Ilha do Marajó, Brasil

A Ilha dos Búfalos


Bufalada
Manada de búfalos defende o seu charco da aproximação de uma vaca.
Rivais de corrida
Nativos convivem sobre os seus búfalos pouco antes de uma corrida a ter lugar em Soure
Bufalos-ilha-do-marajo-brasil-corrida
"Jockey" incentiva búfalo a acelerar, perseguido por dois amigos numa mota, durante uma corrida realizada em Soure
Búfalo busca combustível
Búfalo procura alimento numa estação de serviço pouco movimentada de Soure.
Búfalo selvagem
Búfalo refresca-se num charco lamacento de uma das muitas fazendas da ilha do Marajó
Bufalo e polícia militar
Polícia militar dá uma indicação a um subordinado que trata de um dos búfalos ao serviço do seu esquadrão
Bufalos-ilha-do-marajo-brasil-bufalos-da-policia
Militares e búfalos sob um alpendre do quartel-general da polícia montada de Soure.
Búfalos percorrem Soure
Dois búfalos atravessam Soure, a principal cidade da ilha do Marajó.
Bufalos-ilha-do-marajo-brasil-engraxamento-bufalo-da-policia
Auxiliar engraxa os cornos de um dos búfalos da polícia montada
Bufalos-ilha-do-marajo-brasil-matanca
Empregados esquartejam um dos búfalos da Fazenda do Carmo que acabaram de matar
Bufalos-ilha-do-marajo-brasil-policia-a-bufalo
Oficiais da polícia montada a búfalo da Ilha de Marajó
Uma embarcação que transportava búfalos da Índia terá naufragado na foz do rio Amazonas. Hoje, a ilha de Marajó que os acolheu tem uma das maiores manadas do mundo e o Brasil já não passa sem estes bovídeos.

Descobrimos, num ápice, o motivo porque quase toda a gente de Belém, capital do Pará, e Soure, principal cidade da Ilha do Marajó, evitava a viagem vespertina de travessia da foz do Amazonas.

Nos primeiros momentos do trajecto, protegido pela proximidade da margem continental, o ferry ainda segue estável.  Quando se interna no vasto rio, fica à mercê de um vento furibundo.

Balança sem misericórdia. Ondas barrentas que castigam a proa, fazem os passageiros perder o balanço e a coragem de se voltarem a levantar. Ou condenam-nos a enjoos que se disseminam como uma epidemia.

Quatro horas e meia depois, Soure aparece, à distância. O comandante aponta o barco ao litoral marajoense e salva-nos da tormenta.

Terminada a manobra de acostagem, a multidão conflui para a porta de saída e desembarca de forma sôfrega. Deixamo-nos levar pela corrente, disponíveis para conversas de ocasião com passageiros curiosos: “’Tão de visita a Marajó é? ‘Cês vão adorar. Essa balsa aqui é que não tem jeito, não. Eu sofro isso de cada vez que vou ver o meu Papão (Paysandu Sport Club) jogar lá em Belém.

Parece que o prefeito veio ontem nela. Apanhou um susto tão grande que foi implorar ao comandante para regressar a Belém. Sabem o que ele respondeu? “ Sô Prefeito, se eu tentar voltar esse barco agora, vamos todos ao fundo”, conta-nos um marajoense de cabelo grisalho.

Os Búfalos que Barram o Caminho para Soure

A turba some-se em dezenas de carros e carrinhas. Ou, como nós, nos velhos ónibus coloridos que ligam o ancoradouro a Soure, a capital da ilha. Uma hora de estrada roubada à selva depois, falta apenas uma travessia de rabeta (balsa) para chegarmos ao destino. Três búfalos barram a passagem do autocarro.

Bufalos, ilha do Marajo, Brasil, búfalo selvagem

Búfalo refresca-se num charco lamacento de uma das muitas fazendas da ilha do Marajó

“Xuuu, monstros feios, grita, pela janela, uma de várias amigas estudantes ansiosas por se ver em casa”. “Pô!!  Já tem bicho desse demais nessa ilha!” acrescenta outra, com um humor indignado.

