Meghalaya, Índia

Pontes de Povos que Criam Raízes


Jingkieng Wahsurah
Outra ponte de raízes de Nongblai que atravessa o rio às margens da povoação logo acima de uma queda d'água.
Quase em casa
Jovem de Nongriat desce uma escadaria, carregado, prestes a chegar à sua aldeia.
Um repouso sombrio
Família do chefe Longneh Khong Sni na sala da sua exígua palafita da aldeia de Nongblai.
Jingkieng Wahlangseng
Chefe Longneh Khong Sni com dois dos filhos sobre uma das pontes da aldeia de Nongblai
A noz de Betele
As frutas amareladas que viciam e estimulam boa parte da população de Meghalaya, da Índia e da Ásia.
Nohkalikai
A queda d'água mais elevada da India, com 350 metros. Precipita-se num enorme desnível do planalto de Shillong, Montes Khasi.
Aldeia de Tyrna
Aldeia dos Montes Khasi situada acima de Nongriat, a jusante da base da queda d'água de Nohkalikai.
Risada maternal
Mulher brinca com o seu filho no mercado principal de Cherrapunjee, ou Sohra como chama o povo Khasi a esta cidade.
Cachimbo de paz
Chefe de Nongblai Longneh Khong Sni fuma cachimbo sobre a ponte de raízes de Jingkieng Wahlangseng.
A caminho do outro lado
Crianças de Nongblai cruzam a ponte curva de Wahsurah.
No poleiro
Despertadores recarregam para o serviço da madrugada.
A meia-encosta
Moradora de Nomblai num trecho sombrio da longa subida da povoação até ao cimo do vale em que se situa.
Foto da foto
Guia Morning Star detem-se para uma foto na descida para Nongblai.
Palmeiras do vício
Floresta de palmeiras de nozes de bétele, consumidas em grande quantidade em Meghalaya e também em Nongblai.
Quase noite nas montanhas
Ocaso encerra mais um dia produtivo em Nongblai, por volta das 17h.
A imprevisibilidade dos rios na região mais chuvosa à face da Terra nunca demoveu os Khasi e os Jaintia. Confrontadas com a abundância de árvores ficus elastica nos seus vales, estas etnias habituaram-se a moldar-lhes os ramos e estirpes. Da sua tradição perdida no tempo, legaram centenas de pontes de raízes deslumbrantes às futuras gerações.

Estava longe de ser a realidade dos dias de Natal que por ali passamos: solarengos durante o dia, mais frescos após o ocaso, mas secos. A província de Meghalaya que se traduz como “morada das nuvens”, é, de longe, a mais chovida da Índia.

Conta com várias povoações no top 10 da pluviosidade mundial. Delas, Cherrapunjee e Mawsynram ostentam números na ordem dos 25.000 mm anuais. Disputam o recorde absoluto entre si e com outras povoações colombianas.

Por norma, quando chega Maio, o calor gera uma intensa evaporação do oceano Índico, Mar Arábico e Baía de Bengala. Nuvens carregadas de humidade são empurradas sobre o subcontinente por ventos de sul. Quanto mais elevada é a terra próxima mais chuva proporciona.

Ora, Meghalaya ocupa o planalto acima do aluvial Bangladesh, a poucos quilómetros do litoral da Baía de Bengala. Não tardamos a observar a ruptura na paisagem entre as duas regiões.

Tínhamos como base Shillong, a capital do estado. De lá partimos manhã atrás de manhã rumo a sul. Numa dessas jornadas, saímos com Cherrapunjee como destino final.

Muita curva e contracurva por montes e vales depois, Gus e Don, o condutor e o guia que nos auxiliavam na descoberta da província, fizeram o carro deter-se na beira de um precipício em forma de ferradura, repleto de vendedores. Mal nos aproximamos da falésia, percebemos como o cenário e os diferentes visuais que dele antes tínhamos visto espelhavam o contraste entre as duas épocas meteorológicas do ano.

Uma queda d’água longínqua – por sinal a mais alta da Índia, com 340 metros – precipita-se do cimo florestado da meseta para dentro de uma lagoa entre o verde e o azul.

Quedas d'água de Nohkalikai, Meghalaya, Índia

A queda d’água mais elevada da India, com 350 metros. Precipita-se num enorme desnível do planalto de Shillong, Montes Khasi.

