Lençois da Bahia, Brasil

Lençois da Bahia: nem os Diamantes São Eternos


Casario
O casario que foi substituindo, com recurso aos lucros dos diamantes, as tendas feitas de pano que inspiraram o nome Lençóis da Bahia.
Jegues Carregados
Jegues carregados e o jovem dono, como vistos do interior de uma loja de Lençóis.
Igreja do Rosário
Morador passa em frente à igreja do Rosário.
Beco
Jovens moradores entram num beco sombrio que parte da Praça Horácio de Mattos.
Missa à pinha
Uma missa exuberante em honra da Imaculada Conceição tem lugar na igreja do Rosário.
Moda Sertanejo
Nativo com trajes tradicionais carrega o seu cavalo na rua das Pedras.
À Espera
Moradora aguarda a abertura de uma loja da rua das Pedras.
Praça Horácio de Mattos
Lua cheia e a iluminação eléctrica destacam as cores da Praça Horácio de Mattos
Praça Horácio de Mattos
Grupo de visitantes fotografa-se na Praça Horácio de Mattos enquanto um jovem nativo faz ciclo-acrobacias.
Silhueta Equina
Cavaleiros percorrem um trecho colorido de uma rua de Lençóis.
No Relax
Amigas descontraem na lagoa escura do Ribeirão do Meio
Vista da Ponte
Nativo observa a acção da cidade.
Hora do Sorvete
Hora do sorvete das amigas.
No século XIX, Lençóis tornou-se na maior fornecedora mundial de diamantes. Mas o comércio das gemas não durou o que se esperava. Hoje, a arquitectura colonial que herdou é o seu bem mais precioso.

Quando se contempla a cidade do topo da Serra do Sincorá dificilmente se consegue imaginar o estranho cenário provisório que esteve na origem do seu nome.

Nesses primeiros tempos Lençóis pouco mais era que um reduto garimpeiro caótico. Tornava milionários os poderosos e esmagava os mais fracos. Hoje, bastam uns dias para se constatar que, do seu passado, restam quase só os aspectos positivos.

Foi algo que o governo brasileiro, perante a pressão do MCC – o Movimento de Criatividade Comunitária criado por defensores da região – acabou por favorecer. Foi proibida a prospecção industrial.

Em 1973, Lençóis da Bahia foi promovida a Património Nacional, um título apenas concedido às verdadeiras preciosidades históricas e naturais brasileiras.

É mais que apenas isso que faz de Lençóis tão especial. Existem inúmeras cidades belas por esse mundo fora que não exercem o seu magnetismo. Há qualquer coisa mais. Qualquer coisa que ultrapassa os sentidos.

Ao fim de algum tempo, torna-se óbvio que Lençóis e os seus 6400 habitantes vivem uma relação de amor incondicional e que, por sua vez, geram paixão nos visitantes brasileiros e estrangeiros.

Estes, ligados a outras cidades e a outras pessoas, quando se vêem obrigados a partir, acabam por fazê-lo contrariados. Nem todos os forasteiros se conformam com a despedida. De tempos a tempos, lá surge mais um que não resiste à felicidade prometida e acaba por ficar.

Dona Eulina, a proprietária da pousada em que nos hospedamos, foi uma das contempladas. Baiana de nascimento, mudou-se para São Paulo ainda criança. Lá passou grande parte dos seus quase 60 anos.

Nos últimos quinze, dava consigo a sonhar com um lugar diferente, envolto de uma atmosfera única de afectividade e bem-estar, um fenómeno que nos descreve com uma emoção renovada: “Numas curtas férias, resolvi voltar à Bahia com a minha filha.

Por mero acaso, passámos por Lençóis. Passeando pelas calçadas, reconheci o refúgio dos meus sonhos. Depois de vencer os receios próprios da mudança, apressei a reforma, comprei uma casa e abri o negócio que giro agora, com o meu marido Roberto. Nunca mais quisemos sair daqui.”

Lençóis da Bahia, Diamantes Eternos, Brasil

O casario que foi substituindo, com recurso aos lucros dos diamantes, as tendas feitas de pano que inspiraram o nome Lençóis da Bahia.

