos chegado a Pokhara numa quinta-feira. Não queríamos deixar a seguinte vencer-nos. De acordo, quarta à noite, decididos a sair para a montanha, enchemos as mochilas também lá compradas de tudo o que iríamos carregar. Dormimos atordoados pelo peso da expedição.

O dos catorze quilos que – devido ao material fotográfico mas não só – contavam as mochilas, em vez dos oito ou nove aconselhados. E o da mera dimensão e duração da caminhada, de longe, a mais longa e desgastante em que nos tínhamos metido.

Como consequência da ansiedade e cansaço acumulados, deixamos o hotel à hora de almoço em vez das oito da manhã planeadas.

Só quase às quatro da tarde, damos com o sítio de que partiria a última ligação do dia para Besishahar, na companhia de um nepalês emigrado no Dubai há catorze anos, expansivo e empreendedor a condizer, que connosco engraçou e fez questão de nos garantir dois assentos na carrinha sobrelotada.

O Abrigo Providencial de Besishahar

Chegamos a Besishahar pouco depois do anoitecer. Uma tempestade trovejante descia das montanhas e apoderava-se da aldeia. Não tardou a descarregar sobre ela a sua fúria e uma torrente assustadora de água.

Descemos da van para uma guesthouse Gangapurna, como toda a povoação, às escuras.

Deixamos as mochilas num quarto claustrofóbico e descemos para jantar à luz de velas. Ao servir-nos a thupka e o veg fried rice, o dono do hotel prometeu-nos lugar num dos jipes que sairia de manhã cedo para Chame.

Sem razões para estendermos o romantismo forçado da ceia, subimos e dormimos tanto quanto podíamos.

Refeição "clássica" do Circuito Annapurna, Nepal

Sopa (de alho) e veg fried rice, uma combinação clássica de refeição durante o percurso. Diz-se que a sopa de alho previne o mal da montanha. Outro mal está em conseguir uma sopa que não seja instantânea.

Às sete e meia da manhã,  a electricidade continuava arredada da povoação. Mesmo assim, os estabelecimentos abriam como se nada se passasse e a caixa automática de um tal de Siddartha Bank abençoou-nos com 25.000 rupias nepalesas, ainda tempo de nos enfiarmos no jipe.

Besishahar estabelecia o limite da rede rodoviária navegável por veículos normais.

Dali, para norte e para cima na cordilheira, só os veículos com tracções poderosas conseguiam vencer a estrada rude que as autoridades do Nepal arrancaram às encostas rochosas e abruptas.

Rio Marsyangdi, Nepal

Desfiladeiro apertado do rio Marsyangdi.

Repleta de trechos apertados entre as vertentes e grandes precipícios sobre o rio Marsyangdi, a secção entre Besishahar e Chame é considerada uma das mais perigosas à face da Terra.

Sobretudo durante as monções, quando enxurradas formadas nas terras mais altas podem causar derrocadas em qualquer momento e varrer os veículos e passageiros azarados do mapa.

povoado plantado à beira do rio Marsyangdi, Nepal

Tal, um povoado plantado à beira do rio Marsyangdi e algo vunerável às suas enchentes.

Aquele dia, no entanto, tinha amanhecido bem disposto. Mesmo se os fortes solavancos do jipe nos massacravam as costas ainda impreparadas, avançámos a bom ritmo e sem percalços.

A Escolha Sinuosa do Início do Circuito

Verdade seja dita que os folhetos do circuito dos Annapurnas  agora exibem Besishahar como o início oficial do percurso. Até há uns anos, o número de trekkers que inaugurava a caminhada em Dumre – bem antes de Besishahar – e a completava mais de vinte dias depois em Pokhara era substancial.

Mas, quando as estradas entre Dumre e Chame, e do outro lado da cordilheira, as que seguiam para Jomson e Muktinah – ficaram prontas e os jipes passaram a servir os trajectos, popularizou-se a decisão de abreviar o percurso e concentrar esforços nos trechos mais elevados, mais próximos dos Annapurnas.

Hoje, só alguns caminhantes fundamentalistas e sem reservas de tempo, continuam a querer cumprir o todo, de Besishahar a Birethanti ou até Pokhara.

