Príncipe, São Tomé e Príncipe

Viagem ao Retiro Nobre da Ilha do Príncipe


Príncipe da Selva
Vista aérea de Príncipe, com a habitual cobertura de nuvens que abafa o seu clima tropical.
Muro das Aspirações
Crianças de Principe alinhadas ao longo do muro que fecha a cidade de Santo António nas suas melhores roupas devido a ser Dia da Criança.
O vale verde de Santo António
Casario de Santo António, a única cidade e capital da ilha de Príncipe.
À sombra da vida
Moradores de Santo António ocupam os bancos ao lado da igreja de Nª Senhora de Conceição.
Uma espécie de Vale Tudo
Rapazes da roça de Porto Real entregues a brincadeiras e risadas fáceis.
Barba, cabelo e TV
Barbeiro numa das margens do rio Papagaio, em Santo António. Além de barbeiro, o pequeno estabelecimento também é usado por vários rapazes da cidade para lá verem filmes na TV.
Cores e sabores do equador
Pormenor de uma banca do mercado de Santo António, sempre repleto de frutas e vegetais produzidos na ilha.
Tempo de ensaio
Chico Roque e outros músicos da ilha ensaiam numa sala, espécie de estúdio improvisado no centro de Santo António.
Âmago de Santo António
A igreja de Nª Senhora da Conceição, o centro religioso de Santo António, na altura na companhia de um cartaz da UNITEL.
Banana Tropical
A Praia Banana, uma das melhores praias de África, em tempos usada pela marca Bacardi, num anúncio promocional do seu rum.
Humidade da Gravana
Vista do centro histórico de Santo António com o Pico Papagaio bem elevado sobre o casario da cidade.
Gerações Principescas
Duas jovens habitantes da Roça Porto Real, uma das roças em tempos mais produtivas de Príncipe.
Um panorama exuberante
Monte Papagaio, visto da roça São Joaquim.
Uma Roça Achocolatada
Guarda à entrada da roça Terreiro Velho, hoje propriedade do produtor de chocolate italiano Claudio Corallo, residente em São Tomé.
Lar Doce Lar
Pequena casa de Santo António, envolta da vegetação que cresce às margens do rio Papagaio.
Amor de Mãe
Matilde e filha sobre o muro que separa Santo António do oceano Atlântico, durante o Dia da Criança celebrado nas escolas da ilha do Príncipe.
Multifunções
Cremilda, Márcia e Eula compõem as trancinhas afro de Késia enquanto esta segue chats no seu telemóvel.
A 150 km de solidão para norte da matriarca São Tomé, a ilha do Príncipe eleva-se do Atlântico profundo num cenário abrupto e vulcânico de montanha coberta de selva. Há muito encerrada na sua natureza tropical arrebatadora e num passado luso-colonial contido mas comovente, esta pequena ilha africana ainda abriga mais estórias para contar que visitantes para as escutar.

O voo fica-se pelos quarenta minutos. E, no entanto, o facto de seguirmos quase só nós na cabine e de, lá em baixo, o azul-marinho profundo monopolizar o cenário, faz com que o tempo se pareça arrastar. A monotonia não tarda a ser recompensada. Um súbito vislumbre revela-nos um manto de nuvens densas e um estranho esboço do que poderia a Ilha do Príncipe.

Ilha do Principe, São Tomé e Principe

Vista aérea de Príncipe, com a habitual cobertura de nuvens que abafa o seu clima tropical.

Pairam sobre um pedaço luxuriante de Terra salpicada de protuberâncias geológicas. O piloto ajeita o avião à ilha. Passados uns minutos, estamos a aterrar os pés no solo morno da Ilha do Príncipe.

E, na manhã que se segue, numa das mais belas beira-mares de África, a da Praia Banana. Nos anos 80, o rum Bacardi exibiu-a num dos seus anúncios. Esse crédito mediático perdura.

O vaivém das vagas esmeralda sobre a areia dourada sugere um memorável recreio balnear mas, não nos demoramos. Atrai-nos, em simultâneo, um miradouro no topo de uma pilha de grandes rochedos basálticos.

Praia da Banana, ilha de Príncipe, São Tomé e Principe

A Praia Banana, uma das melhores praias de África, em tempos usada pela marca Bacardi, num anúncio promocional do seu rum.

Damos com o caminho para as suas alturas por entre o coqueiral sombrio da Banana. Vários meandros íngremes depois, recuperamos o fôlego apoiados no seu muro decrépito, a contemplarmos a sumptuosidade do que, ao nível do mar, nos havia já deliciado.