Dos Lençóis Originais a Domínio de Coronéis

Apesar das condições precárias, a vida correu de feição a muitos dos fundadores da povoação.

As primeiras jazidas de diamantes, extensão geológica das jazidas do deserto do Namibe separada pelo Atlântico com a deriva dos continentes, foram descobertas na Chapada Velha, em 1822, por bandeirantes que procuravam ouro e escravos mas não desdenhavam formas alternativas de enriquecer.

Vinte e dois anos depois, um tal de “Sinhô” Casusa do Prado achou algumas pedras preciosas com maior valor. A região atraiu milhares de caça-fortunas, uns já abastados e opulentos a quem a riqueza não chegava, outros que só possuíam a roupa que vestiam.

Perante a falta de habitações e outras infra-estruturas, os recém-chegados instalaram-se em tendas provisórias. Vistas das colinas em redor, essas tendas pareciam lençóis estendidos ao vento. Foi essa visão descomunal que ditou o nome da futura vila.

Num ápice, circularam pelo Brasil lendas de tesouros incalculáveis saídos dos leitos dos rios e riachos da região. A migração intensificou-se. Anos mais tarde, os acampamentos de garimpeiros tinham já dado lugar a diversas povoações: Vila Velha de Palmeiras, Andaraí, Piatã, Igatu.

E a mais apetecida de todas, Lençóis da Bahia.

Beco, Lençóis da Bahia, Diamantes Eternos, Brasil

Jovens moradores entram num beco sombrio que parte da Praça Horácio de Mattos.

O Fim dos Diamantes Finos, e a Exportação das Gemas Toscas

No auge do ciclo diamantífero, Lençóis tornou-se na maior fornecedora mundial de todo o tipo de diamantes. A pouco e pouco, começaram a predominar as gemas toscas. Eram úteis apenas para fins industriais.

Graças ao seu poder perfurativo, revelavam-se perfeitas para mega-projectos de construção civil então conduzidos pelos franceses.

Foram os casos do Canal do Panamá, do túnel de Saint Gothard e do metro de Londres.

A compra sistemática e em grandes quantidades destas pedras menos preciosas provou-se motivo suficiente para o governo de Paris instalar um vice-consulado em Lençóis. Como seria de esperar, da arquitectura à etiqueta, Lençóis e os seus negociantes afrancesaram-se.

No início do século XX, Lençóis e as cidades em redor tivessem viram desvanecer-se grande parte do seu potencial económico. Os franceses partiram.

O principal testemunho da sua presença é, ainda hoje, o requintado edifício creme do vice-consulado, onde os diamantes eram negociados com os representantes europeus.

Depois da era francesa, com a liberdade cada vez mais real dos escravos e a perda das enormes verbas obtidas com a venda dos diamantes, Lençóis adaptou-se a um novo estilo de vida.

A Era Bélica de Horácio de Mattos e dos Coronéis Rivais

A partir de 1920, a cidade havia regredido de tal forma que se tornou num domínio decadente, disputado por coronéis e seus jagunços. O mais famoso de todos, o destemido Horácio de Mattos destacou-se dos demais com recurso à força e à irreverência.

Levou mesmo o governo brasileiro de Epitácio Pessoa a assinar com ele um acordo de pacificação. Como veremos mais à frente, na região, assim como por todo o Sertão, um coronel líder de um exército jagunceiro, desde que vitorioso, podia ser um herói. Este, até a praça principal da cidade tem com o seu nome.

Sertanejo, Lençóis da Bahia, Diamantes Eternos, Brasil

Nativo com trajes tradicionais carrega o seu cavalo na rua das Pedras.

Malgrado o declínio económico trazido pelo século XX e a perturbação social, na sua fase de decadência já Lençóis se havia consolidado como uma impressionante unidade arquitectónica.

O casario da cidade desenvolveu-se em boa parte devido à necessidade de exibição da sua nova aristocracia milionária. Claro está, que, tanto quanto podia, a população mais pobre fez questão de seguir o exemplo.

