Ilha do Fogo, Cabo Verde

À Volta do Fogo


Frota da Ponta das Salinas
A Doca Possível
Vidas de outros tempos
Sepulturas do cemitério de Ponta das Salinas
Trânsito do dia
Habitante de Cova Figueira puxa um pequeno jumento sobre a estrada calçada.
Casario de Cova Figueira
No Limiar da Lava
Verde de Mosteiros
Casario Mal Acabado de Mosteiros
O casario mal-acabado de Mosteiros, nas imediações de outro trajecto habitual da lava do vulcão Fogo.
Fogo Oriental
Pastor emerge, entre agaves, nas imediações da vertente leste do vulcão Fogo.
Venda de rua
Vendedores de bolachas, biscoitos e rebuçados à beira da estrada, nas imediações de Cova Figueira.
Lava às Camadas
Lava estratificada pende da vertente leste do vulcão Fogo.
Fogo: a Ilha. o Vulcão
Ilha e vulcão do Fogo como vistos de um avião.
Equipa de Vendas
Vendedores de artesanato à entrada do Parque Natural do Fogo
Ditaram o tempo e as leis da geomorfologia que a ilha-vulcão do Fogo se arredondasse como nenhuma outra em Cabo Verde. À descoberta deste arquipélago exuberante da Macaronésia, circundamo-la contra os ponteiros do relógio. Deslumbramo-nos no mesmo sentido.

São Filipe, a capital do Fogo que há dias nos acolhia faz de ponto de partida.

Deixamo-la o mais cedo que conseguimos, ainda moídos do despertar madrugador em Chã das Caldeiras, da ascensão dolorosa ao cume do vulcão Fogo e da não menos erosiva descida da Chã até à beira-mar de Mosteiros.

Passa um pouco das nove da manhã. A névoa quase seca característica do Inverno da ilha permanece em estado embrionário. A clareza e frescura efémeras incitam-nos a fazermo-nos ao caminho.

Contornamos o aeródromo em que tínhamos dado os passos inaugurais na ilha. Prosseguimos pela estrada que circunda o Fogo não pela sua beira-mar, como seria de esperar, ali, na costa sul, por uma quota acima, mais plana e estável, a que o velho empedrado da via se agarrava com rigor redobrado e melhor resistia aos sucessivos caprichos geológicos e tectónicos do lugar.

Ilha do Fogo Acima, Rumo à Grande Caldeira do Vulcão

O plano inicial era progredirmos para leste. Fazemo-lo com passagem por Talho e por Vicente Dias. Cruzamos a aldeola de Penteada e abordamos a de Patim, de onde uma ramificação rodoviária encaixada entre as ribeiras de Patim e de Fundo, trepa rumo a Monte Grande, logo ao Monte Largo e, na Achada Furna, ganha embalo para atingir as alturas da caldeira massiva do vulcão Fogo.

A subida de uns dias antes à caldeira havia sido nocturna. O escuro, tinha-nos furtado o privilégio de admirarmos a imponência enegrecida da sua entrada, os paredões, rochedos e sulcos de lava abrasiva e o basalto polido que a compõem, em jeito de monumento dantesco.

Atingimos a famosa placa que dá as boas-vindas ao Parque Natural do Fogo, à beira de um meandro da estrada, no aparente fundo do cone quase-perfeito do vulcão. Momentos depois de deixarmos a pick-up, um grupo de artesãos aborda-nos com uma suavidade bem cabo-verdiana.

Mini-Casas de Lava: o Artesanato Criativo da Caldeira

Exibem-nos uma série de casinhas tradicionais da caldeira feitas de magma, de palha e sementes a enfeitar o tecto cónico. Umas são elementares. Outras, contam com dois pisos e estruturas mais complexas.

Sabemos que evocam os edifícios genuínos e pitorescos que a lava das últimas erupções do Fogo soterraram. Temos consciência do quanto a destruição provocada por essas erupções fragilizou os seus habitantes.

