Malealea, Lesoto

A Vida no Reino Africano dos Céus


Cowboys basotho
Cavaleiros basotho a cavalo dos resistentes cavalos basuto com os chapéus e cobertores tradicionais da nação.
O Pastor
Tumelo Monare de olho no seu grande rebanho de ovelhas.
Celeiro da nação
Um dos muitos vales cerealíferos do Lesoto, nas imediações de Malealea.
Amigas de igual
Duas raparigas na escola da aldeia, com os uniformes coloridos usados por todos os alunos.
Trabalho meio feito
Monare, no cimo do vale do rio Makhaleng já com a sua pilha de lenha bem pesada.
VW Parking
VW Golf estacionado entre duas casas típicas de Malealea.
Escondidas fáceis
Crianças brincam no meio do milho que desponta nas imediações da sua escola.
Caminhada no Reino dos Céus
Moradora de Malealea percorre um trilho da povoação entre plantações de cereais.
Amigos de igual
Miúdos brincam junto a uma parede da escola com uma pintura legendada da bandeira do Lesoto.
A tempo do frio
Mulheres recolhem lenha no vale do rio Makhaleng com o fim de aquecerem mais uma noite frígida que se aproxima.
Maternidade Basoto
Mulher trabalha com o bebe bem preso às costas, à moda do sul de África.
O Lesoto é o único estado independente situado na íntegra acima dos mil metros. Também é um dos países no fundo do ranking mundial de desenvolvimento humano. O seu povo altivo resiste à modernidade e a todas as adversidades no cimo da Terra grandioso mas inóspito que lhe calhou.

O camião em que seguíamos já só subia desde a já longínqua fronteira de Maseru Bridge em que a nação sul-africana envolvente comunica com a capital do Lesoto e dá passagem aos seus domínios ainda mais elevados.

Quase 75km depois, a via asfaltada ramifica numa outra de terra mal e porcamente batida, repleta de pequenos calhaus, altos e baixos e crateras deixadas pelas chuvas de há uns tempos.

Uma placa branca com mensagem em inglês a vermelho alerta para o que aí vem: “mulheres apertem os vossos soutiens, homens coloquem as coquilhas. Apertem os cintos de segurança e tirem as dentaduras. A estrada que se aproxima é acidentada”.

O sol dá os últimos sinais da sua graça. Doura o vale amplo em redor, já de si amarelado pela farta cobertura cerealífera, feita de minifúndios rectangulares aqui e ali salpicados de lares térreos elementares. Tão bucólico e sedativo se revela o cenário que disfarça os solavancos cada vez mais bruscos.

Celeiro da nação, Malealea, Lesoto

Um dos muitos vales cerealíferos do Lesoto, nas imediações de Malealea.

Salva-nos a chegada já crepuscular a Malealea, a aldeia que ficara de nos receber.

O Acolhimento Providencial de Malealea

Algures entre 1900 e a 1ª Guerra Mundial, um inglês de nome Mervyn Smith resolveu lá estabelecer um pequeno entreposto comercial. Decorridos, oitenta e seis anos, o casal mosotho (do Lesoto) Mick e Di Jones, comprou o que dele restava e transformou-o numa pousada.

Por essa altura, não faziam ideia daquilo em que se estavam a meter. A estrada era bem pior que a de agora, recomendada apenas a veículos com tracção às quatro rodas e dos mais robustos. À imagem da sua pátria resiliente, enfrentaram as dificuldades com determinação e engenho.

Acabaram por se ver recompensados.

O Malealea Lodge é, hoje, um trunfo do reino. Acolhe visitantes de todo o mundo uns atrás dos outros. Por norma, por lá param apenas os interessados na África profunda, como é esta do Lesoto, mesmo se 80% do país fica acima dos 1800 metros e o seu ponto mais alto reside nos 3482m de Thebana Ntlenyana, a “Pequena e Bonita Montanha”, assim a trata o povo.

O Calor do Elevado Lesotho. Em Redor da Fogueira

O ocaso encerra o seu exibicionismo cromático e o dia esfria a grande ritmo. O lodge recebe-nos à volta da BOMA, acrónimo de British Officers Military Administration, com os tempos, adaptado à zona – por norma preparada para contar com uma fogueira – onde os hóspedes convivem ao final do dia.

