Manaus, Brasil

Os Saltos e Sobressaltos da ex-Capital Mundial da Borracha


De novo na ribalta
O Teatro Amazonas resplandece no coração histórico de Manaus.
Memória de borracha
Caboclo Sôr Tom reconstitui o processamento secular da seiva da árvore-da-borracha.
Selva de barcos
Embarcações tradicionais dos rios Negro e Solimões ancoradas numa doca de Manaus.
Teatral Lateral
Fachada lateral do Teatro Amazonas o edifício cultural supremo de Manaus e da Amazónia.
Meio da tarde
Transeuntes passeiam na Praça de São Sebastião, a que acolheu o Teatro Amazonas.
“Bar do Armando”
Convivas na esplanada de um bar de um emigrante português de Coímbra recém-falecido.
Romance Fluvial
Casal conversa sobre a plataforma flutuante que acolhe o Bar da Denise e o Sopão do Tio Jorge.
Au Bon Marché
Legado da era de riqueza e fausto em plena selva da Amazónia, o estabelecimento Au Bon Marché
Manaus Mercantil
Uma das fachadas do velho mercado Adolpho Lisboa, junto à marginal do rio Negro.
Assalto á peixaria
Peixeiros no sector de peixe do mercadão de Manaus, onde se vendem os afamados peixes amazónicos: pacu, pirarucu, tambaqui etc.
Uma alfândega bela e amarela
O edifício elegante e histórico da aduana de Manaus, a espreitar o caudal vasto do rio Negro.
De 1879 a 1912, só a bacia do rio Amazonas gerava o latex de que, de um momento para o outro, o mundo precisou e, do nada, Manaus tornou-se uma das cidades mais avançadas à face da Terra. Mas um explorador inglês levou a árvore para o sudeste asiático e arruinou a produção pioneira. Manaus voltou a provar a sua elasticidade. É a maior cidade da Amazónia e a sétima do Brasil.

Do 12º andar de um tal de hotel Taj Mahal, o horizonte recuava várias dezenas de quilómetros.

Desvendava-nos o Teatro Amazonas no seu entorno secular: o vasto rio Negro a oeste, antecedido por uma curiosa mescla de casario histórico e Manaus, de vegetação tropical exuberante da Amazónia e de torres habitacionais ou de escritórios projectadas bem acima.

Lá longe, insinuava-se a ponte moderna sobre o Rio Negro e uma raia de habitação marginal, quanto mais distante, mais disforme e abarracada.

Não estávamos hospedados naquele hotel pelo que fizemos estender o favor da subida panorâmica até mais não.

Provou-se o suficiente para assistirmos ao anoitecer a instalar-se, a praça a encher-se de gente e a animar-se, samba ou sertanejo a ressoarem, esplanadas à pinha inundadas de cervejinha e de conversas sem cerimónias nem fim.

Esplanada do Bar do Armando, Manaus, Brasil

Convivas na esplanada de um bar de um emigrante português de Coímbra recém-falecido

A Capital cada vez mais Cosmopolita da Amazónia

Nos dias que correm, Manaus é este mundo represado, euro-tropical e muito mais. Expandiu-se da sua beira-rio e invadiu 11.500 km2 de floresta amazónica.

Uma comitiva exígua de colonos intrépidos e receosos da vastidão em que os haviam metido e, em particular, dos nativos hostis, transformou-se numa população multiétnica e multicultural de 2.600.000 almas entregues à selva, a urbana de Manaus, não a natural em redor.

Quem vem dar a estas paragens depressa se intriga sobre o que as tornou possíveis.

Após a restauração da Independência e da velha rivalidade colonial, os portugueses viram-se beneficiários da União Ibérica que aproveitaram para tomarem conta do interior do Brasil. Também se mantiveram alerta contra as pretensões dos rivais hispânicos de sempre e das dos holandeses, estes, com quartel-general no Suriname.

