Manaus, Brasil

Ao Encontro do Encontro das Águas


Dolores pinheiro
Barco de passageiros zarpa de Manaus e navega rio Negro acima.
Negro vs Solimões
Pequena embarcação navega sobre o Encontro das Águas, alguns quilómetros a jusante de Manaus.
Convívio à porta
Jovens nativos numa das entradas da casa de sabedoria e medicina tradicional da Comunidade Indígena Dessana-tucana.
Cristo é a bussola
Barco de passageiros da Amazónia decorado com mensagem religiosa.
Dessana
Nativo da comunidade indígena Dessana-Tucana, nas margens do Rio Negro.
Perfil de Boto
Boto cor-de-rosa tingido pela água ocre do rio Negro.
Um Botos do Negro
Um nativo das imediações do rio Negro alimenta um boto (golfinho da Amazónia).
Fim do Fogo
Índia Dessana sopra o fogo Pajé, no interior da casa de sabedoria da comunidade.
Grelhado a bordo
Tripulante de um barco de passageiros do Amazonas cozinha na popa da embarcação.
A comunidade Dessana
Foto de grupo de elementos da comunidade Dessana-tucana do rio Negro.
Avisos de navegação
Anúncios divulgam datas de partida e destino de barcos atracados ao largo de Manaus.
Dolores pinheiro
Barco de passageiros zarpa de Manaus e navega rio Negro acima.
Negro vs Solimões
Pequena embarcação navega sobre o Encontro das Águas, alguns quilómetros a jusante de Manaus.
Convívio à porta
Jovens nativos numa das entradas da casa de sabedoria e medicina tradicional da Comunidade Indígena Dessana-tucana.
Cristo é a bussola
Barco de passageiros da Amazónia decorado com mensagem religiosa.
O fenómeno não é único mas, em Manaus, reveste-se de uma beleza e solenidade especial. A determinada altura, os rios Negro e Solimões convergem num mesmo leito do Amazonas mas, em vez de logo se misturarem, ambos os caudais prosseguem lado a lado. Enquanto exploramos estas partes da Amazónia, testemunhamos o insólito confronto do Encontro das Águas.

É Domingo.

Pouco passa das 8h30. Em plena época seca, Manaus e o Amazonas despertam levemente polvilhado de nuvens, no que dizia respeito a chuva, apenas e só decorativas. Uma boa parte dos seus habitantes estão longe de despertar.

Não é o caso do Sr. Francisco, o guia que nos acolhe e aos restantes passageiros no barco e inaugura uma intensa narração multilingue. Zarpamos da doca logo em frente à velha Alfândega e Guardamoria, com o rio tão raso quanto, em Setembro e Outubro, o estio enxuto da região o costuma tornar.

Navegamos rio Negro acima. Passamos sob a enorme Ponte Jornalista Phelippe Daou que cruza o Negro e permite à via AM-070 fluir da grande cidade para o interior ocidente da Amazónia e no sentido contrário. A ponte foi inaugurada em Outubro de 2011, pela Presidente de então da República Brasileira, Dilma Roussef, que prometeu aos políticos locais que a Zona Franca de Manaus se prolongaria por mais meio século com todos os benefícios fiscais e comerciais de que tem beneficiado.

A conurbação de quatro municípios próximos e a intensificação do progresso destas paragens em tempos remotas e temidas do Brasil, depressa se fez sentir, contra a essência natural e luxuriante da Amazónia. Por mais que disso nos quiséssemos abstrair, a verdade era que o tour em que participávamos navegava no mesmo rumo.

Rio Negro acima à Procura dos golfinhos da Amazónia

O primeiro dos objectivos da digressão embarcada era encontrar botos-cor-de-rosa, os golfinhos do Amazonas, algo que a massificação do turismo em redor de Manaus tornou quase garantido. Os botos continuam à solta nas águas do Negro e afluentes.

Só que agora, para facilitar a vida aos empresários do turismo e aos seus clientes, os nativos operam pequenas plataformas de acolhimento dos mamíferos: tanto os cetáceos como os humanos que lá afluem para com eles conviverem.

Desembarcamos numa delas. Um caboclo desce uma escadaria curta para cima de um tabuado submerso. Ali, pega num pequeno peixe e agita-o debaixo de água. Para espanto do Sr. Francisco, os botos ignoram o repto. Não porque se tivessem afastado de forma autónoma. O chamariz de uma plataforma concorrente desviava-os.