Conotada com os tempos coloniais, a BOMA tornou-se um tema que divide as gerações seguintes, em especial as gentes que trabalham em lodges e outros alojamentos em que esta área assume um papel social incontornável. Mas o Malealea Lodge tinha mais com que se preocupar.

A começar com a integração dos habitantes carenciados da povoação e arredores no seu projecto turístico.

Sentamo-nos em frente ao fogo. Apreciamos o espectáculo a decorrer do outro lado das suaves labaredas. Primeiro, um grupo coral com vozes poderosas. Logo, uma banda que nos dá a conhecer temas tradicionais em tudo distintos tocados com instrumentos criados, à mão, pelos seus elementos: uma bateria de bidons, guitarras de pau e afins.

Além de nos surpreender e entreter, a sua exibição relembrou-nos como, com a devida predisposição mental, se consegue quase sempre fazer muito com pouco. Recebidas as boas-vindas naquele jeito de festival abreviado, recolhemos à rondavel que nos tinha sido atribuída, nos fundos florestados da propriedade.

Estávamos exaustos da longa viagem com origem nas montanhas sul-africanas de Drakensberg. Às nove da noite já a electricidade havia sido desligada. Tomamos duches rápidos à luz da vela e aterramos para um sono  mais longo que os anteriores.

Lesoto: as Dificuldades de um País Africano de Alta-Montanha

Acordamos ao nascer do sol com o habitual grasnar estridente dos íbis. Pouco depois, voltamos a ter electricidade, garantida por um gerador. O fornecimento nacional está longe de chegar àquelas paragens semi-esquecidas, só mais uma das vulnerabilidades do Lesoto.

Por irónico que pareça, o país obtém grande parte das suas receitas dos cerca de 240.000 carates de diamantes anuais extraídos de quatro minas e com a água que exporta para a ressequida África do Sul, canalizada do ambicioso Lesotho Highlands Water Project. Têm-se provado manifestamente parcas.

Cerca de 40% da população do país vive abaixo da Linha Internacional de Pobreza de 1.25 dólares americanos diários. A maior parte dos lares sobrevive com base na agricultura de subsistência. Alguns deles, conseguem mais que subsistir apenas e só graças ao dinheiro remitido às famílias pelos emigrantes na África do Sul e noutras paragens.

Como se não bastasse a penúria, o Lesoto foi ainda tolhido pela praga HIV/SIDA. Por volta de 2010, o país tinha uma prevalência de em redor de 24% dos seus habitantes. Em certas áreas urbanas, cerca de metade das mulheres foram infectadas.

Mulher, Malealea, Lesoto

Moradora de Malealea percorre um trilho da povoação entre plantações de cereais.

De acordo, a esperança de vida oficial do Lesoto é, ainda hoje, de pouco mais de quarenta anos.

O flagelo do HIV/SIDA levou a visitas de Bill Clinton e de Bill Gates, em 2006. Através do apoio das suas fundações, ambos conseguiram uma ligeira melhoria nas estatísticas.

Ainda assim, a catástrofe está longe de ser resolvida.

Mulher basoto, Malealea, Lesoto

Monare, no cimo do vale do rio Makhaleng já com a sua pilha de lenha bem pesada.

Malealea: uma Comunidade com Muito de Tribal

No campo montanhoso em redor de Malealea quase não nos apercebemos da sua latente expressão mas constatamos outras das provações porque os nativos passam. Deixamos o lodge com o sol a regressar, tímido, àquelas alturas rugosas. Em redor, quase todas as casas foram erguidas em pedra e argila seca.

Têm como telhados ora coberturas de palhota, ora folhas finas de zinco, em qualquer dos casos, pressionadas por grandes calhaus que as preparam para os dias mais invernosos, em que vento furioso sopra Lesoto acima. Grandes cactos são usados como limitadores das propriedades e até das ruas.

Entre os lares e estes cactos, vagueiam porcos e cães domésticos. Para nosso espanto, no meio de duas casas, uma rectangular, outra ogival e ocres como o solo que as sustenta, repousa um Volkswagen Golf azul-escuro, já velhinho, igual ao que conduzimos em Lisboa, aquele, ali, supomos que fruto de muitos anos de trabalho expatriado.

