Goa, Índia

O Último Estertor da Portugalidade Goesa


Glamour vs Fé
Casal indiano posa diante da Igreja da Divina Providência durante uma produção fotográfica casamenteira
Solitude
Visitante à entrada na nave da Sé Catedral, uma igreja monumental, das maiores da Ásia.
João Baptista Degolado
Imagem banhada a ouro da degolação de João Baptista.
Cristianismo tropical
A Sé Catedral, para lá da avenida ampla ladeada por palmeiras-imperiais que a separa da Basílica do Bom Jesus
Intercâmbio de fés
Comitiva de visitantes muçulmanos prepara-se para visitar a Basílica do Bom Jesus.
A Goa ainda portuguesa
Telhados tradicionais portugueses do bairro das Fontaínhas com a capela de São Sebastião em destaque.
Uma janela para Portugal
Sr. Fernando refresca o tronco nu à porta meio-fechada da sua casa a meia-encosta do bairro das Fontaínhas.
Cores hindus, branco cristão
Amigas hindus descem a escadaria da Igreja da Nª; Srª da Imaculada Conceição, o templo cristão mais emblemático de Pangim.
A Goa ainda portuguesa II
Casario português de Pangim visto do átrio da Igreja da Nª Srª da Imaculada Conceição.
Luzes, acção
Casal faz as suas últimas fotos do dia na escadaria da Igreja da Nª; Srª da Imaculada Conceição.
À falta de selfie
Visitantes da Basílica do Bom Jesus fotografam uma estátua de Cristo colocada junto ao altar.
À falta de selfie
Estátua em frente à Sé Catedral de Goa.
A proeminente cidade de Goa já justificava o título de “Roma do Oriente” quando, a meio do século XVI, epidemias de malária e de cólera a votaram ao abandono. A Nova Goa (Pangim) por que foi trocada chegou a sede administrativa da Índia Portuguesa mas viu-se anexada pela União Indiana do pós-independência. Em ambas, o tempo e a negligência são maleitas que agora fazem definhar o legado colonial luso.

Imagem banhada a ouro da degolação de João Baptista.

Turistas em catadupa, casinos, venda livre de álcool, subsídios regionais e estatais e outras benesses dotam Goa de fundos e investimentos a condizer. Tínhamos visitado à província uma primeira e única vez faziam 17 anos. Mal podíamos crer na revolução que por lá agora encontrávamos.

Desde que deixámos o aeroporto de Dabolim, as obras e respectivos estaleiros não paravam de se repetir numa mescla de betão, aço e maquinaria que remexera sucessivos quilómetros de solo açafrão, a mesma terra seca e ocre que guardávamos num profícuo imaginário histórico-colonial.

Retocámo-lo de acordo com a inesperada desilusão. Dias depois, já conformados, inaugurámos o compromisso de redescoberta com que lá tínhamos voltado.

“Eles começaram a chegar por volta de 2002. Daí em diante não pararam de aumentar” conta-nos Raj, o proprietário do apartamento de Calangute que alugámos, a referir-se aos inúmeros charters que desde então aterram em Goa e assim prolongam uma já longa invasão russa.

Inúmeros estabelecimentos assumiram nomes, menus e a sua comunicação em cirílico. Nas ruas, taxistas e vendedores de tudo um pouco abordam-nos em russo convictos da nossa procedência da nação dos czares. O equívoco satura-nos. Deixa-nos ansiosos de comprovarmos que ainda por ali temos raízes ou, vá lá que seja, alguma razão de ser.

O apartamento antes pertencente a um tal de R.S. Coutinho que o decorou com imagens e mensagens cristãs, veio com uma scooter. A motoreta não nos salvou da modernidade rebuscada e poeirenta em que Goa se tinha metido. Permitiu que nos evadíssemos da inesperada salada indiana-russa.

