Passo do Lontra, Miranda, Brasil

O Brasil Alagado a um Passo da Lontra


Benção Solar
Mergulhão destacado contra o sol poente, na convergência do do rio Vermelho com o rio Miranda.
O grande Pescanal
Pescador tenta a sua sorte a partir de um molhe do Passo do Lontra, uma fazenda-hotel às margens do rio Miranda.
Vista primata
Macaco-bugio espreita os visitantes humanos do cimo de uma árvore.
A todo o vapor
Chalana com pescadores a bordo percorre o rio Miranda.
Uma criatura única
Maria dos Jacarés, junto ao seu estabelecimento e à placa que sinaliza a presença dos jacarés que adoptou.
De olho na objectiva
Caimão camuflado sob a vegetação anfíbia numa lagoa na extensão do rio Miranda.
Em pose
Garça equilibrada e destacada sobre ramos de uma árvore do Pantanal.
De regresso
Lancha percorre um trecho verdejante do rio Miranda, diante do Passo do Lontra.
Convívio fluvial
Família de capivaras à entrada do rio Vermelho.
Uns passos no Passo
Trabalhador da fazenda Passo do Lontra percorre um dos seus muitos passadiços.
Cuidados “maternais”
Maria dos Jacarés exibe o seu à vontade com um dos seus "mininos" répteis.
Tempo de secagem
Mergulhão areja as penas ao sol, à beira do rio Miranda.
Caravana capivara
Grupo de capivaras cruza uma das lagoas da fazena do Passo do Lontra.
Por fim, a lontra
Uma das lontras que avistamos no rio Vermelho e, na sequência, ao longo do rio Miranda.
Puro Pantanal
Tucano examina as suas possibilidades junto à margem do rio Miranda.
O passarão pantaneiro
O grande Tuiuiu a maior ave voadora do Pantanal e, se se tiver em conta o tamanho na vertical em vez da envergadura das asas, também das Américas.
A todo o vapor II
Chalana contorna um meandro arenoso e viçoso do rio Miranda.
Quase lá
O longo passadiço ferroviário do Passo do Lontra que agora conduz do parque de estacionamento e agrave;s imediações dos edifícios principais.
Fim de dia escaldante
Lusco-fusco envolve o coração operacional da fazenda Passo do Lontra.
Estamos no limiar oeste do Mato Grosso do Sul mas mato, por estes lados, é outra coisa. Numa extensão de quase 200.000 km2, o Brasil surge parcialmente submerso, por rios, riachos, lagoas e outras águas dispersas em vastas planícies de aluvião. Nem o calor ofegante da estação seca drena a vida e a biodiversidade de lugares e fazendas pantaneiras como a que nos acolheu às margens do rio Miranda.

A viagem desde Campo Grande para o âmago do Pantanal matogrossense contava já com três horas e meia, incluídas duas paragens em estações de serviço peculiares no meio do nada.

Tínhamos saído da grande cidade ainda cedo, mesmo assim, rendidos ao facto de que não escaparmos à fornaça em que se transformavam aquelas paragens interiores, já quase bolivianas do Brasil, quando o sol disparava para o seu zénite tropical.

Uma Visita Inesperada a Maria dos Jacarés

Faltavam menos de 20km para o destino final. O motorista Sr. Carlos anuncia-nos um inesperado motivo de interesse. “Olhem, a gente tá a aproximar-se aí da Maria dos Jacarés que passa lá na Globo Rural, vocês querem parar?“

A referência soa-nos tão enigmática quanto aliciante. Mesmo derreados e conscientes da meteorologia dantesca no exterior, aceitamos o repto. Carlos detém o carro diante de um negócio-domicílio pespegado à beira da estrada, na iminência de uma ponte sobre um dos incontáveis meandros do rio Corixo Mutum.

Sai por sua conta, em jeito de emissário. Regressa com boas notícias. “Ela não estava a contar mas uma vez que vocês são jornalistas, diz que tá tudo jóia. Vamos lá falar com ela!”.

Pantanal Mato Grosso, Passo do Lontra, Brasil, Maria dos Jacarés, Miranda, Pantanal, Brasil

Maria dos Jacarés, junto ao seu estabelecimento e à placa que sinaliza a presença dos jacarés que adoptou.

Entramos no boteco erguido com umas meras tábuas, telheiro de chapa e envolto de uma rede verde e fina que o mantinha arejado e protegido das melgas e mosquitos por ali tão abundantes.

No interior, um homem cinquentão com feições de índio, dormita sobre uma mesa. Uma senhora de idade condizente surge das traseiras do estabelecimento e apresenta-se. “Boa tarde, Maria dos Jacarés, sejam bem-vindos. Vocês querem conhecer meus mininos, né ?”

