À Descoberta de Tassie, Parte 4 -  Devonport a Strahan, Austrália

Pelo Oeste Selvagem da Tasmânia


Devil’s Gullet
A vista dramática sobre o vale profundo de Devil's Gullet.
Fim da viagem
Caiaquer chega a uma margem do lago Sinclair.
Berço alto da Tasmânia
O cume serrado da Cradle Mountain, nas terras altas da Tasmania.
Mar vs Dunas
Mar gélido e dunas na costa selvagem do Oeste da Tasmânia.
Main-Street
A Main-Street de Queenstown no sopé de uma encosta íngreme.
Rack-&-Pinion
Transeunte entra na estação Rack & Pinion de Queenstown.
Hunter’s Hotel,
A fachada victoriana do Hunters Hotel de Queenstown.
Visitante Compenetrado
Visitanta estação Rack & Pinion de Queenstown, contrasta com os adereços.
Areal mas pouco
Areal pedregoso de uma praia a norte de Strahan, na costa oeste da Tasmânia.
Recanto histórico
Decoração de um restaurante de Queenstown, Tasmânia, Austrália
O Hotel do Império
A fachada victoriana do Empire Hotel de Queenstown.
Do tempo do vapot
Locomotiva na Rack & Pinion Railway Station de Queenstown.
Se a quase antípoda Tazzie já é um mundo australiano à parte, o que dizer então da sua inóspita região ocidental. Entre Devonport e Strahan, florestas densas, rios esquivos e um litoral rude batido por um oceano Índico quase Antárctico geram enigma e respeito.

De uma vez por todas desiludidos com o perfil demasiado industrial da costa norte da Tasmânia, atalhamos caminho para sul.

Nuns poucos quilómetros, regressamos a domínios rurais remotos da ilha, feitos de retalhos de plantações intercaladas com bolsas de mata anciã.

Conduzimos por uma via estreita e sinuosa de terra batida, subsumida na vegetação e atravessada por cangurus, wallabies e wombats.

Aos poucos, sempre por estradas com nomes naturais – Mersey Forest Road; Lake Mackenzie Road e afins – ascendemos das planícies campestres do coração da ilha para as suas alturas.

Com passagem por um lugarejo de tal forma imaculado e bucólico que os moradores se atreveram a chamá-lo de “Paradise”.

Subimos mais e mais.

Essa derradeira estrada termina num alto sem saída.

Lá se insinuam um passadiço de madeira e sinais que alertam para risco de queda.

Estacionamos, inspecionamo-los. Seguimos-lhe a pista curiosos quanto a onde nos iriam levar.

Vista sobre Devil's Gullet, Tasmânia, Austrália

A vista dramática sobre o vale profundo de Devil’s Gullet.

Devil’s Gullet – uma Tasmânia Diabólica-Magnificente

Trezentos metros e uns tantos passos depois, o passadiço desvia e revela-nos um dos cenários mais grandiosos que encontrámos na Tasmânia.

Entre a visão e a vertigem, impunham-se para diante os enormes penhascos e os vales glaciares do Devils Gullet, com vértice profundo no leito do Fisher’s River.

Apenas e só quando nos aventuramos até ao limiar da plataforma, os Roaring Forties, ventos gélidos que circundam a Terra a esta latitude e ali sopram furiosos, quase nos fazem levantar voo. Dão razão de ser aos avisos de perigo e exigem-nos mãos bem firmes no parapeito do varandim.

Aos nossos pés, centenas de metros abaixo, com uma dimensão e imensidão quase bíblica, estendiam-se os domínios de geologia caprichosa dos Walls of Jerusalem, assim denominados alegadamente porque vários dos seus recortes rochosos faziam lembrar os muros da cidade de Deus.

Dali, só após retrocedermos uns bons quilómetros no mapa, chegaríamos a algum lado. Voltamos a cruzar a floresta enigmática de Mersey e, logo, o rio Forth. Por altura da Mount Roland Regional Reserve, flectimos para oeste.