Com o tempo, estes golfinhos habituaram-se que, àquelas horas, conseguiam alimento sem esforço. Bastava, para isso, que se aproximassem das plataformas e cirandassem entre as pernas dos visitantes, vulneráveis às carícias e contactos que quase todos lhes dedicam para sentirem a incrível textura da sua pele.

Boto cor-de-rosa tingido pela água ocre do rio Negro.

“Cuidado com ele mininas, vocês não querem surpresas, pois não?” Atira uma das passageiras a outras e assim gera uma risada comunal quase histérica. “Oi, ele tá aí bem junto de você, foge já daí, garota”, riposta uma segunda.

O contacto com os botos pode ser uma novidade excitante para quem chega de outras partes do Brasil e do mundo. Mas é comum entre os brasileiros – principalmente os do norte do país – uma lenda dedicada a estas criaturas.

Reza esta lenda que os botos-rosados se transformam em jovens elegantes vestidos de branco e que usam chapéu, de maneira a disfarçarem a narina que, ainda segundo a lenda, tal metamorfose não costuma mudar. Pois, acontece que, durante a época das Festas Juninas, esse rapaz seduz as moças sem par.

Leva-as ao fundo do rio e, com frequência, engravida-as. A velha lenda justificou até que, quando jovens aparecem em festas, de chapéu, lhes seja dito para o tirarem para assim provarem que não são botos. É também a razão de ser da expressão “é filho (a) do boto”, aplicada a filhos com pai desconhecido.

Mais uma Espécie Ameaçada

No plano da realidade, à imagem do que acontece com tantas outras espécies, são os humanos que vetam os botos a uma aflitiva fragilidade existencial. Bem mais grave que a intrusão dos visitantes da Amazónia, têm-se provado os costumes dos seus habitantes.

Malgrado o estatuto de espécie protegida, a inacessibilidade da Amazónia viabiliza que, todos os anos, sejam abatidos milhares de espécimes. As autoridades ambientais apuraram que os pescadores os capturam porque a sua carne é ideal para servir de isco do piracatinga (Calophysus macropterus), uma espécie de peixe-gato com grande valor comercial.

Sobretudo por este motivo, estimou-se que a cada dez anos, os botos-cor-de-rosa diminuem para metade. Ainda que resistam em boa parte da Amazónia incluindo no rio Araguaia – mas aquém do vasto Pantanal -, como as fêmeas tem uma única cria de quatro em quatro ou cinco em cinco anos, as perspectivas de recuperação da espécie são pouco animadoras.

Mesmo que a invasão turística dos humanos aos seu habitat se tenha provado um mal menor, agentes do Ibama destacados para Manaus marcam presença nas plataformas, encarregues de controlar o tempo que cada grupo passa com os botos-cor-de-rosa e de limitar a sua interacção com os animais.

Um nativo das imediações do rio Negro alimenta um boto (golfinho da Amazónia).

De início, a agente presente sobre a nossa plataforma limita-se a tirar notas num qualquer caderno mas, quando algumas das donzelas insistem em prolongar o namoro com os botos, a oficial não se furta a cortar-lhes as vazas e a forçar a sua saída de água.

Visita à Comunidade Indígena Dessana-Tukana

Regressamos a bordo. Sr. Francisco anuncia novo trecho. Navegamos do meio do Negro até uma praia fluvial recolhida e ressequida. Ainda do barco, detectamos várias malocas e outros edifícios de menores dimensões, todos eles erguidos com troncos e revestidos de palhota seca.

A mais próxima parece meio afundada na areia descoberta pelo recuar do rio. Caminhamos até à sua entrada. Lá nos recebe um nativo da pequena comunidade Tukana que agrupa indígenas originários da zona do Alto Rio Negro de São Gabriel da Cachoeira, a 850 km, junto à fronteira com a Colômbia.

É esse o âmago cultural de um vasto território de selva amazónica em que convivem vinte e seis etnias distintas que  partilham uma mesma família linguística, a Tukana. A comunidade que visitamos, integra apenas cinco delas: a Desana, a Tukana, Tuiúca, Bará e Makuna.

Nativo da comunidade indígena Dessana-Tucana, nas margens do Rio Negro.

Sob um grande cocar feito de penas vermelhas e azuis que nos parecem de arara, Tutuia, o nativo com os traços indígenas mais marcados e perfil de cacique carismático, dá-nos as boas-vindas. Primeiro em Tukano, depois em português, com vários galos a cantarem à desgarrada, em fundo.