As Impressionantes Nokhalikai, ou Seven Sisters Falls

O seu nome anglófono, Seven Sisters Falls, alude ao facto de, na época chuvosa, o salto que ali víamos se multiplicar por sete, cada qual representativo de um dos estados do distinto Nordeste Indiano: Assam, Arunachal Pradesh, Tripura, Nagaland, Manipur, Meghalaya e Mizoram.

Em plena fase mais-que-ensopada da monção, as nuvens preenchem o anfiteatro natural no sopé. Invadem e irrigam também a maior parte da zona rugosa e luxuriante acima das Nohkalikai, o nome khasi (dialecto local) da queda d’água, inspirado numa lenda que envolve Likai, uma mulher local, o seu filho, marido e canibalismo familiar. De tal forma macabra que nos furtamos a entrar em pormenor.

Nos dias realmente chuvosos, mais que uma sequência de torrentes verticais, as Nohkalikai provêm de todo e qualquer sulco no relevo. Tornam-se um listado fluvial dissimulado pela névoa que por ali sempre paira.

Após o derradeiro chuáa do embate nas rochas na base, os seus caudais prosseguem, fartos, rumo às planícies arenosas do Bangladesh. Pelo caminho, passam por uma série de aldeias Khasi e Jaintia autodegredadas no fundo dos vales.

Aldeia de Tyrna, Meghalaya, Índia

Aldeia dos Montes Khasi situada acima de Nongriat, a jusante da base da queda d’água de Nohkalikai.

Povos dos Vales Fluviais Profundos

Uns dias depois, na ascensão de regresso de Nongblai, uma dessas povoações, perguntamos ao jovem guia nativo Morning Star Kongthaw o que tinha feito as pessoas habitarem lugares de tão doloroso acesso. Morning Star pouco adorna a explicação: “Há séculos atrás, a sobrevivência não era como hoje. As famílias tinham que encontrar fontes de alimento fiáveis.

Os rios passavam lá em baixo. Além de lhes garantirem peixe e outros animais, permitiam o cultivo de vegetais e frutas. Para as pessoas, o cansaço tinha pouco significado quando comparado com o terem a vida assegurada. Para muitas, ainda é assim.”

Moradora de Nomblai sobre escadaria, Meghalaya, Índia

Moradora de Nomblai num trecho sombrio da longa subida da povoação até ao cimo do vale em que se situa.

Duas etnias em particular, ocuparam os recantos ribeirinhos férteis de Meghalaya. Foram elas a Khasi e a Pnar, ou Jaintia, ambas matrilineares e que os missionários britânicos converteram ao ponto de os Khasi e os Pnar formarem, em Meghalaya, o estado mais Cristão e eventualmente menos “indiano” da Índia, onde as pessoas partilham uma noção de espaço individual e de recato perante o próximo incomuns no subcontinente.

Enquanto a explorávamos, Meghalaya mantinha-se rendida a intensas celebrações de Natal, como nenhum outro estado indiano o fazia.

Quando se instalaram no fundo dos vales dos Montes Khasi, tanto os Khasi como os Pnar tiveram que aprender a obter víveres dos caudais e das suas margens. Mas não só. Viram-se obrigados a prever as enormes oscilações sazonais no volume dos rios e o espaço de manobra a salvaguardar as suas habitações e cultivos.

Palmeiras de Bétele em Nongblai, Meghalaya, Índia

Floresta de palmeiras de nozes de bétele, consumidas em grande quantidade em Meghalaya e também em Nongblai.

As Pontes de Raízes de Nongblai e de Tantas Outras Aldeias

A outra questão a requerer o melhor do seu engenho foi como garantir a travessia dos caudais aumentados. A solução a que chegaram primou por um espantoso pragmatismo orgânico, bem mais moldável e resistente às torrentes furiosas que aço e betão e virtualmente sem custos.

Agora que o turismo chega a toda a parte e lhes bateu à porta, fascina o resto do mundo. Em muitos casos, também representa um meio de subsistência profícuo.

Demos início à incursão a Nongblai, desta feita, conduzidos por Sadam, um chofer hindu, mais que peculiar, tragicómico. Apanhamos Morning Star a poucos quilómetros do início da longa escadaria que tínhamos que percorrer.