A praça Horácio de Mattos é o ex-líbris do casario colonial herdado. A toda a volta do seu quase rectângulo, os edifícios, de dois andares, são elegantes e coloridos. Muitos deles, ostentam fachadas trabalhadas e janelas e portas ogivais. Distribuídos pelos prédios, surgem candeeiros parisienses de tons cinza que conferem ainda mais requinte ao conjunto.

À noite, asseguram uma iluminação suave mas quente.

Depois do Calor, a Festa de Lençóis

À tarde, as praças e ruas de Lençóis, fustigadas pelo sol tropical, mantêm-se quase desertas. Com o fim do dia, os turistas e os séquitos que os guiam e acompanham retornam das actividades na Chapada Diamantina.

Por essa altura, os Lençoienses saem também das suas casas. A cidade anima-se. Dois dos lugares preferidos para a janta e convívio seguinte são o largo que surge a meio da rua das Pedras e a Avenida Senhor dos Passos.

Ali, os pequenos restaurantes e as bancas improvisadas servem especialidades baianas como o pastel “acarajé” acompanhadas de “chopes” geladinhos, caipirinhas ou sucos naturais.

Com frequência, a banda local reúne-se para ensaiar e inunda a cidade com os tons graves e agudos das mais genuínas composições brasileiras.

A Vida Nocturna e a Que Subsiste Noite Fora

Durante muito tempo a famosa rua das Pedras albergou o “brega”, a prostituição que sempre acompanhava os novos focos prospectores. É, agora, a par com as esplanadas da praça Horácio de Mattos, responsável por uma animação nocturna menos polémica.

Praça Horácio de Mattos, Lençóis da Bahia, Diamantes Eternos, Brasil

Lua cheia e a iluminação eléctrica destacam as cores da Praça Horácio de Mattos

Nela se situa o famoso Club 7, mais conhecido por Inferninho, um “disco-bar” à moda local, que passa versões “tecno” de temas sertanenses e serve inúmeros tipos de cachaça. Esta combinação, em conjunto com a inquestionável boa-disposição dos clientes habituais transformou a “danceteria” num lugar de culto para os visitantes mais jovens da cidade.

A partir das duas ou três da manhã, acredite-se ou não, a única alternativa dançante ao Inferninho tem o nome de Veneno Café bar. Nem tudo é assim tão profano ou soa a tóxico por estas paragens.

A religião continua a ter enorme importância, em Lençóis. Como pudemos assistir, apesar das influências dos ritos e rituais africanos, (caso do Jarê, a variação regional do Candomblé) os dias santos ainda se celebram à velha maneira portuguesa.

Deambulamos pela cidade quando somos surpreendidos pelo som de cânticos distantes acompanhados pelo rebentar de foguetes. Ao olharmos para trás, verificamos que um enorme cortejo deixa da praça Horácio de Mattos e entra na Avenida 7 de Setembro, em direcção ao coreto.

Com a silhueta difusa do casario como fundo e a luz de centenas de archotes a rasgar o lusco-fusco, a cena prova-se digna de um filme passado na Idade Média e com excelente fotografia.

Após contornar o coreto, a procissão dirige-se à sua última paragem, a Igreja do Rosário. Ali, junta-se-lhe mais uma multidão de crentes que entoam temas litúrgicos.

Missa, Lençóis da Bahia, Diamantes Eternos, Brasil

Uma missa exuberante em honra da Imaculada Conceição tem lugar na igreja do Rosário.

Autorizam-nos a subir à varanda do coro. Do cimo, assistirmos à cerimónia em formato panorâmico. O seu espectáculo de devoção reforça-nos a impressão de que, passada a febre dos diamantes, Lençóis é, agora, sobretudo, um retiro acolhedor, crente e espiritual.

O Ribeirão do Meio e o Último Estertor do Garimpo

Entre os vários cursos de água com que a serra de Sincorá refresca Lençóis, os três principais, os Ribeirões do Meio, de Cima e de Baixo deliciam o povo e maravilham os forasteiros.

Principalmente aos fins-de-semana, logo pela manhã, chegam ao Ribeirão do Meio grupos excursionistas carregados de farnéis. Da saída da cidade ao rio, são cerca de 45 minutos de caminhada descontraída.