A História Anciã da Velha Goa

No fim de uma das manhãs que por lá passámos, saímos disparados para a Velha Goa, onde a história portuguesa da província havia começado. Cruzamos uma ponte em construção sobre o rio Mandovi, onde uma brigada de trânsito preparada para alvejar turistas, nos desvia duzentas rupias.

Do lado de lá do rio, somos obrigados a seguir por uma via rápida também ela em obras. Duvidávamos cada vez mais do antigo encanto de Goa mas, quando deixamos a tal estrada e passamos para o reduto tropical e ribeirinho da antiga capital da Índia Portuguesa, tudo muda de figura.

Sé Catedral da Velha Goa, Índia

A Sé Catedral, para lá da avenida ampla ladeada por palmeiras-imperiais que a separa da Basílica do Bom Jesus

O calor tórrido e húmido, próprio dos meses de Abril e Maio em que se choca a Monção, faz-nos suar a bem suar.

Quase que cozemos ao longo da alameda de palmeiras-imperiais que nos separa – e à casa de Deus – do domínio da vizinha Sé Catedral, nem mais nem menos que a maior igreja das Ásias.

O momento em que passamos para o interior sombrio e fresco da basílica, chega, assim, com muito de misericordioso.

Basílica do Bom Jesus, Goa Velha, Índia

Comitiva de visitantes muçulmanos prepara-se para visitar a Basílica do Bom Jesus

Photography of people not allowed”, estabelece um dos vários avisos e proibições com que o templo brinda os visitantes. Depreendemos num ápice que os padres e fiéis conservadores procuravam exorcizar a heresia indiana das selfies.

A visão de um grupo de jovens amigos a fotografar-se na companhia forçada de um Jesus de túnica branca, não lhes passou despercebida.

E foi com um misto de devoção e de prazer que os despacharam para o claustro recolhido da igreja, sem direito a paragem diante do túmulo dourado e alegadamente milagroso de São Francisco de Xavier, o missionário lendário das Descobertas.

Ao longo dos tempos, a Velha Goa, gerou respeito e admiração nos quatro cantos da Terra. Como o veem os sacerdotes, não será agora, decorrido mais de meio-milénio da sua fundação, que uns catraios hindus dela irão zumbar.

Da Chegada de Vasco da Gama à Roma do Oriente

A povoação já era, aliás, imponente quando os portugueses a capturaram a um tal de sultão de Bijapur. Agrupava num reduto cercado de muralhas e fosso, o palácio do xá, mesquitas e outros edifícios.

Intolerantes para com a arquirrival civilização muçulmana, a partir de 1510, Afonso de Albuquerque e os seus homens pouco mais lá pouparam que algumas fundações.

Viriam a usá-las como bases dos muitos solares, palacetes, igrejas e catedrais (12 magnificentes em pouco mais que 1km2) que, sendo hoje difícil de imaginar a realidade de então, tornaram Goa uma das mais esplendorosas cidades do Oriente, fulcro da cristianização das Ásias, diz-se que lugar de sete distintos mercados a que afluíam mercadores da China, das Arábias de Zanzibar e de outras paragens da Índia.

Estas e outras virtudes – casos de, a determinada altura, a sua população já suplantar a de Lisboa e a de Londres e de quase todas as ordens religiosas lá estarem activas – granjeou-lhe o epíteto de Roma do Oriente. Goa passou, todavia, do zénite ao declínio, bem mais depressa que a Roma do Lácio.

Em tempos, a entrada na cidade fazia-se directamente do molhe do rio Mandovi para a Rua Direita, com passagem sob o Arco do Vice-Rei mandado erguer por Francisco da Gama, neto de Vasco da Gama que, em 1597, assumiu ele próprio o cargo.

Uma das entradas da Sé Catedral de Goa

Visitante à entrada na nave da Sé Catedral, uma igreja monumental, das maiores da Ásia

Uma Fulminante Decadência Tropico-Colonial

A Rua Direita dava acesso ao centro, num percurso delineado por lojas e pelas mansões palacianas dos seus moradores abastados. De início, o Mandovi foi a via que permitiu a conquista e o desenvolvimento de Goa. O rio veio a revelar-se também o seu verdugo.