O que buscávamos a ocidente deste território extremo era o Parque Nacional Cradle Mountain-Lake St Clair.

O parque delimita uma das áreas selvagens idolatradas da Tasmânia, decretado Património da Humanidade pela UNESCO sobretudo por constituir uma das últimas vastidões de floresta temperada à face da Terra, numa área de desfiladeiros e gargantas que resultaram de uma longa e severa glaciação.

Cradle Mountain - Lake Sinclair National Park, Tasmania, Austrália

O cume serrado da Cradle Mountain, nas terras altas da Tasmania.

PN Cradle Mountain-Lake St Clair: o Coração Geológico da Tasmânia

Está provado que o Homem já habitava esta região há pelo menos 20.000 anos.

Mesmo numa fase de óbvio aquecimento global, o Parque Nacional Cradle Mountain-Lake St Clair é das regiões da Tasmânia (e, claro está, de toda a Austrália) que mais neve recebe assim que o Inverno se apodera da ilha.

Também é palco do concorrido Overland Track.

Com 80.5 km de extensão, este itinerário pedestre que liga Cradle Valley a Cynthia Bay seduz milhares de aventureiros provenientes sobretudo dos estados australianos mais próximos de Victoria e Nova Gales do Sul mas cada vez mais dos quatro cantos do mundo.

Durante cinco ou seis dias, os caminhantes que o enfrentam serpenteiam entre as montanhas e lagos inóspitos da região.

Do lado de lá do estreito de Bass, na grande Austrália continental. o simples som dos seus nomes chega a provocar arrepios. “Cradle Mountain? Overland Track?” They’re freaking awesome, mate!” comentam, sem reticências, Ian e Kate, dois irmãos que conhecemos em Melbourne.

Para nossa frustração, não estamos com tempo para nos metermos em tais andanças.

Em vez, espreitamos os seus lugares emblemáticos, com destaque para a beira do lago St Clair com vista para a dentada Cradle Mountain.

No preciso momento em que a admiramos e fotografamos, empoleirados sobre um calhau de granito, um caiaquer que percorria o lago surge de um seu meandro.

Dá por encerrada a volta da tarde na praia de cascalho fino ali ao lado.

Caiaquer no lago Sinclair, Cradle Mountain - Lake Sinclair National Park, Tasmania, Austrália

Caiaquer chega a uma margem do lago Sinclair.

Também não nos demoramos. Deixamos para trás o lago. E, logo, o parque nacional.

Em Busca da Esquiva Strahan, nos Confins Orientais da Tasmânia

Rumamos ao litoral arenoso e ventoso do ocidente da Tasmânia.

Percorremo-lo de norte para sul por uma imensidão de floresta mística alternada ou fundida com areais desgarrados e dunas imponentes deles projectadas.

Litoral oeste, Strahan, Tasmania, Austrália

Mar gélido e dunas na costa selvagem do Oeste da Tasmânia.

Já na iminência do grande Estuário de Macquarie, a floresta rende-se a uma planura ensopada e, em boa parte, os areais surgem-nos cobertos de vegetação rasa.

Strahan, a vila costeira retirada que procurávamos, revela-se por fim, tímida, sob a protecção do pequeno porto de Macquarie. Descobrimo-la cercada de uma imensidão de mato e de pauis seus aliados.

Lá vemos ainda os pescadores entrarem e saírem da doca da vila.

Os que vivem a tempo inteiro na povoação e pescam a bordo de traineiras.

E os mais abastados que chegam com o estio de outras partes da Austrália e zarpam em lanchas milionárias para momentos de pescaria recreativa ou de contemplação das focas e dos leões-marinhos residentes.

Regressamos à Lyell Highway apontados ao interior. Quarenta quilómetros desta estrada A10 depois, a meio de uma inesperada e ziguezagueante descida, tudo muda do dia para a noite.

Em vez da imensidão ora bucólica ora luxuriante a que vínhamos habituados, confrontamo-nos com um panorama semilunar feito de montanhas e vales despidos de vegetação, mais que esculpidos pela erosão, escavados pelo homem.