O trilho sinuoso, quase sempre sombrio, sulca a encosta da serra. Quase no fim, revela um vale largo que se projecta do topo escarpado da montanha.

É no vértice deste vale, várias plataformas rochosas abaixo, que o ribeirão se espraia. Uma dessas plataformas dá lugar a uma rampa que a água repleta de óxido de ferro (mas limpa) e, por isso, avermelhada – continua a polir.

Foi no Ribeirão do Meio que se desenvolveu o desporto radical mais inusitado da região, o “escorreganço” artístico.

Mal chegam à pequena represa fluvial, os seus praticantes sobem a rampa rochosa do rio. Uma vez no cimo, combinam a coreografia a seguir. Logo, deixam-se escorregar a grande velocidade até entrarem na água.

E se os turistas que experimentam pelas primeiras vezes se contentam em sair incólumes de uma descida de rabo, os nativos atingiram níveis de desempenho surpreendentes. O seu limite é, agora, a imaginação.

Sentados ou de pé, de cabeça para baixo ou para cima, sozinhos ou em grupo, tudo vale para se destacarem e impressionarem as garotas do Ribeirão.

Relax ,Lençóis da Bahia, Diamantes Eternos, Brasil

Amigas descontraem na lagoa escura do Ribeirão do Meio

Enquanto isto, no vale acima, os derradeiros resistentes da febre do diamante continuam a tentar a sua sorte. Há algum tempo atrás, recorriam ainda bombas de água destrutivas que, entre outros malefícios, aceleravam a erosão dos leitos dos rios.

Há décadas atrás, os peritos chegaram à conclusão que a extracção dos diamantes que restam na Chapada era demasiado dispendiosa. Isso contribuiu para que, em 1995, o governo federal proibisse a prospecção industrial, e autorizasse apenas o uso dos meios tradicionais.

Por detrás da decisão esteve também o facto de Lençóis, muito mais que as vizinhas Andaraí, Palmeiras e Igatu, ser a base para a exploração turística da Chapada Diamantina.

Depois de uma fase transitória em que a economia de Lençóis passou a assentar na produção de café e mandioca, actualmente, o acolhimento dos visitantes garante a subsistência de grande parte da população.

Passo do Lontra, Miranda, Brasil

O Brasil Alagado a um Passo da Lontra

Estamos no limiar oeste do Mato Grosso do Sul mas mato, por estes lados, é outra coisa. Numa extensão de quase 200.000 km2, o Brasil surge parcialmente submerso, por rios, riachos, lagoas e outras águas dispersas em vastas planícies de aluvião. Nem o calor ofegante da estação seca drena a vida e a biodiversidade de lugares e fazendas pantaneiras como a que nos acolheu às margens do rio Miranda.
Manaus, Brasil

Os Saltos e Sobressaltos da ex-Capital Mundial da Borracha

De 1879 a 1912, só a bacia do rio Amazonas gerava o latex de que, de um momento para o outro, o mundo precisou e, do nada, Manaus tornou-se uma das cidades mais avançadas à face da Terra. Mas um explorador inglês levou a árvore para o sudeste asiático e arruinou a produção pioneira. Manaus voltou a provar a sua elasticidade. É a maior cidade da Amazónia e a sétima do Brasil.
Kolmanskop, Namíbia

Gerada pelos Diamantes do Namibe, Abandonada às suas Areias

Foi a descoberta de um campo diamantífero farto, em 1908, que originou a fundação e a opulência surreal de Kolmanskop. Menos de 50 anos depois, as pedras preciosas esgotaram-se. Os habitantes deixaram a povoação ao deserto.
Curitiba, Brasil

A Vida Elevada de Curitiba

Não é só a altitude de quase 1000 metros a que a cidade se situa. Cosmopolita e multicultural, a capital paranaense tem uma qualidade de vida e rating de desenvolvimento humano que a tornam um caso à parte no Brasil.
Lençois da Bahia, Brasil

A Liberdade Pantanosa do Quilombo do Remanso

Escravos foragidos subsistiram séculos em redor de um pantanal da Chapada Diamantina. Hoje, o quilombo do Remanso é um símbolo da sua união e resistência mas também da exclusão a que foram votados.
Cartagena de Índias, Colômbia