VW Parking, Malealea, Lesoto

VW Golf estacionado entre duas casas típicas de Malealea.

Logo ao lado, à porta do seu pequeno domicílio igualmente argiloso, Regina lava roupa num pequeno alguidar verde.

Miriam, com apenas nove meses, contempla-nos embrulhada num babygrow cor-de-rosa e, em parte, na saia em que a mãe a mantém às costas, à boa moda africana.

Malealea, Lesoto, Mãe e bébe

Mulher trabalha com o bebe bem preso às costas, à moda do sul de África.

Lesoto e os Seus Ágeis Cavaleiros sob os Chapéus e Cobertores da Nação

Continuamos a deambular pela povoação. Mal deixamos o fulcro habitacional, encontramos os milheirais fartos que alimentam a aldeia. Dois ou três jovens conduzem vacas no sentido contrário e um outro ultrapassa-nos a galope de um dos cavalos basuto ágeis da nação.

O Lesoto é um país de cavaleiros. Numa altura em que os Zulus e os primeiros colonos holandeses da zona (Voortrekkers) se confrontavam, o seu território actual acabou por receber cavalos da Cidade do Cabo como despojos de guerra. Esses cavalos tinham sido trazidos pela Companhia Holandesa das Índias Orientais.

Foram cruzados com outros equídeos árabes ou persas. Os mantidos na Cidade do Cabo tornaram-se maiores e seriam considerados de superior qualidade. Banidos deste aperfeiçoamento genético e forçados a longas montadas em terrenos difíceis, os Basuto são, ainda hoje, menores mas mais resistentes e corajosos.

Os homens basotho sabem que podem contar com eles até no pino do Inverno, quando as temperaturas chegam aos -20º, e as montanhas e os trilhos ficam cobertos de neve e gelo.

Então, mas não só, os cavaleiros montam os seus cavalos sob os chapéus cónicos e icónicos mokorotlo que têm lugar no centro da bandeira nacional.

Cowboys basotho, Malealea, Lesoto

Cavaleiros basotho a cavalo dos resistentes cavalos basuto com os chapéus e cobertores tradicionais da nação.

Fazem-no embrulhados nos não menos emblemáticos cobertores seanamarena. Estes cobertores foram introduzidos nas terras altas do Lesoto por mercadores britânicos.

Os nativos adaptaram-nos. Nos dias que correm, os também são usados na produção de cerveja tradicional e como presentes dados pelos noivos à família das noivas.

Quando uma mulher fica grávida, aninha-se num cobertor, como forma de simbolizar a vida que gesta.

Com o tempo, os cobertores tornaram-se de tal forma significativos que os seus novos designs têm que ser autorizados pela família real que tomou conta da antiga Basutolândia após a independência da Grã-Bretanha, em 1966.

Aprendizagem Uniforme, numa Escola Sofrível

Passamos por uma escola frequentada por dezenas de jovens da nação, estes vestidos de uniformes que combinam pulôveres vermelhos com calções e saias ora vermelhas mais claras, ora amarelas.

Alunas, Malealea, Lesoto

Duas raparigas na escola da aldeia, com os uniformes coloridos usados por todos os alunos.

Está na hora do recreio. A nossa presença concentra as atenções.

Ainda assim, com excepção pela atracção pelas máquinas fotográficas e pelos retratos que produzimos, vários dos miúdos altivos optam por não interromper as brincadeiras com que se entretinham, alguns junto a uma pintura legendada da bandeira do Lesotho: “Azul para chuva; branco para paz e verde para prosperidade”.

Alunos de igual, Malealea, Lesoto

Miúdos brincam junto a uma parede da escola com uma pintura legendada da bandeira do Lesoto.

Espreitamos uma das salas de aula vazias e comprovamos uma vez mais, pela precariedade e pela sujidade acumulada no chão, como o último dos princípios continua por conquistar.

À saída, cruzamo-nos com a professora Benedicta que veste um casaco de cabedal negro e segura uma mala também de couro, dourada.