Durante uma boa hora, descemos pelos degraus de pedra altos e irregulares e, em zonas de sombra, cobertos de musgo escorregadio, diz-nos o guia que, durante a época das chuvas, formava um enorme tapete verde. Nessa hora, só vimos a vegetação diversificada que envolvia as escadas e o lado de lá do vale.

Escadaria de acesso a Nogriat, Meghalaya, Índia

Jovem de Nongriat desce uma escadaria, carregado, prestes a chegar à sua aldeia

Deparamo-nos apenas com dois ou três aldeãos vindos do sentido ascendente, menos cansados do que poderíamos supor. Por fim, percebemos o sulco do rio e vislumbrámos o casario da povoação algumas dezenas de metros acima.

Mandava o ritual que nos recebesse o chefe da aldeia. Morning Star ainda nos ensina umas palavras em dialecto khasi – por exemplo, o sempre útil obrigado, khublei shibun – mas Longneh Khong Sni, de inglês, nada falava pelo que toda a comunicação fluiu através do guia.

Morning Star conta-nos que as autoridades de turismo de Meghalaya o haviam avisado da nossa visita à última hora. Por arrasto, a família do chefe não pudera acolher-nos como gostaria.

O Acolhimento Providencial de Longneh Khong Sni

A descida tinha-nos deixado esfomeados. Os anfitriões sabiam-no. De acordo, dizem-nos para nos instalarmos no chão de madeira da pequena palafita e servem-nos chá, logo, arroz branco com omelete que devoramos como se do mais irresistível pitéu se tratasse.

Chefe Longneh Khong Sni na sua casa de Nongblai, Meghalaya, Índia

Família do chefe Longneh Khong Sni na sala da sua exígua palafita da aldeia de Nongblai.

Findo o repasto, o chefe puxa umas baforadas do seu cachimbo. Eu, aproveito a boleia de Morning Star e experimento pela primeira vez mascar noz de bétele, tão popular por aquelas paragens, um pouco por toda a Índia e Ásia.

O sabor revelou-se horrível. Como se não bastasse, o líquido semi-ácido causou-me uma enorme afta. Após dez minutos de salivação acentuada, cuspi, aliviado, o líquido avermelhado, lavei a boca e jurei que nunca mais. “Só lá vai com o hábito!” assegurou-me Morning Star, a conter uma risada. Por essa altura, estava convencido que era algo a que nunca me iria habituar.

Noz de Betele, Meghalaya, Índia

As frutas amareladas que viciam e estimulam boa parte da população de Meghalaya, da Índia e da Ásia.

Deixamos o lar do chefe apontados ao rio. Há mais de três horas que tínhamos deixado o conforto do hotel de Shillong com um propósito bem vincado em mente. Dez minutos de caminhada adicional depois, deparamo-nos com a razão de ser superior da excursão: Jingkieng Wahlangseng.

Jingkieng Wahlangseng, a Primeira das Pontes de Raízes

Uma ponte arbórea massiva e musgosa abraçava o vasto leito rochoso, com raízes aéreas profusas esticadas a partir dos troncos mais grossos, alinhadas, entrançadas e esculpidas para formarem um passadiço seguro. Outras, mais jovens e finas, caíam sobre a água cristalina em jeito de franjas decorativas.

Por intervenção dos aldeãos de Nongblai que as orientam com canas-de-bambu, a árvore-da-borracha (ficus elastica) que a gerara, crescera para o lado, com ramificações poderosas apontadas à direcção onde o sol se arrastava antes de sumir atrás da montanha.

Atravessamo-la para cá e para lá num absoluto êxtase vegetal. Enquanto isso, o chefe instala-se sobre o tronco na companhia de dois dos seus filhos infantes. Puxa de algumas derradeiras baforadas e fica a contemplar, na mais pura tranquilidade, o cenário abendiçoado em que vivia.

Ponte de raízes, Jingkieng Wahlangseng

Chefe Longneh Khong Sni com dois dos filhos sobre uma das pontes da aldeia de Nongblai.

“Gostaram desta?” indaga-nos Morning Star. Em Meghalaya existem centenas. Demoram quase meio século até atingirem esta dimensão mas, se ninguém as cortar, só ficam maiores e mais fortes. Aqui, na aldeia, são umas outras cinco. Vamos à próxima?”.