Os animais eram um dos motivos porque tínhamos seguido os passos dos primeiros exploradores lusos e viajado aos confins setentrionais do Brasil. Não tardámos a constatar a sua fascinante predominância.

Padre António Vieira: o Pai Grande que os Indígenas Respeitavam

Francisco Xavier de Mendonça Furtado – um irmão do Marquês de Pombal e governador geral do Estado do Grão-Pará e Maranhão, de 1751 a 1759 – foi o fundador da cidade que nos iria acolher, Soure. Era a capital da maior ilha fluviomarinha do mundo, que os nativos e residentes gabam ter o tamanho da Suíça.

O Padre António Vieira já por ali andara um século antes, chamavam os portugueses ao lugar Ilha Grande de Joanes, devido ao contacto que tinham tido com os índios juioanas.

Estes, como as outras tribos Neengaibas (nome dado ao grupo de nações dos indígenas), começaram por aceitar a oferta de paz. Entretanto, perceberam o logro e passaram a atacá-los. O governador de então, D. Pedro de Melo, e o Padre António Vieira esforçaram-se por sanar o conflito. E o seu esforço produziu efeito.

Um grupo de índios acabou por visitar o jesuíta no Colégio da Companhia. Ali, informaram-no que se iriam reconciliar com os portugueses, apenas e só porque confiavam no “Payassu – O Padre Grande”, como tratavam Vieira com afeição.

Nessa época, quase só os indígenas habitavam Marajó. Povoá-la com colonos soava a projecto quimérico. As únicas zonas desprovidas de vegetação eram pântanos irrigados pela meteorologia de monção que, de Janeiro a Junho, continua a ensopá-la. E a molhá-la, de quando em quando, nos meses menos chuvosos.

Para outros recém-chegados, essas condições revelaram-se perfeitas.

A Colonização Inesperada por Búfalos Asiáticos Naufragados

Conta-se na ilha que, no início do século XIX, um barco francês navegava vindo da Índia ou Indochina. Tinha como destino final na Guiana Francesa mas naufragou na boca infindável do Amazonas.

Ali, durante a época das chuvas, o Mar Dulce – assim lhe chamou Vicente Pinzón, o primeiro europeu a subi-lo, o Amazonas pode despejar no oceano Atlântico até 300.000 metros cúbicos de água por segundo (20% de toda a água doce da Terra). Consoante as marés, pode ainda provocar poderosos fluxos e correntes.

Mas se a embarcação não resistiu, os búfalos-de-água carabao que transportava fizeram melhor. Nadaram até à segurança do litoral da ilha. Instalaram-se nos seus charcos e pântanos e multiplicaram-se. Mais tarde, alguns fazendeiros importaram espécies distintas e cruzaram-nas.

Hoje, aqueles bovídeos são quase 700.000, divididos por carabaos, jafarabadis, murrah e mediterrânicos, cada espécie com os seus chifres característicos. A população humana, essa, fica-se pelos 250.000 habitantes. Em certos dias, nalguns lugares, parece ter desaparecido do mapa.

Bufalos, ilha do Marajo, Brasil, búfalos da polícia de Soure

Militares e búfalos sob um alpendre do quartel-general da polícia montada de Soure.

Búfalos por Toda a Cidade de Soure. Búfalo nos Menus dos Restaurantes

É Domingo. Levantamo-nos cedo e deixamos o Hotel Soure para explorarmos a urbe homónima em redor. Por volta do meio-dia, anestesia-nos o cansaço acumulado de deslocações recentes. Regressamos à base e entregamo-nos a um sono rejuvenescedor. Quando saímos, mais para a tarde, encontramos as ruas entregues aos búfalos.

Como fantasmas negros e quadrúpedes, os animais deambulam ao sabor dos frutos maduros largados pela floresta de mangueiras que abriga a cidade do sol equatorial. Não há ninguém que os conduza ou importune. Não há ninguém, ponto final.

Estamos no dia sagrado de descanso. Soure em peso mudou-se para as praias de Marajó. Chamamos um moto-taxi e juntamo-nos a essa romaria balnear.

Voltamos à cidade a tempo de jantar num restaurante do centro. É no menu do estabelecimento que começamos a perceber a verdadeira dependência da ilha pelos búfalos.