Ilha do Fogo, Cabo Verde

Vendedores de artesanato à entrada do Parque Natural do Fogo

Por isso e porque gostávamos de oferecer presentes o mais caboverdianos possível a familiares e amigos, damos connosco a admirar a colecção que nos propõem, e a comprarmos cinco mil escudos de casinhas de lava, parte de um sortido mini-arquitectónico escolhido a dedo.

Desse preâmbulo administrativo, avançamos ladeira acima e em redor do arco inicial da caldeira. Para cá e para lá, intimidados com a opressão tenebrosa do domínio vulcânico. Quando nos vemos à entrada da já nossa conhecida Portela, revertemos para a entrada da caldeira.

Ilha do Fogo, Cabo Verde

Estrada que desce da caldeira do vulcão Fogo para o fundo da vertente sul da ilha do Fogo.

Descida da Caldeira, Para Leste, Rumo a Cova Figueira

Abundam os moradores apeados, por estas paragens. À medida que descemos por entre fumarolas e crateras secundárias ressequidas, damos-lhes uma primeira boleia. Logo outra. E outra ainda.

Às tantas, temos cinco passageiros na pick up.

Com o combustível a baixar demasiado, aproveitamos o seu conhecimento da zona. Deixamo-nos orientar até um pequeno revendedor da beira da estrada que nos vende combustível engarrafado. O suficiente até chegarmos à bomba que menos distava.

Pouco depois de Figueira Pavão, ainda antes de Cova Figueira – Kóba Figuera, em crioulo – as estradas circulares de quotas diferentes fundem-se na Circular do Fogo.

O seu empedrado empoeirado conduz-nos ao casario garrido da última das povoações, estendido pela encosta murcha abaixo, no mesmo sentido que qualquer nova torrente de lava levaria.

Vulcão Fogo, Cova Figueira, Ilha do Fogo, Cabo Verde

Cume do vulcão Fogo destacado acima do casario de Cova Figueira.

Depois de vinte quilómetros percorridos sem sinal do seu cone, eis que o vulcão se volta a insinuar. Detectamo-lo, tão sobranceiro como é suposto, já que se trata do tecto de Cabo Verde.

Acima do casario, da vertente terrosa e até da névoa sulfurosa que mantinha em seu redor.

Ao nível de Kóba Figuera, o dia aquecia e desenrolava-se sem percalços. Um jovem casal aguardava pela Hiace responsável pela rota da Praia da Fajã.

Um ancião puxava um burrico por uma corda.

Ilha do Fogo, Cabo Verde

Habitante de Cova Figueira puxa um pequeno jumento sobre a estrada calçada.

Vendedores de bolachas, rebuçados e outros petiscos embalados mantinham-se a postos na sua banca improvisada, contra uma velha casa de pedra-lava, à sombra de chapéus de praia providenciais.

Após Cova Figueira, a Circular do Fogo entra em pleno na vertente leste da ilha e do vulcão, a que se sabe que, há 73 mil anos atrás, colapsou sobre o Atlântico.

Passagem pela Vertente Oriental e Monumental do Vulcão Fogo

E que assim gerou um maremoto de mais de 150 metros de altura que atingiu o ocidente da vizinha Santiago com enorme impacto. De tal maneira que se podem encontrar no litoral de Santiago enormes calhaus provindos do Fogo.

Malgrado a dimensão do evento geológico, tanto a ilha do Fogo como Santiago subsistiram e estão para durar. Na iminência da fronteira dos concelhos de São Filipe e de Santa Catarina do Fogo, a Circular ziguezagueia por uma meia-encosta pejada de agaves exuberantes, de um verde resplandecente que contrasta com o azulão do Atlântico.

Vertente leste do vulcão, Ilha do Fogo, Cabo Verde

Pastor emerge, entre agaves, nas imediações da vertente leste do vulcão Fogo.

Ali, o cone do Fogo eleva-se e aproxima-se do Atlântico mais que nunca. Fuma a condizer e produz uma névoa acinzentada que turva o azul-celeste.

A sua lava solidificada lista a paisagem de verde e amarelo vegetal, faixas intercaladas com outras zonas tostadas pelas torrentes das sucessivas erupções que obrigaram ainda a um mesmo número de reconstruções da via por que progredíamos.