Continuamos a ouvi-la nas traseiras ribeirinhas de onde tinha aparecido. Um quase monólogo que, à medida que se desenrolava, se tornava surreal como, aliás, tudo em redor.

Ocorre a Maria, ou melhor a Eurides Fátima de Barros – o seu verdadeiro nome – que teremos eventualmente influência política.

Apelo aos Políticos Brasileiros e o Chamamento dos Jacarés

A esperança de podermos melhorar a sua vida fá-la desabafar. “As coisas não tão nada fáceis por aqui, mesmo aparecendo lá no Globo Rural e nas outras TVs e tudo isso, o senador que prometeu que ia legalizar o meu negócio não fez nada ainda. Agora falam por aí que vão me expulsar.

Já chegou o outro cara lá de baixo que quis ficar com meu sítio à força…vocês me ajudem, tá? Eu só quero continuar por aqui. Tratar dos meus mininos!”

A menção dos infantes repetia-se, persistente. Ainda ninguém nos havia esclarecido a que se referia ao certo a senhora mas o seu título não deixava margem para dúvidas. Chegados à beira plana e relvada do Corixo Mutum, Maria apresenta-nos, por fim, as suas crianças.

“Gordo, vem cá! Bruto, Filipão, Ronaldinho, Dunga, Pelezão! Venham à mamãe!” Dª Maria avança em direcção ao rio. Faz soar um berrante, uma corneta de chifre usada no Brasil pelos vaqueiros. Durante um curto hiato, nada acontece. De repente, um grande jacaré negro emerge do rio.

Caminha vagaroso na nossa direcção. Maria bate duas pedras uma na outra e faz chocalhar um ramo de árvore. Vários jacarés seguem o pioneiro. Instalam-se sobre o relvado, na expectativa, na companhia de um bando de urubus que tinham detectado a acção dos céus  e pressentiam um banquete.

Maria dirige palavras ternurentas a alguns dos seus répteis preferidos. Prenda-os com pedaços de carne. Mais ao Gordo que aos restantes, quase todos com nomes de jogadores ou treinadores de futebol brasileiros.

Então, escolhe um espécime mais destacado, para nos demonstrar o seu à vontade entre a bicharada. Pega-lhe numa pata e levanta-a.

Deita-se sobre ele, tudo acompanhado com sussurros e demonstrações de afecto afins. “Tadinhos dos meus mininos. Teve uma altura que o pessoal vinha aqui e matava eles. Aí eu decidi me instalar e tomar conta. Agora todo o mundo pode gostar e ver eles. Vocês me ajudam também a protege-los, né?”

Pantanal Mato Grosso, Passo do Lontra, Brasil, Maria dos Jacarés

Maria dos Jacarés exibe o seu à vontade com um dos seus “mininos” répteis

O à vontade da anfitriã e a noção de que eram jacarés e não crocodilos do Nilo tinham-nos tornado incautos. Quando demos por ela, estávamos a passear entre os bichos e debruçar-nos para melhor os fotografarmos e filmarmos.

Este texto é a prova de que sobrevivemos para contar.

Rumo ao Passo do Lontra

Maria disse adeus aos jacarés. Nós seguimo-la de volta ao boteco e despedimo-nos com desejos de que os políticos de Campo Grande lhe concedessem a melhor sorte. Enfiamo-nos no carro, cruzamos o Corixo Mutum  e completamos os 17km que nos faltavam.

Abastecidos por torrentes intensas e por alguns dos lençóis freáticos maiores à face do Planeta, vários rios serpenteiam por estes lados, em distintos sentidos, entre ilhas mais ou menos grandes de Terra que, mal se instala a época das chuvas, diminuem a olhos vistos.

Ao longo dos tempos, a dinâmica de seca e inunda da meteorologia tem-se mantido regular e controlável pelas comunidades que teimam em colonizar o imenso Pantanal.

Abundam as fazendas boiadeiras, umas com propriedades a perder de vista, outras comedidas, mais comparáveis a chácaras (pequenas quintas). A espaços, as margens dos rios e das estradas principais acolhem também comunidades na sua origem piscatórias.

Lá se instalam os negócios que servem as fazendas, os criadores de gado, os pescadores e as gentes que com estes levam para diante as suas vidas. A Passo do Lontra a que entretanto chegamos é uma de tantas.

Surgiu como um simples rancho “de pouso” usado pelos boiadeiros que cruzavam a região, a 110km para noroeste da cidade de Miranda e quase a mesma distância de Corumbá, na iminência do limiar leste boliviano.