Bufalos, ilha do Marajo, Brasil, búfalos em Soure

Dois búfalos atravessam Soure, a principal cidade da ilha do Marajó.

A carne no churrasco é de búfalo, há queijo de búfalo e doce de leite de búfalo a acompanhar a sobremesa. Podíamos escolhê-la entre pudim ou sericaia, ambos feitos com leite de búfala.

Na decoração da sala, encontramos ainda fotos de búfalos, cabeças embalsamadas e peças de artesanato feitas com o couro dos animais. A coisa não ficaria por aí.

Tem início nova semana de trabalho. A vida regressa às ruas de Soure. A cidade e Marajó em geral parecem-nos tranquilas como poucos lugares do Brasil. Depressa nos resgatam à ilusão. “’Cês tenham cuidado com essas câmaras. Tem um monte de pilantras nessa ilha” afiança Araújo, o gerente do hotel em que ficamos.

Desconfiamos de que dramatiza mas acabamos por passar na rua da prisão e convencemo-nos. As celas estão em contacto directo com o exterior. Permitem aos criminosos colocar os braços de fora e meter-se com os transeuntes. Também estão a abarrotar.

A Inusitada Polícia Militar Montada em Búfalo de Marajó

A esquadra e os seus pilantras não serão as causas. Mas, a Polícia Militar do Pará é provavelmente a única do mundo que patrulha uma ilha de búfalo. Há mais de 20 anos que tem ao seu serviço uma Bufalaria composta por 10 espécimes.

Bufalos, ilha do Marajo, Brasil, Policia de Soure

Oficiais da polícia montada a búfalo da Ilha de Marajó

É algo que o cabo Cláudio Vitelli explica com naturalidade: ”percebemos que a população usava os animais para várias actividades e lembrámo-nos que também nos podiam ajudar.  Temos casos que nos obrigam a percorrer terrenos alagados ou com lama que só mesmo o búfalo aguenta.””

Não apurámos se os agentes a eles recorrem para resolver esses crimes mas, ironia das ironias, de tempos a tempos, a força policial de Soure captura ladrões de búfalos.

No dia seguinte, espreitamos a alvorada do quartel, a formação matinal dos cadetes e a preparação dos animais para novas patrulhas que, entre outras tarefas, contempla escovagens intermináveis e o engraxamento dos seus chifres.

Bufalos, ilha do Marajo, Brasil, engraxamento de bufalo da policia

Auxiliar engraxa os cornos de um dos búfalos da polícia montada

Acompanhamos a saída dos policiais para as ruas, montados sobre os bubalinos de escala que ali começam mais uma lenta e pesada ronda.

Os búfalos têm, todavia, outros usos. Uns mais, outros menos excêntricos que este.

A Preponderância dos Búfalos nas Festas e no Turismo Fazendeiro de Marajó

Durante o mês em que vivemos na Ilha de Marajó, participámos numa Festa do Açaí excêntrica que incluiu uma corrida tresloucada e poeirenta de búfalos.

Bufalos, ilha do Marajo, Brasil, corrida de búfalo

“Jockey” incentiva búfalo a acelerar, perseguido por dois amigos numa mota, durante uma corrida realizada em Soure

Praticamente todas as fazendas de Marajó criam riqueza em forma de manadas bubalinas. Pelo seu valor pecuário mas não só. De há algumas décadas para cá, a ilha desenvolveu a sua faceta turística.

Muitas fazendas aproveitaram para lucrar com o acolhimento rural dos visitantes. Quase todas organizam passeios montados em búfalo ou cavalo. Na Fazenda do Carmo Camará, tivemos oportunidade de confirmar a monotonia de uma volta. A passo, demasiado lenta, e até desconfortável.

Bufalos, ilha do Marajo, Brasil, esquartejamento

Empregados esquartejam um dos búfalos da Fazenda do Carmo que acabaram de matar

Mas nem todos os búfalos da ilha são mansos. Muitos, resistem em estado selvagem em pântanos infestados de anacondas e jacarés ou até na proximidade das povoações e fazendas. Preservam intactos os seus instintos territoriais e de defesa.