Aquele mirante e a sua propriedade Belo Monte marcaram a primeira de várias visitas a antigas roças da Ilha do Príncipe. A Belo Monte estava, contudo, transformada em hotel. Limitámo-nos a espreitá-la.

A Caminho de Santo António do Príncipe

De volta ao Bom Bom resort, apanhamos boleia de uma das pick ups de serviço para Santo António, a cidade solitária da ilha. Pelo caminho, o Sr. João dá boleia a boa parte dos caminhantes na beira da estrada. Às tantas, a carrinha carrega uma lotação considerável.

Todos a bordo se conhecem. Todos estranham a nossa presença naquela caixa metálica por norma indigna dos clientes. Mal a admiração se desvanece, os parceiros de viagem entregam-se às suas galhofas e gargalhadas descomplexadas. Não tarda, convocam-nos para conversas entre a curiosidade e uma forçada formalidade.

Passamos uma série de casas básicas em que cirandam uma criançada reguila e animais domésticos. Deixamos o aeroporto para trás. Por fim, descemos para o vale rumo à baía em que se alojou a capital.

O fluir de um rio, o Papagaio, cavou a planície aluvial em que hoje se espraia o casario semi-colonial gasto, delimitado por todos os lados por uma selva de montanha, excepto a oeste-noroeste, onde o caudal negro do rio encontra um Atlântico domado pela baía.

O vale verde de Santo António, Santo António, Ilha do Principe, São Tomé e Principe

Casario de Santo António, a única cidade e capital da ilha de Príncipe

Descemos da carrinha em frente à igreja amarela e vermelha da cidade. Ali mesmo, um cartaz da operadora angolana UNITEL que exibe um surfista de telemóvel colado ao ouvido profetiza “Para Melhor Muda-se Sempre”.

Deambulações pela Capital Vagarosa da Ilha

Basta-nos uma hora de deambulação para percebermos que, salvo raras excepções, Santo António evoluía devagar devagarinho. Ao lado da igreja, sentados em quatro bancos de jardim, número igual de moradores veem o dia esvair-se, impávidos e serenos, à sombra de uma árvore frondosa.

A igreja de Nª Senhora da Conceição, em Santo António, ilha de Principe, São Tomé e Principe

A igreja de Nª Senhora da Conceição, o centro religioso de Santo António, na altura na companhia de um cartaz da UNITEL

Só a estrada principal, ostenta real animação urbana, em redor das suas mercearias desarrumadas, das lojas de roupa, do parque central das mototáxis e, mais abaixo, da escola secundária.

Ali, num intervalo das aulas, Cremilda, Márcia e Eula compõem as trancinhas afro de Kélsia. Esta, de olhos enfiados no telemóvel, mantém-se em modo multichat com amigos online e as colegas “cabeleireiras”.

Estudantes de Santo António, Ilha de Príncipe, São Tomé e Principe

Cremilda, Márcia e Eula compõem as trancinhas afro de Késia enquanto esta segue chats no seu telemóvel

Do lado oposto da avenida, a velha sede do Sporting Clube de Príncipe já teve melhores dias. Só uma árvore que desponta do betão musgoso de um dos seus recantos, dá sinais de saudável verdura. Na fachada do edifício roçado, um painel de prevenção de saúde aconselha: “Prolongue a sua vida bebendo água tratada”.

Examinamo-lo quando, do meio da estrada, Chico Roque, nos confronta. A hora é matinal. Após uma introdução arrastada, promove-se como músico. Convence-nos a gravarmos um show musical dele e de um colega.

Combinamos às duas horas de daí a dois dias na praça Marcelo da Veiga, o coração administrativo de Santo António, um dos seus agradáveis jardins e retiros lúdicos.

A Vida às Margens do rio Papagaio

Até lá, deambulamos por aquela que chegou a ser capital e assento da diocese da colónia de São Tomé e Príncipe, de 1753 a 1852, três séculos após a descoberta do arquipélago em 1471, alguns anos antes de D. João II a ter baptizado em honra do Príncipe Afonso, seu filho favorito, que viria a falecer, apenas com 16 anos, tombado de um cavalo nas imediações do Tejo.

Quando regressamos às margens do Papagaio, contrariado pela praia-mar, o rio local fluía na direcção do Pico homónimo que desde sempre se impõe à cidade. Metemos o nariz numa barbearia sobranceira à margem. Mesmo surpreendido, o artista capilar proprietário dá-nos as boas-vindas e continua a embelezar o cliente do momento.