Após nova curva, já entre os agaves afiados, ficamos acima de um enorme desnível da vertente. Um rebanho multicolor de cabras espanta-se pela nossa presença em tal território montês.

Por instantes, admiramos o seu equilíbrio acrobático. Num ápice, a imponência do Fogo reconquista-nos a atenção para o cerco de negrume que o vulcão fizera ao lugarejo lá em baixo, para a cinza escura que continuava a deslizar da cratera e para as incontáveis camadas de lava estratificada que se repetiam mesmo até ao cimo do colosso.

Estratos de lava, Ilha do Fogo, Cabo Verde

Lava estratificada pende da vertente leste do vulcão Fogo.

A esforço, lá quebramos o feitiço que nos mantinha captivos daquela vista. Prosseguimos para norte. Voltamos a deter-nos na aldeola da Tinteira.

Espanta-nos a visão de um grupo de crianças entregues a brincadeiras e traquinices, sobre lava sólida, entre enormes calhaus basálticos e com a névoa sulfúrea intimidante a pairar em fundo.

A Emigração Cíclica da Ilha do Fogo para o Leste dos Estados Unidos

Surpreende-nos também a miragem real de bandeiras dos Estados Unidos a ondularem ao vento, mesmo que o fenómeno de estranho pouco tenha.

São mais os caboverdianos expatriados que aqueles a morar no seu arquipélago. A instabilidade gerada pelo potencial de novas erupções do Fogo contribui para que muitos nativos da ilha partam para além-mar.

As regiões de Boston e de New Bedford, onde se contam já em redor de 250.000 caboverdianos, são destinos de eleição dos foguenses, até mais que Portugal e a Holanda. Os foguenses que ficam, sujeitam-se à aridez e aos caprichos não só do vulcão mas também da meteorologia.

Mesmo se na zona de Mosteiros, à sombra da única floresta da ilha, o Fogo concede plantações férteis de vegetais e frutas tropicais, até mesmo de café e de vinho, o Fogo passa por períodos aflitivos de seca. Ao longo da história, vários destes estios provaram-se mais prejudiciais que o próprio vulcão.

A estrada entra no maior dos rios de lava que o Fogo fez chegarem ao mar. A espaços, afunda e ganha enormes paredões laterais dessa mesma lava.

Um ciclista percorre-a no sentido contrário, protegido do sol da tarde e da poeira por um boné e uma máscara que lhe dão um visual de tuaregue mal-amanhado.

Não tarda, o calçadão da Circular cruza a linha imaginária que separa os domínios de Santa Catarina do Fogo dos de Mosteiros. Passamos Relva e Corvo. Com Corvo para trás, cruzamos a derradeira torrente de lava legada pelo vulcão, ainda inóspita.

Mosteiros: uma Povoação a Paredes-Meias com a Lava do Vulcão

Fazemo-nos ao casario de Fonsaco e chegamos às traseiras de Mosteiros, uma povoação inconfundível pelo seu casario instalado ora sobre uma vasta fajã de lava, ora noutra forrada por prado verdejante, no sopé da Floresta de Monte Velha.

Tal como tínhamos constatado em Cova Figueira, os moradores com posses para tal, rebocam e pintam as suas casas de cores bem vivas, intuímos que de maneira a combaterem a ditadura do negro imposta pelo vulcão.

Quando a cor é financeiramente inviável, os seus lares permanecem em blocos de cimento, feitos, em boa parte, com a areia e cinza vulcânica da ilha.

Mosteiros ,Ilha do Fogo, Cabo Verde

O casario mal-acabado de Mosteiros, nas imediações de outro trajecto habitual da lava do vulcão Fogo.

São quase dez mil os habitantes dos Mosteiros, agricultores, pescadores, se a oportunidade permitir, pequenos empresários que aproveitam as visitas de curiosos como nós.

Basta dizer que uma das caminhadas mais populares da ilha do Fogo é a descida de Chã das Caldeiras para Mosteiros.

Que muitos dos caminhantes a completam já depois de terem ascendido, em esforço, ao Pico do Fogo e que chegam a Mosteiros doridos, tanto pela subida massacrante para as coxas, como pela descida que castiga os joelhos. Também nós passámos por essa provação.