Em seguida, encaminha-nos para o interior sombrio da maloca, que os nativos usam como casa de sabedoria ou medicina tradicional. Lá arde um fogo pajé que os anfitriões alimentam a resina, de maneira a protegerem de maleitas e maldades, os seus espíritos e os dos visitantes.

Tutuia termina as boas-vindas e a apresentação da comunidade. Logo, passa o protagonismo a quatro outros nativos, todos homens, já que o ritual que que se segue é proibido a mulheres e crianças.

Jurupari: um Culto Esotérico do Mal

Os nativos inauguram um ritual de Jurupari, tocado com instrumentos de sopro feitos de paxiula, uma palmeira da Amazónia que produz um som característico. Tocam-no para cá e para lá no interior da maloca, de uma porta à outra e para trás. Produzem um movimento e uma reverberação que se provam místicos e nos deixam intrigados.

Tínhamos razões para tal. Jurupari define um complexo culto mitológico dos povos indígenas da Amazónia. É o mal em pessoa, origem de outros demónios secundários com os mais diversos nomes, consoante as diferentes tribos e etnias.

Quando os portugueses e os espanhóis chegaram às terras amazónicas, no século XVI, perceberam que se tratava do principal culto dos nativos. Preocupados com a sua popularidade e com a concorrência às personagens e crenças bíblicas, os missionários tudo fizeram para o associarem ao diabo cristão.

A música misteriosa de Jurupari continua a seduzir-nos. Até que a sua dança obscura dá lugar a outra em tudo contrastante, que segue o som de flautas de madeira amazónicas, se desenrola em circulo em vez de em trajectos rectilíneos e conta já com mulheres e crianças.

Jovens nativos numa das entradas da casa de sabedoria e medicina tradicional da Comunidade Indígena Dessana-tucana.

O tempo precioso entre a comunidade Tukana extinguiu-se. Reeembarcarmos. Desta feita, viajamos Negro abaixo, na direcção de Manaus. Voltamos a passar debaixo da Ponte Jornalista Phelippe Daou e deixamos para trás a área vasta de casario ribeirinho da cidade.

Rio Negro abaixo, ao Encontro do Encontro das Águas

Aproximamo-nos de uma grande língua de rio que ali dissimulava uma fronteira. Do nosso lado, continuava a fluir o rio Negro. Do lado de lá, deslizava um outro.

A determinada altura, à água de visual Coca-Cola do Negro, com muito pouco sedimento mas imensa matéria-prima vegetal dissolvida, ganha a companhia da do Solimões, assim baptizaram os exploradores ibéricos o trecho superior do rio Amazonas.

Esta última, surge com um tom caramelo conferido pela quantidade e diversidade de sedimentos (areia, lama e lodo) que o Solimões acumula na sua descida desde as longínquas encostas da cordilheira dos Andes.

Encontro das águas, Manaus, Amazonas, Brasil

Pequena embarcação navega sobre o Encontro das Águas, alguns quilómetros a jusante de Manaus.

Por cerca de 6km, os dois caudais fluem lado a lado, num enigmático orgulho fluvial que a ciência não teve problema em deslindar.

Entre ambos, quase tudo é diferente: o rio Negro desliza a apenas 2km/h. O Solimões flui entre 4 e 6km/h. A água do Negro tem uma temperatura de 28ºC. Já a do Solimões mede apenas 22ºC.

Como tal, a densidade de ambos os caudais prova-se bastante distinta. A peculiaridade físico-química de cada qual faz com que demorem a aceitar-se e a misturar-se no caudal único do Baixo Amazonas – o grande Rio Mar que, até desaguar no verdadeiro mar do Atlântico, para leste de Belém, ainda acolhe “encontros” similares.

Junto a Manaus, a resistência de ambos é ilustrada pelos tons concorrentes da água mas não só. Instalados sobre o convés superior do barco, vulneráveis ao sol tropical tórrido que sempre que se liberta reforça o fenómeno, apreciamos as formas curvilíneas e da fronteira do Encontro das Águas. E também os remoinhos cor-de-café que, de quando em quando, o  combate entre ambas as forças gerava.

Um manto mais denso de nebulosidade volta a ocultar o sol.  O Sr. Francisco e a tripulação do barco já estavam connosco há quase oito horas. A um Domingo, ansiavam mais que nunca o seu próprio reencontro com as famílias. De acordo, invertemos mais uma vez o rumo.