Barbeiro e mini-cinema em Santo António de Principe, São Tomé e Principe

Barbeiro numa das margens do rio Papagaio, em Santo António. Além de barbeiro, o pequeno estabelecimento também é usado por vários rapazes da cidade para lá verem filmes na TV.

Mais para dentro do estabelecimento de madeira azul-celeste, uma catrefada de miúdos sentados num banco comprido, mal descola os olhos de um filme que passa na TV daquele seu “Cinema Paraíso” remediado. Numa rua paralela, damos com o restaurante da Dª Juditinha. É lá que evitamos o pior da brasa vespertina e repomos energias.

Dia da Criança. Nem todos os Dias são Dias assim

Durante o repasto, vemos passar pais com os filhos pela mão, carregados com bolos e outras sobremesas. Tão elegantes quanto possível, dirigem-se a uma escola daquela rua. “Sabem, hoje é dia da Criança!” informa-nos Dª Juditinha enquanto nos serve cervejas Rosema que provamos pela primeira vez, em detrimento das marcas portuguesas do costume. “Cá na ilha do Príncipe, tratamos a data com carinho.”

Outra das escolas em festa ficava de frente para o longo muro branco que separa a cidade do Atlântico. Ali, à medida que o ocaso se insinua, os adultos e as suas crianças, confraternizam, uns debruçados, outros sentados sobre o muro, todos eles com a vista hipnótica da baía viçosa por diante.

Varandim de Santo António, Ilha do Principe, São Tomé e Principe

Crianças de Principe alinhadas ao longo do muro que fecha a cidade de Santo António nas suas melhores roupas devido a ser Dia da Criança

Durante o almoço, tínhamos recebido uma chamada do Secretário Regional da Economia. Convocava-nos para o seu gabinete, paredes meias com a estação de correios da cidade que mais parecia tirada de uma vila portuguesa dos anos 50.

Entusiástico, Silvino Palmer explana-nos projectos para o futuro da Ilha do Príncipe e os obstáculos ao seu desenvolvimento, em particular, a escala anã da economia, vítima do isolamento e de a nação ser a segunda mais diminuta de África, atrás apenas das Seicheles.

Silvino, também faz fé na nossa missão divulgadora. Prenda-nos com o uso da sua pick up de serviço e com a ajuda de dois guias. Às oito em ponto do novo dia, já saudámos o condutor Armandinho, Francisco Ambrósio e Eduardo. Apontamos ao sul da ilha.

Pela Selva da Ilha do Príncipe Acima

A selva que envolve o Papagaio sufoca o caminho sinuoso aberto na profundeza dos tempos coloniais. Mesmo assim, prova-se bem menos cerrada que a abaixo no mapa, esta, parte da Reserva da Biosfera da Ilha do Príncipe. Ao longo da história, admitiu roças e povoados, hoje, relíquias umas mais decadentes que outras.

Como o que resta da mansão e propriedade de Maria Correia, filha de uma nativa da ilha do Príncipe e de um emigrante brasileiro que ficou para a história como dona e senhora dos seus dois maridos e de centenas de servos.

Apesar dos bloqueios britânicos à escravatura portuguesa no arquipélago popularmente abordados por Miguel Sousa Tavares em “Equador”, Maria Correia terá ludibriado as suas verificações vezes sem conta.

Mesmo mulata, até falecer em 1862, foi uma das maiores proprietárias de escravos da ilha.

Com o tempo, tornou-se uma personagem lendária, digna de aturada investigação, ou vá lá que seja, de um bom filme.

As Primeiras Roças: Porto Real e São Joaquim

A próxima roça porque passamos, a de Porto Real, guarda bem mais da sua era auspiciosa. Foi desenvolvida pela Sociedade Agrícola Colonial, com áreas laborais, habitacionais, com hospital e um caminho-de-ferro de 30km que escoava uma produção agrícola diversa, incluindo um óleo de palma prodigioso.

Agora, abriga uma comunidade que, longe de a conseguir recuperar e explorar, se limita a subsistir em boa parte do que a terra e os animais domésticos providenciam.

No mesmo itinerário, deparamo-nos com a de São Joaquim, uma antiga dependência da de Porto Real. Encontramo-la arruinada, então, entregue a mulheres e crianças que partilham as antigas sanzalas e o pátio ervado com uma manada de vacas, porcos malhados e outros animais domésticos. Intriga-as a nossa inesperada visita, para mais, num veículo do governo.