Os charcos, pauis e outras águas ainda mais estagnadas após o término da época das chuvas tornaram-se um fulcro de malária e de cólera, epidemias que, entre 1543 e 1630, devastaram quase dois terços da população. Como se não bastasse, nesse período, o rio começou a assorear. As embarcações de maior porte deixaram de poder aportar no molhe da cidade.

Desesperado com a situação, em 1759, o Conde de Alvor, o Vice-Rei de então, decretou a mudança forçada para a actual Pangim, até então uma aldeia junto à foz em que o Mandovi se rende ao Mar da Arábia.

Como resultado das sucessivas tragédias, de mais de 200.000 habitantes, em 1775, subsistiam em Goa apenas 1500. A cidade foi entregue de vez ao tempo. Daí em diante, passou a ser conhecida pelo seu cognome geriátrico.

Visitantes da Basílica do Bom Jesus, Velha Goa, Índia

Visitantes da Basílica do Bom Jesus fotografam uma estátua de Cristo colocada junto ao altar.

Pangim assumiu o estatuto de Nova Goa. Em 1843, já funcionava como sede administrativa da Índia Portuguesa. Lá ganhou expressão um dos mais ricos legados coloniais urbanos deixados pelos portugueses na Índia. Uma herança que, como a de Velha Goa, nos sentíamos impelidos a revisitar.

Pangim e as Vidas Desenquadradas da Nova Goa

Almoçamos no Viva Pangim, um restaurante pitoresco com comida e atmosfera goesa. Linda de Sousa, a dona, confessa-nos que já não fala português. Remete-nos para um cliente esguio e elegante, de calça e camisa, numa mesa ao lado.

Olavo de Santa Rita Lobo faz-nos sentir sem cerimónias que, quase 60 anos depois, estava longe de digerir a indianização de Goa “então e porque é que ficaram lá em cima em Calangute? Aquilo, agora, é só gente maluca, indianos que não têm nada a ver connosco. Bêbados, drogados. Tornou-se até perigoso. Deviam ter ficado cá em Pangim!”

Advogado de profissão, Olavo trata de resolver um crescente número de pedidos de nacionalidade portuguesa que os goeses – mas não só – lhe confiam. “O pessoal de cá, com este governo, não tem empregos. Nem com este nem com os anteriores. Eles são cada vez mais contra a herança portuguesa. Não querem saber de nós.”

Terminamos a refeição e de ouvir o seu queixume. Despedimo-nos. Deixamo-nos perder nas ruelas coloridas e ainda tão lusas do bairro das Fontaínhas. Quase de imediato, uns estranhos guinchos despertam-nos a atenção.

Seguimos-lhes o rasto e damos com o que nos pareceu um violinista louco a praticar de janela aberta.

O Convívio Inusitado com Ivo Furtado

O músico traja uma camisa e calça brancas que pouco mais são que farrapos. Expõe boa parte da sua pele, como o cabelo forte e farto, demasiado branca para que nos restassem dúvidas. “Ainda fala português?” perguntamos-lhe. “Falo, então não falo! Claro que sim.”

Ivo Furtado interrompe a guincharia do violino, chama-nos e concentra o olhar nas nossas máquinas fotográficas. Mostra-nos algumas suas velhas fotos emolduradas e informa-nos que as tirou com uma boa Hasselblad. Perguntamos-lhe se o podemos fotografar a tocar violino o que o deixa meio aflito. “A mim não! Eu gostava de fotografar mas nunca gostei de me ver em fotos.”

Continuamos a falar da sua vida em Pangim. A determinada altura abordamos o tema da integração de Goa na Índia. Ivo corrige-nos como que em brasa: “Independência, não! … invasão. O que foi feito aqui pela Índia foi apenas e só uma invasão.” e disfarça a sua quase cólera com um silêncio estratégico. Temos o tempo contado pelo que nos vemos forçados a despedirmo-nos.