Em 1668, construíram o forte de São José da Barra do Rio Negro, no coração da Amazónia e junto à confluência de duas das suas mais importantes artérias, o Negro e o Solimões. Ergueram-no em rocha e argila com o auxílio dos indígenas e de mestiços. Muitos, acabaram por ali se fixar.

Chegados os fazendeiros portugueses e os seus escravos, a população aumentou de forma exponencial.

De tal maneira, que vários grupos missionários alinharam no investimento evangélico da capela de Nª Senhora da Conceição, entretanto nomeada padroeira da povoação.

A Animação de Fim de Tarde da Praça de São Sebastião

Num outro fim de tarde, os bancos de jardim da Praça de São Sebastião são ocupados por jovens amigas cafuzas, de pele quase negras, olhos amendoados e cabelos escorridos como os dos indígenas de tantas tribos nativas da selva circundante.

Praça de São Sebastião, Manaus, Brazil

Transeuntes passeiam na Praça de São Sebastião, a que acolheu o Teatro Amazonas.

Um casal chinês de meia idade ralha aos filhos em mandarim, estes ignoram-nos e bulham em português abrasileirado. Várias bancas da mini-feira que por ali se instalou são exploradas por pequenos comerciantes indianos ou com raízes no Médio Oriente.

O Bar do Armando, com os seus cabeçudos do festival Bumba Meu Boi e uma grande bandeira portuguesa, lado a lado com a brasileira, entre outras, menores, de outros países pertence à Igreja mas é há muito explorado por uma família lusa.

Enquanto serve cervejinhas ao balcão, o empregado Oriane explica-nos melhor como.

“O sôr Armando faleceu faz tempo. Agora quem ficou com o bar foi a filha. Mas a família dele era patrícia a sério. Eu creio que vieram lá do lado de… como se chama mesmo… ah é isso, é Coimbra.”

Um festival cultural evolui em frente ao teatro. Ali, um grupo coral juvenil entoa êxitos musicais recentes da Disney: Rei Leão, Pocahontas e afins. Por essa hora, a missa termina na Igreja de São Sebastião. Os crentes juntam-se à multidão e rendem-se ao apelo profano da noite.

Tão sagrado como inconveniente, o padre havia ordenado um encerramento explosivo da eucaristia. Os foguetes rebentam acima do templo, iluminam a sua torre pontiaguda e os sinos em não menos histérico repique.

Em dueto, o ribombar da pólvora seca e o badalar do campanário infernizam a noite, sobretudo a vida do grupo coral que, com tanto ruído, canta pró boneco. No interior do teatro, ao invés, uma audiência endinheirada delicia-se, sem interferências, com uma ópera grandiosa.

O Teatro Símbolo da Riqueza Borracheira da Amazónia

Há muito que o Teatro Amazonas é o edifício amazonense dos edifícios.

O mais importante símbolo civilizacional de todo o estado. E, no entanto, foi uma mera árvore da Amazónia – a Hevea brasiliensis – que o viabilizou e que, durante mais de um século, fez de Manaus uma improvável “Paris na Selva”.

Teatro do Amazonas, Manaus, Brazil

Fachada lateral do Teatro Amazonas o edifício cultural supremo de Manaus e da Amazónia.

No século XVIII, vários colonos e cientistas tinham já reparado em como os indígenas usavam a seiva solidificada dessa árvore para impermeabilizar calçado e vestuário, entre outros fins.

As primeiras amostras chegaram a França e o seu uso europeu foi inaugurado em 1803, em suspensórios, elásticos de soutiens e outros. Mais tarde, a empresa americana Goodyear descobriu o processo de vulcanização e a borracha dotou os pneus de veículos que, a Ford não tardou a vender em massa.

Após a Cabanagem, a população de Manaus aumentara mas a selva densa e ensopada em redor, a inexistência de metais ou pedras preciosas e os 1600km a que se situava da foz do Amazonas e do litoral barravam o seu desenvolvimento.

Até que, no fim do século XVIII, o culminar da Revolução Industrial na Europa e América do Norte reclamou mais e mais borracha, comodidade híper-valiosa exclusiva da Amazónia.