Não conseguimos evitar que a discrepância entre as suas vestes aprimoradas e, pelo menos, a falta de limpeza das salas de aula, nos perturbe.

Caminhada em Redor de Malealea e do rio Makhaleng

Da escola, descemos em direcção ao vale semi-ressequido do rio Makhaleng, atrás de um grupo de forasteiros a cavalo de basutos. Contornamos os meandros do rio, entre mais milheirais e campos de milho-miúdo e de outros dos cereais silvestres que por ali proliferavam.

Alunos milheiral, Malealea, Lesoto

Crianças brincam no meio do milho que desponta nas imediações da sua escola.

Os cenários preservam-se dourados durante as três horas que caminhamos por caminhos também de cabras, até chegarmos a Botsoela, uma queda d’água com caudal gélido em que nos refrescamos.

Reemergimos das profundezas do vale para a orla de Malealea com o sol uma mais vez a abandonar aquelas alturas. Várias mulheres recolhem lenha para aquecer a noite que se anuncia.

Um rapazito de uns seis ou sete anos vê-se aflito para acartar um tronco quase tão pesado como ele encosta acima.

A tempo do frio

Mulheres recolhem lenha no vale do rio Makhaleng com o fim de aquecerem mais uma noite frígida que se aproxima.

Conscientes de quanto importava a ajuda que prestava à mãe, resolvemos compensar a sua pequenez. A senhora agradece. Acabamos por nos fotografar com eles junto à pilha de galhos e troncos que ali haviam reunido.

Algumas lajes de granito acima, encontramos Tumelo Monare, embrulhado num cobertor garrido mas de gorro em vez de chapéu mokorotlo.

O jovem pastor apascentava o seu rebanho de ovelhas. “Isto é um rebanho a sério.” elogiamo-lo. “Quantas são?” perguntamos-lhe. “Tumelo responde-nos sem hesitar: “São 157!” “Cento e cinquenta e sete ovelhas fazem um rico rebanho!” retorquimos ainda em modo de cumprimento.

O pastor estava consciente da prosperidade que ali guardava. Devolve-nos um sorriso orgulhoso.

O Pastor, Malealea, Lesoto

Tumelo Monare de olho no seu grande rebanho de ovelhas.

Já informados de com quanto por dia sobrevivia uma boa parte da população basotho, ficamos a contemplar as cento e tal ovelhas como a verdadeira fortuna lanzuda e que representavam.

Table Mountain, África do Sul

À Mesa do Adamastor

Dos tempos primordiais das Descobertas à actualidade, a Montanha da Mesa sempre se destacou acima da imensidão sul-africana e dos oceanos em redor. Os séculos passaram e a Cidade do Cabo expandiu-se a seus pés. Tanto os capetonians como os forasteiros de visita se habituaram a contemplar, a ascender e a venerar esta meseta imponente e mítica.
Circuito Annapurna: 1º - Pokhara a ChameNepal

Por Fim, a Caminho

Depois de vários dias de preparação em Pokhara, partimos em direcção aos Himalaias. O percurso pedestre só o começamos em Chame, a 2670 metros de altitude, com os picos nevados da cordilheira Annapurna já à vista. Até lá, completamos um doloroso mas necessário preâmbulo rodoviário pela sua base subtropical.
Graaf-Reinet, África do Sul

Uma Lança Bóer na África do Sul

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Cabo da Boa Esperança - Cape of Good Hope NP, África do Sul

À Beira do Velho Fim do Mundo

Chegamos onde a grande África cedia aos domínios do “Mostrengo” Adamastor e os navegadores portugueses tremiam como varas. Ali, onde a Terra estava, afinal, longe de acabar, a esperança dos marinheiros em dobrar o tenebroso Cabo era desafiada pelas mesmas tormentas que lá continuam a grassar.
Santa Lucia, África do Sul

Uma África Tão Selvagem Quanto Zulu

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Grande Zimbabwe

Grande Zimbabué, Mistério sem Fim

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Harare, Zimbabwe

O Último Estertor do Surreal Mugabué

Em 2015, a primeira-dama do Zimbabué Grace Mugabe afirmou que o presidente, então com 91 anos, governaria até aos 100, numa cadeira-de-rodas especial. Pouco depois, começou a insinuar-se à sua sucessão. Mas, nos últimos dias, os generais precipitaram, por fim, a remoção de Robert Mugabe que substituiram pelo antigo vice-presidente Emmerson Mnangagwa.
Grande ZimbabuéZimbabué