Altinho: o Zénite Católico e pós-Colonial de Pangim

“Estas escadas vão dar ao Altinho, certo?” Ivo confirma-nos a direcção. A meio da subida, damos de caras com o sr. Fernando, a arejar o tronco nu sobre a porta meio aberta da sua pequena casa de telha e perfil luso.

Sr. Fernando, Bairro das Fontaínhas, Pangim, Goa

Sr. Fernando refresca o tronco nu à porta meio-fechada da sua casa a meia-encosta do bairro das Fontaínhas.

Em nova conversa, confirmarmos que nenhum dos três nativos com que nos havíamos cruzado tinham alguma vez posto o pé em Portugal continental. Ainda assim, sentimos em todos eles, um desfasamento da Índia actual e um saudosismo da Goa portuguesa para o qual os anos que lhes restavam não auguravam qualquer solução.

Num ápice, chegamos à altura da colina que abrigava mais uma série de edifícios coloniais imponentes, incluindo o tribunal da cidade e o Palácio do Bispo.

Capela de São Sebastião, Pangim, Goa

Telhados tradicionais portugueses do bairro das Fontaínhas com a capela de São Sebastião em destaque.

Recomeçamos a descer. Damos com o Consulado Português, com bastantes indianos no exterior à espera de resolver os seus pedidos de nacionalidade, à imagem do que nos descrevera Olavo.

A Igreja Mais Emblemática de Pangim

Atingimos a base do monumento mais emblemático da cidade, a Igreja da Nª Srª da Imaculada Conceição. O sol quase poente ilumina-a e à sua estátua da Virgem destacada bem à frente da fachada, a contemplar o Jardim Municipal.

Igreja da Nª; Srª da Imaculada Conceição, Pangim, Goa, Índia

Amigas hindus descem a escadaria da Igreja da Nª; Srª da Imaculada Conceição, o templo cristão mais emblemático de Pangim

Esplendorosa como se revelava, a igreja inspirava a adoração de uma dezena de veraneantes hindus irrequietos, com os smartphones sempre em riste, entretidos com repetidas poses sensuais.

Longe de ser o caso da igreja vedeta de Pangim, demasiados edifícios históricos da cidade sucumbem à falta de proprietários e de cuidado das autoridades estatais que veem como prioridades a autoestrada que atravessará Goa de alto a baixo e a modernização da província em geral.

Invasão ou Libertação: o que foi afinal a conquista indiana de Goa?

Goa deixou de ser portuguesa quando nos dias 18 e 19 de Dezembro de 1961 – 14 anos depois da Índia ter terminado o longo período do Raj colonial britânico e declarado a sua independência – as Forças Armadas Indianas levaram a cabo uma operação aérea, marítima e terrestre de nome Vijay (Victória).

Como seria de esperar, o confronto ficou marcado pela esmagadora superioridade indiana que mobilizou 45.000 soldados, um pequeno porta-aviões e mais de quarenta caças e bombardeiros bem como quinze outras embarcações contra poucos mais de 4000 homens portugueses, uma fragata e três barcos de patrulha.

Na ressaca, a Índia matou trinta homens do lado colonial. Fez 4668 prisioneiros. Mas, mais que isso, terminou com 451 anos de domínio português sobre os territórios que mantinha no subcontinente: Goa, Damão e Diu.

Entre os indianos em geral, a operação foi considerada de libertação. Em Portugal, e para uma boa parte dos goeses como Olavo e Ivo, como uma agressão contra o território português e os seus cidadãos. Boa parte deles, partiram de Goa para Portugal ou outras paragens.

Casario colonial de Pangim, Goa

Casario português de Pangim visto do átrio da Igreja da Nª Srª da Imaculada Conceição.

O Frágil Legado Português

Em Pangim, quase só os habitantes dessa geração que ficaram – mas nem todos – continuam a falar português que deixou de ser ensinado nas escolas.

