A Depreciação da Prata que Levou à do Pueblo (Parte II)
A Capela de Guadalupe
Capela de Guadalupe entre arbustos do deserto.
O Casario
Edifícios de Real de Catorce disseminados entre encostas.
Cavalgada de Josué
Dono de cavalos passa sob uma grande árvore de Josué.
A Capela de Guadalupe
Capela de Guadalupe acima do cemitério de Real de Catorce.
Sepultura abençoada
Cristo de barro abençoa o cemitério de Real de Catorce
O Olhar do Coiote
Coiote detém-se num caminho acima de Real de Catorce.
Venda do Índio
Indígena trajado a rigor vende artesanato no centro de Real de Catorce.
O Letreiro do Pueblo
Visitantes passam por um letreiro comemorativo de Real de Catorce.
Hacienda de Benefício Abandonada
Ruína da Hacienda de Benefício, uma das explorações mineiras de Real de Catorce.
Casario do Deserto
O casario de Real de Catorce, de um ponto de vista pejado de cactos.
Pueblo Fantasma
Outra perspectiva das ruínas da Hacienda de Benefício, uma das explorações mineiras de Real de Catorce.
Kimberly, a Quinceñera
Uma quincenera (jovem que cumpre 15 anos) numa sessão fotográfica próximo do cemitério da povoação.
Ogarrio
Luz artificial ilumina a saída do túnel de Ogarrio.
Com a viragem para o século XX, o valor do metal precioso bateu no fundo. De povoação prodigiosa, Real de Catorce passou a fantasma. Ainda à descoberta, exploramos as ruínas das minas na sua origem e o encanto do Pueblo ressuscitado.
Texto: Marco C. Pereira
Imagens: Marco C. Pereira-Sara Wong
Entrámos em Real de Catorce pelo seu túnel. Ao túnel decidimos regressar.
A travessia pioneira tinha-se provado, afinal, demasiado rápida e insípida. Um túnel com o passado e a história do Ogarrio merecia outro tipo de atenção.
Ao chegarmos à boca do lado do povoado, a fila de veículos em espera para o deixarem é curta.
De walkie-talkie na mão, vigia-a Norma Martinéz, uma das seis raparigas encarregues de regerem as entradas e saídas, de evitarem travessias simultâneas em sentidos opostos e, consequentes colisões.
Norma começa por estranhar o facto por ali cirandarmos. Quando metemos conversa, percebe que podia falar connosco em castelhano e à vontade.
Tranquiliza-se. Responde-nos, sem cerimónias, às sucessivas questões. “Porque é somos todas raparigas? Pois, isso não sei, acho que a ideia também foi contribuirmos para um acolhimento mais simpático de Real.
Agora somos seis. Umas trabalham no turno da manhã. As outras, no da tarde, até às onze da noite. A partir dessa hora, as pessoas atravessam por sua conta.”
O último dos carros chega do outro lado da montanha. Norma, interrompe. Dá o OK para a fila próxima prosseguir. Pouco interessados em percorrermos os 2300m do túnel a pé, com os carros a passarem à razia, abordamos uma família prestes a arrancar.
À boa maneira mexicana, anuem, de imediato, a levar-nos até ao lado de lá.
Fazemo-lo numa cavaqueira bem-disposta. Interessava-nos, para começar, aquele extremo do túnel, devido à capela que o abençoa e que, antes, abençoava os trabalhos nas minas.
A Obra Monumental mas Tardia do Túnel de Ogarrio
O túnel de Ogarrio foi mandado escavar por Vicente Irizar Aróstegui, natural de Ogarrio, a oeste de Bilbau, Cantábria.
Anos antes, em 1895, o presidente mexicano Porfírio Diaz marcou presença em Real de Catorce, para a inauguração de maquinaria encomendada em São Francisco, Estados Unidos, que potenciaria a extração de prata das minas de Santa Ana, umas das mais lucrativas.
Ao chegar, Porfírio Diaz viu-se obrigado a montar a cavalo acima e abaixo da serra de Catorce que esconde a povoação.