Grande Zimbabwe, Pequena Dança Bira

Nativos de etnia Karanga da aldeia KwaNemamwa exibem as danças tradicionais Bira aos visitantes privilegiados das ruínas do Grande Zimbabwe. o lugar mais emblemático do Zimbabwe, aquele que, decretada a independência da Rodésia colonial, inspirou o nome da nova e problemática nação.  
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No dia 1 de Julho de 2015, Walter Palmer, um dentista e caçador de trofeus do Minnesota matou Cecil, o leão mais famoso do Zimbabué. O abate gerou uma onda viral de indignação. Como constatamos no PN Hwange, quase dois anos volvidos, os descendentes de Cecil prosperam.
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O explorador procurava uma rota para o Índico quando nativos o conduziram a um salto do rio Zambeze. As cataratas que encontrou eram tão majestosas que decidiu baptizá-las em honra da sua rainha
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Há séculos que os nativos viajam mangal adentro e afora entre a ilha do Ibo e a de Quirimba, no tempo que lhes concede a ida-e-volta avassaladora do oceano Índico. À descoberta da região, intrigados pela excentricidade do percurso, seguimos-lhe os passos anfíbios.
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A apenas 30km da costa leste africana, um erg improvável mas imponente desponta do mar translúcido. Bazaruto abriga paisagens e gentes que há muito vivem à parte. Quem desembarca nesta ilha arenosa exuberante depressa se vê numa tempestade de espanto.
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Pelas Terras Moçambicanas do Chá

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Praia
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O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
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O Fogo que Reavivou a Vida Selvagem de eSwatini

A meio do século passado, a caça excessiva extinguia boa parte da fauna do reino da Suazilândia. Ted Reilly, filho do colono pioneiro proprietário de Mlilwane entrou em acção. Em 1961, lá criou a primeira área protegida dos Big Game Parks que mais tarde fundou. Também conservou o termo suazi para os pequenos fogos que os relâmpagos há muito geram.
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Uma Caminhada entre a Aclimatização e a Peregrinação

Em pleno Circuito Annapurna, chegamos por fim a Manang (3519m). Ainda a precisarmos de aclimatizar para os trechos mais elevados que se seguiam, inauguramos uma jornada também espiritual a uma caverna nepalesa de Milarepa (4000m), o refúgio de um siddha (sábio) e santo budista.
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Onde o Pecado tem Sempre Perdão

Projectada do Deserto Mojave como uma miragem de néon, a capital norte-americana do jogo e do espectáculo é vivida como uma aposta no escuro. Exuberante e viciante, Vegas nem aprende nem se arrepende.
O pequeno farol de Kallur, destacado no relevo caprichoso do norte da ilha de Kalsoy.
Aventura
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Um Farol no Fim do Mundo Faroês

Kalsoy é uma das ilhas mais isoladas do arquipélago das faroés. Também tratada por “a flauta” devido à forma longilínea e aos muitos túneis que a servem, habitam-na meros 75 habitantes. Muitos menos que os forasteiros que a visitam todos os anos atraídos pelo deslumbre boreal do seu farol de Kallur.
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Cruzadas à Brasileira

Os exércitos cristãos expulsaram as forças muçulmanas da Península Ibérica no séc. XV mas, em Pirenópolis, estado brasileiro de Goiás, os súbditos sul-americanos de Carlos Magno continuam a triunfar.
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Ao Ritmo do Reggaeton

Os porto-riquenhos irrequietos e inventivos fizeram de San Juan a capital mundial do reggaeton. Ao ritmo preferido da nação, encheram a sua “Cidade Muralhada” de outras artes, de cor e de vida.
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A Capital Asiática da Comida

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Portfólio Fotográfico Got2Globe
Portfólio Got2Globe

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Espargos, ilha do Sal, Cabo Verde
História
Ilha do Sal, Cabo Verde