Vimo-los saírem disparados de um charco para perseguir uma vaca cebuana sedenta que se aproximava. Segundo nos contam, chegam a atacar os fazendeiros e seus trabalhadores, principalmente quando se deslocam a cavalo.

Bufalos, ilha do Marajo, Brasil, búfalos selvagem e vaca

Manada de búfalos defende o seu charco da aproximação de uma vaca.

Assim que voltamos do passeio, um empregado caboclo dá-nos um recado de Seu Cadique e Dona Circe, os proprietários. “Eles disseram prá’ visar vocês que a gente vai matar gora mêmo um búfalo que ‘tava dando demasiado problema.

Se quiserem assistir, é só vir comigo.”

Manaus, Brasil

Os Saltos e Sobressaltos da ex-Capital Mundial da Borracha

De 1879 a 1912, só a bacia do rio Amazonas gerava o latex de que, de um momento para o outro, o mundo precisou e, do nada, Manaus tornou-se uma das cidades mais avançadas à face da Terra. Mas um explorador inglês levou a árvore para o sudeste asiático e arruinou a produção pioneira. Manaus voltou a provar a sua elasticidade. É a maior cidade da Amazónia e a sétima do Brasil.
PN Kaziranga, Índia

O Baluarte dos Monocerontes Indianos

Situado no estado de Assam, a sul do grande rio Bramaputra, o PN Kaziranga ocupa uma vasta área de pântano aluvial. Lá se concentram dois terços dos rhinocerus unicornis do mundo, entre em redor de 100 tigres, 1200 elefantes e muitos outros animais. Pressionado pela proximidade humana e pela inevitável caça furtiva, este parque precioso só não se tem conseguido proteger das cheias hiperbólicas das monções e de algumas polémicas.
Passo do Lontra, Miranda, Brasil

O Brasil Alagado a um Passo da Lontra

Estamos no limiar oeste do Mato Grosso do Sul mas mato, por estes lados, é outra coisa. Numa extensão de quase 200.000 km2, o Brasil surge parcialmente submerso, por rios, riachos, lagoas e outras águas dispersas em vastas planícies de aluvião. Nem o calor ofegante da estação seca drena a vida e a biodiversidade de lugares e fazendas pantaneiras como a que nos acolheu às margens do rio Miranda.
PN Amboseli, Quénia

Uma Dádiva do Kilimanjaro

O primeiro europeu a aventurar-se nestas paragens masai ficou estupefacto com o que encontrou. E ainda hoje grandes manadas de elefantes e de outros herbívoros vagueiam ao sabor do pasto irrigado pela neve da maior montanha africana.
Delta do Okavango, Botswana

Nem Todos os Rios Chegam ao Mar

Terceiro rio mais longo do sul de África, o Okavango nasce no planalto angolano do Bié e percorre 1600km para sudeste. Perde-se no deserto do Kalahari onde irriga um pantanal deslumbrante repleto de vida selvagem.
Lençois da Bahia, Brasil

A Liberdade Pantanosa do Quilombo do Remanso

Escravos foragidos subsistiram séculos em redor de um pantanal da Chapada Diamantina. Hoje, o quilombo do Remanso é um símbolo da sua união e resistência mas também da exclusão a que foram votados.
Cairns a Cape Tribulation, Austrália

Queensland Tropical: uma Austrália Demasiado Selvagem

Os ciclones e as inundações são só a expressão meteorológica da rudeza tropical de Queensland. Quando não é o tempo, é a fauna mortal da região que mantém os seus habitantes sob alerta.
Perth, Austrália

Cowboys da Oceania

O Texas até fica do outro lado do mundo mas não faltam vaqueiros no país dos coalas e dos cangurus. Rodeos do Outback recriam a versão original e 8 segundos não duram menos no Faroeste australiano.
Colónia Pellegrini, Argentina

Quando a Carne é Fraca

É conhecido o sabor inconfundível da carne argentina. Mas esta riqueza é mais vulnerável do que se imagina. A ameaça da febre aftosa, em particular, mantém as autoridades e os produtores sobre brasas.
PN Chobe, Botswana