Desta pena a que obrigaram o líder da jovem nação, terá tido origem a ideia de abrirem o túnel, a partir do socavão já existente da mina e hacienda Dolores Trompeta.
A obra durou de 1897 a 1901.
Na sua extensão, o túnel contava com ligações às minas que facilitavam o despacho de rejeito de minério e o escoamento da prata para as chamadas haciendas de benefício que as autoridades definiam para transformar a prata em bruto, para dela extraírem chumbo e outros metais não preciosos.
De um Lado para o Outro do Túnel
Caminhamos até à capela próxima da entrada no túnel.
Posicionamo-nos num ponto mais largo, propício a fazermos as nossas fotos daquela espécie de gruta escavada à mão a que, para destoar, a iluminação artificial conferia um tom dourado.
Uma vez satisfeitos, regressamos ao ponto de partida também ele bendito por uma imagem da Señora de las Dolores.
Com outra fila de veículos à mercê, voltamos a conseguir boleia em três tempos. Na caixa da carrinha pick up de Sebastian e família, que viajavam apontados a uns dias de evasão em Real de Catorce.
Filmamos todo o trajecto. Os jogos de luz gerados pelas luzes no tecto em interacção com as dos carros. Quando espreitamos a cabine da pick up, reparamos que Sebastian e os seus faziam o mesmo, cada passageiro com o seu telefone.
De volta ao céu aberto, descemos e agradecemos a gentileza. Despedimo-nos de Sebastian. E de Norma Martínez, que resistia no seu plantão.
Da boca do túnel, orientamo-nos para o caminho de montanha quase contíguo que conduz às minas abandonadas.
Hoje, cavalgam-no os milhares de visitantes que cedem às sugestões dos vaqueros de Real, em permanente promoção dos seus passeios guiados.
Em Busca do Pueblo Fantasma Acima de Real de Catorce
A nós, tinha-nos parecido mais adequado subirmos a pé. Depressa colhemos recompensas da decisão.
Logo no início, conseguimos fotografar um desses vaqueros que rebocava cavalos, no momento em que passava por uma das maiores árvores de Josué que até hoje vimos.
A pouco e pouco, a ladeira revela-nos o casario, vasto, mas compacto de Real de Catorce, coroado pela Parróquia de la Purísima Concepción.
Aqui e ali, visto entre cactos, outras árvores de Josué e arbustos do deserto afins.
Umas primeiras ruínas deixam-nos confusos. Decididos a que não podia ser só aquilo, internamo-nos pelo cimo da serrania.
Uma rampa empedrada desponta do caminho. Quando a seguimos com os olhos, detectamos um coiote.
Deambulante, a criatura detém-se. Examina-nos.
Logo, retoma os seus passos. Volta a parar sobre a ladeira, a apreciar-nos.
Só se afasta de vez quando esboçamos uma aproximação que nos permitiria melhores imagens.
As ruínas de uma das haciendas mineiras não tardam, ainda conspurcadas por manchas de mercúrio e outros desperdícios e detritos de que se projectam cactos e velhas chaminés.
Todo um pueblo abandonado e fantasma, assim o tratam os nativos de Real de Catorce, também conscientes de que a terminologia incita os visitantes a pagar os passeios a cavalo.
O tratamento parece ter-se alastrado a Real de Catorce, em geral. Com os seus quase 1400 habitantes actuais e 570 mil visitantes registados, durante 2021 – um recorde absoluto em ano de pandemia – pueblo fantasma fará, agora, pouco sentido.
Nem sempre assim foi.
Real de Catorce: o Trambolhão do Valor da Prata que Ditou o Abandono
Em 1900, o governo dos Estados Unidos decretou o término do chamado bimetalismo e decretou que o dólar americano ficaria indexado ao valor do ouro.
De um momento para o outro, a cotação do ouro disparou. A da prata colapsou para números nunca antes contemplados.
Como se não bastasse, a mineração dos filões mais acessíveis de Real de Catorce tinha-se já esgotado. A sua continuação provava-se complexa e custosa.