“Cheguem, aqui! Vão gostar disto.” apela-nos Francisco Ambrósio, professor da ilha que as crianças com que nos cruzamos provocam a chamar de vampiro (com os erres longos e carregados, à boa moda nativa) devido à sua parecença com o Wesley Snipes que os assombra, em “Blade”, nas TVs da cidade.

Vista do Monte Papagaio, ilha do Principe, São Tomé e Principe

Monte Papagaio, visto da roça São Joaquim.

Ao longe, entre a selva que cobria o Monte Papagaio e parte das nuvens que havíamos avistado do avião, impunham-se dois rochedos graníticos. A erosão esculpira o menor à laia de pilar.

A Velha Fazenda Achocolatada de Terreiro Velho

Àquela distância, o duo megalítico resplandecia, projectado do estranho panorama clorofilino. Estimulou-nos a irmos até Terreiro Velho, roça ainda repleta de cacau, histórias e vistas litorâneas de encantar. Já só regressamos à cidade em cima do anoitecer. A jornada seguinte, dedicamo-la ao extremo noroeste da ilha.

Foi ali, a oeste do ilhéu do Bom Bom que os descobridores portugueses fundaram Ribeira Izé, a primeira povoação da ilha do Príncipe. Exploramos as ruínas da igreja percursora que a abençoou e que a predação secular das figueiras-da-índia envolveu de enigma.

Roça de Terreiro Velho, ilha do Príncipe, São Tomé e Príncipe

Guarda à entrada da roça Terreiro Velho, hoje propriedade do produtor de chocolate italiano Claudio Corallo, residente em São Tomé

Em seguida, o sr. Armandinho mete-nos num atalho encosta acima, de tal forma sumido na vegetação e no solo encharcado que reclama da pick up toda a sua potência. Mesmo assim, conduz-nos ao destino desejado: a roça Sundy.

Na origem, a Sundy, surgiu como mais uma plantação de cacau e café da ilha. Num determinado período áureo, os seus lucros determinaram a expansão e uma maior complexidade orgânica. Também a Sundy sucumbiu à produção menos dispendiosa e em maior escala de outras partes do Mundo. A roça acabou como casa de férias da realeza portuguesa. Não seriam os novos condóminos quem mais contribuiria para a sua notoriedade.

Roça Sundy e a Confirmação da Teoria da Relatividade

Em 1919, o astrofísico britânico Sir Arthur Stanley Eddington estimou na ilha do Príncipe um lugar ideal para examinar um eclipse previsto. Visava exemplificar que a luz das estrelas era desviada pela gravidade solar e provar, dessa forma, a Teoria da Relatividade de Einstein sobre a há muito vigente Lei da Gravidade de Newton.

Eddington certificou a esperada curvatura da luz, instalado na roça Sundy. Tal honra permanece assinalada numa das varandas aterraçadas do edifício principal que, na altura em que o espreitámos, sofria – à imagem da já terminada na roça Belo Monte – uma séria conversão em hotel histórico.

Esperava-se que o projecto viesse a contribuir para melhorar a vida da verdadeira povoação em que Sundy se transformou, com dezenas de famílias a residir lado a lado em sanzalas exíguas e espartanas, outras, em casas recentes, instaladas em redor.

De Regresso a Santo António

Percorremos as suas ruelas cinzentas para lá e para cá, logo, as muralhas até aos seus recantos e os dos palacetes no coração colonial e funcional da enorme fazenda. Fazemo-lo com o fascínio de quem assiste à História a reciclar e baralhar algumas da suas já quase esquecidas variáveis. Até que nos lembramos do compromisso com Chico Roque e antecipamos o regresso a Santo António.

Chico Roque e outros músicos de Santo António, ilha do Príncipe, São Tomé e Principe

Chico Roque e outros músicos da ilha ensaiam numa sala, espécie de estúdio improvisado no centro de Santo António

Pouco passava da hora combinada e os dois músicos esperavam-nos sentados junto aos canhões que protegem a imagem de Marcelo da Veiga. Ao nosso sinal, desfilam um repertório de canções ora populares, ora da sua autoria. Assistimos e registamos a sua actuação quando um grupo de miúdos que brincava no jardim, se aproxima e debruça sobre os canhões. O duo rejubila.

Cantam, então, um tema ecologista popular em São Tomé e recrutam a criançada para coro. É com esta banda sonora infantil e orelhuda de “Biosfera” na cabeça (cantada Biosferrrrrrra) que nos despedimos de Santo António. Na tarde seguinte, da tão ou mais memorável ilha do Príncipe.

centro histórico de Santo António, ilha do Principe, São Tomé e Principe

Vista do centro histórico de Santo António com o Pico Papagaio bem elevado sobre o casario da cidade.