Quando as maravilhas do Pantanal começaram a correr mundo, as suas gentes empreendedoras adaptaram-se às oportunidades trazidas pelos turistas forasteiros.

Pantanal Mato Grosso, Passo do Lontra, Brasil, Fazenda Passo do Lontra

Lusco-fusco envolve o coração operacional da fazenda Passo do Lontra

Uma Fazenda à beira do rio Miranda

Instalada em 1979 por João e Marilene Venturini, a fazenda Passo do Lontra foi uma das que mais cedo se dedicou a receber e entreter os adeptos brasileiros e estrangeiros da pesca e os ecoturistas que lá começaram a afluir.

É como parte do segundo grupo que damos entrada na sua propriedade, em época alta da pesca, não tanto do ecoturismo. As temperaturas máximas teimavam em passar os 40º. Nem todos os viajantes estavam dispostos a suportar tal provação.

O sr. Carlos imobiliza o carro no parque de estacionamento, de frente para um passadiço de madeira dotado de carris de tal forma longos que mal lhes conseguimos perceber o término.

O passadiço conduz-nos às imediações do rio Miranda. Ramifica para outro paralelo ao rio que nos leva aos edifícios palafíticos principais da fazenda.

Pantanal Mato Grosso, Passo do Lontra, Brasil, passadiço, carris

O longo passadiço ferroviário do Passo do Lontra que agora conduz do parque de estacionamento e agrave;s imediações dos edifícios principais.

Refugiamo-nos da sauna que se fazia sentir na frescura ventilada da sala de refeições.

Logo ao lado das portadas de saloon, um pitoresco posto de pinga embelezado por girassóis, dá as boas-vindas aos recém-chegados. “Enjoy the Pantanal” versa o rótulo da garrafa, entre sete copinhos encaixados numa base de madeira maciça.

Atiramo-nos às várias delícias do buffet pantaneiro. Recuperamos assim forças para o fim de tarde de descoberta que tínhamos pela frente. Satisfeitos e recuperados, bebemos um pouco da cachaça com esperança que a leve anestesia aliviasse o calor insano.

Podíamos – provavelmente devíamos – ter dormido uma sesta.

Em vez, começámos de imediato a investigar o que nos reservavam os dez hectares da Passo do Lontra, sempre pela rede de passadiços elevados que a serviam, alguns suspensos sobre o terreno ensopado e verdejante.

A Prolífica Fauna Pantaneira

Em plena época seca, inúmeros animais procuravam água mais fresca e corrente. Concentravam-se junto às margens do Miranda e em redor da fazenda.

Passamos por caravanas de capivaras em travessia de uma das lagoas locais e por jacarés camuflados na vegetação anfíbia.

Pantanal Mato Grosso, Passo do Lontra, Brasil, capivaras

Grupo de capivaras cruza uma das lagoas da fazena do Passo do Lontra.

Damos com mergulhões que enchem os papos de grandes peixes e com tantas outras aves: carcarás destemidos que não se afastam sequer à nossa passagem.

Passamos por tucanos, araras azuis e vermelhas socializáveis, por tachãs e aracuãs, estas últimas os estridentes e infalíveis despertadores do Pantanal.

Pantanal Mato Grosso, Passo do Lontra, Brasil, , Rio Miranda, Pantanal, Brasil

Garça equilibrada e destacada sobre ramos de uma árvore do Pantanal.

Mesmo esquivos como são, detectamos e encaramos macacos bugios, todos intrigados pela curiosidade fotográfica que, sem aparente explicação, por eles manifestávamos.

Pantanal Mato Grosso, Passo do Lontra, Brasil, Macaco-bugio, fazenda Passo do Lontra, em Miranda, Pantanal, Brasil

Macaco-bugio espreita os visitantes humanos do cimo de uma árvore

Por volta das quatro e meia da tarde, damos por findo este périplo zoológico inicial. Encontramo-nos com Jeferson no embarcadouro da fazenda. Lá inauguramos a primeira de duas fascinantes incursões fluviais: aquela, vespertina. Uma outra, com início sobre a aurora do dia seguinte.

Em ambas, o Miranda e as suas margens exibiram-nos a realidade fluvial, semi-humanizada daquele não tão remoto Pantanal.

Pantanal Mato Grosso, Passo do Lontra, Brasil, Pescador no Rio Miranda, Fazenda Passo do Lontra, Miranda, Pantanal, Brasil

Pescador tenta a sua sorte a partir de um molhe do Passo do Lontra, uma fazenda-hotel às margens do rio Miranda.