Em Busca da 2ª: Jingkieng Wahsurah

Claro que fomos. Com pena de não termos tempo para acompanharmos Morning Star dias, semanas a fio, pelos vales de Meghalaya. Para as descobrirmos, apreciarmos e cruzarmos a todas, de preferência, na época das chuvas quando a paisagem é ainda mais luxuriante e verdejante.

Jingkieng Wahsurah, a ponte que se seguiu, surgiu num sector do mesmo rio cortado por um grande socalco e que abrigava uma queda d’água. A luz entrava ali bem menos que na zona da ponte anterior.

Ainda assim, durante mais de um século, a ficus elastica residente tinha-se ali desenvolvido e largado os seus tentáculos de forma sôfrega. Mal percebíamos se os ramos e raízes atapetados pelo musgo pertenciam a uma ou a mais espécimes.

Morning Star some-se. Quando o descobrimos a partir do passadiço, estava empoleirado num dos ramos que se prolongavam para jusante, a fotografar a ponte de baixo para cima.

Jingkieng Wahsurah, ponte de raízes da aldeia de Nongblai, Meghalaya, Índia

Outra ponte de raízes de Nongblai que atravessa o rio às margens da povoação logo acima de uma queda d’água

Não resistimos a ele nos juntarmos pelo mesmo trilho íngreme. Para espanto dos filhos do chefe da aldeia e de duas outras crianças recém-aparecidas, pouco ou nada habituados a ver forasteiros em tais aventuras.

O sol já se insinuava ao limiar sul do vale e ainda tínhamos duas horas ou mais de volta às terras altas. Consciente da dificuldade adicional da subida no escuro, Morning Star apressou-nos.

Retornámos à casa de Longneh Khong Sni, agradecemos o privilégio da visita à aldeia e despedimo-nos da esposa e filhos. O chefe tinha uma reunião na povoação no cimo da escadaria pelo que subiu connosco.

Galos em Nongblai, Meghalaya, Índia

Despertadores recarregam para o serviço da madrugada

De Regresso às Terras Altas de Meghalaya

Até mais de meio, cumprimos a ascensão cansados mas sem demasiado queixume. A partir da hora e três quartos, com o breu instalado e as pernas a cederem ao peso das mochilas fotográficas e ao intenso desgaste, quase nos arrastámos para atingirmos o derradeiro degrau, sempre estimulados por Morning Star que se entreteve a renovar a promessa de que só faltavam cinco minutos.

Ainda bebemos juntos um chá masala numa casa de chá local. Por fim, enfiamo-nos no carro entregues aos caprichos de Sadam. Estávamos os dois prestes a adormecer, embalados pelas curvas, quando reparamos que o motorista tinha um leitor de vídeo instalado sobre o volante.

Assistia a um qualquer êxito Bollywoodesco enquanto nos conduzia pela estrada, quase sempre ladeada de precipícios. Mesmo assim, chegámos sãos e salvos a Shillong. Passámos o dia seguinte doridos como há muito não sentíamos.

A tareia não nos demoveu de repetirmos a dose.

Dois dias depois, descemos (e, claro está, subimos) 3000 degraus tão ou mais torturantes às profundezas de Nongriat. Lá encontrámos e reverenciámos Umshiang, de 180 anos. Uma das incríveis mas raras pontes duplas de raízes de Meghalaya. Provavelmente a mais visitada do estado, digna da sua própria estória.

Ocaso sobre Nongblai, Meghalaya, Índia

Ocaso encerra mais um dia produtivo em Nongblai, por volta das 17h.

Os autores agradecem o apoio na realização deste artigo às seguintes entidades:  Embaixada da Índia em Lisboa; Ministry of Tourism, Government of India e Meghalaya Tourism.