Chobe: um rio na Fronteira da Vida com a Morte

O Chobe marca a divisão entre o Botswana e três dos países vizinhos, a Zâmbia, o Zimbabwé e a Namíbia. Mas o seu leito caprichoso tem uma função bem mais crucial que esta delimitação política.
Miranda, Brasil

Maria dos Jacarés: o Pantanal abriga criaturas assim

Eurides Fátima de Barros nasceu no interior da região de Miranda. Há 38 anos, instalou-se e a um pequeno negócio à beira da BR262 que atravessa o Pantanal e ganhou afinidade com os jacarés que viviam à sua porta. Desgostosa por, em tempos, as criaturas ali serem abatidas, passou a tomar conta delas. Hoje conhecida por Maria dos Jacarés, deu nome de jogador ou treinador de futebol a cada um dos bichos. Também garante que reconhecem os seus chamamentos.
Curitiba, Brasil

A Vida Elevada de Curitiba

Não é só a altitude de quase 1000 metros a que a cidade se situa. Cosmopolita e multicultural, a capital paranaense tem uma qualidade de vida e rating de desenvolvimento humano que a tornam um caso à parte no Brasil.

Florianópolis, Brasil

O Legado Açoriano do Atlântico Sul

Durante o século XVIII, milhares de ilhéus portugueses perseguiram vidas melhores nos confins meridionais do Brasil. Nas povoações que fundaram, abundam os vestígios de afinidade com as origens.

Morro de São Paulo, Brasil

Um Litoral Divinal da Bahia

Há três décadas, não passava de uma vila piscatória remota e humilde. Até que algumas comunidades pós-hippies revelaram o retiro do Morro ao mundo e o promoveram a uma espécie de santuário balnear.
Ilhabela, Brasil

Ilhabela: Depois do Horror, a Beleza Atlântica

Nocenta por cento de Mata Atlântica preservada, cachoeiras idílicas e praias gentis e selvagens fazem-lhe jus ao nome. Mas, se recuarmos no tempo, também desvendamos a faceta histórica horrífica de Ilhabela.
Ilhabela, Brasil

Em Ilhabela, a Caminho de Bonete

Uma comunidade de caiçaras descendentes de piratas fundou uma povoação num recanto da Ilhabela. Apesar do acesso difícil, Bonete foi descoberta e considerada uma das dez melhores praias do Brasil.
Goiás Velho, Brasil

Um Legado da Febre do Ouro

Dois séculos após o apogeu da prospecção, perdida no tempo e na vastidão do Planalto Central, Goiás estima a sua admirável arquitectura colonial, a riqueza supreendente que ali continua por descobrir.
Brasília, Brasil

Brasília: da Utopia à Capital e Arena Política do Brasil

Desde os tempos do Marquês de Pombal que se falava da transferência da capital para o interior. Hoje, a cidade quimera continua a parecer surreal mas dita as regras do desenvolvimento brasileiro.
Lençois da Bahia, Brasil

Lençois da Bahia: nem os Diamantes São Eternos

No século XIX, Lençóis tornou-se na maior fornecedora mundial de diamantes. Mas o comércio das gemas não durou o que se esperava. Hoje, a arquitectura colonial que herdou é o seu bem mais precioso.
Hidroeléctrica Binacional de Itaipu, Brasil

HidroElétrica Binacional do Itaipu: a Febre do Watt

Em 1974, milhares de brasileiros e paraguaios confluíram para a zona de construção da então maior barragem do Mundo. 30 anos após a conclusão, Itaipu gera 90% da energia paraguaia e 20% da do Brasil.
Fiéis saúdam-se no registão de Bukhara.
Cidade
Bukhara, Uzbequistão

Entre Minaretes do Velho Turquestão

Situada sobre a antiga Rota da Seda, Bukhara desenvolveu-se desde há pelo menos, dois mil anos como um entreposto comercial, cultural e religioso incontornável da Ásia Central. Foi budista, passou a muçulmana. Integrou o grande império árabe e o de Gengis Khan, reinos turco-mongois e a União Soviética, até assentar no ainda jovem e peculiar Uzbequistão.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Fogueira ilumina e aquece a noite, junto ao Reilly's Rock Hilltop Lodge,
Safari
Santuário de Vida Selvagem Mlilwane, eSwatini