Borracha: a Matéria-Prima que Mudou a Amazónia e o Mundo

Investidores europeus e das Américas afluíram para a selva de que Manaus era o único entreposto digno desse nome. Instalaram-se na cidade ou em fazendas. Compraram vastas parcelas de selva que preencheram com plantações da árvore-da-borracha.

Ávidos de mão-de-obra, forçaram os indígenas a assegurar a extracção. Em certas áreas, os nativos – pouco talhados à submissão e a tarefas repetitivas que não lhes faziam qualquer sentido – não resistiram à escravatura, à brutalidade e às doenças disseminadas pelos colonos.

Reconstituição da estração da borracha, arredores de Manaus, Brasil

Caboclo Sôr Tom reconstitui o processamento secular da seiva da árvore-da-borracha

Morreram aos milhares. Indiferentes, os novos Barões da Borracha limitaram-se a empregar uma vaga de recém-chegados desejosos de se submeter aquelas provações.

Em 1877, uma terrível seca assolou o Nordeste Brasileiro, sobretudo o estado do Ceará. Muitos nordestinos migraram para a que sonhavam como “Terra da Fortuna”. Lá habitaram cabanas precárias nos arrabaldes da cidade e, entregues ao ilusório sufoco do latex, continuaram a enriquecer os barões. Manaus beneficiou por tabela.

A Ostentação Afrancesada da Milionária Manaus

Foi promovida a capital borracheira do mundo, viu-se dotada de energia eléctrica e de tantos outros luxos, antes de muitas cidades europeias. O francês e os modos afrancesados eram a moda ostentatória da época. Quem não falasse francês ou se comportasse afim, sentia-se diminuído perante os co-cidadãos.

Quando passeamos pelas ruas vetustas, cosmopolitas e sobrepovoadas de Manaus, a prova dessa velha francofonia surge, bem óbvia, na arquitectura e até nos nomes dos estabelecimentos de outros tempos.

Entre outras, uma fachada de prédio de esquina, toda ela rendilhada, impinge-nos um belo e amarelo “Au Bon Marche”.

Antiga loja Au Bon Marché, Manaus, Brasil

Legado da era de riqueza e fausto em plena selva da Amazónia, o estabelecimento Au Bon Marché

Sob o pseudónimo de Robin Furneaux, Frederick Robin Smith, um historiador britânico, descreveu a abundância deste período. “Nenhuma extravagância, por mais absurda, detinha os barões da borracha. Se um comprava um enorme iate, outro exibia leões amestrados na sua propriedade e um terceiro daria champanhe aos seus cavalos.”

Enquanto somos guiados pelos recantos do teatro-ópera da Amazónia, percebemos melhor como se revelou o mais faustoso destes caprichos.

Terá sido proposto em 1881, em plena Belle Époque. Propô-lo António Fernandes Junior que teve a visão de uma jóia cultural no coração da floresta amazónica e conseguiu a aprovação da Casa dos Representantes.

O projecto foi levado a cabo por um gabinete de engenharia e arquitectura de Lisboa e a construção seguiu a cargo de um arquitecto italiano.

A condizer, inaugurou-o La Gioconda, de Amilcare Ponchielli.

Barcos ancorados em Manaus, Brasil

Embarcações tradicionais dos rios Negro e Solimões ancoradas numa doca de Manaus

1912 – O Início de um Inevitável Declínio

Chegado o ano de 1912, os barões “brasileiros” da borracha não puderam sequer assistir à maior das suas tragédias.

Sem que ninguém soubesse, o explorador inglês Sir Henry Wickam, transpôs dezenas de milhares de pés da árvore-da-borracha para territórios britânicos com clima semelhante ao da Amazónia, menos isolados e com custos de produção, por comparação, reduzidos. O monopólio brasileiro depressa murchou.

Viciada na opulência, Manaus viu-se em declínio e abandonada por todos os que puderam partir.