Duas ou três grandes chalanas desajeitadas percorriam o rio para cá e para lá. Proporcionavam aos clientes a bordo, uma dinâmica total de pesca que só não rivalizava com o desafogo e o conforto das fazendas.

Pequenas lanchas surgiam imobilizadas de forma quase sagrada em recantos estratégicos do rio.

Partilhavam-nas mais pescadores, invariavelmente determinados a fisgarem o maior número de pintados, pacus, dourados, cacharas, jaús, barbados e, claro está, as piranhas que o Pantanal lhes concedesse.

Pantanal Mato Grosso, Passo do Lontra, Brasil, Chalana no rio Miranda

Chalana com pescadores a bordo percorre o rio Miranda.

Do rio Miranda ao Vermelho e de volta ao Miranda

Serpenteamos no Miranda até ao lugar a que a ele se entregava um afluente, o Vermelho.

Constatamos como o marcava a agonia de uma chácara que se havia instalado na ponta do V criado pela confluência e a que o poder da torrente inflacionada pelas chuvas havia erodido as margens, já quase a provocar o colapso dos edifícios de madeira.

E, no entanto, em plena época seca, a superficialidade das águas ocre do Vermelho barram-nos de o subir mais que umas centenas de metros.

Em jeito de compensação, revelam-nos o ninho hiperbólico ocupado por um casal de tuiuiús, ou jabirus, as enormes cegonhas do Pantanal e mais altas das aves voadoras das Américas, suplantadas apenas, em amplitude de asas, pelos condores andinos.

Pantanal Mato Grosso, Passo do Lontra, Brasil, Tuiuiu,

O grande Tuiuiu a maior ave voadora do Pantanal e, se se tiver em conta o tamanho na vertical em vez da envergadura das asas, também das Américas.

Quando nos aprontamos para deixar o Vermelho, encontramos ainda uma família de lontras em plena missão de caça.

Acompanhamo-las na sua passagem para o Miranda e no longo trajecto periférico, em parte, anfíbio, que lá empreenderam até quase ao Passo do Lontra.

Pantanal Mato Grosso, Passo do Lontra, Brasil, lontra

Uma das lontras que avistamos no rio Vermelho e, na sequência, ao longo do rio Miranda.

Na segunda saída para o Miranda, vimos o sol nascer. A começar, tímido, a vencer um manto de névoa celestial escura, para, logo, exibir num laranja-rosado radiante, a sua grande esfera do contentamento terrestre.

De quando em quando, vimo-lo ser rasgado pelos voos de mais aves atarefadas: garças, mais carcarás, gigantescos tuiuiús, os Tupolevs pantaneiros.

Mergulhão contra pôr-do-sol, Rio Miranda, Pantanal, Brasil

Mergulhão destacado contra o sol poente, na convergência do do rio Vermelho com o rio Miranda.

Esse sol envergonhado não tardou a sair da casca. Às dez da manhã já desalmava uma vez mais o encharcado Pantanal.

A determinada altura das suas vidas, a primeira geração dos Venturinis – João e Marilene – tinha deixado a Passo do Lontra ao filho Sandro para se instalarem noutra sua fazenda, situada a 20km para norte.

Fizesse o calor que fizesse, estava na hora de também para lá nos mudarmos.

 

 

Como Ir:

A TAP voa todos os dias, directamente de Lisboa para várias cidades brasileiras. As mais convenientes para chegar a Campo Grande e ao Passo do Lontra, no Pantanal do Mato Grosso do Sul, São Paulo e Brasília. Destas cidades, poderá completar a viagem com uma companhia aérea brasileira.

Os autores agradecem à TAP e à FUNDTUR Mato Grosso do Sul o apoio concedido na criação desta reportagem.

Manaus, Brasil

Os Saltos e Sobressaltos da ex-Capital Mundial da Borracha

De 1879 a 1912, só a bacia do rio Amazonas gerava o latex de que, de um momento para o outro, o mundo precisou e, do nada, Manaus tornou-se uma das cidades mais avançadas à face da Terra. Mas um explorador inglês levou a árvore para o sudeste asiático e arruinou a produção pioneira. Manaus voltou a provar a sua elasticidade. É a maior cidade da Amazónia e a sétima do Brasil.
Miranda, Brasil

Maria dos Jacarés: o Pantanal abriga criaturas assim

Eurides Fátima de Barros nasceu no interior da região de Miranda. Há 38 anos, instalou-se e a um pequeno negócio à beira da BR262 que atravessa o Pantanal e ganhou afinidade com os jacarés que viviam à sua porta. Desgostosa por, em tempos, as criaturas ali serem abatidas, passou a tomar conta delas. Hoje conhecida por Maria dos Jacarés, deu nome de jogador ou treinador de futebol a cada um dos bichos. Também garante que reconhecem os seus chamamentos.
Curitiba, Brasil