O Fogo que Reavivou a Vida Selvagem de eSwatini

A meio do século passado, a caça excessiva extinguia boa parte da fauna do reino da Suazilândia. Ted Reilly, filho do colono pioneiro proprietário de Mlilwane entrou em acção. Em 1961, lá criou a primeira área protegida dos Big Game Parks que mais tarde fundou. Também conservou o termo suazi para os pequenos fogos que os relâmpagos há muito geram.
Yak Kharka a Thorong Phedi, Circuito Annapurna, Nepal, iaques
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna 11º: Yak Karkha a Thorong Phedi, Nepal

A Chegada ao Sopé do Desfiladeiro

Num pouco mais de 6km, subimos dos 4018m aos 4450m, na base do desfiladeiro de Thorong La. Pelo caminho, questionamos se o que sentíamos seriam os primeiros problemas de Mal de Altitude. Nunca passou de falso alarme.
Jardin Escultórico, Edward James, Xilitla, Huasteca Potosina, San Luis Potosi, México, Cobra dos Pecados
Arquitectura & Design
Xilitla, San Luís Potosi, México

O Delírio Mexicano de Edward James

Na floresta tropical de Xilitla, a mente inquieta do poeta Edward James fez geminar um jardim-lar excêntrico. Hoje, Xilitla é louvada como um Éden do surreal.
Barcos sobre o gelo, ilha de Hailuoto, Finlândia
Aventura
Hailuoto, Finlândia

Um Refúgio no Golfo de Bótnia

Durante o Inverno, a ilha de Hailuoto está ligada à restante Finlândia pela maior estrada de gelo do país. A maior parte dos seus 986 habitantes estima, acima de tudo, o distanciamento que a ilha lhes concede.
Verificação da correspondência
Cerimónias e Festividades
Rovaniemi, Finlândia

Da Lapónia Finlandesa ao Árctico, Visita à Terra do Pai Natal

Fartos de esperar pela descida do velhote de barbas pela chaminé, invertemos a história. Aproveitamos uma viagem à Lapónia Finlandesa e passamos pelo seu furtivo lar.
Templo Nigatsu, Nara, Japão
Cidades
Nara, Japão

Budismo vs Modernismo: a Face Dupla de Nara

No século VIII d.C. Nara foi a capital nipónica. Durante 74 anos desse período, os imperadores ergueram templos e santuários em honra do Budismo, a religião recém-chegada do outro lado do Mar do Japão. Hoje, só esses mesmos monumentos, a espiritualidade secular e os parques repletos de veados protegem a cidade do inexorável cerco da urbanidade.
Moradora obesa de Tupola Tapaau, uma pequena ilha de Samoa Ocidental.
Comida
Tonga, Samoa Ocidental, Polinésia

Pacífico XXL

Durante séculos, os nativos das ilhas polinésias subsistiram da terra e do mar. Até que a intrusão das potências coloniais e a posterior introdução de peças de carne gordas, da fast-food e das bebidas açucaradas geraram uma praga de diabetes e de obesidade. Hoje, enquanto boa parte do PIB nacional de Tonga, de Samoa Ocidental e vizinhas é desperdiçado nesses “venenos ocidentais”, os pescadores mal conseguem vender o seu peixe.
O projeccionista
Cultura
Sainte-Luce, Martinica

Um Projeccionista Saudoso

De 1954 a 1983, Gérard Pierre projectou muitos dos filmes famosos que chegavam à Martinica. 30 anos após o fecho da sala em que trabalhava, ainda custava a este nativo nostálgico mudar de bobine.
Fogo artifício de 4 de Julho-Seward, Alasca, Estados Unidos
Desporto
Seward, Alasca

O 4 de Julho Mais Longo

A independência dos Estados Unidos é festejada, em Seward, Alasca, de forma modesta. Mesmo assim, o 4 de Julho e a sua celebração parecem não ter fim.
Natal na Austrália, Platipus = ornitorrincos
Em Viagem
Atherton Tableland, Austrália

A Milhas do Natal (parte II)