O teatro fechou para boa parte do século XX, à sombra do colapso da iluminação que, antes assegurada por geradores, passou a ser alimentada, à mão e candeeiro a candeeiro, por gordura dos famigerados manatins amazónicos.

O casario resplandecente ficou entregue ao tempo e à humidade, o mesmo vapor clorofilino que nos faz suar a bom suar enquanto admiramos a deliciosa decadência da zona ribeirinha-portuária da cidade:  a azáfama do Mercado Municipal Adolpho Lisboa (baptizado em honra de um dos mais estimados prefeitos de Manaus) e a frota garrida de navios que asseguram o transporte pelas artérias fluviais da Amazónia.

Entretanto rebentou a 2ª Guerra Mundial. O Império Nipónico ocupou os principais territórios asiáticos produtores de borracha. Despoletou, assim, um segundo boom amazónico que pouco mais durou que o conflito e não evitou o agravamento de um vazio demográfico da região amazónica.

A Zona de Franca e a Recuperação Recente de Manaus

Volvidos vinte anos, um governo brasileiro mais atento e obcecado pela modernização dos confins do país fez de Manaus uma zona franca. Atribui-lhe fortes estímulos financeiros e tornou-a acessível por uma rede de novas estradas. Gerou assim, um fluxo de investimento que atraiu milhões de novos habitantes, como o investimento, nacionais e estrangeiros.

Manaus confirmou-se uma das urbes mais populosas da nação e um dos seus principais polos turísticos. Provou-se, até, suficientemente importante para acolher a sempre polémica e esbanjadora construção de um novo estádio de futebol e se assumir como uma das sedes do Mundial FIFA de 2014.

Inúmeras indústrias substituíram a antes exclusiva exportação da borracha e, na actualidade, asseguram a expansão constante da cidade.

A Nova Fama do Teatro de Manaus

O teatro, esse, recuperou a sua aura, no início dos anos 80. Por essa altura, o realizador Werner Herzog divulgou-o no seu épico “Fitzcarraldo”. Hoje de culto, o filme abordava a história de Brian Sweeney Fitzgerald, um empreendedor e amante de ópera irlandês residente em Iquitos, quando também esta cidade peruana prosperava à conta da exportação de borracha.

Mais romântico que empreendedor, Fitzgerald perseguiu um plano lunático de construir uma ópera à imagem da mais conceituadas da Europa numa zona de selva com acesso fluvial atroz, habitada por indígenas intratáveis.

Sem querermos desvendar o desfecho, dessa sua era proveitosa em diante, Iquitos evoluiu para a capital peruana da borracha e, mais tarde, da Amazónia Peruana. Ainda assim, hoje, abriga menos de 500.000 habitantes.

Teatro de Manaus, Brasil

O Teatro Amazonas resplandece no coração histórico de Manaus

O único teatro-ópera da Amazónia sul-americana é o Teatro Amazonas.

Passo do Lontra, Miranda, Brasil

O Brasil Alagado a um Passo da Lontra

Estamos no limiar oeste do Mato Grosso do Sul mas mato, por estes lados, é outra coisa. Numa extensão de quase 200.000 km2, o Brasil surge parcialmente submerso, por rios, riachos, lagoas e outras águas dispersas em vastas planícies de aluvião. Nem o calor ofegante da estação seca drena a vida e a biodiversidade de lugares e fazendas pantaneiras como a que nos acolheu às margens do rio Miranda.
Miranda, Brasil

Maria dos Jacarés: o Pantanal abriga criaturas assim

Eurides Fátima de Barros nasceu no interior da região de Miranda. Há 38 anos, instalou-se e a um pequeno negócio à beira da BR262 que atravessa o Pantanal e ganhou afinidade com os jacarés que viviam à sua porta. Desgostosa por, em tempos, as criaturas ali serem abatidas, passou a tomar conta delas. Hoje conhecida por Maria dos Jacarés, deu nome de jogador ou treinador de futebol a cada um dos bichos. Também garante que reconhecem os seus chamamentos.
Curitiba, Brasil

A Vida Elevada de Curitiba

Não é só a altitude de quase 1000 metros a que a cidade se situa. Cosmopolita e multicultural, a capital paranaense tem uma qualidade de vida e rating de desenvolvimento humano que a tornam um caso à parte no Brasil.