A nós, interessava-nos, mais que tudo, o itinerário que serpenteava entre as aldeias nepalesas de cultura tibetana, com vista para os cumes nevados e elevados da cordilheira.

Ora, esse reduto começava em Chame. A segunda noite, se a montanha o concedesse, haveríamos de lá a dormir.

O Improviso Geológico de Syange

Nem tudo correu como esperado. O condutor do jipe não tarda a informar-nos que se dera uma derrocada antes de Syange.

A viagem teria, assim, que ser cumprida em duas etapas e em dois jipes distintos. Contornamos o trecho soterrado, a pé, em meia-hora.

Lugarejo, Circuito Annapurna, Nepal

Pequena povoação impingida à falésia, a caminho de Chame.

Em Syange, refrescamo-nos e, fazendo fé na sua honestidade budista, pagamos o valor normal do percurso até Chame ao condutor inicial. Este, prometeu-nos que nos colocaria a bordo de um outro jipe que cumpriria o derradeiro trecho. Jipes não faltavam. Ao contrário do condutor que, quando regressamos da casa-de-banho, desaparecera.

Perguntamos a um grupo de nepaleses e de forasteiros se dele sabiam. Dizem-nos que tinha ido almoçar. Depressa percebemos que se fazia de esquecido quanto ao valor total do percurso já pago e ao que prometera.

O casal irlandês-aussie que nos acompanhava a bordo só tinha dez dias para todo o percurso e mostrava-se ansioso.

Ancião entre Syange e Chame, Nepal

Ancião repousa e apanha sol à beira da estrada, entre Syange e Chame.

Confrontados com o desfalque, em vez de tentarem reaver o pagamento perdido, decidiram começar ali a caminhada. Nós, não tardámos a encontrar o condutor trapaceiro a meio da sua refeição.

Bastou-nos ameaçá-lo com uma queixa à polícia e a promessa de que se meteria em sérios problemas para nos devolver o dinheiro de todos.

Do Lado de Lá da Derrocada

Também a negociação do trecho final se veio a provar complicada. O número inesperado de mochileiros a precisarem de jipes em Syange fez com que os seus proprietários tentassem inflacionar o preço para o valor que, por norma, custava o trajecto todo, de Besishahar a Chame.

Como sempre acontece nestas situações, perante a abundância de veículos, a promessa repetida de rejeitarmos os seus serviços resolveu o assunto.

Mais depressa do que esperámos, partimos montanha acima com três novos parceiros de viagem: Arthur, um jovem francês desportista, maratonista e reservado que se dirigia a Manang.

Era suposto lá se encontrar com um guia local que o ajudaria a escalar um pico das imediações com mais de 6.000 metros.

clientes de uma Tea House de Syange, Nepal.

Dois clientes de uma Tea House de Syange.

“Daqui a um ano quero estar no cume do Evereste” informou-nos com a confiança que a sua forma física e juventude lhe emprestava. “Vai ser um bom treino!”

Arthur, seguiu connosco no interior da cabine. Sobre a caixa, iam dois outros mochileiros. Malgrado a violência dos solavancos e o panorama ainda mais assustador sobre os precipícios à direita da estrada, Josua Schmoll, alemão, e Fevsi Kamisoglu, turco, asseguraram-nos que preferiam o ar livre

Quando, pela cinco da tarde, desembarcamos em Chame, quase em cima do ocaso, o duo tremia que nem varas.

Por fim, Chame

A sombra e o frio súbito da montanha tinham-nos apanhado desprevenidos. Com as mochilas soterradas por carga do jipe, vinham há quase uma hora a suportar o sofrimento com muita conversa e ainda mais solidariedade.

Jovens percorrem a rua principal de Chame, Nepal

Amigos percorrem a rua principal de Chame, uma povoação situada a 2670 metros, de onde se vislumbram os primeiros picos nevados dos Annapurnas.

Chegados a Chame, instalamo-nos em guesthouses diferentes deles mas não tardaríamos a reencontrá-los.