De Mosteiros, malgrado uma óbvia intensificação dos esses da estrada, tardamos pouco a atingir o norte do Fogo, entre a Fajãzinha e Atalaia.

O Fim da Volta a Ilha, com Escala em Ponta da Salina

Com a tarde a caminhar para o fim, neste trecho, várias comunidades de amigos e vizinhos entregavam-se a convívios de beira-estrada, animados por música cabo-verdiana popularucha, regados por cerveja e vinho do da ilha. À nossa passagem, acenam e saúdam-nos.

Quando chegamos a São Jorge, cortamos para a Ponta da Salina. Lá espreitamos o pequeno porto natural, moldado pela lava e animado por uma dezena de pequenos barcos garridos de pesca, cada qual com direito a um armazém de utensílios dedicado.

Ilha do Fogo, Cabo Verde

Um cavaleiro e o seu cavalo preparam-se para deixar a Ponta das Salinas.

Um homem lava, com água do mar, um cavalo castanho que mantém atado a um poste dos telefones. Logo ao lado, numa mini-enseada de areia negra, o único trecho arenoso da praia, um grupo de amigos piquenica e conversa indiferente à subida iminente da maré.

Mais volta, menos volta, damos com outra das curiosidades históricas da Salina, o seu pequeno cemitério, com pequenas torres coroadas de cruzes a fazer de lápides, orientadas para o mar.

Cemitério Ponta das Salinas, Ilha do Fogo, Cabo Verde

Sepulturas do cemitério de Ponta das Salinas

Sobre uma delas, mal cimentada, um pequeno anjo da eternidade contempla o Atlântico sem fim.

Cemitério Ponta das Salinas, Ilha do Fogo, Cabo Verde

Pormenor de uma das sepulturas do cemitério da Ponta das Salinas.

Da Ponta da Salina, sempre a ziguezaguear e aos altos e baixos, completamos os 20km que nos separavam do regresso à capital

São Filipe. Neste derradeiro trecho, enquanto anoitecia, vimos as luzinhas da ilha a ocidente do canal acenderem-se e formarem linhas incandescentes.

A Brava chamava por nós. Mais três dias de voltas pelo Fogo e haveríamos de ceder ao seu apelo.

Chã das Caldeiras, Ilha do Fogo Cabo Verde

Um Clã "Francês" à Mercê do Fogo

Em 1870, um conde nascido em Grenoble a caminho de um exílio brasileiro, fez escala em Cabo Verde onde as beldades nativas o prenderam à ilha do Fogo. Dois dos seus filhos instalaram-se em plena cratera do vulcão e lá continuaram a criar descendência. Nem a destruição causada pelas recentes erupções demove os prolíficos Montrond do “condado” que fundaram na Chã das Caldeiras.    
Cidade Velha, Cabo Verde

Cidade Velha: a anciã das Cidades Tropico-Coloniais

Foi a primeira povoação fundada por europeus abaixo do Trópico de Câncer. Em tempos determinante para expansão portuguesa para África e para a América do Sul e para o tráfico negreiro que a acompanhou, a Cidade Velha tornou-se uma herança pungente mas incontornável da génese cabo-verdiana.

Ilha do Sal, Cabo Verde

O Sal da Ilha do Sal

Na iminência do século XIX, Sal mantinha-se carente de água potável e praticamente inabitada. Até que a extracção e exportação do sal lá abundante incentivou uma progressiva povoação. Hoje, o sal e as salinas dão outro sabor à ilha mais visitada de Cabo Verde.
Ilha da Boa Vista, Cabo Verde

Ilha da Boa Vista: Vagas do Atlântico, Dunas do Sara

Boa Vista não é apenas a ilha cabo-verdiana mais próxima do litoral africano e do seu grande deserto. Após umas horas de descoberta, convence-nos de que é um retalho do Sara à deriva no Atlântico do Norte.
Santa Maria, Sal, Cabo Verde

Santa Maria e a Bênção Atlântica do Sal

Santa Maria foi fundada ainda na primeira metade do século XIX, como entreposto de exportação de sal. Hoje, muito graças à providência de Santa Maria, o Sal ilha vale muito que a matéria-prima.
Santo Antão, Cabo Verde