Florianópolis, Brasil

O Legado Açoriano do Atlântico Sul

Durante o século XVIII, milhares de ilhéus portugueses perseguiram vidas melhores nos confins meridionais do Brasil. Nas povoações que fundaram, abundam os vestígios de afinidade com as origens.

Morro de São Paulo, Brasil

Um Litoral Divinal da Bahia

Há três décadas, não passava de uma vila piscatória remota e humilde. Até que algumas comunidades pós-hippies revelaram o retiro do Morro ao mundo e o promoveram a uma espécie de santuário balnear.
Lençois da Bahia, Brasil

A Liberdade Pantanosa do Quilombo do Remanso

Escravos foragidos subsistiram séculos em redor de um pantanal da Chapada Diamantina. Hoje, o quilombo do Remanso é um símbolo da sua união e resistência mas também da exclusão a que foram votados.
Ilhabela, Brasil

Ilhabela: Depois do Horror, a Beleza Atlântica

Nocenta por cento de Mata Atlântica preservada, cachoeiras idílicas e praias gentis e selvagens fazem-lhe jus ao nome. Mas, se recuarmos no tempo, também desvendamos a faceta histórica horrífica de Ilhabela.
Ilhabela, Brasil

Em Ilhabela, a Caminho de Bonete

Uma comunidade de caiçaras descendentes de piratas fundou uma povoação num recanto da Ilhabela. Apesar do acesso difícil, Bonete foi descoberta e considerada uma das dez melhores praias do Brasil.
Goiás Velho, Brasil

Um Legado da Febre do Ouro

Dois séculos após o apogeu da prospecção, perdida no tempo e na vastidão do Planalto Central, Goiás estima a sua admirável arquitectura colonial, a riqueza supreendente que ali continua por descobrir.
Brasília, Brasil

Brasília: da Utopia à Capital e Arena Política do Brasil

Desde os tempos do Marquês de Pombal que se falava da transferência da capital para o interior. Hoje, a cidade quimera continua a parecer surreal mas dita as regras do desenvolvimento brasileiro.
Lençois da Bahia, Brasil

Lençois da Bahia: nem os Diamantes São Eternos

No século XIX, Lençóis tornou-se na maior fornecedora mundial de diamantes. Mas o comércio das gemas não durou o que se esperava. Hoje, a arquitectura colonial que herdou é o seu bem mais precioso.
Hidroeléctrica Binacional de Itaipu, Brasil

HidroElétrica Binacional do Itaipu: a Febre do Watt

Em 1974, milhares de brasileiros e paraguaios confluíram para a zona de construção da então maior barragem do Mundo. 30 anos após a conclusão, Itaipu gera 90% da energia paraguaia e 20% da do Brasil.
Ilha do Marajó, Brasil

A Ilha dos Búfalos

Uma embarcação que transportava búfalos da Índia terá naufragado na foz do rio Amazonas. Hoje, a ilha de Marajó que os acolheu tem uma das maiores manadas do mundo e o Brasil já não passa sem estes bovídeos.
Cataratas Iguaçu/Iguazu, Brasil/Argentina

O Troar da Grande Água

Após um longo percurso tropical, o rio Iguaçu dá o mergulho dos mergulhos. Ali, na fronteira entre o Brasil e a Argentina, formam-se as cataratas maiores e mais impressionantes à face da Terra.
Chapada Diamantina, Brasil

Bahia de Gema

Até ao final do séc. XIX, a Chapada Diamantina foi uma terra de prospecção e ambições desmedidas.Agora que os diamantes rareiam os forasteiros anseiam descobrir as suas mesetas e galerias subterrâneas
Goiás Velho, Brasil