A Vida Elevada de Curitiba

Não é só a altitude de quase 1000 metros a que a cidade se situa. Cosmopolita e multicultural, a capital paranaense tem uma qualidade de vida e rating de desenvolvimento humano que a tornam um caso à parte no Brasil.
Esteros del Iberá, Argentina

O Pantanal das Pampas

No mapa mundo, para sul do famoso pantanal brasileiro, surge uma região alagada pouco conhecida mas quase tão vasta e rica em biodiversidade. A expressão guarani Y berá define-a como “águas brilhantes”. O adjectivo ajusta-se a mais que à sua forte luminância.

Florianópolis, Brasil

O Legado Açoriano do Atlântico Sul

Durante o século XVIII, milhares de ilhéus portugueses perseguiram vidas melhores nos confins meridionais do Brasil. Nas povoações que fundaram, abundam os vestígios de afinidade com as origens.

Lençois da Bahia, Brasil

A Liberdade Pantanosa do Quilombo do Remanso

Escravos foragidos subsistiram séculos em redor de um pantanal da Chapada Diamantina. Hoje, o quilombo do Remanso é um símbolo da sua união e resistência mas também da exclusão a que foram votados.
Ilhabela, Brasil

Ilhabela: Depois do Horror, a Beleza Atlântica

Nocenta por cento de Mata Atlântica preservada, cachoeiras idílicas e praias gentis e selvagens fazem-lhe jus ao nome. Mas, se recuarmos no tempo, também desvendamos a faceta histórica horrífica de Ilhabela.
Ilhabela, Brasil

Em Ilhabela, a Caminho de Bonete

Uma comunidade de caiçaras descendentes de piratas fundou uma povoação num recanto da Ilhabela. Apesar do acesso difícil, Bonete foi descoberta e considerada uma das dez melhores praias do Brasil.
Goiás Velho, Brasil

Um Legado da Febre do Ouro

Dois séculos após o apogeu da prospecção, perdida no tempo e na vastidão do Planalto Central, Goiás estima a sua admirável arquitectura colonial, a riqueza supreendente que ali continua por descobrir.
Brasília, Brasil

Brasília: da Utopia à Capital e Arena Política do Brasil

Desde os tempos do Marquês de Pombal que se falava da transferência da capital para o interior. Hoje, a cidade quimera continua a parecer surreal mas dita as regras do desenvolvimento brasileiro.
Lençois da Bahia, Brasil

Lençois da Bahia: nem os Diamantes São Eternos

No século XIX, Lençóis tornou-se na maior fornecedora mundial de diamantes. Mas o comércio das gemas não durou o que se esperava. Hoje, a arquitectura colonial que herdou é o seu bem mais precioso.
Hidroeléctrica Binacional de Itaipu, Brasil

HidroElétrica Binacional do Itaipu: a Febre do Watt

Em 1974, milhares de brasileiros e paraguaios confluíram para a zona de construção da então maior barragem do Mundo. 30 anos após a conclusão, Itaipu gera 90% da energia paraguaia e 20% da do Brasil.
Morro de São Paulo, Brasil

Um Litoral Divinal da Bahia

Há três décadas, não passava de uma vila piscatória remota e humilde. Até que algumas comunidades pós-hippies revelaram o retiro do Morro ao mundo e o promoveram a uma espécie de santuário balnear.
Ilha do Marajó, Brasil

A Ilha dos Búfalos

Uma embarcação que transportava búfalos da Índia terá naufragado na foz do rio Amazonas. Hoje, a ilha de Marajó que os acolheu tem uma das maiores manadas do mundo e o Brasil já não passa sem estes bovídeos.
Cataratas Iguaçu/Iguazu, Brasil/Argentina

O Troar da Grande Água

Após um longo percurso tropical, o rio Iguaçu dá o mergulho dos mergulhos. Ali, na fronteira entre o Brasil e a Argentina, formam-se as cataratas maiores e mais impressionantes à face da Terra.
Chapada Diamantina, Brasil

Bahia de Gema

Até ao final do séc. XIX, a Chapada Diamantina foi uma terra de prospecção e ambições desmedidas.Agora que os diamantes rareiam os forasteiros anseiam descobrir as suas mesetas e galerias subterrâneas
Goiás Velho, Brasil