A 25 Dezembro, exploramos o interior elevado, bucólico mas tropical do norte de Queensland. Ignoramos o paradeiro da maioria dos habitantes e estranhamos a absoluta ausência da quadra natalícia.
Casinhas miniatura, Chã das Caldeiras, Vulcão Fogo, Cabo Verde
Étnico
Chã das Caldeiras, Ilha do Fogo Cabo Verde

Um Clã “Francês” à Mercê do Fogo

Em 1870, um conde nascido em Grenoble a caminho de um exílio brasileiro, fez escala em Cabo Verde onde as beldades nativas o prenderam à ilha do Fogo. Dois dos seus filhos instalaram-se em plena cratera do vulcão e lá continuaram a criar descendência. Nem a destruição causada pelas recentes erupções demove os prolíficos Montrond do “condado” que fundaram na Chã das Caldeiras.    
Vista para ilha de Fa, Tonga, Última Monarquia da Polinésia
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Portfólio Got2Globe

Sinais Exóticos de Vida

Banhistas sobre o limiar entre as Piscinas Naturais e o oceano Atlântico, Porto Moniz
História
Porto Moniz e Ribeira da Janela, Madeira

Uma Vida de Encosta, Oceano e Lava

Exploramos terras que se diz terem sido colonizadas, ainda no século XV, pelo algarvio Francisco Moniz, o Velho. Decorrido quase meio milénio, Porto Moniz tornou-se um domínio balnear concorrido, muito por conta das suas piscinas retidas num labirinto de rocha lávica.
Luzes VIP
Ilhas
Ilha Moyo, Indonésia

Moyo: Uma Ilha Indonésia Só Para Alguns

Poucas pessoas conhecem ou tiveram o privilégio de explorar a reserva natural de Moyo. Uma delas foi a princesa Diana que, em 1993, nela se refugiou da opressão mediática que a viria a vitimar.
Auroras Boreais, Laponia, Rovaniemi, Finlandia, Raposa de Fogo
Inverno Branco
Lapónia, Finlândia

Em Busca da Raposa de Fogo

São exclusivas dos píncaros da Terra as auroras boreais ou austrais, fenómenos de luz gerados por explosões solares. Os nativos Sami da Lapónia acreditavam tratar-se de uma raposa ardente que espalhava brilhos no céu. Sejam o que forem, nem os quase 30º abaixo de zero que se faziam sentir no extremo norte da Finlândia nos demoveram de as admirar.
José Saramago em Lanzarote, Canárias, Espanha, Glorieta de Saramago
Literatura
Lanzarote, Canárias, Espanha

A Jangada de Basalto de José Saramago

Em 1993, frustrado pela desconsideração do governo português da sua obra “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, Saramago mudou-se com a esposa Pilar del Río para Lanzarote. De regresso a esta ilha canária algo extraterrestre, reencontramos o seu lar. E o refúgio da censura a que o escritor se viu votado.
Vista Miradouro, Alexander Selkirk, na Pele Robinson Crusoe, Chile
Natureza
Ilha Robinson Crusoe, Chile

Alexander Selkirk: na Pele do Verdadeiro Robinson Crusoe

A principal ilha do arquipélago Juan Fernández foi abrigo de piratas e tesouros. A sua história fez-se de aventuras como a de Alexander Selkirk, o marinheiro abandonado que inspirou o romance de Dafoe
Sheki, Outono no Cáucaso, Azerbaijão, Lares de Outono
Outono
Sheki, Azerbaijão

Outono no Cáucaso

Perdida entre as montanhas nevadas que separam a Europa da Ásia, Sheki é uma das povoações mais emblemáticas do Azerbaijão. A sua história em grande parte sedosa inclui períodos de grande aspereza. Quando a visitámos, tons pastéis de Outono davam mais cor a uma peculiar vida pós-soviética e muçulmana.
Vaca cachena em Valdreu, Terras de Bouro, Portugal
Parques Naturais
Campos de Gerês -Terras de Bouro, Portugal

Pelos Campos do Gerês e as Terras de Bouro

Prosseguimos num périplo longo e ziguezagueante pelos domínios da Peneda-Gerês e de Bouro, dentro e fora do nosso único Parque Nacional. Nesta que é uma das zonas mais idolatradas do norte português.
Robben Island Ilha, Apartheid, África do Sul, Pórtico
Património Mundial UNESCO
Robben Island, África do Sul