Vida e Obra de uma Escritora à Margem

Nascida em Goiás, Ana Lins Bretas passou a maior parte da vida longe da família castradora e da cidade. Regressada às origens, continuou a retratar a mentalidade preconceituosa do interior brasileiro
Pirenópolis, Brasil

Cruzadas à Brasileira

Os exércitos cristãos expulsaram as forças muçulmanas da Península Ibérica no séc. XV mas, em Pirenópolis, estado brasileiro de Goiás, os súbditos sul-americanos de Carlos Magno continuam a triunfar.
Pirenópolis, Brasil

Cavalgada de Fé

Introduzida, em 1819, por padres portugueses, a Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis agrega uma complexa rede de celebrações religiosas e pagãs. Dura mais de 20 dias, passados, em grande parte, sobre a sela.
Manaus, Brasil

Ao Encontro do Encontro das Águas

O fenómeno não é único mas, em Manaus, reveste-se de uma beleza e solenidade especial. A determinada altura, os rios Negro e Solimões convergem num mesmo leito do Amazonas mas, em vez de logo se misturarem, ambos os caudais prosseguem lado a lado. Enquanto exploramos estas partes da Amazónia, testemunhamos o insólito confronto do Encontro das Águas.
Pirenópolis, Brasil

Uma Pólis nos Pirinéus Sul-Americanos

Minas de Nossa Senhora do Rosário da Meia Ponte foi erguida por bandeirantes portugueses, no auge do Ciclo do Ouro. Por saudosismo, emigrantes provavelmente catalães chamaram à serra em redor de Pireneus. Em 1890, já numa era de independência e de incontáveis helenizações das suas urbes, os brasileiros baptizaram esta cidade colonial de Pirenópolis.
Delta do Okavango, Nem todos os rios Chegam ao Mar, Mokoros
Safari
Delta do Okavango, Botswana

Nem Todos os Rios Chegam ao Mar

Terceiro rio mais longo do sul de África, o Okavango nasce no planalto angolano do Bié e percorre 1600km para sudeste. Perde-se no deserto do Kalahari onde irriga um pantanal deslumbrante repleto de vida selvagem.
Bandeiras de oração em Ghyaru, Nepal
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 4º – Upper Pisang a Ngawal, Nepal

Do Pesadelo ao Deslumbre

Sem que estivéssemos avisados, confrontamo-nos com uma subida que nos leva ao desespero. Puxamos ao máximo pelas forças e alcançamos Ghyaru onde nos sentimos mais próximos que nunca dos Annapurnas. O resto do caminho para Ngawal soube como uma espécie de extensão da recompensa.
Arquitectura & Design
Fortalezas

O Mundo à Defesa – Castelos e Fortalezas que Resistem

Sob ameaça dos inimigos desde os confins dos tempos, os líderes de povoações e de nações ergueram castelos e fortalezas. Um pouco por todo o lado, monumentos militares como estes continuam a resistir.
Totems, aldeia de Botko, Malekula,Vanuatu
Aventura
Malekula, Vanuatu

Canibalismo de Carne e Osso

Até ao início do século XX, os comedores de homens ainda se banqueteavam no arquipélago de Vanuatu. Na aldeia de Botko descobrimos porque os colonizadores europeus tanto receavam a ilha de Malekula.
Kente Festival Agotime, Gana, ouro
Cerimónias e Festividades
Kumasi a Kpetoe, Gana

Uma Viagem-Celebração da Moda Tradicional Ganesa

Após algum tempo na grande capital ganesa ashanti cruzamos o país até junto à fronteira com o Togo. Os motivos para esta longa travessia foram os do kente, um tecido de tal maneira reverenciado no Gana que diversos chefes tribais lhe dedicam todos os anos um faustoso festival.
Magome a Tsumago, Nakasendo, Caminho Japão medieval
Cidades
Magome-Tsumago, Japão