Pela Estrada da Corda Toda

Santo Antão é a mais ocidental das ilhas de Cabo Verde. Lá se situa um limiar Atlântico e rugoso de África, um domínio insular majestoso que começamos por desvendar de uma ponta à outra da sua deslumbrante Estrada da Corda.
São Nicolau, Cabo Verde

Fotografia dess Nha Terra São Nicolau

A voz da saudosa Cesária Verde cristalizou o sentimento dos cabo-verdianos que se viram forçados a deixar a sua ilha. Quem visita São Nicolau ou, vá lá que seja, admira imagens que a bem ilustrem, percebe porque os seus lhe chamam, para sempre e com orgulho, nha terra.
São Nicolau, Cabo Verde

São Nicolau: Romaria à Terra di Sodade

Partidas forçadas como as que inspiraram a famosa morna “Sodade” deixaram bem vincada a dor de ter que deixar as ilhas de Cabo Verde. À descoberta de Saninclau, entre o encanto e o deslumbre, perseguimos a génese da canção e da melancolia.
Chã das Caldeiras a Mosteiros, Ilha do Fogo, Cabo Verde

Chã das Caldeiras a Mosteiros: descida pelos Confins do Fogo

Com o cimo de Cabo Verde conquistado, dormimos e recuperamos em Chã das Caldeiras, em comunhão com algumas das vidas à mercê do vulcão. Na manhã seguinte, iniciamos o regresso à capital São Filipe, 11 km de caminho para Mosteiros abaixo.
Brava, Cabo Verde

A Ilha Brava de Cabo Verde

Aquando da colonização, os portugueses deparam-se com uma ilha húmida e viçosa, coisa rara, em Cabo Verde. Brava, a menor das ilhas habitadas e uma das menos visitadas do arquipélago preserva uma genuinidade própria da sua natureza atlântica e vulcânica algo esquiva.
Santiago, Cabo Verde

Santiago de Baixo a Cima

Aterrados na capital cabo-verdiana de Praia, exploramos a sua pioneira antecessora. Da Cidade Velha, percorremos a crista montanhosa e deslumbrante de Santiago, até ao topo desafogado de Tarrafal.
Santo Antão, Cabo Verde

Porto Novo a Ribeira Grande pelo Caminho do Mar

Desembarcados e instalados em Porto Novo de Santo Antão, depressa constatamos duas rotas para chegar à segunda maior povoação da ilha. Já rendidos ao sobe-e-desce monumental da Estrada da Corda, deslumbramo-nos com o dramatismo vulcânico e atlântico da alternativa costeira.
Ponta do Sol a Fontainhas, Santo Antão, Cabo Verde

Uma Viagem Vertiginosa a Partir da Ponta do Sol

Atingimos o limiar norte de Santo Antão e de Cabo Verde. Em nova tarde de luz radiosa, acompanhamos a azáfama atlântica dos pescadores e o dia-a-dia menos litoral da vila. Com o ocaso iminente, inauguramos uma demanda sombria e intimidante do povoado das Fontainhas.
Mindelo, São Vicente, Cabo Verde

O Milagre de São Vicente

São Vicente sempre foi árida e inóspita a condizer. A colonização desafiante da ilha submeteu os colonos a sucessivas agruras. Até que, por fim, a sua providencial baía de águas profundas viabilizou o Mindelo, a urbe mais cosmopolita e a capital cultural de Cabo Verde.
Nova Sintra, Brava, Cabo Verde

Uma Sintra Crioula, em Vez de Saloia

Quando os colonos portugueses descobriram a ilha de Brava, repararam no seu clima, muito mais húmido que a maior parte de Cabo Verde. Determinados em manterem ligações com a distante metrópole, chamaram a principal povoação de Nova Sintra.
Tarrafal, Santiago, Cabo Verde

O Tarrafal da Liberdade e da Vida Lenta

A vila de Tarrafal delimita um recanto privilegiado da ilha de Santiago, com as suas poucas praias de areia branca. Quem por lá se encanta tem ainda mais dificuldade em entender a atrocidade colonial do vizinho campo prisional.
Ribeira Grande, Santo AntãoCabo Verde