A Ilha ao Largo do Apartheid

Bartolomeu Dias foi o primeiro europeu a vislumbrar a Robben Island, aquando da sua travessia do Cabo das Tormentas. Com os séculos, os colonos transformaram-na em asilo e prisão. Nelson Mandela deixou-a em 1982, após dezoito anos de pena. Decorridos outros doze, tornou-se o primeiro presidente negro da África do Sul.
aggie grey, Samoa, pacífico do Sul, Marlon Brando Fale
Personagens
Apia, Samoa Ocidental

A Anfitriã do Pacífico do Sul

Vendeu burgers aos GI’s na 2ª Guerra Mundial e abriu um hotel que recebeu Marlon Brando e Gary Cooper. Aggie Grey faleceu em 1988 mas o seu legado de acolhimento perdura no Pacífico do Sul.
Mahé Ilhas das Seychelles, amigos da praia
Praias
Mahé, Seychelles

A Ilha Grande das Pequenas Seychelles

Mahé é maior das ilhas do país mais diminuto de África. Alberga a capital da nação e quase todos os seichelenses. Mas não só. Na sua relativa pequenez, oculta um mundo tropical deslumbrante, feito de selva montanhosa que se funde com o Índico em enseadas de todos os tons de mar.
Mosteiro de Tawang, Arunachal Pradesh, Índia
Religião
Tawang, Índia

O Vale Místico da Profunda Discórdia

No limiar norte da província indiana de Arunachal Pradesh, Tawang abriga cenários dramáticos de montanha, aldeias de etnia Mompa e mosteiros budistas majestosos. Mesmo se desde 1962 os rivais chineses não o trespassam, Pequim olha para este domínio como parte do seu Tibete. De acordo, há muito que a religiosidade e o espiritualismo ali comungam com um forte militarismo.
A Toy Train story
Sobre Carris
Siliguri a Darjeeling, Índia

Ainda Circula a Sério o Comboio Himalaia de Brincar

Nem o forte declive de alguns tramos nem a modernidade o detêm. De Siliguri, no sopé tropical da grande cordilheira asiática, a Darjeeling, já com os seus picos cimeiros à vista, o mais famoso dos Toy Trains indianos assegura há 117 anos, dia após dia, um árduo percurso de sonho. De viagem pela zona, subimos a bordo e deixamo-nos encantar.
Parada e Pompa
Sociedade
São Petersburgo, Rússia

A Rússia Vai Contra a Maré. Siga a Marinha

A Rússia dedica o último Domingo de Julho às suas forças navais. Nesse dia, uma multidão visita grandes embarcações ancoradas no rio Neva enquanto marinheiros afogados em álcool se apoderam da cidade.
Casario, cidade alta, Fianarantsoa, Madagascar
Vida Quotidiana
Fianarantsoa, Madagáscar

A Cidade Malgaxe da Boa Educação

Fianarantsoa foi fundada em 1831 por Ranavalona Iª, uma rainha da etnia merina então predominante. Ranavalona Iª foi vista pelos contemporâneos europeus como isolacionista, tirana e cruel. Reputação da monarca à parte, quando lá damos entrada, a sua velha capital do sul subsiste como o centro académico, intelectual e religioso de Madagáscar.
Gandoca Manzanillo Refúgio, Baía
Vida Selvagem
Gandoca-Manzanillo (Refúgio de Vida Selvagem), Costa Rica

O Refúgio Caribenho de Gandoca-Manzanillo

No fundo do seu litoral sudeste, na iminência do Panamá, a nação “tica” protege um retalho de selva, de pântano e de Mar das Caraíbas. Além de um refúgio de vida selvagem providencial, Gandoca-Manzanillo revela-se um deslumbrante éden tropical.
The Sounds, Fiordland National Park, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Fiordland, Nova Zelândia

Os Fiordes dos Antipodas

Um capricho geológico fez da região de Fiordland a mais crua e imponente da Nova Zelândia. Ano após anos, muitos milhares de visitantes veneram o sub-domínio retalhado entre Te Anau e Milford Sound.