A Cidade Apetecida

Muitos tesouros passaram por Cartagena antes da entrega à Coroa espanhola - mais que os piratas que os tentaram saquear. Hoje, as muralhas protegem uma cidade majestosa sempre pronta a "rumbear".
Colónia do Sacramento, Uruguai

Colónia do Sacramento: o Legado Uruguaio de um Vaivém Histórico

A fundação de Colónia do Sacramento pelos portugueses gerou conflitos recorrentes com os rivais hispânicos. Até 1828, esta praça fortificada, hoje sedativa, mudou de lado vezes sem conta.
Goiás Velho, Brasil

Um Legado da Febre do Ouro

Dois séculos após o apogeu da prospecção, perdida no tempo e na vastidão do Planalto Central, Goiás estima a sua admirável arquitectura colonial, a riqueza supreendente que ali continua por descobrir.
Chapada Diamantina, Brasil

Bahia de Gema

Até ao final do séc. XIX, a Chapada Diamantina foi uma terra de prospecção e ambições desmedidas.Agora que os diamantes rareiam os forasteiros anseiam descobrir as suas mesetas e galerias subterrâneas
Goiás Velho, Brasil

Vida e Obra de uma Escritora à Margem

Nascida em Goiás, Ana Lins Bretas passou a maior parte da vida longe da família castradora e da cidade. Regressada às origens, continuou a retratar a mentalidade preconceituosa do interior brasileiro
Miranda, Brasil

Maria dos Jacarés: o Pantanal abriga criaturas assim

Eurides Fátima de Barros nasceu no interior da região de Miranda. Há 38 anos, instalou-se e a um pequeno negócio à beira da BR262 que atravessa o Pantanal e ganhou afinidade com os jacarés que viviam à sua porta. Desgostosa por, em tempos, as criaturas ali serem abatidas, passou a tomar conta delas. Hoje conhecida por Maria dos Jacarés, deu nome de jogador ou treinador de futebol a cada um dos bichos. Também garante que reconhecem os seus chamamentos.

Florianópolis, Brasil

O Legado Açoriano do Atlântico Sul

Durante o século XVIII, milhares de ilhéus portugueses perseguiram vidas melhores nos confins meridionais do Brasil. Nas povoações que fundaram, abundam os vestígios de afinidade com as origens.

Morro de São Paulo, Brasil

Um Litoral Divinal da Bahia

Há três décadas, não passava de uma vila piscatória remota e humilde. Até que algumas comunidades pós-hippies revelaram o retiro do Morro ao mundo e o promoveram a uma espécie de santuário balnear.
Ilhabela, Brasil

Ilhabela: Depois do Horror, a Beleza Atlântica

Nocenta por cento de Mata Atlântica preservada, cachoeiras idílicas e praias gentis e selvagens fazem-lhe jus ao nome. Mas, se recuarmos no tempo, também desvendamos a faceta histórica horrífica de Ilhabela.
Ilhabela, Brasil

Em Ilhabela, a Caminho de Bonete

Uma comunidade de caiçaras descendentes de piratas fundou uma povoação num recanto da Ilhabela. Apesar do acesso difícil, Bonete foi descoberta e considerada uma das dez melhores praias do Brasil.
Brasília, Brasil

Brasília: da Utopia à Capital e Arena Política do Brasil

Desde os tempos do Marquês de Pombal que se falava da transferência da capital para o interior. Hoje, a cidade quimera continua a parecer surreal mas dita as regras do desenvolvimento brasileiro.
Hidroeléctrica Binacional de Itaipu, Brasil

HidroElétrica Binacional do Itaipu: a Febre do Watt

Em 1974, milhares de brasileiros e paraguaios confluíram para a zona de construção da então maior barragem do Mundo. 30 anos após a conclusão, Itaipu gera 90% da energia paraguaia e 20% da do Brasil.
Ilha do Marajó, Brasil

A Ilha dos Búfalos

Uma embarcação que transportava búfalos da Índia terá naufragado na foz do rio Amazonas. Hoje, a ilha de Marajó que os acolheu tem uma das maiores manadas do mundo e o Brasil já não passa sem estes bovídeos.
Cataratas Iguaçu/Iguazu, Brasil/Argentina