A TAP voa para São Tomé Terças, Sábados e Domingos com partida de Lisboa às 09h35 e chegada às 17h35. A viagem de São Tomé para Lisboa faz-se Terças, Sábados, Domingos e Quintas-feiras com partidas às 20h e chegada às 04h10 do dia seguinte. 

Ilha Ibo, Moçambique

Ilha de um Moçambique Ido

Foi fortificada, em 1791, pelos portugueses que expulsaram os árabes das Quirimbas e se apoderaram das suas rotas comerciais. Tornou-se o 2º entreposto português da costa oriental de África e, mais tarde, a capital da província de Cabo Delgado, Moçambique. Com o fim do tráfico de escravos na viragem para o século XX e a passagem da capital para Porto Amélia, a ilha Ibo viu-se no fascinante remanso em que se encontra.
Ilha de Moçambique, Moçambique  

A Ilha de Ali Musa Bin Bique. Perdão, de Moçambique

Com a chegada de Vasco da Gama ao extremo sudeste de África, os portugueses tomaram uma ilha antes governada por um emir árabe a quem acabaram por adulterar o nome. O emir perdeu o território e o cargo. Moçambique - o nome moldado - perdura na ilha resplandecente em que tudo começou e também baptizou a nação que a colonização lusa acabou por formar.
São Vicente, Cabo Verde

O Deslumbre Árido-Vulcânico de Soncente

Uma volta a São Vicente revela uma aridez tão deslumbrante como inóspita. Quem a visita, surpreende-se com a grandiosidade e excentricidade geológica da quarta menor ilha de Cabo Verde.
São Tomé e Príncipe

Roças de Cacau, Corallo e a Fábrica de Chocolate

No início do séc. XX, São Tomé e Príncipe geravam mais cacau que qualquer outro território. Graças à dedicação de alguns empreendedores, a produção subsiste e as duas ilhas sabem ao melhor chocolate.
Goa, Índia

Para Goa, Rapidamente e em Força

Uma súbita ânsia por herança tropical indo-portuguesa faz-nos viajar em vários transportes mas quase sem paragens, de Lisboa à famosa praia de Anjuna. Só ali, a muito custo, conseguimos descansar.
Goiás Velho, Brasil

Um Legado da Febre do Ouro

Dois séculos após o apogeu da prospecção, perdida no tempo e na vastidão do Planalto Central, Goiás estima a sua admirável arquitectura colonial, a riqueza supreendente que ali continua por descobrir.
São Tomé, São Tomé & Príncipe

Viagem até onde São Tomé Aponta o Equador

Fazemo-nos à estrada que liga a capital homónima ao fundo afiado da ilha. Quando chegamos à Roça Porto Alegre, com o ilhéu das Rolas e o Equador pela frente, tínhamo-nos perdido vezes sem conta no dramatismo histórico e tropical de São Tomé.
Ilhéu das Rolas, São Tomé e Príncipe

Ilhéu das Rolas: São Tomé e Principe a Latitude Zero

Ponto mais austral de São Tomé e Príncipe, o Ilhéu das Rolas é luxuriante e vulcânico. A grande novidade e ponto de interesse desta extensão insular da segunda menor nação africana está na coincidência de a cruzar a Linha do Equador.
São Tomé, São Tomé e Príncipe

Pelo Cocuruto Tropical de São Tomé

Com a capital homónima para trás, rumamos à descoberta da realidade da roça Agostinho Neto. Daí, tomamos a estrada marginal da ilha. Quando o asfalto se rende, por fim, à selva, São Tomé tinha-se confirmado no top das mais deslumbrantes ilhas africanas.
São Tomé (cidade), São Tomé e Príncipe

A Capital dos Trópicos Santomenses

Fundada pelos portugueses, em 1485, São Tomé prosperou séculos a fio, como a cidade porque passavam as mercadorias de entrada e de saída na ilha homónima. A independência do arquipélago confirmou-a a capital atarefada que calcorreamos, sempre a suar.
Saudade, São Tomé, São Tomé e Príncipe

Almada Negreiros: da Saudade à Eternidade

Almada Negreiros nasceu, em Abril de 1893, numa roça do interior de São Tomé. À descoberta das suas origens, estimamos que a exuberância luxuriante em que começou a crescer lhe tenha oxigenado a profícua criatividade.
Centro de São Tomé, São Tomé e Príncipe