Espreitamos o Himalayan Hotel logo em frente, um casarão de dois andares de madeira pintada de azul e rosa. Como aconteceria ao longo de todo o percurso, um letreiro à entrada prometia WiFi e água quente. E, à imagem do que se repetiria vezes sem conta, WiFi nem pensar; água quente, só a aquecida ao fogo, fornecida em balde.

O quarto não tinha fichas eléctricas. Carregar os telefones, powerbanks, baterias das máquinas e de outros dispositivos implicou partilhar com vários outros hóspedes uma torre de fichas instáveis disponível na sala de refeições. Ao menos, a electricidade não faltava como tinha acontecido em Besishahar e se viria a repetir.

Eram lacunas para que já vínhamos avisados e que nada nos incomodaram. Bem mais importante, estávamos no ponto de partida planeado da nossa caminhada, um enorme forno a lenha aquecia a cozinha e uma salamandra amornava a sala de jantar.

Instalamo-nos numa das mesas mais próximas do calor e pedimos o primeiro jantar nas terras altas da cordilheira dos Annapurnas: sopa de vegetais, veg fried rice e uma omelete.  Comemos na companhia de um grupo de japoneses que tinham chegado da direção oposta do percurso.

Cozinheiras do Himalayan Hotel, Chame, Nepal

Cozinheiras do Himalayan Hotel, um de vários que acolhem os caminhantes de passagem por Chame.

Uma Ceia com Companhia Nipónica

Um deles, Kaito, era apaixonado por línguas. Dominava o inglês e outros doze ou treze dialectos. Visitava o Nepal pela vigésima vez e conhecia os seus quatro cantos. “Quanto mais cá venho, mais gosto de voltar. Mesmo se os podres deste país me deixam deveras decepcionado.“

O guia nepalês do pequeno grupo nipónico aparece vindo da cozinha. Para o poupar ao desabafo, Kaito aborta o discurso. Em vez, apresenta-nos e gaba o seu guia, um jovem montanheiro que tinha subido ao cume do Evereste por duas vezes, conquistado o Annapurna e o K2.

Passamos a dialogar com Kaito e com o guia em simultâneo. Aproveitamos o seu conhecimento para nos esclarecermos sobre o ponto mais delicado do itinerário, Thorong La.

Situado à altitude suprema do percurso de 5400 metros, este desfiladeiro gera ansiedade em todos os caminhantes, conscientes que, mais cedo ou mais tarde, terão de o cruzar por vezes, em condições meteorológicas  complicadas e a sofrerem de mal da montanha.

Cansados da sua jornada, os japoneses e o guia retiram-se. Nós, mudamo-nos para cozinha, ainda animada pelas cozinheiras, pelos jovens empregados do hotel e um grupo de condutores de jipes, guias e carregadores entregues às suas refeições e a uma galhofa desenfreada.

Guias, condutores e carregadores na cozinha do Himalyan Hotel, em Chame, Nepal

Carregadores, guias e condutores de jipe convivem na cozinha aquecida do Himalyan Hotel, em Chame

Terminado o repasto, desejosos de paz e descanso, as cozinheiras e o empregados apressam o fecho da mais quente das divisões.

Desejamos-lhes boas noites, agasalhamo-nos e enfrentamos o frio exterior congelante, quase tão mau dentro do quarto pouco ou nada protegido que nos calhara. Munidos de sacos-cama para 20º negativos, recuperamos energias aconchegados no regaço da cordilheira Annapurna.

Na manhã seguinte, começaríamos a longa peregrinação pelo seu vasto domínio.

Mais informações sobre caminhadas no Nepal no site oficial do Turismo do Nepal.