Contra a nossa vontade e a do Negro, regressamos a Manaus.

 

A TAP – flytap.pt  voa directamente de Lisboa para várias cidades brasileiras. Em termos de horas de voo, as mais convenientes para chegar a Manaus são, por esta ordem: a)  Fortaleza ou Brasília b) São Paulo e Rio de Janeiro.  c) via Miami, Estados Unidos.

Goiás Velho, Brasil

Um Legado da Febre do Ouro

Dois séculos após o apogeu da prospecção, perdida no tempo e na vastidão do Planalto Central, Goiás estima a sua admirável arquitectura colonial, a riqueza supreendente que ali continua por descobrir.
Lençois da Bahia, Brasil

Lençois da Bahia: nem os Diamantes São Eternos

No século XIX, Lençóis tornou-se na maior fornecedora mundial de diamantes. Mas o comércio das gemas não durou o que se esperava. Hoje, a arquitectura colonial que herdou é o seu bem mais precioso.
Pirenópolis, Brasil

Uma Pólis nos Pirinéus Sul-Americanos

Minas de Nossa Senhora do Rosário da Meia Ponte foi erguida por bandeirantes portugueses, no auge do Ciclo do Ouro. Por saudosismo, emigrantes provavelmente catalães chamaram à serra em redor de Pireneus. Em 1890, já numa era de independência e de incontáveis helenizações das suas urbes, os brasileiros baptizaram esta cidade colonial de Pirenópolis.
Manaus, Brasil

Os Saltos e Sobressaltos da ex-Capital Mundial da Borracha

De 1879 a 1912, só a bacia do rio Amazonas gerava o latex de que, de um momento para o outro, o mundo precisou e, do nada, Manaus tornou-se uma das cidades mais avançadas à face da Terra. Mas um explorador inglês levou a árvore para o sudeste asiático e arruinou a produção pioneira. Manaus voltou a provar a sua elasticidade. É a maior cidade da Amazónia e a sétima do Brasil.
Passo do Lontra, Miranda, Brasil

O Brasil Alagado a um Passo da Lontra

Estamos no limiar oeste do Mato Grosso do Sul mas mato, por estes lados, é outra coisa. Numa extensão de quase 200.000 km2, o Brasil surge parcialmente submerso, por rios, riachos, lagoas e outras águas dispersas em vastas planícies de aluvião. Nem o calor ofegante da estação seca drena a vida e a biodiversidade de lugares e fazendas pantaneiras como a que nos acolheu às margens do rio Miranda.
Miranda, Brasil

Maria dos Jacarés: o Pantanal abriga criaturas assim

Eurides Fátima de Barros nasceu no interior da região de Miranda. Há 38 anos, instalou-se e a um pequeno negócio à beira da BR262 que atravessa o Pantanal e ganhou afinidade com os jacarés que viviam à sua porta. Desgostosa por, em tempos, as criaturas ali serem abatidas, passou a tomar conta delas. Hoje conhecida por Maria dos Jacarés, deu nome de jogador ou treinador de futebol a cada um dos bichos. Também garante que reconhecem os seus chamamentos.
Cataratas Iguaçu/Iguazu, Brasil/Argentina

O Troar da Grande Água

Após um longo percurso tropical, o rio Iguaçu dá o mergulho dos mergulhos. Ali, na fronteira entre o Brasil e a Argentina, formam-se as cataratas maiores e mais impressionantes à face da Terra.
Hidroeléctrica Binacional de Itaipu, Brasil

HidroElétrica Binacional do Itaipu: a Febre do Watt

Em 1974, milhares de brasileiros e paraguaios confluíram para a zona de construção da então maior barragem do Mundo. 30 anos após a conclusão, Itaipu gera 90% da energia paraguaia e 20% da do Brasil.
Pirenópolis, Brasil

Cruzadas à Brasileira

Os exércitos cristãos expulsaram as forças muçulmanas da Península Ibérica no séc. XV mas, em Pirenópolis, estado brasileiro de Goiás, os súbditos sul-americanos de Carlos Magno continuam a triunfar.
Pirenópolis, Brasil

Cavalgada de Fé

Introduzida, em 1819, por padres portugueses, a Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis agrega uma complexa rede de celebrações religiosas e pagãs. Dura mais de 20 dias, passados, em grande parte, sobre a sela.
Goiás Velho, Brasil