Santo Antão, Ribeira Grande Acima

Na origem, uma Povoação diminuta, a Ribeira Grande seguiu o curso da sua história. Passou a vila, mais tarde, a cidade. Tornou-se um entroncamento excêntrico e incontornável da  ilha de Santo Antão.
Fiéis saúdam-se no registão de Bukhara.
Cidade
Bukhara, Uzbequistão

Entre Minaretes do Velho Turquestão

Situada sobre a antiga Rota da Seda, Bukhara desenvolveu-se desde há pelo menos, dois mil anos como um entreposto comercial, cultural e religioso incontornável da Ásia Central. Foi budista, passou a muçulmana. Integrou o grande império árabe e o de Gengis Khan, reinos turco-mongois e a União Soviética, até assentar no ainda jovem e peculiar Uzbequistão.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Parque Nacional Gorongosa, Moçambique, Vida Selvagem, leões
Safari
PN Gorongosa, Moçambique

O Coração da Vida Selvagem de Moçambique dá Sinais de Vida

A Gorongosa abrigava um dos mais exuberantes ecossistemas de África mas, de 1980 a 1992, sucumbiu à Guerra Civil travada entre a FRELIMO e a RENAMO. Greg Carr, o inventor milionário do Voice Mail recebeu a mensagem do embaixador moçambicano na ONU a desafiá-lo a apoiar Moçambique. Para bem do país e da humanidade, Carr comprometeu-se a ressuscitar o parque nacional deslumbrante que o governo colonial português lá criara.
Fieis acendem velas, templo da Gruta de Milarepa, Circuito Annapurna, Nepal
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 9º Manang a Milarepa Cave, Nepal

Uma Caminhada entre a Aclimatização e a Peregrinação

Em pleno Circuito Annapurna, chegamos por fim a Manang (3519m). Ainda a precisarmos de aclimatizar para os trechos mais elevados que se seguiam, inauguramos uma jornada também espiritual a uma caverna nepalesa de Milarepa (4000m), o refúgio de um siddha (sábio) e santo budista.
Bertie em calhambeque, Napier, Nova Zelândia
Arquitectura & Design
Napier, Nova Zelândia

De Volta aos Anos 30

Devastada por um sismo, Napier foi reconstruida num Art Deco quase térreo e vive a fazer de conta que parou nos Anos Trinta. Os seus visitantes rendem-se à atmosfera Great Gatsby que a cidade encena.
Pleno Dog Mushing
Aventura
Seward, Alasca

O Dog Mushing Estival do Alasca

Estão quase 30º e os glaciares degelam. No Alasca, os empresários têm pouco tempo para enriquecer. Até ao fim de Agosto, o dog mushing não pode parar.
A Crucificação em Helsínquia
Cerimónias e Festividades
Helsínquia, Finlândia

Uma Via Crucis Frígido-Erudita

Chegada a Semana Santa, Helsínquia exibe a sua crença. Apesar do frio de congelar, actores pouco vestidos protagonizam uma re-encenação sofisticada da Via Crucis por ruas repletas de espectadores.
Chania Creta Grécia, Porto Veneziano
Cidades
Chania, Creta, Grécia

Chania: pelo Poente da História de Creta

Chania foi minóica, romana, bizantina, árabe, veneziana e otomana. Chegou à actual nação helénica como a cidade mais sedutora de Creta.
Comida
Comida do Mundo

Gastronomia Sem Fronteiras nem Preconceitos

Cada povo, suas receitas e iguarias. Em certos casos, as mesmas que deliciam nações inteiras repugnam muitas outras. Para quem viaja pelo mundo, o ingrediente mais importante é uma mente bem aberta.
Eswatini, Ezulwini Valley, Mantenga Cultural Village
Cultura
Vale de Ezulwini, eSwatini