É sabido que a Fundação Oriente prestava apoio a escolas secundárias que optaram por a ter como segundo dialecto, em vez do inglês. No entanto, o número de alunos tem-se provado insuficiente para abrir turmas.

Chegamos a Janeiro de 2018. O Primeiro-Ministro português António Costa visita Goa a convite do Primeiro-Ministro indiano Narendra Modi.

O pai de António Costa, Orlando da Costa, era goês, bramane e católico, nascido em Lourenço Marques, em 1929, mas criado em Goa, no seio da família de Margão, até à adolescência, altura em que partiu para Lisboa, se viria a tornar escritor e a casar com a jornalista Maria Antónia Palla.

Na Goa actual, não são só os encantadores edifícios seculares que se encontram em risco de colapso. À medida que os moradores mais idosos falecem, a língua portuguesa colapsa.

Igreja da Nª; Srª da Imaculada Conceição, Pangim, Goa

Casal faz as suas últimas fotos do dia na escadaria da Igreja da Nª Srª da Imaculada Conceição.

Durante a sua visita, António Costa manifestou  orgulho por ser o primeiro primeiro-ministro europeu de origem indiana e o desejo de que a sua visita lançasse fundações para uma uma parceria robusta entre a Índia e Portugal, no século XXI. Resta ver se essa parceria se tornará real. E se salvará a deslumbrante cultura colonial luso-goesa.

Mais informação sobre Goa no site Incredible India.

Dawki, Índia

Dawki, Dawki, Bangladesh à Vista

Descemos das terras altas e montanhosas de Meghalaya para as planas a sul e abaixo. Ali, o caudal translúcido e verde do Dawki faz de fronteira entre a Índia e o Bangladesh. Sob um calor húmido que há muito não sentíamos, o rio também atrai centenas de indianos e bangladeshianos entregues a uma pitoresca evasão.
Jaisalmer, Índia

Há Festa no Deserto do Thar

Mal o curto Inverno parte, Jaisalmer entrega-se a desfiles, a corridas de camelos e a competições de turbantes e de bigodes. As suas muralhas, ruelas e as dunas em redor ganham mais cor que nunca. Durante os três dias do evento, nativos e forasteiros assistem, deslumbrados, a como o vasto e inóspito Thar resplandece afinal de vida.
Tawang, Índia

O Vale Místico da Profunda Discórdia

No limiar norte da província indiana de Arunachal Pradesh, Tawang abriga cenários dramáticos de montanha, aldeias de etnia Mompa e mosteiros budistas majestosos. Mesmo se desde 1962 os rivais chineses não o trespassam, Pequim olha para este domínio como parte do seu Tibete. De acordo, há muito que a religiosidade e o espiritualismo ali comungam com um forte militarismo.
Guwahati, India

A Cidade que Venera Kamakhya e a Fertilidade

Guwahati é a maior cidade do estado de Assam e do Nordeste indiano. Também é uma das que mais se desenvolve do mundo. Para os hindus e crentes devotos do Tantra, não será coincidência lá ser venerada Kamakhya, a deusa-mãe da criação.
Dooars, Índia

Às Portas dos Himalaias

Chegamos ao limiar norte de Bengala Ocidental. O subcontinente entrega-se a uma vasta planície aluvial preenchida por plantações de chá, selva, rios que a monção faz transbordar sobre arrozais sem fim e povoações a rebentar pelas costuras. Na iminência da maior das cordilheiras e do reino montanhoso do Butão, por óbvia influência colonial britânica, a Índia trata esta região deslumbrante por Dooars.
Gangtok, Índia

Uma Vida a Meia-Encosta

Gangtok é a capital de Sikkim, um antigo reino da secção dos Himalaias da Rota da Seda tornado província indiana em 1975. A cidade surge equilibrada numa vertente, de frente para a Kanchenjunga, a terceira maior elevação do mundo que muitos nativos crêem abrigar um Vale paradisíaco da Imortalidade. A sua íngreme e esforçada existência budista visa, ali, ou noutra parte, o alcançarem.
Meghalaya, Índia

Pontes de Povos que Criam Raízes

A imprevisibilidade dos rios na região mais chuvosa à face da Terra nunca demoveu os Khasi e os Jaintia. Confrontadas com a abundância de árvores ficus elastica nos seus vales, estas etnias habituaram-se a moldar-lhes os ramos e estirpes. Da sua tradição perdida no tempo, legaram centenas de pontes de raízes deslumbrantes às futuras gerações.