Vida e Obra de uma Escritora à Margem

Nascida em Goiás, Ana Lins Bretas passou a maior parte da vida longe da família castradora e da cidade. Regressada às origens, continuou a retratar a mentalidade preconceituosa do interior brasileiro
Pirenópolis, Brasil

Cruzadas à Brasileira

Os exércitos cristãos expulsaram as forças muçulmanas da Península Ibérica no séc. XV mas, em Pirenópolis, estado brasileiro de Goiás, os súbditos sul-americanos de Carlos Magno continuam a triunfar.
Pirenópolis, Brasil

Cavalgada de Fé

Introduzida, em 1819, por padres portugueses, a Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis agrega uma complexa rede de celebrações religiosas e pagãs. Dura mais de 20 dias, passados, em grande parte, sobre a sela.
Manaus, Brasil

Ao Encontro do Encontro das Águas

O fenómeno não é único mas, em Manaus, reveste-se de uma beleza e solenidade especial. A determinada altura, os rios Negro e Solimões convergem num mesmo leito do Amazonas mas, em vez de logo se misturarem, ambos os caudais prosseguem lado a lado. Enquanto exploramos estas partes da Amazónia, testemunhamos o insólito confronto do Encontro das Águas.
Fiéis saúdam-se no registão de Bukhara.
Cidade
Bukhara, Uzbequistão

Entre Minaretes do Velho Turquestão

Situada sobre a antiga Rota da Seda, Bukhara desenvolveu-se desde há pelo menos, dois mil anos como um entreposto comercial, cultural e religioso incontornável da Ásia Central. Foi budista, passou a muçulmana. Integrou o grande império árabe e o de Gengis Khan, reinos turco-mongois e a União Soviética, até assentar no ainda jovem e peculiar Uzbequistão.
Skipper de uma das bangkas do Raymen Beach Resort durante uma pausa na navegação
Praia
Ilhas Guimaras  e  Ave Maria, Filipinas

Rumo à Ilha Ave Maria, Numas Filipinas Cheias de Graça

À descoberta do arquipélago de Visayas Ocidental, dedicamos um dia para viajar de Iloilo, ao longo do Noroeste de Guimaras. O périplo balnear por um dos incontáveis litorais imaculados das Filipinas, termina numa deslumbrante ilha Ave Maria.
O rio Zambeze, PN Mana Poools
Safari
Kanga Pan, Mana Pools NP, Zimbabwe

Um Manancial Perene de Vida Selvagem

Uma depressão situada a 15km para sudeste do rio Zambeze retém água e minerais durante toda a época seca do Zimbabué. A Kanga Pan, como é conhecida, nutre um dos ecossistemas mais prolíficos do imenso e deslumbrante Parque Nacional Mana Pools.
Aurora ilumina o vale de Pisang, Nepal.
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 3º- Upper Pisang, Nepal

Uma Inesperada Aurora Nevada

Aos primeiros laivos de luz, a visão do manto branco que cobrira a povoação durante a noite deslumbra-nos. Com uma das caminhadas mais duras do Circuito Annapurna pela frente, adiamos a partida tanto quanto possível. Contrariados, deixamos Upper Pisang rumo a Ngawal quando a derradeira neve se desvanecia.
Bertie em calhambeque, Napier, Nova Zelândia
Arquitectura & Design
Napier, Nova Zelândia

De Volta aos Anos 30

Devastada por um sismo, Napier foi reconstruida num Art Deco quase térreo e vive a fazer de conta que parou nos Anos Trinta. Os seus visitantes rendem-se à atmosfera Great Gatsby que a cidade encena.
Aventura
Viagens de Barco

Para Quem Só Enjoa de Navegar na Net

Embarque e deixe-se levar em viagens de barco imperdíveis como o arquipélago filipino de Bacuit e o mar gelado do Golfo finlandês de Bótnia.
Cerimónias e Festividades
Pentecostes, Vanuatu

Naghol: O Bungee Jumping sem Modernices

Em Pentecostes, no fim da adolescência, os jovens lançam-se de uma torre apenas com lianas atadas aos tornozelos. Cordas elásticas e arneses são pieguices impróprias de uma iniciação à idade adulta.
Executivos dormem assento metro, sono, dormir, metro, comboio, Toquio, Japao
Cidades
Tóquio, Japão

Os Hipno-Passageiros de Tóquio

O Japão é servido por milhões de executivos massacrados com ritmos de trabalho infernais e escassas férias. Cada minuto de tréguas a caminho do emprego ou de casa lhes serve para o seu inemuri, dormitar em público.
fogon de Lola, comida rica, Costa Rica, Guapiles
Comida
Fogón de Lola, Costa Rica