Vida e Obra de uma Escritora à Margem

Nascida em Goiás, Ana Lins Bretas passou a maior parte da vida longe da família castradora e da cidade. Regressada às origens, continuou a retratar a mentalidade preconceituosa do interior brasileiro
Curitiba, Brasil

A Vida Elevada de Curitiba

Não é só a altitude de quase 1000 metros a que a cidade se situa. Cosmopolita e multicultural, a capital paranaense tem uma qualidade de vida e rating de desenvolvimento humano que a tornam um caso à parte no Brasil.
Brasília, Brasil

Brasília: da Utopia à Capital e Arena Política do Brasil

Desde os tempos do Marquês de Pombal que se falava da transferência da capital para o interior. Hoje, a cidade quimera continua a parecer surreal mas dita as regras do desenvolvimento brasileiro.
Ilha do Marajó, Brasil

A Ilha dos Búfalos

Uma embarcação que transportava búfalos da Índia terá naufragado na foz do rio Amazonas. Hoje, a ilha de Marajó que os acolheu tem uma das maiores manadas do mundo e o Brasil já não passa sem estes bovídeos.
Chapada Diamantina, Brasil

Bahia de Gema

Até ao final do séc. XIX, a Chapada Diamantina foi uma terra de prospecção e ambições desmedidas.Agora que os diamantes rareiam os forasteiros anseiam descobrir as suas mesetas e galerias subterrâneas

Florianópolis, Brasil

O Legado Açoriano do Atlântico Sul

Durante o século XVIII, milhares de ilhéus portugueses perseguiram vidas melhores nos confins meridionais do Brasil. Nas povoações que fundaram, abundam os vestígios de afinidade com as origens.

Morro de São Paulo, Brasil

Um Litoral Divinal da Bahia

Há três décadas, não passava de uma vila piscatória remota e humilde. Até que algumas comunidades pós-hippies revelaram o retiro do Morro ao mundo e o promoveram a uma espécie de santuário balnear.
Lençois da Bahia, Brasil

A Liberdade Pantanosa do Quilombo do Remanso

Escravos foragidos subsistiram séculos em redor de um pantanal da Chapada Diamantina. Hoje, o quilombo do Remanso é um símbolo da sua união e resistência mas também da exclusão a que foram votados.
Ilhabela, Brasil

Ilhabela: Depois do Horror, a Beleza Atlântica

Nocenta por cento de Mata Atlântica preservada, cachoeiras idílicas e praias gentis e selvagens fazem-lhe jus ao nome. Mas, se recuarmos no tempo, também desvendamos a faceta histórica horrífica de Ilhabela.
Ilhabela, Brasil

Em Ilhabela, a Caminho de Bonete

Uma comunidade de caiçaras descendentes de piratas fundou uma povoação num recanto da Ilhabela. Apesar do acesso difícil, Bonete foi descoberta e considerada uma das dez melhores praias do Brasil.
Goiás Velho, Brasil

Um Legado da Febre do Ouro

Dois séculos após o apogeu da prospecção, perdida no tempo e na vastidão do Planalto Central, Goiás estima a sua admirável arquitectura colonial, a riqueza supreendente que ali continua por descobrir.
Lençois da Bahia, Brasil

Lençois da Bahia: nem os Diamantes São Eternos

No século XIX, Lençóis tornou-se na maior fornecedora mundial de diamantes. Mas o comércio das gemas não durou o que se esperava. Hoje, a arquitectura colonial que herdou é o seu bem mais precioso.
Pirenópolis, Brasil

Uma Pólis nos Pirinéus Sul-Americanos

Minas de Nossa Senhora do Rosário da Meia Ponte foi erguida por bandeirantes portugueses, no auge do Ciclo do Ouro. Por saudosismo, emigrantes provavelmente catalães chamaram à serra em redor de Pireneus. Em 1890, já numa era de independência e de incontáveis helenizações das suas urbes, os brasileiros baptizaram esta cidade colonial de Pirenópolis.
Manaus, Brasil

Os Saltos e Sobressaltos da ex-Capital Mundial da Borracha

De 1879 a 1912, só a bacia do rio Amazonas gerava o latex de que, de um momento para o outro, o mundo precisou e, do nada, Manaus tornou-se uma das cidades mais avançadas à face da Terra. Mas um explorador inglês levou a árvore para o sudeste asiático e arruinou a produção pioneira. Manaus voltou a provar a sua elasticidade. É a maior cidade da Amazónia e a sétima do Brasil.
Passo do Lontra, Miranda, Brasil