De Roça em Roça, Rumo ao Coração Tropical de São Tomé

No caminho entre Trindade e Santa Clara confrontamo-nos com o passado colonial terrífico de Batepá. À passagem pelas roças Bombaim e Monte Café, a história da ilha parece ter-se diluído no tempo e na atmosfera clorofilina da selva santomense.
Roça Sundy, Ilha do Príncipe, São Tomé e Príncipe

A Certeza da Teoria da Relatividade

Em 1919, Arthur Eddington, um astrofísico britânico, escolheu a roça Sundy para comprovar a famosa teoria de Albert Einstein. Decorrido mais de um século, o norte da ilha do Príncipe que o acolheu continua entre os lugares mais deslumbrantes do Universo.
Fiéis saúdam-se no registão de Bukhara.
Cidade
Bukhara, Uzbequistão

Entre Minaretes do Velho Turquestão

Situada sobre a antiga Rota da Seda, Bukhara desenvolveu-se desde há pelo menos, dois mil anos como um entreposto comercial, cultural e religioso incontornável da Ásia Central. Foi budista, passou a muçulmana. Integrou o grande império árabe e o de Gengis Khan, reinos turco-mongois e a União Soviética, até assentar no ainda jovem e peculiar Uzbequistão.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Leão, elefantes, PN Hwange, Zimbabwe
Safari
PN Hwange, Zimbabwé

O Legado do Saudoso Leão Cecil

No dia 1 de Julho de 2015, Walter Palmer, um dentista e caçador de trofeus do Minnesota matou Cecil, o leão mais famoso do Zimbabué. O abate gerou uma onda viral de indignação. Como constatamos no PN Hwange, quase dois anos volvidos, os descendentes de Cecil prosperam.
Fieis acendem velas, templo da Gruta de Milarepa, Circuito Annapurna, Nepal
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 9º Manang a Milarepa Cave, Nepal

Uma Caminhada entre a Aclimatização e a Peregrinação

Em pleno Circuito Annapurna, chegamos por fim a Manang (3519m). Ainda a precisarmos de aclimatizar para os trechos mais elevados que se seguiam, inauguramos uma jornada também espiritual a uma caverna nepalesa de Milarepa (4000m), o refúgio de um siddha (sábio) e santo budista.
Uma Cidade Perdida e Achada
Arquitectura & Design
Machu Picchu, Peru

A Cidade Perdida em Mistério dos Incas

Ao deambularmos por Machu Picchu, encontramos sentido nas explicações mais aceites para a sua fundação e abandono. Mas, sempre que o complexo é encerrado, as ruínas ficam entregues aos seus enigmas.
Salto Angel, Rio que cai do ceu, Angel Falls, PN Canaima, Venezuela
Aventura
PN Canaima, Venezuela

Kerepakupai, Salto Angel: O Rio Que Cai do Céu

Em 1937, Jimmy Angel aterrou uma avioneta sobre uma meseta perdida na selva venezuelana. O aventureiro americano não encontrou ouro mas conquistou o baptismo da queda d'água mais longa à face da Terra
Bom conselho Budista
Cerimónias e Festividades
Chiang Mai, Tailândia

300 Wats de Energia Espiritual e Cultural

Os tailandeses chamam a cada templo budista wat e a sua capital do norte tem-nos em óbvia abundância. Entregue a sucessivos eventos realizados entre santuários, Chiang Mai nunca se chega a desligar.
Museu do Petróleo, Stavanger, Noruega
Cidades
Stavanger, Noruega

A Cidade Motora da Noruega

A abundância de petróleo e gás natural ao largo e a sediação das empresas encarregues de os explorarem promoveram Stavanger de capital da conserva a capital energética norueguesa. Nem assim esta cidade se conformou. Com um legado histórico prolífico, às portas de um fiorde majestoso, há muito que a cosmopolita Stavanger impele a Terra do Sol da Meia-Noite.
Comida
Margilan, Usbequistão

Um Ganha Pão do Uzbequistão

Numa de muitas padarias de Margilan, desgastado pelo calor intenso do forno tandyr, o padeiro Maruf'Jon trabalha meio-cozido como os distintos pães tradicionais vendidos por todo o Usbequistão
Noiva entra para carro, casamento tradicional, templo Meiji, Tóquio, Japão
Cultura
Tóquio, Japão

Um Santuário Casamenteiro

O templo Meiji de Tóquio foi erguido para honrar os espíritos deificados de um dos casais mais influentes da história do Japão. Com o passar do tempo, especializou-se em celebrar bodas tradicionais.
Desporto
Competições

Homem, uma Espécie Sempre à Prova

Está-nos nos genes. Pelo prazer de participar, por títulos, honra ou dinheiro, as competições dão sentido ao Mundo. Umas são mais excêntricas que outras.
Enseada, Big Sur, Califórnia, Estados Unidos
Em Viagem
Big Sur, E.U.A.