Agradecem e aconselham ainda os interessados em descobrir esta região única da Índia a contarem com o “especialista nativo em Pontes de Raízes e na natureza e cultura de Meghalaya” Morning Star Kongthaw:

Telm e Whats App: +91 80144 70908​

Facebook: MorningStar Kongthaw (Bah Morning)

Dawki, Índia

Dawki, Dawki, Bangladesh à Vista

Descemos das terras altas e montanhosas de Meghalaya para as planas a sul e abaixo. Ali, o caudal translúcido e verde do Dawki faz de fronteira entre a Índia e o Bangladesh. Sob um calor húmido que há muito não sentíamos, o rio também atrai centenas de indianos e bangladeshianos entregues a uma pitoresca evasão.
Jaisalmer, Índia

Há Festa no Deserto do Thar

Mal o curto Inverno parte, Jaisalmer entrega-se a desfiles, a corridas de camelos e a competições de turbantes e de bigodes. As suas muralhas, ruelas e as dunas em redor ganham mais cor que nunca. Durante os três dias do evento, nativos e forasteiros assistem, deslumbrados, a como o vasto e inóspito Thar resplandece afinal de vida.
Goa, Índia

O Último Estertor da Portugalidade Goesa

A proeminente cidade de Goa já justificava o título de “Roma do Oriente” quando, a meio do século XVI, epidemias de malária e de cólera a votaram ao abandono. A Nova Goa (Pangim) por que foi trocada chegou a sede administrativa da Índia Portuguesa mas viu-se anexada pela União Indiana do pós-independência. Em ambas, o tempo e a negligência são maleitas que agora fazem definhar o legado colonial luso.
Tawang, Índia

O Vale Místico da Profunda Discórdia

No limiar norte da província indiana de Arunachal Pradesh, Tawang abriga cenários dramáticos de montanha, aldeias de etnia Mompa e mosteiros budistas majestosos. Mesmo se desde 1962 os rivais chineses não o trespassam, Pequim olha para este domínio como parte do seu Tibete. De acordo, há muito que a religiosidade e o espiritualismo ali comungam com um forte militarismo.
Guwahati, India

A Cidade que Venera Kamakhya e a Fertilidade

Guwahati é a maior cidade do estado de Assam e do Nordeste indiano. Também é uma das que mais se desenvolve do mundo. Para os hindus e crentes devotos do Tantra, não será coincidência lá ser venerada Kamakhya, a deusa-mãe da criação.
Dooars, Índia

Às Portas dos Himalaias

Chegamos ao limiar norte de Bengala Ocidental. O subcontinente entrega-se a uma vasta planície aluvial preenchida por plantações de chá, selva, rios que a monção faz transbordar sobre arrozais sem fim e povoações a rebentar pelas costuras. Na iminência da maior das cordilheiras e do reino montanhoso do Butão, por óbvia influência colonial britânica, a Índia trata esta região deslumbrante por Dooars.
Gangtok, Índia

Uma Vida a Meia-Encosta

Gangtok é a capital de Sikkim, um antigo reino da secção dos Himalaias da Rota da Seda tornado província indiana em 1975. A cidade surge equilibrada numa vertente, de frente para a Kanchenjunga, a terceira maior elevação do mundo que muitos nativos crêem abrigar um Vale paradisíaco da Imortalidade. A sua íngreme e esforçada existência budista visa, ali, ou noutra parte, o alcançarem.
Morondava, Avenida dos Baobás, Madagáscar

O Caminho Malgaxe para o Deslumbre

Saída do nada, uma colónia de embondeiros com 30 metros de altura e 800 anos ladeia uma secção da estrada argilosa e ocre paralela ao Canal de Moçambique e ao litoral piscatório de Morondava. Os nativos consideram estas árvores colossais as mães da sua floresta. Os viajantes veneram-nas como uma espécie de corredor iniciático.
Ooty, Índia

No Cenário Quase Ideal de Bollywood

O conflito com o Paquistão e a ameaça do terrorismo tornaram as filmagens em Caxemira e Uttar Pradesh um drama. Em Ooty, constatamos como esta antiga estação colonial britânica assumia o protagonismo.
Goa, Índia

Para Goa, Rapidamente e em Força

Uma súbita ânsia por herança tropical indo-portuguesa faz-nos viajar em vários transportes mas quase sem paragens, de Lisboa à famosa praia de Anjuna. Só ali, a muito custo, conseguimos descansar.

Hampi, India

À Descoberta do Antigo Reino de Bisnaga

Em 1565, o império hindu de Vijayanagar sucumbiu a ataques inimigos. 45 anos antes, já tinha sido vítima da aportuguesação do seu nome por dois aventureiros portugueses que o revelaram ao Ocidente.