Confrontados com esta liga condenadora de factores, os proprietários das haciendas decidiram deixar a povoação e a região.
Os seus empregados e mineiros seguiram-lhes o exemplo.
Uns poucos anos depois, só sobrava um punhado de habitantes resistentes à mudança, que subsistiam de alguma prata que conseguiam extrair e – em vez de, como antes, ceder aos patrões – vender.
Foi essa a altura do verdadeiro pueblo fantasma de Real de Catorce.
Retornamos à orla da encosta, com vista sobre a povoação. Vemos o sol prestes a esparramar-se para lá do casario e do Deserto de Chihuahua.
Como o grande astro, também a temperatura descia a pique.
O Regresso Nocturno à Povoação
Resistimos a admirar Real de Catorce a responder ao breu, com uma miríade de luzinhas geradoras de dourado nas fachadas e paredes.
Quando a abóbada celeste se estrelava já quase em todo o seu esplendor, inauguramos um regresso atabalhoado à vila, na cauda de uma comitiva de cavaleiros, aos tropeções e repelões.
Na esquina da Calle Lanzagorta com a Morelos, o logotipo do RealBucks Café, emulado do famoso Starbucks, brilhava como nunca.
A postos nas suas bancas, vendedores ofereciam champurrado e atoles bem quentes, alternativas aconchegantes, populares por todo o México.
Partilhamos um de cada, indecisos quanto a qual era afinal a bebida tradicional que preferíamos.
Extenuados dos 12km íngremes do dia, abrigamo-nos e recuperamos energias no quarto do hotel Ruínas del Real.
Real de Catorce: o Palenque, o Cemitério e a Capela de Guadalupe
A alvorada traz novo dia solarengo. Dedicamo-lo a explorar uma outra ala do pueblo de que pouco ou nada conhecíamos. De início, numa demanda desesperante do palenque de galos local.
Ergueu-o, num pretenso estilo romano, sem par no país, um aficionado de combates de galos de nome Diego González Lavin, de maneira a lucrar com um dos passatempos que, a par das touradas, melhor entretinha os mineiros.
Recuperado em 1977, o palenque permanece escondido e protegido atrás de portas enormes que, por fim, nos abriram os responsáveis do turismo de Real de Catorce.
Do palenque, apontamos ao cemitério de Real.
A Morte e a Celebração da Juventude Quiceñera
Quando lá chegamos, decorre um funeral.
É celebrado e tocado com guitarras, trompetes e outros instrumentos de sopro, uns temas metálicos e estridentes a seguir aos outros, com pausas que pensávamos serem o fim da cerimónia, mas que davam sempre lugar a uns quantos mais.
Há muito que os moradores de Real de Catorce são sepultados em redor da capela de Guadalupe. O piso do templo conta, inclusive, com pedras de campas que identificam alguns dos espanhóis pioneiros destas partes.
A comitiva lutuosa comemorava assim a morte, entre estatuetas de Cristo e flores de plástico garridas.
Ao mesmo tempo, logo abaixo, com vista para outra encosta pejada de árvores de Josué, Paris Kimberly, visitante da povoação vizinha de Cedral celebrava a juventude da sua vida.
Posava, enfiada num vestido escarlate, para uma roda-viva de fotografias familiares.
À beira do fim-de-semana, a nova multidão traria muitas mais quinceñeras e seus séquitos prospectores de diversão.
No início do século XIX, era uma das povoações mineiras que mais prata garantia à Coroa Espanhola. Um século depois, a prata tinha-se desvalorizado de tal maneira que Real de Catorce se viu abandonada. A sua história e os cenários peculiares filmados por Hollywood, cotaram-na uma das aldeias preciosas do México.
Dois séculos após o apogeu da prospecção, perdida no tempo e na vastidão do Planalto Central, Goiás estima a sua admirável arquitectura colonial, a riqueza supreendente que ali continua por descobrir.
A última grande febre do ouro norte-americana passou há muito. Hoje em dia, centenas de cruzeiros despejam, todos os Verões, milhares de visitantes endinheirados nas ruas repletas de lojas de Skagway.