O Brasil Alagado a um Passo da Lontra

Estamos no limiar oeste do Mato Grosso do Sul mas mato, por estes lados, é outra coisa. Numa extensão de quase 200.000 km2, o Brasil surge parcialmente submerso, por rios, riachos, lagoas e outras águas dispersas em vastas planícies de aluvião. Nem o calor ofegante da estação seca drena a vida e a biodiversidade de lugares e fazendas pantaneiras como a que nos acolheu às margens do rio Miranda.
Miranda, Brasil

Maria dos Jacarés: o Pantanal abriga criaturas assim

Eurides Fátima de Barros nasceu no interior da região de Miranda. Há 38 anos, instalou-se e a um pequeno negócio à beira da BR262 que atravessa o Pantanal e ganhou afinidade com os jacarés que viviam à sua porta. Desgostosa por, em tempos, as criaturas ali serem abatidas, passou a tomar conta delas. Hoje conhecida por Maria dos Jacarés, deu nome de jogador ou treinador de futebol a cada um dos bichos. Também garante que reconhecem os seus chamamentos.
Fiéis saúdam-se no registão de Bukhara.
Cidade
Bukhara, Uzbequistão

Entre Minaretes do Velho Turquestão

Situada sobre a antiga Rota da Seda, Bukhara desenvolveu-se desde há pelo menos, dois mil anos como um entreposto comercial, cultural e religioso incontornável da Ásia Central. Foi budista, passou a muçulmana. Integrou o grande império árabe e o de Gengis Khan, reinos turco-mongois e a União Soviética, até assentar no ainda jovem e peculiar Uzbequistão.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
hipopotamos, parque nacional chobe, botswana
Safari
PN Chobe, Botswana

Chobe: um rio na Fronteira da Vida com a Morte

O Chobe marca a divisão entre o Botswana e três dos países vizinhos, a Zâmbia, o Zimbabwé e a Namíbia. Mas o seu leito caprichoso tem uma função bem mais crucial que esta delimitação política.
Thorong La, Circuito Annapurna, Nepal, foto para a posteridade
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 13º - High Camp a Thorong La a Muktinath, Nepal

No Auge do Circuito dos Annapurnas

Aos 5416m de altitude, o desfiladeiro de Thorong La é o grande desafio e o principal causador de ansiedade do itinerário. Depois de, em Outubro de 2014, ter vitimado 29 montanhistas, cruzá-lo em segurança gera um alívio digno de dupla celebração.
planicie sagrada, Bagan, Myanmar
Arquitectura & Design
Bagan, Myanmar

A Planície dos Pagodes, Templos e Redenções Celestiais

A religiosidade birmanesa sempre assentou num compromisso de redenção. Em Bagan, os crentes endinheirados e receosos continuam a erguer pagodes na esperança de conquistarem a benevolência dos deuses.
Aventura
Viagens de Barco

Para Quem Só Enjoa de Navegar na Net

Embarque e deixe-se levar em viagens de barco imperdíveis como o arquipélago filipino de Bacuit e o mar gelado do Golfo finlandês de Bótnia.
Cansaço em tons de verde
Cerimónias e Festividades
Suzdal, Rússia

Em Suzdal, é de Pequenino que se Celebra o Pepino

Com o Verão e o tempo quente, a cidade russa de Suzdal descontrai da sua ortodoxia religiosa milenar. A velha cidade também é famosa por ter os melhores pepinos da nação. Quando Julho chega, faz dos recém-colhidos um verdadeiro festival.
Lubango, Angola, Huila, Murais
Cidades
Lubango, Angola

A Cidade no Cimo de Angola

Mesmo barradas da savana e do Atlântico por serras, as terras frescas e férteis de Calubango sempre prendaram os forasteiros. Os madeirenses que fundaram Lubango sobre os 1790m e os povos que se lhes juntaram, fizeram dela a cidade mais elevada e uma das mais cosmopolitas de Angola.
Singapura Capital Asiática Comida, Basmati Bismi
Comida
Singapura

A Capital Asiática da Comida

Eram 4 as etnias condóminas de Singapura, cada qual com a sua tradição culinária. Adicionou-se a influência de milhares de imigrados e expatriados numa ilha com metade da área de Londres. Apurou-se a nação com a maior diversidade gastronómica do Oriente.
Tombola, bingo de rua-Campeche, Mexico
Cultura
Campeche, México