Shillong, India

Selfiestão de Natal num Baluarte Cristão da Índia

Chega Dezembro. Com uma população em larga medida cristã, o estado de Meghalaya sincroniza a sua Natividade com a do Ocidente e destoa do sobrelotado subcontinente hindu e muçulmano. Shillong, a capital, resplandece de fé, felicidade, jingle bells e iluminações garridas. Para deslumbre dos veraneantes indianos de outras partes e credos.
Siliguri a Darjeeling, Índia

Ainda Circula a Sério o Comboio Himalaia de Brincar

Nem o forte declive de alguns tramos nem a modernidade o detêm. De Siliguri, no sopé tropical da grande cordilheira asiática, a Darjeeling, já com os seus picos cimeiros à vista, o mais famoso dos Toy Trains indianos assegura há 117 anos, dia após dia, um árduo percurso de sonho. De viagem pela zona, subimos a bordo e deixamo-nos encantar.
Maguri Bill, Índia

Um Pantanal nos Confins do Nordeste Indiano

O Maguri Bill ocupa uma área anfíbia nas imediações assamesas do rio Bramaputra. É louvado como um habitat incrível sobretudo de aves. Quando o navegamos em modo de gôndola, deparamo-nos com muito (mas muito) mais vida que apenas a asada.
Jaisalmer, Índia

A Vida que Resiste no Forte Dourado de Jaisalmer

A fortaleza de Jaisalmer foi erguida a partir de 1156 por ordem de Rawal Jaisal, governante de um clã poderoso dos confins hoje indianos do Deserto do Thar. Mais de oito séculos volvidos, apesar da contínua pressão do turismo, partilham o interior vasto e intrincado do último dos fortes habitados da Índia quase quatro mil descendentes dos habitantes originais.
Guwahati a Sela Pass, Índia

Viagem Mundana ao Desfiladeiro Sagrado de Sela

Durante 25 horas, percorremos a NH13, uma das mais elevadas e perigosas estradas indianas. Viajamos da bacia do rio Bramaputra aos Himalaias disputados da província de Arunachal Pradesh. Neste artigo, descrevemos-lhe o trecho até aos 4170 m de altitude do Sela Pass que nos apontou à cidade budista-tibetana de Tawang.
PN Kaziranga, Índia

O Baluarte dos Monocerontes Indianos

Situado no estado de Assam, a sul do grande rio Bramaputra, o PN Kaziranga ocupa uma vasta área de pântano aluvial. Lá se concentram dois terços dos rhinocerus unicornis do mundo, entre em redor de 100 tigres, 1200 elefantes e muitos outros animais. Pressionado pela proximidade humana e pela inevitável caça furtiva, este parque precioso só não se tem conseguido proteger das cheias hiperbólicas das monções e de algumas polémicas.
Majuli, Índia

Uma Ilha em Contagem Decrescente

Majuli é a maior ilha fluvial da Índia e seria ainda uma das maiores à face da Terra não fosse a erosão do rio Bramaputra que há séculos a faz diminuir. Se, como se teme, ficar submersa dentro de vinte anos, mais que uma ilha, desaparecerá um reduto cultural e paisagístico realmente místico do Subcontinente.
Chandor, Goa, Índia

Uma Casa Goesa-Portuguesa, Com Certeza

Um palacete com influência arquitectónica lusa, a Casa Menezes Bragança, destaca-se do casario de Chandor, em Goa. Forma um legado de uma das famílias mais poderosas da antiga província. Tanto da sua ascensão em aliança estratégica com a administração portuguesa como do posterior nacionalismo goês.
Fiéis saúdam-se no registão de Bukhara.
Cidade
Bukhara, Uzbequistão

Entre Minaretes do Velho Turquestão

Situada sobre a antiga Rota da Seda, Bukhara desenvolveu-se desde há pelo menos, dois mil anos como um entreposto comercial, cultural e religioso incontornável da Ásia Central. Foi budista, passou a muçulmana. Integrou o grande império árabe e o de Gengis Khan, reinos turco-mongois e a União Soviética, até assentar no ainda jovem e peculiar Uzbequistão.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Jabula Beach, Kwazulu Natal, Africa do Sul
Safari
Santa Lucia, África do Sul