Equivalente católica da Nª Sra. de Fátima, a Nossa Senhora de Guadalupe move e comove o México. Os seus fiéis cruzam-se nas estradas do país, determinados em levar a prova da sua fé à patrona das Américas.
No fim do século XVIII, os campechanos renderam-se a um jogo introduzido para esfriar a febre das cartas a dinheiro. Hoje, jogada quase só por abuelitas, a loteria local pouco passa de uma diversão.
Na Península de Iucatão, a história do segundo maior povo indígena mexicano confunde-se com o seu dia-a-dia e funde-se com a modernidade. Em Cobá, passámos do cimo de uma das suas pirâmides milenares para o coração de uma povoação dos nossos tempos.
Champoton, em Campeche, acolhe uma feira honra da Virgén de La Concepción. O rodeo mexicano sob sombreros local revela a elegância e perícia dos vaqueiros da região.
Erguida à beira-mar como entreposto excepcional decisivo para a prosperidade da nação Maia, Tulum foi uma das suas últimas cidades a sucumbir à ocupação hispânica. No final do século XVI, os seus habitantes abandonaram-na ao tempo e a um litoral irrepreensível da península do Iucatão.
Como aconteceu por todo o México, os conquistadores chegaram, viram e venceram. Can Pech, a povoação maia, contava com quase 40 mil habitantes, palácios, pirâmides e uma arquitetura urbana exuberante, mas, em 1540, subsistiam menos de 6 mil nativos. Sobre as ruínas, os espanhóis ergueram Campeche, uma das mais imponentes cidades coloniais das Américas.
Até à chegada dos conquistadores espanhóis, Izamal era um polo de adoração do deus Maia supremo Itzamná e Kinich Kakmó, o do sol. Aos poucos, os invasores arrasaram as várias pirâmides dos nativos. No seu lugar, ergueram um grande convento franciscano e um prolífico casario colonial, com o mesmo tom solar em que a cidade hoje católica resplandece.
Cientistas que estudam a cratera provocada pelo impacto de um meteorito há 66 milhões de anos chegaram a uma conclusão arrebatadora: deu-se exatamente sobre uma secção dos 13% da superfície terrestre suscetíveis a tal devastação. Trata-se de uma zona limiar da península mexicana de Iucatão que um capricho da evolução das espécies nos permitiu visitar.
O termo Uxmal significa construída três vezes. Na longa era pré-Hispânica de disputa do mundo Maia, a cidade teve o seu apogeu, correspondente ao cimo da Pirâmide do Adivinho no seu âmago. Terá sido abandonada antes da Conquista Espanhola do Iucatão. As suas ruínas são das mais intactas da Península do Iucatão.
Em 25 a.C, os romanos fundaram Emerita Augusta, capital da Lusitânia. A expansão espanhola gerou três outras Méridas no mundo. Das quatro, a capital do Iucatão é a mais colorida e animada, resplandecente de herança colonial hispânica e vida multiétnica.
Maia, mestiça e hispânica, zapatista e turística, campestre e cosmopolita, San Cristobal não tem mãos a medir. Nela, visitantes mochileiros e activistas políticos mexicanos e expatriados partilham uma mesma demanda ideológica.
Nas noites de sextas um grupo de senhoras ocupam mesas do Parque Independencia e apostam ninharias. Os prémios ínfimos saem-lhes em combinações de gatos, corações, cometas, maracas e outros ícones.
Com mais de 20 milhões de habitantes numa vasta área metropolitana, esta megalópole marca, a partir do seu cerne de zócalo, o pulsar espiritual de uma nação desde sempre vulnerável e dramática.
O dia anunciado passou mas o Fim do Mundo teimou em não chegar. Na América Central, os Maias da actualidade observaram e aturaram, incrédulos, toda a histeria em redor do seu calendário.
Sem aviso, as terras altas de Chihuahua dão lugar a ravinas sem fim. Sessenta milhões de anos geológicos sulcaram-nas e tornaram-nas inóspitas. Os indígenas Rarámuri continuam a chamar-lhes casa.