Há 200 Anos a Brincar com a Sorte

No fim do século XVIII, os campechanos renderam-se a um jogo introduzido para esfriar a febre das cartas a dinheiro. Hoje, jogada quase só por abuelitas, a loteria local pouco passa de uma diversão.
arbitro de combate, luta de galos, filipinas
Desporto
Filipinas

Quando só as Lutas de Galos Despertam as Filipinas

Banidas em grande parte do Primeiro Mundo, as lutas de galos prosperam nas Filipinas onde movem milhões de pessoas e de Pesos. Apesar dos seus eternos problemas é o sabong que mais estimula a nação.
Alasca, de Homer em Busca de Whittier
Em Viagem
Homer a Whittier, Alasca

Em Busca da Furtiva Whittier

Deixamos Homer, à procura de Whittier, um refúgio erguido na 2ª Guerra Mundial e que abriga duzentas e poucas pessoas, quase todas num único edifício.
vale profundo, socalcos arroz, batad, filipinas
Étnico
Batad, Filipinas

Os Socalcos que Sustentam as Filipinas

Há mais de 2000 anos, inspirado pelo seu deus do arroz, o povo Ifugao esquartejou as encostas de Luzon. O cereal que os indígenas ali cultivam ainda nutre parte significativa do país.
portfólio, Got2Globe, fotografia de Viagem, imagens, melhores fotografias, fotos de viagem, mundo, Terra
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Porfólio Got2Globe

O Melhor do Mundo – Portfólio Got2Globe

Vista do John Ford Point, Monument Valley, Nacao Navajo, Estados Unidos
História
Monument Valley, E.U.A.

Índios ou cowboys?

Realizadores de Westerns emblemáticos como John Ford imortalizaram aquele que é o maior território indígena dos Estados Unidos. Hoje, na Nação Navajo, os navajo também vivem na pele dos velhos inimigos.
Vista aérea de Moorea
Ilhas
Moorea, Polinésia Francesa

A Irmã Polinésia que Qualquer Ilha Gostaria de Ter

A meros 17km de Taiti, Moorea não conta com uma única cidade e abriga um décimo dos habitantes. Há muito que os taitianos veem o sol pôr-se e transformar a ilha ao lado numa silhueta enevoada para, horas depois, lhe devolver as cores e formas exuberantes. Para quem visita estas paragens longínquas do Pacífico, conhecer também Moorea é um privilégio a dobrar.
Verificação da correspondência
Inverno Branco
Rovaniemi, Finlândia

Da Lapónia Finlandesa ao Árctico, Visita à Terra do Pai Natal

Fartos de esperar pela descida do velhote de barbas pela chaminé, invertemos a história. Aproveitamos uma viagem à Lapónia Finlandesa e passamos pelo seu furtivo lar.
José Saramago em Lanzarote, Canárias, Espanha, Glorieta de Saramago
Literatura
Lanzarote, Canárias, Espanha

A Jangada de Basalto de José Saramago

Em 1993, frustrado pela desconsideração do governo português da sua obra “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, Saramago mudou-se com a esposa Pilar del Río para Lanzarote. De regresso a esta ilha canária algo extraterrestre, reencontramos o seu lar. E o refúgio da censura a que o escritor se viu votado.
Cruzeiro Navimag, Puerto Montt a Puerto-natales, Chile
Natureza
Puerto Natales-Puerto Montt, Chile

Cruzeiro num Cargueiro

Após longa pedinchice de mochileiros, a companhia chilena NAVIMAG decidiu admiti-los a bordo. Desde então, muitos viajantes exploraram os canais da Patagónia, lado a lado com contentores e gado.
Estátua Mãe-Arménia, Erevan, Arménia
Outono
Erevan, Arménia

Uma Capital entre o Leste e o Ocidente

Herdeira da civilização soviética, alinhada com a grande Rússia, a Arménia deixa-se seduzir pelos modos mais democráticos e sofisticados da Europa Ocidental. Nos últimos tempos, os dois mundos têm colidido nas ruas da sua capital. Da disputa popular e política, Erevan ditará o novo rumo da nação.
Vila Velha Paraná, Rota do Tropeirismo do Paraná
Parques Naturais
Parque Vila Velha a Castro, Paraná