Uma África Tão Selvagem Quanto Zulu

Na eminência do litoral de Moçambique, a província de KwaZulu-Natal abriga uma inesperada África do Sul. Praias desertas repletas de dunas, vastos pântanos estuarinos e colinas cobertas de nevoeiro preenchem esta terra selvagem também banhada pelo oceano Índico. Partilham-na os súbditos da sempre orgulhosa nação zulu e uma das faunas mais prolíficas e diversificadas do continente africano.
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Circuito Annapurna: 2º - Chame a Upper PisangNepal

(I)Eminentes Annapurnas

Despertamos em Chame, ainda abaixo dos 3000m. Lá  avistamos, pela primeira vez, os picos nevados e mais elevados dos Himalaias. De lá partimos para nova caminhada do Circuito Annapurna pelos sopés e encostas da grande cordilheira. Rumo a Upper Pisang.
hacienda mucuyche, Iucatão, México, canal
Arquitectura & Design
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Entre Haciendas e Cenotes, pela História do Iucatão

Em redor da capital Mérida, para cada velha hacienda henequenera colonial há pelo menos um cenote. Com frequência, coexistem e, como aconteceu com a semi-recuperada Hacienda Mucuyché, em duo, resultam nalguns dos lugares mais sublimes do sudeste mexicano.

Bungee jumping, Queenstown, Nova Zelândia
Aventura
Queenstown, Nova Zelândia

Queenstown, a Rainha dos Desportos Radicais

No séc. XVIII, o governo kiwi proclamou uma vila mineira da ilha do Sul "fit for a Queen". Hoje, os cenários e as actividades radicais reforçam o estatuto majestoso da sempre desafiante Queenstown.
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Cerimónias e Festividades
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De Volta aos Anos 30

Devastada por um sismo, Napier foi reconstruida num Art Deco quase térreo e vive a fazer de conta que parou nos Anos Trinta. Os seus visitantes rendem-se à atmosfera Great Gatsby que a cidade encena.
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À Mesa do Adamastor

Dos tempos primordiais das Descobertas à actualidade, a Montanha da Mesa sempre se destacou acima da imensidão sul-africana e dos oceanos em redor. Os séculos passaram e a Cidade do Cabo expandiu-se a seus pés. Tanto os capetonians como os forasteiros de visita se habituaram a contemplar, a ascender e a venerar esta meseta imponente e mítica.
Moradora obesa de Tupola Tapaau, uma pequena ilha de Samoa Ocidental.
Comida
Tonga, Samoa Ocidental, Polinésia

Pacífico XXL

Durante séculos, os nativos das ilhas polinésias subsistiram da terra e do mar. Até que a intrusão das potências coloniais e a posterior introdução de peças de carne gordas, da fast-food e das bebidas açucaradas geraram uma praga de diabetes e de obesidade. Hoje, enquanto boa parte do PIB nacional de Tonga, de Samoa Ocidental e vizinhas é desperdiçado nesses “venenos ocidentais”, os pescadores mal conseguem vender o seu peixe.
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Canhões e Corridas de Cavalos na Velha Savannah Barbadiana

Nos séculos XVIII e XIX, Bridgetown acolheu o Quartel-General do Exército e da Marinha da Grã-Bretanha para as Índias Ocidentais. Em 1966, após 300 anos, Barbados conquistou a sua independência. A Garrison e, em particular, o relvado-hipódromo no seu âmago exaltam o vigor da jovem nação.
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Homem, uma Espécie Sempre à Prova

Está-nos nos genes. Pelo prazer de participar, por títulos, honra ou dinheiro, as competições dão sentido ao Mundo. Umas são mais excêntricas que outras.
Gyantse, templo Kumbum
Em Viagem
Lhasa a Gyantse, Tibete

Gyantse, pelas Alturas do Tibete

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Tulum, Ruínas Maias da Riviera Maia, México
Étnico
Tulum, México

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Ocaso, Avenida dos Baobás, Madagascar
Portfólio Fotográfico Got2Globe

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Era Susi rebocado por cão, Oulanka, Finlandia
Natureza
PN Oulanka, Finlândia

Um Lobo Pouco Solitário

Jukka “Era-Susi” Nordman criou uma das maiores matilhas de cães de trenó do mundo. Tornou-se numa das personagens mais emblemáticas da Finlândia mas continua fiel ao seu cognome: Wilderness Wolf.
Estátua Mãe-Arménia, Erevan, Arménia
Outono
Erevan, Arménia