O relevo da Sierra Madre Occidental tornou o sonho um pesadelo de construção que durou seis décadas. Em 1961, por fim, o prodigioso Ferrocarril Chihuahua al Pacifico foi inaugurado. Os seus 643km cruzam alguns dos cenários mais dramáticos do México.
Os mexicanos adaptaram a expressão como uma das suas preferidas manifestações de surpresa. À descoberta da capital do estado homónimo do Noroeste, exclamamo-la amiúde.
Os portugueses fundaram Gurué, no século XIX e, a partir de 1930, inundaram de camelia sinensis os sopés dos montes Namuli. Mais tarde, renomearam-na Vila Junqueiro, em honra do seu principal impulsionador. Com a independência de Moçambique e a guerra civil, a povoação regrediu. Continua a destacar-se pela imponência verdejante das suas montanhas e cenários teáceos.
Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
A Gorongosa abrigava um dos mais exuberantes ecossistemas de África mas, de 1980 a 1992, sucumbiu à Guerra Civil travada entre a FRELIMO e a RENAMO. Greg Carr, o inventor milionário do Voice Mail recebeu a mensagem do embaixador moçambicano na ONU a desafiá-lo a apoiar Moçambique. Para bem do país e da humanidade, Carr comprometeu-se a ressuscitar o parque nacional deslumbrante que o governo colonial português lá criara.
Aos primeiros laivos de luz, a visão do manto branco que cobrira a povoação durante a noite deslumbra-nos. Com uma das caminhadas mais duras do Circuito Annapurna pela frente, adiamos a partida tanto quanto possível. Contrariados, deixamos Upper Pisang rumo a Ngawal quando a derradeira neve se desvanecia.
Dos sepulcros grandiosos de Novodevichy, em Moscovo, às ossadas maias encaixotadas de Pomuch, na província mexicana de Campeche, cada povo ostenta a sua forma de vida. Até na morte.
O inconformismo e a criatividade ainda estão presentes no antigo bairro Flower Power. Mas, quase 50 anos depois, a geração hippie deu lugar a uma juventude sem-abrigo, descontrolada e até agressiva.
A lei da oferta e da procura dita a sua proliferação. Genéricos ou específicos, cobertos ou a céu aberto, estes espaços dedicados à compra, à venda e à troca são expressões de vida e saúde financeira.
Majuli é a maior ilha fluvial da Índia e seria ainda uma das maiores à face da Terra não fosse a erosão do rio Bramaputra que há séculos a faz diminuir. Se, como se teme, ficar submersa dentro de vinte anos, mais que uma ilha, desaparecerá um reduto cultural e paisagístico realmente místico do Subcontinente.
Apesar de praticado desde 1841, o Futebol Australiano só conquistou parte da grande ilha. A internacionalização nunca passou do papel, travada pela concorrência do râguebi e do futebol clássico.
Saída da Mendoza cidade, a ruta N7 perde-se em vinhedos, eleva-se ao sopé do Monte Aconcágua e cruza os Andes até ao Chile. Poucos trechos transfronteiriços revelam a imponência desta ascensão forçada
A apenas 30km da costa leste africana, um erg improvável mas imponente desponta do mar translúcido. Bazaruto abriga paisagens e gentes que há muito vivem à parte. Quem desembarca nesta ilha arenosa exuberante depressa se vê numa tempestade de espanto.
À descoberta do Cáucaso, exploramos Uplistsikhe, uma cidade troglodita antecessora da Geórgia. E a apenas 10km, em Gori, damos com o lugar da infância conturbada de Joseb Jughashvili, que se tornaria o mais famoso e tirano dos líderes soviéticos.
Fiji adaptou-se à invasão dos viajantes com hotéis e resorts ocidentalizados. Mas, nas terras altas de Viti Levu, Navala conserva as suas palhotas criteriosamente alinhadas.