Vemo-los numa palete rica de tons: ocre, magenta, esverdeados e outros com brilhos que oscilam consoante o sol incide.

Main-Street, Queenstown, Tasmania, Australia

A Main-Street de Queenstown no sopé de uma encosta íngreme.

A Cidade Desde Sempre Mineira de Queenstown

A via termina em Queenstown, uma povoação de aparência e atmosfera western que trocou uma era de mineração lucrativa mas erosiva pelo turismo.

Por volta de 1870, prospectores descobriram ouro aluvial nas imediações do monte Lyell. Em tal quantidade que, em 1881, o achado justificou a criação de uma tal de Mount Lyell Gold Mining Company. Como se não bastasse, decorridos onze anos, a empresa detectou prata.

Afluíram à zona gentes de todas as paragens australianas e não só. Esse influxo populacional deu origem a Queenstown, um povoado entretanto dotado de fundições, serrações, fornos de tijolo, entre várias outras infraestruturas.

Durante mais de um século, Queenstown manteve-se o centro operacional e logístico da Mount Lyell Mining and Railway Company.

Restaurante de Queenstown, Tasmânia, Austrália

Decoração de um restaurante de Queenstown, Tasmânia, Austrália

A ascendência e declínio da cidade – incluindo os da sua população – desenrolaram-se de acordo com o desempenho e a fortuna desta empresa.

Na viragem para o século XX, a cidade e o vale em redor permaneciam ainda densamente florestados.

O corte intenso de troncos necessários à mineração, à fundição e aos fornos, à construção de domicílios, hotéis, correios, igrejas, escolas, lojas e tantas outras empreitadas fulcrais para a vida das suas mais de dez mil almas conduziu a uma dramática desertificação.

Empire Hotel, Queenstown, Tasmania, Austrália

A fachada victoriana do Empire Hotel de Queenstown.

Enquanto descemos aos esses para o centro histórico, sob um céu azulão só possível no pino do Verão tasmaniano, surpreendemo-nos com os cenários algo alienígenas.

Por fim, os meandros do asfalto terminam. Completamos a ladeira final numa tal de Bowes St.

Entramos directos na Orr St., a rua central desafogada da cidade.

Do Passado Victoriano-Mineiro aos Dias de Hoje Sobretudo Turísticos

Até aos anos 90, a Orr Street preservou em funcionamento bancos, hotéis, escritórios e outros negócios lucrativos, erguidos no mesmo estilo arquitectónico victoriano que lá resiste em dois níveis bem distintos: o ao abrigo das arcadas de ambos os lados do betume. E o elevado das fachadas coloridas acima delas.

Passado um período de incerteza e angústia após a Mount Lyell Gold Mining Company ter soçobrado, os habitantes mais resilientes readaptaram-se.

A extracção da prata continua às mãos de um grupo indiano, já sem o significado financeiro da era próspera da cidade. Queenstown seguiu outro caminho.

O boom turístico da Tasmânia e o trunfo histórico, arquitectónico e da sua excentricidade facilitou-lhe a vida.

Visitantes como nós, com tempo para descobrir a grande Tazzie, incluem-na nos seus itinerários. Espreitam os correios seculares, o Hotel Empire e o teatro art deco Paragon.

Quando o calor e o cansaço apertam, refrescam-se nos pubs de atmosfera antiga e peculiar que servem a Orr Street, como as paralelas e perpendiculares.

Rack-&-Pinion-Steam-Railway. Queenstown, Tasmania, Austrália

Transeunte entra na estação Rack & Pinion de Queenstown.

Uma outra atracção que fazemos questão de espreitar é a velha estação ferroviária.

Foi conservada sob museu Rack & Pinion Steam Railway, parte do bem mais vasto West Coast Wilderness Railway que cruza a Tasmânia da Cradle Mountain até ao litoral de Strahan, via Queenstown.

E através de séculos de história, num percurso de 151 km, mesmo se a vapor, cumprido em pouco mais de duas horas.