Na Rota do Tropeirismo do Paraná

Entre Ponta Grossa e Castro, viajamos nos Campos Gerais do Paraná e ao longo da sua história. Pelo passado dos colonos e tropeiros que colocaram a região no mapa. Até ao dos imigrantes neerlandeses que, em tempos mais recentes e, entre tantos outros, enriqueceram o sortido étnico deste estado brasileiro.
San Cristobal de Las Casas, Chiapas, Zapatismo, México, Catedral San Nicolau
Património Mundial UNESCO
San Cristóbal de Las Casas, México

O Lar Doce Lar da Consciência Social Mexicana

Maia, mestiça e hispânica, zapatista e turística, campestre e cosmopolita, San Cristobal não tem mãos a medir. Nela, visitantes mochileiros e activistas políticos mexicanos e expatriados partilham uma mesma demanda ideológica.
Era Susi rebocado por cão, Oulanka, Finlandia
Personagens
PN Oulanka, Finlândia

Um Lobo Pouco Solitário

Jukka “Era-Susi” Nordman criou uma das maiores matilhas de cães de trenó do mundo. Tornou-se numa das personagens mais emblemáticas da Finlândia mas continua fiel ao seu cognome: Wilderness Wolf.
Cabana de Bay Watch, Miami beach, praia, Florida, Estados Unidos,
Praias
Miami Beach, E.U.A.

A Praia de Todas as Vaidades

Poucos litorais concentram, ao mesmo tempo, tanto calor e exibições de fama, de riqueza e de glória. Situada no extremo sudeste dos E.U.A., Miami Beach tem acesso por seis pontes que a ligam ao resto da Florida. É parco para o número de almas que a desejam.
Kirkjubour, Streymoy, Ilhas Faroé
Religião
Kirkjubour, Streymoy, Ilhas Faroé

Onde o Cristianismo Faroense deu à Costa

A um mero ano do primeiro milénio, um missionário viquingue de nome Sigmundur Brestisson levou a fé cristã às ilhas Faroé. Kirkjubour, tornou-se o porto de abrigo e sede episcopal da nova religião.
A Toy Train story
Sobre Carris
Siliguri a Darjeeling, Índia

Ainda Circula a Sério o Comboio Himalaia de Brincar

Nem o forte declive de alguns tramos nem a modernidade o detêm. De Siliguri, no sopé tropical da grande cordilheira asiática, a Darjeeling, já com os seus picos cimeiros à vista, o mais famoso dos Toy Trains indianos assegura há 117 anos, dia após dia, um árduo percurso de sonho. De viagem pela zona, subimos a bordo e deixamo-nos encantar.
jovem vendedora, nacao, pao, uzbequistao
Sociedade
Vale de Fergana, Usbequistão

Uzbequistão, a Nação a Que Não Falta o Pão

Poucos países empregam os cereais como o Usbequistão. Nesta república da Ásia Central, o pão tem um papel vital e social. Os Uzbeques produzem-no e consomem-no com devoção e em abundância.
saksun, Ilhas Faroé, Streymoy, aviso
Vida Quotidiana
Saksun, StreymoyIlhas Faroé

A Aldeia Faroesa que Não Quer ser a Disneylandia

Saksun é uma de várias pequenas povoações deslumbrantes das Ilhas Faroé, que cada vez mais forasteiros visitam. Diferencia-a a aversão aos turistas do seu principal proprietário rural, autor de repetidas antipatias e atentados contra os invasores da sua terra.
Penhascos acima do Valley of Desolation, junto a Graaf Reinet, África do Sul
Vida Selvagem
Graaf-Reinet, África do Sul

Uma Lança Bóer na África do Sul

Nos primeiros tempos coloniais, os exploradores e colonos holandeses tinham pavor do Karoo, uma região de grande calor, grande frio, grandes inundações e grandes secas. Até que a Companhia Holandesa das Índias Orientais lá fundou Graaf-Reinet. De então para cá, a quarta cidade mais antiga da nação arco-íris prosperou numa encruzilhada fascinante da sua história.
Napali Coast e Waimea Canyon, Kauai, Rugas do Havai
Voos Panorâmicos
NaPali Coast, Havai

As Rugas Deslumbrantes do Havai

Kauai é a ilha mais verde e chuvosa do arquipélago havaiano. Também é a mais antiga. Enquanto exploramos a sua Napalo Coast por terra, mar e ar, espantamo-nos ao vermos como a passagem dos milénios só a favoreceu.