O Sal da Ilha do Sal

Na iminência do século XIX, Sal mantinha-se carente de água potável e praticamente inabitada. Até que a extracção e exportação do sal lá abundante incentivou uma progressiva povoação. Hoje, o sal e as salinas dão outro sabor à ilha mais visitada de Cabo Verde.
La Digue, Seychelles, Anse d'Argent
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La Digue, Seicheles

Monumental Granito Tropical

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Quebra-Gelo Sampo, Kemi, Finlândia
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Não é Nenhum “Barco do Amor”. Quebra Gelo desde 1961

Construído para manter vias navegáveis sob o Inverno árctico mais extremo, o quebra-gelo Sampo” cumpriu a sua missão entre a Finlândia e a Suécia durante 30 anos. Em 1988, reformou-se e dedicou-se a viagens mais curtas que permitem aos passageiros flutuar num canal recém-aberto do Golfo de Bótnia, dentro de fatos que, mais que especiais, parecem espaciais.
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A Jangada de Basalto de José Saramago

Em 1993, frustrado pela desconsideração do governo português da sua obra “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, Saramago mudou-se com a esposa Pilar del Río para Lanzarote. De regresso a esta ilha canária algo extraterrestre, reencontramos o seu lar. E o refúgio da censura a que o escritor se viu votado.
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Chobe: um rio na Fronteira da Vida com a Morte

O Chobe marca a divisão entre o Botswana e três dos países vizinhos, a Zâmbia, o Zimbabwé e a Namíbia. Mas o seu leito caprichoso tem uma função bem mais crucial que esta delimitação política.
Menina brinca com folhas na margem do Grande Lago do Palácio de Catarina
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À margem dos acontecimentos políticos e bélicos precipitados pela Rússia, de meio de Setembro em diante, o Outono toma conta do país. Em anos anteriores, de visita a São Petersburgo, testemunhamos como a capital cultural e do Norte se reveste de um amarelo-laranja resplandecente. Num deslumbre pouco condizente com o negrume político e bélico entretanto disseminado.
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Kuusamo ao PN Oulanka, Finlândia

Sob o Encanto Gélido do Árctico

Estamos a 66º Norte e às portas da Lapónia. Por estes lados, a paisagem branca é de todos e de ninguém como as árvores cobertas de neve, o frio atroz e a noite sem fim.
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Napier, Nova Zelândia

De Volta aos Anos 30

Devastada por um sismo, Napier foi reconstruida num Art Deco quase térreo e vive a fazer de conta que parou nos Anos Trinta. Os seus visitantes rendem-se à atmosfera Great Gatsby que a cidade encena.
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Tombstone: a Cidade Demasiado Dura para Morrer

Filões de prata descobertos no fim do século XIX fizeram de Tombstone um centro mineiro próspero e conflituoso na fronteira dos Estados Unidos com o México. Lawrence Kasdan, Kurt Russel, Kevin Costner e outros realizadores e actores hollywoodescos tornaram famosos os irmãos Earp e o duelo sanguinário de “O.K. Corral”. A Tombstone que, ao longo dos tempos tantas vidas reclamou, está para durar.
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A porta de entrada para o arquipélago de Bazaruto de todos os sonhos, Vilankulos tem os seus próprios encantos. A começar pela linha de costa elevada face ao leito do Canal de Moçambique que, a proveito da comunidade piscatória local, as marés ora inundam, ora descobrem.
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(I)Eminentes Annapurnas

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PN Bwabwata, Namíbia

Um Parque Namibiano que Vale por Três

Consolidada a independência da Namíbia, em 1990, para simplificarem a sua gestão, as autoridades agruparam um trio de parques e reservas da faixa de Caprivi. O PN Bwabwata resultante acolhe uma imensidão deslumbrante de ecossistemas e vida selvagem, às margens dos rios Cubango (Okavango) e Cuando.
Pleno Dog Mushing
Voos Panorâmicos
Seward, Alasca

O Dog Mushing Estival do Alasca

Estão quase 30º e os glaciares degelam. No Alasca, os empresários têm pouco tempo para enriquecer. Até ao fim de Agosto, o dog mushing não pode parar.