Magome a Tsumago: o Caminho Sobrelotado Para o Japão Medieval

Em 1603, o xogum Tokugawa ditou a renovação de um sistema de estradas já milenar. Hoje, o trecho mais famoso da via que unia Edo a Quioto é percorrido por uma turba ansiosa por evasão.
Comida
Comida do Mundo

Gastronomia Sem Fronteiras nem Preconceitos

Cada povo, suas receitas e iguarias. Em certos casos, as mesmas que deliciam nações inteiras repugnam muitas outras. Para quem viaja pelo mundo, o ingrediente mais importante é uma mente bem aberta.
Mulheres com cabelos longos de Huang Luo, Guangxi, China
Cultura
Longsheng, China

Huang Luo: a Aldeia Chinesa dos Cabelos mais Longos

Numa região multiétnica coberta de arrozais socalcados, as mulheres de Huang Luo renderam-se a uma mesma obsessão capilar. Deixam crescer os cabelos mais longos do mundo, anos a fio, até um comprimento médio de 170 a 200 cm. Por estranho que pareça, para os manterem belos e lustrosos, usam apenas água e arrôz.
arbitro de combate, luta de galos, filipinas
Desporto
Filipinas

Quando só as Lutas de Galos Despertam as Filipinas

Banidas em grande parte do Primeiro Mundo, as lutas de galos prosperam nas Filipinas onde movem milhões de pessoas e de Pesos. Apesar dos seus eternos problemas é o sabong que mais estimula a nação.
Fieis acendem velas, templo da Gruta de Milarepa, Circuito Annapurna, Nepal
Em Viagem
Circuito Annapurna: 9º Manang a Milarepa Cave, Nepal

Uma Caminhada entre a Aclimatização e a Peregrinação

Em pleno Circuito Annapurna, chegamos por fim a Manang (3519m). Ainda a precisarmos de aclimatizar para os trechos mais elevados que se seguiam, inauguramos uma jornada também espiritual a uma caverna nepalesa de Milarepa (4000m), o refúgio de um siddha (sábio) e santo budista.
Creel, Chihuahua, Carlos Venzor, coleccionador, museu
Étnico
Chihuahua a Creel, Chihuahua, México

A Caminho de Creel

Com Chihuahua para trás, apontamos a sudoeste e a terras ainda mais elevadas do norte mexicano. Junto a Ciudad Cuauhtémoc, visitamos um ancião menonita. Em redor de Creel, convivemos, pela primeira vez, com a comunidade indígena Rarámuri da Serra de Tarahumara.
Vista para ilha de Fa, Tonga, Última Monarquia da Polinésia
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Portfólio Got2Globe

Sinais Exóticos de Vida

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História
Massada, Israel

Massada: a Derradeira Fortaleza Judaica

Em 73 d.C, após meses de cerco, uma legião romana constatou que os resistentes no topo de Massada se tinham suicidado. De novo judaica, esta fortaleza é agora o símbolo supremo da determinação sionista
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A Ilha do Vulcão que se Recusa a Adormecer

Abundam, nas Antilhas, os vulcões denominados Soufrière.  O de Montserrat, voltou a despertar, em 1995, e mantém-se um dos mais activos. À descoberta da ilha, reentramos na área de exclusão e exploramos as áreas ainda intocadas pelas erupções.  
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Inverno Branco
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Da Arte da Pesca à Pesca da Arte

Quando armadores de Reiquejavique compraram a frota pesqueira de Seydisfjordur, a povoação teve que se adaptar. Hoje, captura discípulos da arte de Dieter Roth e outras almas boémias e criativas.
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Alexander Pushkin é louvado por muitos como o maior poeta russo e o fundador da literatura russa moderna. Mas Pushkin também ditou um epílogo quase tragicómico da sua prolífica vida.
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Viagem Mundana ao Desfiladeiro Sagrado de Sela

Durante 25 horas, percorremos a NH13, uma das mais elevadas e perigosas estradas indianas. Viajamos da bacia do rio Bramaputra aos Himalaias disputados da província de Arunachal Pradesh. Neste artigo, descrevemos-lhe o trecho até aos 4170 m de altitude do Sela Pass que nos apontou à cidade budista-tibetana de Tawang.
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Outono
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Uma Capital entre o Leste e o Ocidente