Em Redor do Vale Real e Celestial de Eswatini

Estendido por quase 30km, o vale de Ezulwini é o coração e a alma da velha Suazilândia. Lá se situa Lobamba, a capital tradicional e assento da monarquia, a pouca distância da capital de facto, Mbabane. Verdejante e panorâmico, profundamente histórico e cultural, o vale mantém-se ainda o cerne turístico do reino de eSwatini.
Espectador, Melbourne Cricket Ground-Rules footbal, Melbourne, Australia
Desporto
Melbourne, Austrália

O Futebol em que os Australianos Ditam as Regras

Apesar de praticado desde 1841, o Futebol Australiano só conquistou parte da grande ilha. A internacionalização nunca passou do papel, travada pela concorrência do râguebi e do futebol clássico.
Em Viagem
Estradas Imperdíveis

Grandes Percursos, Grandes Viagens

Com nomes pomposos ou meros códigos rodoviários, certas estradas percorrem cenários realmente sublimes. Da Road 66 à Great Ocean Road, são, todas elas, aventuras imperdíveis ao volante.
Horseshoe Bend
Étnico
Navajo Nation, E.U.A.

Por Terras da Nação Navajo

De Kayenta a Page, com passagem pelo Marble Canyon, exploramos o sul do Planalto do Colorado. Dramáticos e desérticos, os cenários deste domínio indígena recortado no Arizona revelam-se esplendorosos.
tunel de gelo, rota ouro negro, Valdez, Alasca, EUA
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Portfólio Got2Globe

Sensações vs Impressões

USS Arizona, Pearl Harbour, Havai
História
Pearl Harbor, Havai

O Dia em que o Japão foi Longe Demais

Em 7 de Dezembro de 1941, o Japão atacou a base militar de Pearl Harbor. Hoje, partes do Havai parecem colónias nipónicas mas os EUA nunca esquecerão a afronta.
A pequena-grande Senglea II
Ilhas
Senglea, Malta

A Cidade Maltesa com Mais Malta

No virar do século XX, Senglea acolhia 8.000 habitantes em 0.2 km2, um recorde europeu, hoje, tem “apenas” 3.000 cristãos bairristas. É a mais diminuta, sobrelotada e genuína das urbes maltesas.
Caminhantes andam sobre raquetes na neve do PN Urho Kekkonen
Inverno Branco
Saariselkä, Finlândia

Pelas Terras (não muito) altas da Finlândia

A oeste do monte Sokosti (718m) e do imenso PN Urho Kekkonen, Saariselkä desenvolveu-se enquanto polo de evasão na Natureza. Chegados de Ivalo, é lá que estabelecemos base para uma série de novas experiências e peripécias. A uns 250km enregelantes a norte do Círculo Polar Árctico.
Almada Negreiros, Roça Saudade, São Tomé
Literatura
Saudade, São Tomé, São Tomé e Príncipe

Almada Negreiros: da Saudade à Eternidade

Almada Negreiros nasceu, em Abril de 1893, numa roça do interior de São Tomé. À descoberta das suas origens, estimamos que a exuberância luxuriante em que começou a crescer lhe tenha oxigenado a profícua criatividade.
Cilaos, ilha da Reunião, Casario Piton des Neiges
Natureza
Cilaos, Reunião

Refúgio sob o tecto do Índico

Cilaos surge numa das velhas caldeiras verdejantes da ilha de Reunião. Foi inicialmente habitada por escravos foragidos que acreditavam ficar a salvo naquele fim do mundo. Uma vez tornada acessível, nem a localização remota da cratera impediu o abrigo de uma vila hoje peculiar e adulada.
Sheki, Outono no Cáucaso, Azerbaijão, Lares de Outono
Outono
Sheki, Azerbaijão

Outono no Cáucaso

Perdida entre as montanhas nevadas que separam a Europa da Ásia, Sheki é uma das povoações mais emblemáticas do Azerbaijão. A sua história em grande parte sedosa inclui períodos de grande aspereza. Quando a visitámos, tons pastéis de Outono davam mais cor a uma peculiar vida pós-soviética e muçulmana.
Geotermia, Calor da Islândia, Terra do Gelo, Geotérmico, Lagoa Azul
Parques Naturais
Islândia