Uma Capital entre o Leste e o Ocidente

Herdeira da civilização soviética, alinhada com a grande Rússia, a Arménia deixa-se seduzir pelos modos mais democráticos e sofisticados da Europa Ocidental. Nos últimos tempos, os dois mundos têm colidido nas ruas da sua capital. Da disputa popular e política, Erevan ditará o novo rumo da nação.
Vista Miradouro, Alexander Selkirk, na Pele Robinson Crusoe, Chile
Parques Naturais
Ilha Robinson Crusoe, Chile

Alexander Selkirk: na Pele do Verdadeiro Robinson Crusoe

A principal ilha do arquipélago Juan Fernández foi abrigo de piratas e tesouros. A sua história fez-se de aventuras como a de Alexander Selkirk, o marinheiro abandonado que inspirou o romance de Dafoe
hué, cidade comunista, Vietname Imperial, Comunismo Imperial
Património Mundial UNESCO
Hué, Vietname

A Herança Vermelha do Vietname Imperial

Sofreu as piores agruras da Guerra do Vietname e foi desprezada pelos vietcong devido ao passado feudal. As bandeiras nacional-comunistas esvoaçam sobre as suas muralhas mas Hué recupera o esplendor.
Personagens
Sósias, actores e figurantes

Estrelas do Faz de Conta

Protagonizam eventos ou são empresários de rua. Encarnam personagens incontornáveis, representam classes sociais ou épocas. Mesmo a milhas de Hollywood, sem eles, o Mundo seria mais aborrecido.
Magníficos Dias Atlânticos
Praias
Morro de São Paulo, Brasil

Um Litoral Divinal da Bahia

Há três décadas, não passava de uma vila piscatória remota e humilde. Até que algumas comunidades pós-hippies revelaram o retiro do Morro ao mundo e o promoveram a uma espécie de santuário balnear.
Gravuras, Templo Karnak, Luxor, Egipto
Religião
Luxor, Egipto

De Luxor a Tebas: viagem ao Antigo Egipto

Tebas foi erguida como a nova capital suprema do Império Egípcio, o assento de Amon, o Deus dos Deuses. A moderna Luxor herdou o Templo de Karnak e a sua sumptuosidade. Entre uma e a outra fluem o Nilo sagrado e milénios de história deslumbrante.
De volta ao sol. Cable Cars de São Francisco, Vida Altos e baixos
Sobre Carris
São Francisco, E.U.A.

Cable Cars de São Francisco: uma Vida aos Altos e Baixos

Um acidente macabro com uma carroça inspirou a saga dos cable cars de São Francisco. Hoje, estas relíquias funcionam como uma operação de charme da cidade do nevoeiro mas também têm os seus riscos.
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Sociedade
Vale de Fergana, Usbequistão

Uzbequistão, a Nação a Que Não Falta o Pão

Poucos países empregam os cereais como o Usbequistão. Nesta república da Ásia Central, o pão tem um papel vital e social. Os Uzbeques produzem-no e consomem-no com devoção e em abundância.
manada, febre aftosa, carne fraca, colonia pellegrini, argentina
Vida Quotidiana
Colónia Pellegrini, Argentina

Quando a Carne é Fraca

É conhecido o sabor inconfundível da carne argentina. Mas esta riqueza é mais vulnerável do que se imagina. A ameaça da febre aftosa, em particular, mantém as autoridades e os produtores sobre brasas.
Jipe cruza Damaraland, Namíbia
Vida Selvagem
Damaraland, Namíbia

Namíbia On the Rocks

Centenas de quilómetros para norte de Swakopmund, muitos mais das dunas emblemáticas de Sossuvlei, Damaraland acolhe desertos entrecortados por colinas de rochas avermelhadas, a maior montanha e a arte rupestre decana da jovem nação. Os colonos sul-africanos baptizaram esta região em função dos Damara, uma das etnias da Namíbia. Só estes e outros habitantes comprovam que fica na Terra.
Passageiros, voos panorâmico-Alpes do sul, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Aoraki Monte Cook, Nova Zelândia

A Conquista Aeronáutica dos Alpes do Sul

Em 1955, o piloto Harry Wigley criou um sistema de descolagem e aterragem sobre asfalto ou neve. Desde então, a sua empresa revela, a partir do ar, alguns dos cenários mais grandiosos da Oceania.