O Sabor a Costa Rica de El Fogón de Lola

Como o nome deixa perceber, o Fogón de Lola de Guapiles serve pratos confeccionados ao fogão e ao forno, segundo tradição familiar costarricense. Em particular, a família da Tia Lola.
Um contra todos, Mosteiro de Sera, Sagrado debate, Tibete
Cultura
Lhasa, Tibete

Sera, o Mosteiro do Sagrado Debate

Em poucos lugares do mundo se usa um dialecto com tanta veemência como no mosteiro de Sera. Ali, centenas de monges travam, em tibetano, debates intensos e estridentes sobre os ensinamentos de Buda.
Bungee jumping, Queenstown, Nova Zelândia
Desporto
Queenstown, Nova Zelândia

Queenstown, a Rainha dos Desportos Radicais

No séc. XVIII, o governo kiwi proclamou uma vila mineira da ilha do Sul "fit for a Queen". Hoje, os cenários e as actividades radicais reforçam o estatuto majestoso da sempre desafiante Queenstown.
jet lag evitar voo, jetlag, turbulência
Em Viagem
Jet Lag (Parte 1)

Evite a Turbulência do Pós Voo

Quando voamos através de mais que 3 fusos horários, o relógio interno que regula o nosso organismo confunde-se. O máximo que podemos fazer é aliviar o mal-estar que sentimos até se voltar a acertar.
Singapura Capital Asiática Comida, Basmati Bismi
Étnico
Singapura

A Capital Asiática da Comida

Eram 4 as etnias condóminas de Singapura, cada qual com a sua tradição culinária. Adicionou-se a influência de milhares de imigrados e expatriados numa ilha com metade da área de Londres. Apurou-se a nação com a maior diversidade gastronómica do Oriente.
portfólio, Got2Globe, fotografia de Viagem, imagens, melhores fotografias, fotos de viagem, mundo, Terra
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Porfólio Got2Globe

O Melhor do Mundo – Portfólio Got2Globe

Panorâmica de Oatman, aldeia ex-mineira situada nas Black Mountains do Arizona
História
Oatman, Arizona, Estados Unidos

Um Faroeste Mineiro Encalhado na Velha Route 66

Entre 1915-24, Oatman tornou-se uma das maiores produtoras de ouro do Oeste Americano. Em plena 2ª Guerra Mundial, o governo norte-americano ditou o fecho das minas e, até 1960, a povoação lucrou de a cruzar a famosa Route 66. Com o trecho local da estrada também abandonado, o encanto da sua história, dos cenários de Western e dos burros erráticos deram-lhe uma nova vida.
Cabana de Bay Watch, Miami beach, praia, Florida, Estados Unidos,
Ilhas
Miami Beach, E.U.A.

A Praia de Todas as Vaidades

Poucos litorais concentram, ao mesmo tempo, tanto calor e exibições de fama, de riqueza e de glória. Situada no extremo sudeste dos E.U.A., Miami Beach tem acesso por seis pontes que a ligam ao resto da Florida. É parco para o número de almas que a desejam.
Maksim, povo Sami, Inari, Finlandia-2
Inverno Branco
Inari, Finlândia

Os Guardiães da Europa Boreal

Há muito discriminado pelos colonos escandinavos, finlandeses e russos, o povo Sami recupera a sua autonomia e orgulha-se da sua nacionalidade.
Recompensa Kukenam
Literatura
Monte Roraima, Venezuela

Viagem No Tempo ao Mundo Perdido do Monte Roraima

Perduram no cimo do Monte Roraima cenários extraterrestres que resistiram a milhões de anos de erosão. Conan Doyle criou, em "O Mundo Perdido", uma ficção inspirada no lugar mas nunca o chegou a pisar.
Caminhada Solitária, Deserto do Namibe, Sossusvlei, Namibia, acácia na base de duna
Natureza
Sossusvlei, Namíbia

O Namibe Sem Saída de Sossusvlei

Quando flui, o rio efémero Tsauchab serpenteia 150km, desde as montanhas de Naukluft. Chegado a Sossusvlei, perde-se num mar de montanhas de areia que disputam o céu. Os nativos e os colonos chamaram-lhe pântano sem retorno. Quem descobre estas paragens inverosímeis da Namíbia, pensa sempre em voltar.
Sheki, Outono no Cáucaso, Azerbaijão, Lares de Outono
Outono
Sheki, Azerbaijão

Outono no Cáucaso

Perdida entre as montanhas nevadas que separam a Europa da Ásia, Sheki é uma das povoações mais emblemáticas do Azerbaijão. A sua história em grande parte sedosa inclui períodos de grande aspereza. Quando a visitámos, tons pastéis de Outono davam mais cor a uma peculiar vida pós-soviética e muçulmana.
Rinoceronte, PN Kaziranga, Assam, Índia
Parques Naturais
PN Kaziranga, Índia