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Parques Naturais
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A Grande Migração da Savana Sem Fim

Nestas pradarias que o povo Masai diz siringet (correrem para sempre), milhões de gnus e outros herbívoros perseguem as chuvas. Para os predadores, a sua chegada e a da monção são uma mesma salvação.
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O Vulcão que Assombra o Atlântico

Com 3718m, El Teide é o tecto das Canárias e de Espanha. Não só. Se medido a partir do fundo do oceano (7500 m), só duas montanhas são mais pronunciadas. Os nativos guanches consideravam-no a morada de Guayota, o seu diabo. Quem viaja a Tenerife, sabe que o velho Teide está em todo o lado.
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O Último Estertor do Surreal Mugabué

Em 2015, a primeira-dama do Zimbabué Grace Mugabe afirmou que o presidente, então com 91 anos, governaria até aos 100, numa cadeira-de-rodas especial. Pouco depois, começou a insinuar-se à sua sucessão. Mas, nos últimos dias, os generais precipitaram, por fim, a remoção de Robert Mugabe que substituiram pelo antigo vice-presidente Emmerson Mnangagwa.
Conversa ao pôr-do-sol
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A Praia Filipina de Todos os Sonhos

Foi revelada por mochileiros ocidentais e pela equipa de filmagem de “Assim Nascem os Heróis”. Seguiram-se centenas de resorts e milhares de veraneantes orientais mais alvos que o areal de giz.
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Lombok, Indonésia

Lombok: Hinduísmo Balinês Numa Ilha do Islão

A fundação da Indonésia assentou na crença num Deus único. Este princípio ambíguo sempre gerou polémica entre nacionalistas e islamistas mas, em Lombok, os balineses levam a liberdade de culto a peito
Train Fianarantsoa a Manakara, TGV Malgaxe, locomotiva
Sobre Carris
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A Bordo do TGV Malgaxe

Partimos de Fianarantsoa às 7a.m. Só às 3 da madrugada seguinte completámos os 170km para Manakara. Os nativos chamam a este comboio quase secular Train Grandes Vibrations. Durante a longa viagem, sentimos, bem fortes, as do coração de Madagáscar.
Walter Peak, Queenstown, Nova Zelandia
Sociedade
Nova Zelândia  

Quando Contar Ovelhas Tira o Sono

Há 20 anos, a Nova Zelândia tinha 18 ovinos por cada habitante. Por questões políticas e económicas, a média baixou para metade. Nos antípodas, muitos criadores estão preocupados com o seu futuro.
Retorno na mesma moeda
Vida Quotidiana
Dawki, Índia

Dawki, Dawki, Bangladesh à Vista

Descemos das terras altas e montanhosas de Meghalaya para as planas a sul e abaixo. Ali, o caudal translúcido e verde do Dawki faz de fronteira entre a Índia e o Bangladesh. Sob um calor húmido que há muito não sentíamos, o rio também atrai centenas de indianos e bangladeshianos entregues a uma pitoresca evasão.
Fazenda de São João, Pantanal, Miranda, Mato Grosso do Sul, ocaso
Vida Selvagem
Fazenda São João, Miranda, Brasil

Pantanal com o Paraguai à Vista

Quando a fazenda Passo do Lontra decidiu expandir o seu ecoturismo, recrutou a outra fazenda da família, a São João. Mais afastada do rio Miranda, esta outra propriedade revela um Pantanal remoto, na iminência do Paraguai. Do país e do rio homónimo.
The Sounds, Fiordland National Park, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Fiordland, Nova Zelândia

Os Fiordes dos Antipodas

Um capricho geológico fez da região de Fiordland a mais crua e imponente da Nova Zelândia. Ano após anos, muitos milhares de visitantes veneram o sub-domínio retalhado entre Te Anau e Milford Sound.