O Aconchego Geotérmico da Ilha do Gelo

A maior parte dos visitantes valoriza os cenários vulcânicos da Islândia pela sua beleza. Os islandeses também deles retiram calor e energia cruciais para a vida que levam às portas do Árctico.
Remadores Intha num canal do Lago Inlé
Património Mundial UNESCO
Lago Inle, Myanmar

A Deslumbrante Birmânia Lacustre

Com uma área de 116km2, o Lago Inle é o segundo maior lago do Myanmar. É muito mais que isso. A diversidade étnica da sua população, a profusão de templos budistas e o exotismo da vida local, tornam-no um reduto incontornável do Sudeste Asiático.
Ooty, Tamil Nadu, cenário de Bollywood, Olhar de galã
Personagens
Ooty, Índia

No Cenário Quase Ideal de Bollywood

O conflito com o Paquistão e a ameaça do terrorismo tornaram as filmagens em Caxemira e Uttar Pradesh um drama. Em Ooty, constatamos como esta antiga estação colonial britânica assumia o protagonismo.
Lançamento de rede, ilha de Ouvéa-Ilhas Lealdade, Nova Caledónia
Praias
Ouvéa, Nova Caledónia

Entre a Lealdade e a Liberdade

A Nova Caledónia sempre questionou a integração na longínqua França. Na ilha de Ouvéa, arquipélago das Lealdade, encontramos uma história de resistência mas também nativos que preferem a cidadania e os privilégios francófonos.
Djerba, Ilha, Tunísia, Amazigh e os seus camelos
Religião
Djerba, Tunísia

A Ilha Tunisina da Convivência

Há muito que a maior ilha do Norte de África acolhe gentes que não lhe resistiram. Ao longo dos tempos, Fenícios, Gregos, Cartagineses, Romanos, Árabes chamaram-lhe casa. Hoje, comunidades muçulmanas, cristãs e judaicas prolongam uma partilha incomum de Djerba com os seus nativos Berberes.
Composição Flam Railway abaixo de uma queda d'água, Noruega
Sobre Carris
Nesbyen a Flam, Noruega

Flam Railway: Noruega Sublime da Primeira à Última Estação

Por estrada e a bordo do Flam Railway, num dos itinerários ferroviários mais íngremes do mundo, chegamos a Flam e à entrada do Sognefjord, o maior, mais profundo e reverenciado dos fiordes da Escandinávia. Do ponto de partida à derradeira estação, confirma-se monumental esta Noruega que desvendamos.
imperador akihito acena, imperador sem imperio, toquio, japao
Sociedade
Tóquio, Japão

O Imperador sem Império

Após a capitulação na 2ª Guerra Mundial, o Japão submeteu-se a uma constituição que encerrou um dos mais longos impérios da História. O imperador japonês é, hoje, o único monarca a reinar sem império.
Vendedores de fruta, Enxame, Moçambique
Vida Quotidiana
Enxame, Moçambique

Área de Serviço à Moda Moçambicana

Repete-se em quase todas as paragens em povoações de Moçambique dignas de aparecer nos mapas. O machimbombo (autocarro) detém-se e é cercado por uma multidão de empresários ansiosos. Os produtos oferecidos podem ser universais como água ou bolachas ou típicos da zona. Nesta região a uns quilómetros de Nampula, as vendas de fruta eram sucediam-se, sempre bastante intensas.
Duo de girafas cruzadas acima da savana, com os montes Libombo em fundo
Vida Selvagem
Reserva de KaMsholo, eSwatini

Entre as Girafas de KaMsholo e Cia

Situada a leste da cordilheira de Libombo, a fronteira natural entre eSwatini, Moçambique e a África do Sul, KaMsholo conta com 700 hectares de savana pejada de acácias e um lago, habitats de uma fauna prolífica. Entre outras explorações e incursões, lá interagimos com a mais alta das espécies.
The Sounds, Fiordland National Park, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Fiordland, Nova Zelândia

Os Fiordes dos Antipodas

Um capricho geológico fez da região de Fiordland a mais crua e imponente da Nova Zelândia. Ano após anos, muitos milhares de visitantes veneram o sub-domínio retalhado entre Te Anau e Milford Sound.