A Vastidão Selvagem para Sul de Queenstown

O dia e as horas em que exploramos Queenstown não coincidem com a passagem do comboio.

De acordo, limitamo-nos a admirar a estação local e a paciência com que alguns dos seus visitantes mais idosos, eventualmente ainda do culminar da era do vapor, a estudam e fotografam ao mais ínfimo pormenor.

Visitante fotografa a estação Rack & Pinion de Queenstown, Tasmania, Austrália

Visitanta estação Rack & Pinion de Queenstown, contrasta com os adereços.

O mapa confirma-nos que por umas boas centenas de quilómetros a sul de Strahan e de Queenstown, a Tasmânia se revela de tal forma indómita que permanece desprovida de verdadeiras estradas.

O Franklin e o Gordon lá se destacam entre vários outros rios furtivos. Sulcam florestas quase impenetráveis e submetem-se a desfiladeiros profundos que tornam os seus caudais revoltos.

Se existisse um top para os povos intrépidos do mundo, os ozzies surgiriam, sempre em primeiro lugar.

Malgrado a rudeza da região, todos os anos, centenas deles cedem ao desafio e adoptam-na como uma espécie de parque de diversões em que se dedicam ao trekking e ao rafting ultrarradical dias a fio.

Apaixonados pelo dramatismo dos cenários, dependentes da adrenalina, voltam vezes sem conta.

Aventurarem como mais gostam nestes confins insulares da sua amada Austrália: sem regras ou limites.

À Descoberta de Tassie,  Parte 2 - Hobart a Port Arthur, Austrália

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À Descoberta de Tassie, Parte 1 - Hobart, Austrália

A Porta dos Fundos da Austrália

Hobart, a capital da Tasmânia e a mais meridional da Austrália foi colonizada por milhares de degredados de Inglaterra. Sem surpresa, a sua população preserva uma forte admiração pelos modos de vida marginais.
À Descoberta de Tassie, Parte 3, Tasmânia, Austrália

Tasmânia de Alto a Baixo

Há muito a vítima predilecta das anedotas australianas, a Tasmânia nunca perdeu o orgulho no jeito aussie mais rude ser. Tassie mantém-se envolta em mistério e misticismo numa espécie de traseiras dos antípodas. Neste artigo, narramos o percurso peculiar de Hobart, a capital instalada no sul improvável da ilha até à costa norte, a virada ao continente australiano.
Alice Springs a Darwin, Austrália

Estrada Stuart, a Caminho do Top End da Austrália

Do Red Centre ao Top End tropical, a estrada Stuart Highway percorre mais de 1.500km solitários através da Austrália. Nesse trajecto, o Território do Norte muda radicalmente de visual mas mantém-se fiel à sua alma rude.
Perth a Albany, Austrália

Pelos Confins do Faroeste Australiano

Poucos povos veneram a evasão como os aussies. Com o Verão meridional em pleno e o fim-de-semana à porta, os habitantes de Perth refugiam-se da rotina urbana no recanto sudoeste da nação. Pela nossa parte, sem compromissos, exploramos a infindável Austrália Ocidental até ao seu limite sul.
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De Desterro de Criminosos a Cidade Exemplar

A primeira das colónias australianas foi erguida por reclusos desterrados. Hoje, os aussies de Sydney gabam-se de antigos condenados da sua árvore genealógica e orgulham-se da prosperidade cosmopolita da megalópole que habitam.
Busselton, Austrália

2000 metros em Estilo Aussie

Em 1853, Busselton foi dotada de um dos pontões então mais longos do Mundo. Quando a estrutura decaiu, os moradores decidiram dar a volta ao problema. Desde 1996 que o fazem, todos os anos. A nadar.
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Oceano Fora, pelo Grande Sul Australiano

Uma das evasões preferidas dos habitantes do estado australiano de Victoria, a via B100 desvenda um litoral sublime que o oceano moldou. Bastaram-nos uns quilómetros para percebermos porque foi baptizada de The Great Ocean Road.
Perth, Austrália