A Costa de Todos os Refúgios

Ao longo de 150km, o litoral californiano submete-se a uma vastidão de montanha, oceano e nevoeiro. Neste cenário épico, centenas de almas atormentadas seguem os passos de Jack Kerouac e Henri Miller.
Camponesa, Majuli, Assam, India
Étnico
Majuli, Índia

Uma Ilha em Contagem Decrescente

Majuli é a maior ilha fluvial da Índia e seria ainda uma das maiores à face da Terra não fosse a erosão do rio Bramaputra que há séculos a faz diminuir. Se, como se teme, ficar submersa dentro de vinte anos, mais que uma ilha, desaparecerá um reduto cultural e paisagístico realmente místico do Subcontinente.
arco-íris no Grand Canyon, um exemplo de luz fotográfica prodigiosa
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Luz Natural (Parte 1)

E Fez-se Luz na Terra. Saiba usá-la.

O tema da luz na fotografia é inesgotável. Neste artigo, transmitimos-lhe algumas noções basilares sobre o seu comportamento, para começar, apenas e só face à geolocalização, a altura do dia e do ano.
Hiroxima, cidade rendida à paz, Japão
História
Hiroxima, Japão

Hiroxima: uma Cidade Rendida à Paz

Em 6 de Agosto de 1945, Hiroxima sucumbiu à explosão da primeira bomba atómica usada em guerra. Volvidos 70 anos, a cidade luta pela memória da tragédia e para que as armas nucleares sejam erradicadas até 2020.
Napali Coast e Waimea Canyon, Kauai, Rugas do Havai
Ilhas
NaPali Coast, Havai

As Rugas Deslumbrantes do Havai

Kauai é a ilha mais verde e chuvosa do arquipélago havaiano. Também é a mais antiga. Enquanto exploramos a sua Napalo Coast por terra, mar e ar, espantamo-nos ao vermos como a passagem dos milénios só a favoreceu.
Maksim, povo Sami, Inari, Finlandia-2
Inverno Branco
Inari, Finlândia

Os Guardiães da Europa Boreal

Há muito discriminado pelos colonos escandinavos, finlandeses e russos, o povo Sami recupera a sua autonomia e orgulha-se da sua nacionalidade.
José Saramago em Lanzarote, Canárias, Espanha, Glorieta de Saramago
Literatura
Lanzarote, Canárias, Espanha

A Jangada de Basalto de José Saramago

Em 1993, frustrado pela desconsideração do governo português da sua obra “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, Saramago mudou-se com a esposa Pilar del Río para Lanzarote. De regresso a esta ilha canária algo extraterrestre, reencontramos o seu lar. E o refúgio da censura a que o escritor se viu votado.
Reserva Masai Mara, Viagem Terra Masai, Quénia, Convívio masai
Natureza
Masai Mara, Quénia

Reserva Masai Mara: De Viagem pela Terra Masai

A savana de Mara tornou-se famosa pelo confronto entre os milhões de herbívoros e os seus predadores. Mas, numa comunhão temerária com a vida selvagem, são os humanos Masai que ali mais se destacam.
Estátua Mãe-Arménia, Erevan, Arménia
Outono
Erevan, Arménia

Uma Capital entre o Leste e o Ocidente

Herdeira da civilização soviética, alinhada com a grande Rússia, a Arménia deixa-se seduzir pelos modos mais democráticos e sofisticados da Europa Ocidental. Nos últimos tempos, os dois mundos têm colidido nas ruas da sua capital. Da disputa popular e política, Erevan ditará o novo rumo da nação.
Mergulhão contra pôr-do-sol, Rio Miranda, Pantanal, Brasil
Parques Naturais
Passo do Lontra, Miranda, Brasil

O Brasil Alagado a um Passo da Lontra

Estamos no limiar oeste do Mato Grosso do Sul mas mato, por estes lados, é outra coisa. Numa extensão de quase 200.000 km2, o Brasil surge parcialmente submerso, por rios, riachos, lagoas e outras águas dispersas em vastas planícies de aluvião. Nem o calor ofegante da estação seca drena a vida e a biodiversidade de lugares e fazendas pantaneiras como a que nos acolheu às margens do rio Miranda.
Twyfelfontein, Ui Aes, Twyfelfontein, Adventure Camp
Património Mundial UNESCO
Twyfelfontein - Ui Aes, Namíbia