Circuito Annapurna: 2º - Chame a Upper PisangNepal

(I)Eminentes Annapurnas

Despertamos em Chame, ainda abaixo dos 3000m. Lá  avistamos, pela primeira vez, os picos nevados e mais elevados dos Himalaias. De lá partimos para nova caminhada do Circuito Annapurna pelos sopés e encostas da grande cordilheira. Rumo a Upper Pisang.
Circuito Annapurna: 3º- Upper Pisang, Nepal

Uma Inesperada Aurora Nevada

Aos primeiros laivos de luz, a visão do manto branco que cobrira a povoação durante a noite deslumbra-nos. Com uma das caminhadas mais duras do Circuito Annapurna pela frente, adiamos a partida tanto quanto possível. Contrariados, deixamos Upper Pisang rumo a Ngawal quando a derradeira neve se desvanecia.
Circuito Annapurna: 4º – Upper Pisang a Ngawal, Nepal

Do Pesadelo ao Deslumbre

Sem que estivéssemos avisados, confrontamo-nos com uma subida que nos leva ao desespero. Puxamos ao máximo pelas forças e alcançamos Ghyaru onde nos sentimos mais próximos que nunca dos Annapurnas. O resto do caminho para Ngawal soube como uma espécie de extensão da recompensa.
Circuito Annapurna: 5º - Ngawal a BragaNepal

Rumo a Braga. A Nepalesa.

Passamos nova manhã de meteorologia gloriosa à descoberta de Ngawal. Segue-se um curto trajecto na direcção de Manang, a principal povoação no caminho para o zénite do circuito Annapurna. Ficamo-nos por Braga (Braka). A aldeola não tardaria a provar-se uma das suas mais inolvidáveis escalas.
Circuito Annapurna: 6º – Braga, Nepal

Num Nepal Mais Velho que o Mosteiro de Braga

Quatro dias de caminhada depois, dormimos aos 3.519 metros de Braga (Braka). À chegada, apenas o nome nos é familiar. Confrontados com o encanto místico da povoação, disposta em redor de um dos mosteiros budistas mais antigos e reverenciados do circuito Annapurna, lá prolongamos a aclimatização com subida ao Ice Lake (4620m).
Circuito Annapurna: 7º - Braga - Ice Lake, Nepal

Circuito Annapurna - A Aclimatização Dolorosa do Ice Lake

Na subida para o povoado de Ghyaru, tivemos uma primeira e inesperada mostra do quão extasiante se pode provar o Circuito Annapurna. Nove quilómetros depois, em Braga, pela necessidade de aclimatizarmos ascendemos dos 3.470m de Braga aos 4.600m do lago de Kicho Tal. Só sentimos algum esperado cansaço e o avolumar do deslumbre pela Cordilheira Annapurna.
Circuito Annapurna: 8º Manang, Nepal

Manang: a Derradeira Aclimatização em Civilização

Seis dias após a partida de Besisahar chegamos por fim a Manang (3519m). Situada no sopé das montanhas Annapurna III e Gangapurna, Manang é a civilização que mima e prepara os caminhantes para a travessia sempre temida do desfiladeiro de Thorong La (5416 m).
Circuito Annapurna: 9º Manang a Milarepa Cave, Nepal

Uma Caminhada entre a Aclimatização e a Peregrinação

Em pleno Circuito Annapurna, chegamos por fim a Manang (3519m). Ainda a precisarmos de aclimatizar para os trechos mais elevados que se seguiam, inauguramos uma jornada também espiritual a uma caverna nepalesa de Milarepa (4000m), o refúgio de um siddha (sábio) e santo budista.
Circuito Annapurna 10º: Manang a Yak Kharka, Nepal

A Caminho das Terras (Mais) Altas dos Annapurnas

Após uma pausa de aclimatização na civilização quase urbana de Manang (3519 m), voltamos a progredir na ascensão para o zénite de Thorong La (5416 m). Nesse dia, atingimos o lugarejo de Yak Kharka, aos 4018 m, um bom ponto de partida para os acampamentos na base do grande desfiladeiro.
Bhaktapur, Nepal

As Máscaras Nepalesas da Vida

O povo indígena Newar do Vale de Katmandu atribui grande importância à religiosidade hindu e budista que os une uns aos outros e à Terra. De acordo, abençoa os seus ritos de passagem com danças newar de homens mascarados de divindades. Mesmo se há muito repetidas do nascimento à reencarnação, estas danças ancestrais não iludem a modernidade e começam a ver um fim.
Wanaka, Nova Zelândia

Que Bem que Se Está no Campo dos Antípodas

Se a Nova Zelândia é conhecida pela sua tranquilidade e intimidade com a Natureza, Wanaka excede qualquer imaginário. Situada num cenário idílico entre o lago homónimo e o místico Mount Aspiring, ascendeu a lugar de culto. Muitos kiwis aspiram a para lá mudar as suas vidas.
Kazbegi, Geórgia