A Cidade Solitária

A mais 2000km de uma congénere digna desse nome, Perth é considerada a urbe mais remota à face da Terra. Apesar de isolados entre o Índico e o vasto Outback, são poucos os habitantes que se queixam.
Perth, Austrália

Cowboys da Oceania

O Texas até fica do outro lado do mundo mas não faltam vaqueiros no país dos coalas e dos cangurus. Rodeos do Outback recriam a versão original e 8 segundos não duram menos no Faroeste australiano.
Perth, Austrália

Dia da Austrália: em Honra da Fundação, de Luto Pela Invasão

26/1 é uma data controversa na Austrália. Enquanto os colonos britânicos o celebram com churrascos e muita cerveja, os aborígenes celebram o facto de não terem sido completamente dizimados.
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Os Ficheiros Pouco Secretos de Wycliffe Wells

Há décadas que os moradores, peritos de ovnilogia e visitantes testemunham avistamentos em redor de Wycliffe Wells. Aqui, Roswell nunca serviu de exemplo e cada novo fenómeno é comunicado ao mundo.
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A Milhas do Natal (parte II)

A 25 Dezembro, exploramos o interior elevado, bucólico mas tropical do norte de Queensland. Ignoramos o paradeiro da maioria dos habitantes e estranhamos a absoluta ausência da quadra natalícia.
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Capital cultural aussie, Melbourne também é frequentemente eleita a cidade com melhor qualidade de vida do Mundo. Quase um milhão de emigrantes orientais aproveitaram este acolhimento imaculado.
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Queensland Tropical: uma Austrália Demasiado Selvagem

Os ciclones e as inundações são só a expressão meteorológica da rudeza tropical de Queensland. Quando não é o tempo, é a fauna mortal da região que mantém os seus habitantes sob alerta.
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No Coração Partido da Austrália

O Red Centre abriga alguns dos monumentos naturais incontornáveis da Austrália. Impressiona-nos pela grandiosidade dos cenários mas também a incompatibilidade renovada das suas duas civilizações.
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Comboio para o Meio da Selva

Construído a partir de Cairns para salvar da fome mineiros isolados na floresta tropical por inundações, com o tempo, o Kuranda Railway tornou-se no ganha-pão de centenas de aussies alternativos.
Melbourne, Austrália

O Futebol em que os Australianos Ditam as Regras

Apesar de praticado desde 1841, o Futebol Australiano só conquistou parte da grande ilha. A internacionalização nunca passou do papel, travada pela concorrência do râguebi e do futebol clássico.
Michaelmas Cay, Austrália

A Milhas do Natal (parte I)

Na Austrália, vivemos o mais incaracterístico dos 24os de Dezembro. Zarpamos para o Mar de Coral e desembarcamos num ilhéu idílico que partilhamos com gaivinas-de-bico-laranja e outras aves.
Wadjemup, Rottnest Island, Austrália

Entre Quokkas e outros Espíritos Aborígenes

No século XVII, um capitão holandês apelidou esta ilha envolta de um oceano Índico turquesa, de “Rottnest, um ninho de ratos”. Os quokkas que o iludiram sempre foram, todavia, marsupiais, considerados sagrados pelos aborígenes Whadjuk Noongar da Austrália Ocidental. Como a ilha edénica em que os colonos britânicos os martirizaram.
Fiéis saúdam-se no registão de Bukhara.
Cidade
Bukhara, Uzbequistão

Entre Minaretes do Velho Turquestão

Situada sobre a antiga Rota da Seda, Bukhara desenvolveu-se desde há pelo menos, dois mil anos como um entreposto comercial, cultural e religioso incontornável da Ásia Central. Foi budista, passou a muçulmana. Integrou o grande império árabe e o de Gengis Khan, reinos turco-mongois e a União Soviética, até assentar no ainda jovem e peculiar Uzbequistão.
Skipper de uma das bangkas do Raymen Beach Resort durante uma pausa na navegação
Praia
Ilhas Guimaras  e  Ave Maria, Filipinas