Construído para manter vias navegáveis sob o Inverno árctico mais extremo, o quebra-gelo Sampo” cumpriu a sua missão entre a Finlândia e a Suécia durante 30 anos. Em 1988, reformou-se e dedicou-se a viagens mais curtas que permitem aos passageiros flutuar num canal recém-aberto do Golfo de Bótnia, dentro de fatos que, mais que especiais, parecem espaciais.
Alexander Pushkin é louvado por muitos como o maior poeta russo e o fundador da literatura russa moderna. Mas Pushkin também ditou um epílogo quase tragicómico da sua prolífica vida.
Os indígenas da Serra Nevada de Santa Marta acreditam que têm por missão salvar o Cosmos dos “Irmãos mais Novos”, que somos nós. Mas a verdadeira questão parece ser: "Quem os protege a eles?"
Perdida entre as montanhas nevadas que separam a Europa da Ásia, Sheki é uma das povoações mais emblemáticas do Azerbaijão. A sua história em grande parte sedosa inclui períodos de grande aspereza. Quando a visitámos, tons pastéis de Outono davam mais cor a uma peculiar vida pós-soviética e muçulmana.
Da maior cidade costeira da Namíbia ao limiar do deserto do Namibe de Sandwich Harbour, vai um domínio de oceano, dunas, nevoeiro e vida selvagem sem igual. Desde 1790, que a profícua Walvis Bay lhe serve de portal.
Contra todas as probabilidades, um dos litorais dominicanos mais intocados também é dos mais remotos. À descoberta da província de Pedernales, deslumbramo-nos com o semi-desértico Parque Nacional Jaragua e com a pureza caribenha da Bahia de las Águilas.
Filões de prata descobertos no fim do século XIX fizeram de Tombstone um centro mineiro próspero e conflituoso na fronteira dos Estados Unidos com o México. Lawrence Kasdan, Kurt Russel, Kevin Costner e outros realizadores e actores hollywoodescos tornaram famosos os irmãos Earp e o duelo sanguinário de “O.K. Corral”. A Tombstone que, ao longo dos tempos tantas vidas reclamou, está para durar.
Na eminência do litoral de Moçambique, a província de KwaZulu-Natal abriga uma inesperada África do Sul. Praias desertas repletas de dunas, vastos pântanos estuarinos e colinas cobertas de nevoeiro preenchem esta terra selvagem também banhada pelo oceano Índico. Partilham-na os súbditos da sempre orgulhosa nação zulu e uma das faunas mais prolíficas e diversificadas do continente africano.
Se Tbilissi é a capital contemporânea, Mtskheta foi a cidade que oficializou o Cristianismo no reino da Ibéria predecessor da Geórgia, e uma das que difundiu a religião pelo Cáucaso. Quem a visita, constata como, decorridos quase dois milénios, é o Cristianismo que lá rege a vida.
O relevo da Sierra Madre Occidental tornou o sonho um pesadelo de construção que durou seis décadas. Em 1961, por fim, o prodigioso Ferrocarril Chihuahua al Pacifico foi inaugurado. Os seus 643km cruzam alguns dos cenários mais dramáticos do México.
Durante 121 anos, foi a última nação na Terra a mudar de dia. Mas, Samoa percebeu que as suas finanças ficavam para trás e, no fim de 2012, decidiu voltar para oeste da LID - Linha Internacional de Data.
Fianarantsoa foi fundada em 1831 por Ranavalona Iª, uma rainha da etnia merina então predominante. Ranavalona Iª foi vista pelos contemporâneos europeus como isolacionista, tirana e cruel. Reputação da monarca à parte, quando lá damos entrada, a sua velha capital do sul subsiste como o centro académico, intelectual e religioso de Madagáscar.
O primeiro europeu a aventurar-se nestas paragens masai ficou estupefacto com o que encontrou. E ainda hoje grandes manadas de elefantes e de outros herbívoros vagueiam ao sabor do pasto irrigado pela neve da maior montanha africana.
No séc. XVIII, o governo kiwi proclamou uma vila mineira da ilha do Sul "fit for a Queen". Hoje, os cenários e as actividades radicais reforçam o estatuto majestoso da sempre desafiante Queenstown.