Deus nas Alturas do Cáucaso

No século XIV, religiosos ortodoxos inspiraram-se numa ermida que um monge havia erguido a 4000 m de altitude e empoleiraram uma igreja entre o cume do Monte Kazbek (5047m) e a povoação no sopé. Cada vez mais visitantes acorrem a estas paragens místicas na iminência da Rússia. Como eles, para lá chegarmos, submetemo-nos aos caprichos da temerária Estrada Militar da Geórgia.
Parque Nacional Gorongosa, Moçambique, Vida Selvagem, leões
Safari
PN Gorongosa, Moçambique

O Coração Selvagem de Moçambique dá Sinais de Vida

A Gorongosa abrigava um dos mais exuberantes ecossistemas de África mas, de 1980 a 1992, sucumbiu à Guerra Civil travada entre a FRELIMO e a RENAMO. Greg Carr, o inventor milionário do Voice Mail recebeu a mensagem do embaixador moçambicano na ONU a desafiá-lo a apoiar Moçambique. Para bem do país e da humanidade, Carr comprometeu-se a ressuscitar o parque nacional deslumbrante que o governo colonial português lá criara.
Muktinath a Kagbeni, Circuito Annapurna, Nepal, Kagbeni
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna 14º - Muktinath a Kagbeni, Nepal

Do Lado de Lá do Desfiladeiro

Após a travessia exigente de Thorong La, recuperamos na aldeia acolhedora de Muktinath. Na manhã seguinte, voltamos a descer. A caminho do antigo reino do Alto Mustang e da aldeia de Kagbeni que lhe serve de entrada.
Escadaria Palácio Itamaraty, Brasilia, Utopia, Brasil
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Brasília: da Utopia à Capital e Arena Política do Brasil

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Estrelas do Faz de Conta

Protagonizam eventos ou são empresários de rua. Encarnam personagens incontornáveis, representam classes sociais ou épocas. Mesmo a milhas de Hollywood, sem eles, o Mundo seria mais aborrecido.
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São Pedro de Atacama: a Vida em Adobe no Mais Árido dos Desertos

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Gastronomia Sem Fronteiras nem Preconceitos

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Chepe Express, Ferrovia Chihuahua Al Pacifico
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Barrancas de Cobre, Caminho de Ferro

O relevo da Sierra Madre Occidental tornou o sonho um pesadelo de construção que durou seis décadas. Em 1961, por fim, o prodigioso Ferrocarril Chihuahua al Pacifico foi inaugurado. Os seus 643km cruzam alguns dos cenários mais dramáticos do México.
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Ao longo das décadas e até aos dias de hoje, milhares de cubanos cruzaram o estreito da Florida em busca da terra da liberdade e da oportunidade. Com os E.U.A. ali a meros 145 km, muitos não foram mais longe. A sua Little Havana de Miami é, hoje, o bairro mais emblemático da diáspora cubana.
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Área de Serviço à Moda Moçambicana

Repete-se em quase todas as paragens em povoações de Moçambique dignas de aparecer nos mapas. O machimbombo (autocarro) detém-se e é cercado por uma multidão de empresários ansiosos. Os produtos oferecidos podem ser universais como água ou bolachas ou típicos da zona. Nesta região a uns quilómetros de Nampula, as vendas de fruta eram sucediam-se, sempre bastante intensas.
tunel de gelo, rota ouro negro, Valdez, Alasca, EUA
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Na Rota do Ouro Negro

Em 1989, o petroleiro Exxon Valdez provocou um enorme desastre ambientai. A embarcação deixou de sulcar os mares mas a cidade vitimada que lhe deu o nome continua no rumo do crude do oceano Árctico.
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Fiordland, Nova Zelândia

Os Fiordes dos Antipodas

Um capricho geológico fez da região de Fiordland a mais crua e imponente da Nova Zelândia. Ano após anos, muitos milhares de visitantes veneram o sub-domínio retalhado entre Te Anau e Milford Sound.
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