Rumo à Ilha Ave Maria, Numas Filipinas Cheias de Graça

À descoberta do arquipélago de Visayas Ocidental, dedicamos um dia para viajar de Iloilo, ao longo do Noroeste de Guimaras. O périplo balnear por um dos incontáveis litorais imaculados das Filipinas, termina numa deslumbrante ilha Ave Maria.
Jabula Beach, Kwazulu Natal, Africa do Sul
Safari
Santa Lucia, África do Sul

Uma África Tão Selvagem Quanto Zulu

Na eminência do litoral de Moçambique, a província de KwaZulu-Natal abriga uma inesperada África do Sul. Praias desertas repletas de dunas, vastos pântanos estuarinos e colinas cobertas de nevoeiro preenchem esta terra selvagem também banhada pelo oceano Índico. Partilham-na os súbditos da sempre orgulhosa nação zulu e uma das faunas mais prolíficas e diversificadas do continente africano.
Fieis acendem velas, templo da Gruta de Milarepa, Circuito Annapurna, Nepal
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 9º Manang a Milarepa Cave, Nepal

Uma Caminhada entre a Aclimatização e a Peregrinação

Em pleno Circuito Annapurna, chegamos por fim a Manang (3519m). Ainda a precisarmos de aclimatizar para os trechos mais elevados que se seguiam, inauguramos uma jornada também espiritual a uma caverna nepalesa de Milarepa (4000m), o refúgio de um siddha (sábio) e santo budista.
Uma Cidade Perdida e Achada
Arquitectura & Design
Machu Picchu, Peru

A Cidade Perdida em Mistério dos Incas

Ao deambularmos por Machu Picchu, encontramos sentido nas explicações mais aceites para a sua fundação e abandono. Mas, sempre que o complexo é encerrado, as ruínas ficam entregues aos seus enigmas.
Salto Angel, Rio que cai do ceu, Angel Falls, PN Canaima, Venezuela
Aventura
PN Canaima, Venezuela

Kerepakupai, Salto Angel: O Rio Que Cai do Céu

Em 1937, Jimmy Angel aterrou uma avioneta sobre uma meseta perdida na selva venezuelana. O aventureiro americano não encontrou ouro mas conquistou o baptismo da queda d'água mais longa à face da Terra
Queima de preces, Festival de Ohitaki, templo de fushimi, quioto, japao
Cerimónias e Festividades
Quioto, Japão

Uma Fé Combustível

Durante a celebração xintoísta de Ohitaki são reunidas no templo de Fushimi preces inscritas em tabuínhas pelos fiéis nipónicos. Ali, enquanto é consumida por enormes fogueiras, a sua crença renova-se.
Glamour vs Fé
Cidades
Goa, Índia

O Último Estertor da Portugalidade Goesa

A proeminente cidade de Goa já justificava o título de “Roma do Oriente” quando, a meio do século XVI, epidemias de malária e de cólera a votaram ao abandono. A Nova Goa (Pangim) por que foi trocada chegou a sede administrativa da Índia Portuguesa mas viu-se anexada pela União Indiana do pós-independência. Em ambas, o tempo e a negligência são maleitas que agora fazem definhar o legado colonial luso.
Comida
Mercados

Uma Economia de Mercado

A lei da oferta e da procura dita a sua proliferação. Genéricos ou específicos, cobertos ou a céu aberto, estes espaços dedicados à compra, à venda e à troca são expressões de vida e saúde financeira.
Cultura
Competições

Homem, uma Espécie Sempre à Prova

Está-nos nos genes. Pelo prazer de participar, por títulos, honra ou dinheiro, as competições dão sentido ao Mundo. Umas são mais excêntricas que outras.
Corrida de Renas , Kings Cup, Inari, Finlândia
Desporto
Inari, Finlândia

A Corrida Mais Louca do Topo do Mundo

Há séculos que os lapões da Finlândia competem a reboque das suas renas. Na final da Kings Cup - Porokuninkuusajot - , confrontam-se a grande velocidade, bem acima do Círculo Polar Ártico e muito abaixo de zero.
Nova Gales do Sul Austrália, Caminhada na praia
Em Viagem
Batemans Bay a Jervis Bay, Austrália