O Baluarte dos Monocerontes Indianos

Situado no estado de Assam, a sul do grande rio Bramaputra, o PN Kaziranga ocupa uma vasta área de pântano aluvial. Lá se concentram dois terços dos rhinocerus unicornis do mundo, entre em redor de 100 tigres, 1200 elefantes e muitos outros animais. Pressionado pela proximidade humana e pela inevitável caça furtiva, este parque precioso só não se tem conseguido proteger das cheias hiperbólicas das monções e de algumas polémicas.
Geotermia, Calor da Islândia, Terra do Gelo, Geotérmico, Lagoa Azul
Património Mundial UNESCO
Islândia

O Aconchego Geotérmico da Ilha do Gelo

A maior parte dos visitantes valoriza os cenários vulcânicos da Islândia pela sua beleza. Os islandeses também deles retiram calor e energia cruciais para a vida que levam às portas do Árctico.
Monumento do Heroes Acre, Zimbabwe
Personagens
Harare, Zimbabwe

O Último Estertor do Surreal Mugabué

Em 2015, a primeira-dama do Zimbabué Grace Mugabe afirmou que o presidente, então com 91 anos, governaria até aos 100, numa cadeira-de-rodas especial. Pouco depois, começou a insinuar-se à sua sucessão. Mas, nos últimos dias, os generais precipitaram, por fim, a remoção de Robert Mugabe que substituiram pelo antigo vice-presidente Emmerson Mnangagwa.
Aula de surf, Waikiki, Oahu, Havai
Praias
Waikiki, OahuHavai

A Invasão Nipónica do Havai

Décadas após o ataque a Pearl Harbor e da capitulação na 2ª Guerra Mundial, os japoneses voltaram ao Havai armados com milhões de dólares. Waikiki, o seu alvo predilecto, faz questão de se render.
Morione romano em tricycle, festival moriones, Marinduque, Filipinas
Religião
Marinduque, Filipinas

Quando os Romanos Invadem as Filipinas

Nem o Império do Oriente chegou tão longe. Na Semana Santa, milhares de centuriões apoderam-se de Marinduque. Ali, se reencenam os últimos dias de Longinus, um legionário convertido ao Cristianismo.
Composição Flam Railway abaixo de uma queda d'água, Noruega
Sobre Carris
Nesbyen a Flam, Noruega

Flam Railway: Noruega Sublime da Primeira à Última Estação

Por estrada e a bordo do Flam Railway, num dos itinerários ferroviários mais íngremes do mundo, chegamos a Flam e à entrada do Sognefjord, o maior, mais profundo e reverenciado dos fiordes da Escandinávia. Do ponto de partida à derradeira estação, confirma-se monumental esta Noruega que desvendamos.
Vista para ilha de Fa, Tonga, Última Monarquia da Polinésia
Sociedade
Tongatapu, Tonga

A Última Monarquia da Polinésia

Da Nova Zelândia à Ilha da Páscoa e ao Havai nenhuma outra monarquia resistiu à chegada dos descobridores europeus e da modernidade. Para Tonga, durante várias décadas, o desafio foi resistir à monarquia.
Retorno na mesma moeda
Vida Quotidiana
Dawki, Índia

Dawki, Dawki, Bangladesh à Vista

Descemos das terras altas e montanhosas de Meghalaya para as planas a sul e abaixo. Ali, o caudal translúcido e verde do Dawki faz de fronteira entre a Índia e o Bangladesh. Sob um calor húmido que há muito não sentíamos, o rio também atrai centenas de indianos e bangladeshianos entregues a uma pitoresca evasão.
PN Tortuguero, Costa Rica, barco público
Vida Selvagem
PN Tortuguero, Costa Rica

A Costa Rica e Alagada de Tortuguero

O Mar das Caraíbas e as bacias de diversos rios banham o nordeste da nação tica, uma das zonas mais chuvosas e rica em fauna e flora da América Central. Assim baptizado por as tartarugas verdes nidificarem nos seus areais negros, Tortuguero estende-se, daí para o interior, por 312 km2 de deslumbrante selva aquática.
Pleno Dog Mushing
Voos Panorâmicos
Seward, Alasca

O Dog Mushing Estival do Alasca

Estão quase 30º e os glaciares degelam. No Alasca, os empresários têm pouco tempo para enriquecer. Até ao fim de Agosto, o dog mushing não pode parar.