À Descoberta da Namíbia Rupestre

Durante a Idade da Pedra, o vale hoje coberto de feno do rio Aba-Huab, concentrava uma fauna diversificada que ali atraía caçadores. Em tempos mais recentes, peripécias da era colonial coloriram esta zona da Namíbia. Não tanto como os mais de 5000 petróglifos que subsistem em Ui Aes / Twyfelfontein.
Casal de visita a Mikhaylovskoe, povoação em que o escritor Alexander Pushkin tinha casa
Personagens
São Petersburgo e Mikhaylovskoe, Rússia

O Escritor que Sucumbiu ao Próprio Enredo

Alexander Pushkin é louvado por muitos como o maior poeta russo e o fundador da literatura russa moderna. Mas Pushkin também ditou um epílogo quase tragicómico da sua prolífica vida.
Jabula Beach, Kwazulu Natal, Africa do Sul
Praias
Santa Lucia, África do Sul

Uma África Tão Selvagem Quanto Zulu

Na eminência do litoral de Moçambique, a província de KwaZulu-Natal abriga uma inesperada África do Sul. Praias desertas repletas de dunas, vastos pântanos estuarinos e colinas cobertas de nevoeiro preenchem esta terra selvagem também banhada pelo oceano Índico. Partilham-na os súbditos da sempre orgulhosa nação zulu e uma das faunas mais prolíficas e diversificadas do continente africano.
Caminhantes no trilho do Ice Lake, Circuito Annapurna, Nepal
Religião
Circuito Annapurna: 7º - Braga - Ice Lake, Nepal

Circuito Annapurna – A Aclimatização Dolorosa do Ice Lake

Na subida para o povoado de Ghyaru, tivemos uma primeira e inesperada mostra do quão extasiante se pode provar o Circuito Annapurna. Nove quilómetros depois, em Braga, pela necessidade de aclimatizarmos ascendemos dos 3.470m de Braga aos 4.600m do lago de Kicho Tal. Só sentimos algum esperado cansaço e o avolumar do deslumbre pela Cordilheira Annapurna.
Executivos dormem assento metro, sono, dormir, metro, comboio, Toquio, Japao
Sobre Carris
Tóquio, Japão

Os Hipno-Passageiros de Tóquio

O Japão é servido por milhões de executivos massacrados com ritmos de trabalho infernais e escassas férias. Cada minuto de tréguas a caminho do emprego ou de casa lhes serve para o seu inemuri, dormitar em público.
Acolhedora Vegas
Sociedade
Las Vegas, E.U.A.

Capital Mundial dos Casamentos vs Cidade do Pecado

A ganância do jogo, a luxúria da prostituição e a ostentação generalizada fazem parte de Las Vegas. Como as capelas que não têm olhos nem ouvidos e promovem matrimónios excêntricos, rápidos e baratos.
Jovens mulheres gémeas, tecelãs
Vida Quotidiana

Margilan, Uzbequistão

Périplo pelo Tecido Artesanal do Uzbequistão

Situada no extremo oriental do Uzbequistão, Vale de Fergana, Margilan foi uma das escalas incontornáveis da Rota da Seda. Desde o século X, os produtos de seda lá gerados destacaram-na nos mapas, hoje, marcas de alta-costura disputam os seus tecidos. Mais que um centro prodigioso de criação artesanal, Margilan estima e valoriza um modo de vida uzbeque milenar.
Pisteiro San em acção na Torra Conservancy, Namibia
Vida Selvagem
Palmwag, Namíbia

Em Busca de Rinocerontes

Partimos do âmago do oásis gerado pelo rio Uniab, habitat do maior número de rinocerontes negros do sudoeste africano. Nos passos de um pisteiro bosquímano, seguimos um espécime furtivo, deslumbrados por um cenário com o seu quê de marciano.
Passageiros, voos panorâmico-Alpes do sul, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Aoraki Monte Cook, Nova Zelândia

A Conquista Aeronáutica dos Alpes do Sul

Em 1955, o piloto Harry Wigley criou um sistema de descolagem e aterragem sobre asfalto ou neve. Desde então, a sua empresa revela, a partir do ar, alguns dos cenários mais grandiosos da Oceania.