Nova Gales do Sul, de Baía em Baía

Com Sydney para trás, entregamo-nos à “South Coast” australiana. Ao longo de 150km, na companhia de pelicanos, cangurus e outras peculiares criaturas aussie, deixamo-nos perder num litoral recortado entre praias deslumbrantes e eucaliptais sem fim.
Retorno na mesma moeda
Étnico
Dawki, Índia

Dawki, Dawki, Bangladesh à Vista

Descemos das terras altas e montanhosas de Meghalaya para as planas a sul e abaixo. Ali, o caudal translúcido e verde do Dawki faz de fronteira entre a Índia e o Bangladesh. Sob um calor húmido que há muito não sentíamos, o rio também atrai centenas de indianos e bangladeshianos entregues a uma pitoresca evasão.
tunel de gelo, rota ouro negro, Valdez, Alasca, EUA
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Portfólio Got2Globe

Sensações vs Impressões

Maui, Havai, Polinésia,
História
Maui, Havai

Maui: o Havai Divino que Sucumbiu ao Fogo

Maui é um antigo chefe e herói do imaginário religioso e tradicional havaiano. Na mitologia deste arquipélago, o semi-deus laça o sol, levanta o céu e leva a cabo uma série de outras proezas em favor dos humanos. A ilha sua homónima, que os nativos creem ter criado no Pacífico do Norte, é ela própria prodigiosa.
Ilha Maurícia, viagem Índico, queda de água de Chamarel
Ilhas
Maurícias

Uma Míni Índia nos Fundos do Índico

No século XIX, franceses e britânicos disputaram um arquipélago a leste de Madagáscar antes descoberto pelos portugueses. Os britânicos triunfaram, re-colonizaram as ilhas com cortadores de cana-de-açúcar do subcontinente e ambos admitiram a língua, lei e modos francófonos precedentes. Desta mixagem, surgiu a exótica Maurícia.
Oulu Finlândia, Passagem do Tempo
Inverno Branco
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Oulu: uma Ode ao Inverno

Situada no cimo nordeste do Golfo de Bótnia, Oulu é uma das cidades mais antigas da Finlândia e a sua capital setentrional. A meros 220km do Círculo Polar Árctico, até nos meses mais frígidos concede uma vida ao ar livre prodigiosa.
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Literatura
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O Recreio Caribenho de Hemingway

Efusivo como sempre, Ernest Hemingway qualificou Key West como “o melhor lugar em que tinha estado...”. Nos fundos tropicais dos E.U.A. contíguos, encontrou evasão e diversão tresloucada e alcoolizada. E a inspiração para escrever com intensidade a condizer.
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O Monte Fura Nuvens

O Aoraki/Monte Cook até pode ficar muito aquém do tecto do Mundo mas é a montanha mais imponente e elevada da Nova Zelândia.
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Outono
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Uma Capital entre o Leste e o Ocidente

Herdeira da civilização soviética, alinhada com a grande Rússia, a Arménia deixa-se seduzir pelos modos mais democráticos e sofisticados da Europa Ocidental. Nos últimos tempos, os dois mundos têm colidido nas ruas da sua capital. Da disputa popular e política, Erevan ditará o novo rumo da nação.
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Parques Naturais
Magma Geopark, Noruega

Uma Noruega Algo Lunar

Se recuássemos aos confins geológicos do tempo, encontraríamos o sudoeste da Noruega repleto de enormes montanhas e de um magma incandescente que sucessivos glaciares viriam a moldar. Os cientistas apuraram que o mineral ali predominante é mais comum na Lua que na Terra. Vários dos cenários que exploramos no vasto Magma Geopark da região parecem tirados do nosso grande satélite natural.
Ao fim da tarde
Património Mundial UNESCO
Ilha de Moçambique, Moçambique  

A Ilha de Ali Musa Bin Bique. Perdão, de Moçambique

Com a chegada de Vasco da Gama ao extremo sudeste de África, os portugueses tomaram uma ilha antes governada por um emir árabe a quem acabaram por adulterar o nome. O emir perdeu o território e o cargo. Moçambique - o nome moldado - perdura na ilha resplandecente em que tudo começou e também baptizou a nação que a colonização lusa acabou por formar.
Sósias dos irmãos Earp e amigo Doc Holliday em Tombstone, Estados Unidos da América
Personagens
Tombstone, E.U.A.