O Troar da Grande Água

Após um longo percurso tropical, o rio Iguaçu dá o mergulho dos mergulhos. Ali, na fronteira entre o Brasil e a Argentina, formam-se as cataratas maiores e mais impressionantes à face da Terra.
Pirenópolis, Brasil

Cruzadas à Brasileira

Os exércitos cristãos expulsaram as forças muçulmanas da Península Ibérica no séc. XV mas, em Pirenópolis, estado brasileiro de Goiás, os súbditos sul-americanos de Carlos Magno continuam a triunfar.
Jabula Beach, Kwazulu Natal, Africa do Sul
Safari
Santa Lucia, África do Sul

Uma África Tão Selvagem Quanto Zulu

Na eminência do litoral de Moçambique, a província de KwaZulu-Natal abriga uma inesperada África do Sul. Praias desertas repletas de dunas, vastos pântanos estuarinos e colinas cobertas de nevoeiro preenchem esta terra selvagem também banhada pelo oceano Índico. Partilham-na os súbditos da sempre orgulhosa nação zulu e uma das faunas mais prolíficas e diversificadas do continente africano.
Thorong La, Circuito Annapurna, Nepal, foto para a posteridade
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 13º - High Camp a Thorong La a Muktinath, Nepal

No Auge do Circuito dos Annapurnas

Aos 5416m de altitude, o desfiladeiro de Thorong La é o grande desafio e o principal causador de ansiedade do itinerário. Depois de, em Outubro de 2014, ter vitimado 29 montanhistas, cruzá-lo em segurança gera um alívio digno de dupla celebração.
Visitantes nas ruínas de Talisay, ilha de Negros, Filipinas
Arquitectura & Design
Talisay City, Filipinas

Monumento a um Amor Luso-Filipino

No final do século XIX, Mariano Lacson, um fazendeiro filipino e Maria Braga, uma portuguesa de Macau, apaixonaram-se e casaram. Durante a gravidez do que seria o seu 11º filho, Maria sucumbiu a uma queda. Destroçado, Mariano ergueu uma mansão em sua honra. Em plena 2ª Guerra Mundial, a mansão foi incendiada mas as ruínas elegantes que resistiram eternizam a sua trágica relação.
Totems, aldeia de Botko, Malekula,Vanuatu
Aventura
Malekula, Vanuatu

Canibalismo de Carne e Osso

Até ao início do século XX, os comedores de homens ainda se banqueteavam no arquipélago de Vanuatu. Na aldeia de Botko descobrimos porque os colonizadores europeus tanto receavam a ilha de Malekula.
Big Freedia e bouncer, Fried Chicken Festival, New Orleans
Cerimónias e Festividades
New Orleans, Luisiana, Estados Unidos

Big Freedia: em Modo Bounce

New Orleans é o berço do jazz e o jazz soa e ressoa nas suas ruas. Como seria de esperar, numa cidade tão criativa, lá emergem novos estilos e actos irreverentes. De visita à Big Easy, aventuramo-nos à descoberta do Bounce hip hop.
mao tse tung, coracao dragao, praca tianamen, Pequim, China
Cidades
Pequim, China

O Coração do Grande Dragão

É o centro histórico incoerente da ideologia maoista-comunista e quase todos os chineses aspiram a visitá-la mas a Praça Tianamen será sempre recordada como um epitáfio macabro das aspirações da nação
jovem vendedora, nacao, pao, uzbequistao
Comida
Vale de Fergana, Usbequistão

Uzbequistão, a Nação a Que Não Falta o Pão

Poucos países empregam os cereais como o Usbequistão. Nesta república da Ásia Central, o pão tem um papel vital e social. Os Uzbeques produzem-no e consomem-no com devoção e em abundância.
Cansaço em tons de verde
Cultura
Suzdal, Rússia

Em Suzdal, é de Pequenino que se Celebra o Pepino

Com o Verão e o tempo quente, a cidade russa de Suzdal descontrai da sua ortodoxia religiosa milenar. A velha cidade também é famosa por ter os melhores pepinos da nação. Quando Julho chega, faz dos recém-colhidos um verdadeiro festival.
Espectador, Melbourne Cricket Ground-Rules footbal, Melbourne, Australia
Desporto
Melbourne, Austrália

O Futebol em que os Australianos Ditam as Regras

Apesar de praticado desde 1841, o Futebol Australiano só conquistou parte da grande ilha. A internacionalização nunca passou do papel, travada pela concorrência do râguebi e do futebol clássico.
Fieis acendem velas, templo da Gruta de Milarepa, Circuito Annapurna, Nepal
Em Viagem
Circuito Annapurna: 9º Manang a Milarepa Cave, Nepal

Uma Caminhada entre a Aclimatização e a Peregrinação

Em pleno Circuito Annapurna, chegamos por fim a Manang (3519m). Ainda a precisarmos de aclimatizar para os trechos mais elevados que se seguiam, inauguramos uma jornada também espiritual a uma caverna nepalesa de Milarepa (4000m), o refúgio de um siddha (sábio) e santo budista.
Manhã cedo no Lago
Étnico

Nantou, Taiwan

No Âmago da Outra China

Nantou é a única província de Taiwan isolada do oceano Pacífico. Quem hoje descobre o coração montanhoso desta região tende a concordar com os navegadores portugueses que baptizaram Taiwan de Formosa.

Vista para ilha de Fa, Tonga, Última Monarquia da Polinésia
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Portfólio Got2Globe

Sinais Exóticos de Vida

Moa numa praia de Rapa Nui/Ilha da Páscoa
História
Ilha da Páscoa, Chile

A Descolagem e a Queda do Culto do Homem-Pássaro

Até ao século XVI, os nativos da Ilha da Páscoa esculpiram e idolatraram enormes deuses de pedra. De um momento para o outro, começaram a derrubar os seus moais. Sucedeu-se a veneração de tangatu manu, um líder meio humano meio sagrado, decretado após uma competição dramática pela conquista de um ovo.
Tambores e tatoos
Ilhas
Taiti, Polinésia Francesa

Taiti Para lá do Clichê

As vizinhas Bora Bora e Maupiti têm cenários superiores mas o Taiti é há muito conotado com paraíso e há mais vida na maior e mais populosa ilha da Polinésia Francesa, o seu milenar coração cultural.
Geotermia, Calor da Islândia, Terra do Gelo, Geotérmico, Lagoa Azul
Inverno Branco
Islândia

O Aconchego Geotérmico da Ilha do Gelo

A maior parte dos visitantes valoriza os cenários vulcânicos da Islândia pela sua beleza. Os islandeses também deles retiram calor e energia cruciais para a vida que levam às portas do Árctico.
Recompensa Kukenam
Literatura
Monte Roraima, Venezuela

Viagem No Tempo ao Mundo Perdido do Monte Roraima

Perduram no cimo do Monte Roraima cenários extraterrestres que resistiram a milhões de anos de erosão. Conan Doyle criou, em "O Mundo Perdido", uma ficção inspirada no lugar mas nunca o chegou a pisar.
Tombolo e Punta Catedral, Parque Nacional Manuel António, Costa Rica
Natureza
PN Manuel António, Costa Rica

O Pequeno-Grande Parque Nacional da Costa Rica

São bem conhecidas as razões para o menor dos 28 parques nacionais costarriquenhos se ter tornado o mais popular. A fauna e flora do PN Manuel António proliferam num retalho ínfimo e excêntrico de selva. Como se não bastasse, limitam-no quatro das melhores praias ticas.
Sheki, Outono no Cáucaso, Azerbaijão, Lares de Outono
Outono
Sheki, Azerbaijão

Outono no Cáucaso

Perdida entre as montanhas nevadas que separam a Europa da Ásia, Sheki é uma das povoações mais emblemáticas do Azerbaijão. A sua história em grande parte sedosa inclui períodos de grande aspereza. Quando a visitámos, tons pastéis de Outono davam mais cor a uma peculiar vida pós-soviética e muçulmana.
Avestruz, Cabo Boa Esperança, África do Sul
Parques Naturais
Cabo da Boa Esperança - Cape of Good Hope NP, África do Sul