Tombstone: a Cidade Demasiado Dura para Morrer

Filões de prata descobertos no fim do século XIX fizeram de Tombstone um centro mineiro próspero e conflituoso na fronteira dos Estados Unidos com o México. Lawrence Kasdan, Kurt Russel, Kevin Costner e outros realizadores e actores hollywoodescos tornaram famosos os irmãos Earp e o duelo sanguinário de “O.K. Corral”. A Tombstone que, ao longo dos tempos tantas vidas reclamou, está para durar.
Cruzeiro Princess Yasawa, Maldivas
Praias
Maldivas

Cruzeiro pelas Maldivas, entre Ilhas e Atóis

Trazido de Fiji para navegar nas Maldivas, o Princess Yasawa adaptou-se bem aos novos mares. Por norma, bastam um ou dois dias de itinerário, para a genuinidade e o deleite da vida a bordo virem à tona.
Jovens percorrem a rua principal de Chame, Nepal
Religião
Circuito Annapurna: 1º - Pokhara a ChameNepal

Por Fim, a Caminho

Depois de vários dias de preparação em Pokhara, partimos em direcção aos Himalaias. O percurso pedestre só o começamos em Chame, a 2670 metros de altitude, com os picos nevados da cordilheira Annapurna já à vista. Até lá, completamos um doloroso mas necessário preâmbulo rodoviário pela sua base subtropical.
Executivos dormem assento metro, sono, dormir, metro, comboio, Toquio, Japao
Sobre Carris
Tóquio, Japão

Os Hipno-Passageiros de Tóquio

O Japão é servido por milhões de executivos massacrados com ritmos de trabalho infernais e escassas férias. Cada minuto de tréguas a caminho do emprego ou de casa lhes serve para o seu inemuri, dormitar em público.
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Sociedade
PN Tayrona, Colômbia

Quem Protege os Guardiães do Mundo?

Os indígenas da Serra Nevada de Santa Marta acreditam que têm por missão salvar o Cosmos dos “Irmãos mais Novos”, que somos nós. Mas a verdadeira questão parece ser: "Quem os protege a eles?"
Mulheres com cabelos longos de Huang Luo, Guangxi, China
Vida Quotidiana
Longsheng, China

Huang Luo: a Aldeia Chinesa dos Cabelos mais Longos

Numa região multiétnica coberta de arrozais socalcados, as mulheres de Huang Luo renderam-se a uma mesma obsessão capilar. Deixam crescer os cabelos mais longos do mundo, anos a fio, até um comprimento médio de 170 a 200 cm. Por estranho que pareça, para os manterem belos e lustrosos, usam apenas água e arrôz.
Homens dragam areia do leito do rio Sangha para pirogas plataforma.
Vida Selvagem
Expedição Ducret 1º:  OuéssoPN Lobéké, Rep. Congo; Camarões

A Subida Inaugural do rio Sangha

Durante uma hora, sobrevoamos a vastidão tropical imensa que separa a capital Brazzaville da pequena cidade ribeirinha de Ouésso. Das suas margens, ascendemos o rio Sangha até ao parque nacional camaronês de Lobéké, num cenário ainda com muito de “Coração das Trevas”.
Passageiros, voos panorâmico-Alpes do sul, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Aoraki Monte Cook, Nova Zelândia

A Conquista Aeronáutica dos Alpes do Sul

Em 1955, o piloto Harry Wigley criou um sistema de descolagem e aterragem sobre asfalto ou neve. Desde então, a sua empresa revela, a partir do ar, alguns dos cenários mais grandiosos da Oceania.