À Beira do Velho Fim do Mundo

Chegamos onde a grande África cedia aos domínios do “Mostrengo” Adamastor e os navegadores portugueses tremiam como varas. Ali, onde a Terra estava, afinal, longe de acabar, a esperança dos marinheiros em dobrar o tenebroso Cabo era desafiada pelas mesmas tormentas que lá continuam a grassar.
Mahé Ilhas das Seychelles, amigos da praia
Património Mundial UNESCO
Mahé, Seychelles

A Ilha Grande das Pequenas Seychelles

Mahé é maior das ilhas do país mais diminuto de África. Alberga a capital da nação e quase todos os seichelenses. Mas não só. Na sua relativa pequenez, oculta um mundo tropical deslumbrante, feito de selva montanhosa que se funde com o Índico em enseadas de todos os tons de mar.
Visitantes da casa de Ernest Hemingway, Key West, Florida, Estados Unidos
Personagens
Key West, Estados Unidos

O Recreio Caribenho de Hemingway

Efusivo como sempre, Ernest Hemingway qualificou Key West como “o melhor lugar em que tinha estado...”. Nos fundos tropicais dos E.U.A. contíguos, encontrou evasão e diversão tresloucada e alcoolizada. E a inspiração para escrever com intensidade a condizer.
Natação, Austrália Ocidental, Estilo Aussie, Sol nascente nos olhos
Praias
Busselton, Austrália

2000 metros em Estilo Aussie

Em 1853, Busselton foi dotada de um dos pontões então mais longos do Mundo. Quando a estrutura decaiu, os moradores decidiram dar a volta ao problema. Desde 1996 que o fazem, todos os anos. A nadar.
Hinduismo Balinês, Lombok, Indonésia, templo Batu Bolong, vulcão Agung em fundo
Religião
Lombok, Indonésia

Lombok: Hinduísmo Balinês Numa Ilha do Islão

A fundação da Indonésia assentou na crença num Deus único. Este princípio ambíguo sempre gerou polémica entre nacionalistas e islamistas mas, em Lombok, os balineses levam a liberdade de culto a peito
Comboio Kuranda train, Cairns, Queensland, Australia
Sobre Carris
Cairns-Kuranda, Austrália

Comboio para o Meio da Selva

Construído a partir de Cairns para salvar da fome mineiros isolados na floresta tropical por inundações, com o tempo, o Kuranda Railway tornou-se no ganha-pão de centenas de aussies alternativos.
aggie grey, Samoa, pacífico do Sul, Marlon Brando Fale
Sociedade
Apia, Samoa Ocidental

A Anfitriã do Pacífico do Sul

Vendeu burgers aos GI’s na 2ª Guerra Mundial e abriu um hotel que recebeu Marlon Brando e Gary Cooper. Aggie Grey faleceu em 1988 mas o seu legado de acolhimento perdura no Pacífico do Sul.
Vida Quotidiana
Profissões Árduas

O Pão que o Diabo Amassou

O trabalho é essencial à maior parte das vidas. Mas, certos trabalhos impõem um grau de esforço, monotonia ou perigosidade de que só alguns eleitos estão à altura.
Penhascos acima do Valley of Desolation, junto a Graaf Reinet, África do Sul
Vida Selvagem
Graaf-Reinet, África do Sul

Uma Lança Bóer na África do Sul

Nos primeiros tempos coloniais, os exploradores e colonos holandeses tinham pavor do Karoo, uma região de grande calor, grande frio, grandes inundações e grandes secas. Até que a Companhia Holandesa das Índias Orientais lá fundou Graaf-Reinet. De então para cá, a quarta cidade mais antiga da nação arco-íris prosperou numa encruzilhada fascinante da sua história.
The Sounds, Fiordland National Park, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Fiordland, Nova Zelândia

Os Fiordes dos Antipodas

Um capricho geológico fez da região de Fiordland a mais crua e imponente da Nova Zelândia. Ano após anos, muitos milhares de visitantes veneram o sub-domínio retalhado entre Te Anau e Milford Sound.