Hampi, India

À Descoberta do Antigo Reino de Bisnaga

Em 1565, o império hindu de Vijayanagar sucumbiu a ataques inimigos. 45 anos antes, já tinha sido vítima da aportuguesação do seu nome por dois aventureiros portugueses que o revelaram ao Ocidente.

Goa, Índia

Para Goa, Rapidamente e em Força

Uma súbita ânsia por herança tropical indo-portuguesa faz-nos viajar em vários transportes mas quase sem paragens, de Lisboa à famosa praia de Anjuna. Só ali, a muito custo, conseguimos descansar.
Ooty, Índia

No Cenário Quase Ideal de Bollywood

O conflito com o Paquistão e a ameaça do terrorismo tornaram as filmagens em Caxemira e Uttar Pradesh um drama. Em Ooty, constatamos como esta antiga estação colonial britânica assumia o protagonismo.
Shillong, India

Selfiestão de Natal num Baluarte Cristão da Índia

Chega Dezembro. Com uma população em larga medida cristã, o estado de Meghalaya sincroniza a sua Natividade com a do Ocidente e destoa do sobrelotado subcontinente hindu e muçulmano. Shillong, a capital, resplandece de fé, felicidade, jingle bells e iluminações garridas. Para deslumbre dos veraneantes indianos de outras partes e credos.
Siliguri a Darjeeling, Índia

Ainda Circula a Sério o Comboio Himalaia de Brincar

Nem o forte declive de alguns tramos nem a modernidade o detêm. De Siliguri, no sopé tropical da grande cordilheira asiática, a Darjeeling, já com os seus picos cimeiros à vista, o mais famoso dos Toy Trains indianos assegura há 117 anos, dia após dia, um árduo percurso de sonho. De viagem pela zona, subimos a bordo e deixamo-nos encantar.
Maguri Bill, Índia

Um Pantanal nos Confins do Nordeste Indiano

O Maguri Bill ocupa uma área anfíbia nas imediações assamesas do rio Bramaputra. É louvado como um habitat incrível sobretudo de aves. Quando o navegamos em modo de gôndola, deparamo-nos com muito (mas muito) mais vida que apenas a asada.
Jaisalmer, Índia

A Vida que Resiste no Forte Dourado de Jaisalmer

A fortaleza de Jaisalmer foi erguida a partir de 1156 por ordem de Rawal Jaisal, governante de um clã poderoso dos confins hoje indianos do Deserto do Thar. Mais de oito séculos volvidos, apesar da contínua pressão do turismo, partilham o interior vasto e intrincado do último dos fortes habitados da Índia quase quatro mil descendentes dos habitantes originais.
Guwahati a Sela Pass, Índia

Viagem Mundana ao Desfiladeiro Sagrado de Sela

Durante 25 horas, percorremos a NH13, uma das mais elevadas e perigosas estradas indianas. Viajamos da bacia do rio Bramaputra aos Himalaias disputados da província de Arunachal Pradesh. Neste artigo, descrevemos-lhe o trecho até aos 4170 m de altitude do Sela Pass que nos apontou à cidade budista-tibetana de Tawang.
PN Kaziranga, Índia

O Baluarte dos Monocerontes Indianos

Situado no estado de Assam, a sul do grande rio Bramaputra, o PN Kaziranga ocupa uma vasta área de pântano aluvial. Lá se concentram dois terços dos rhinocerus unicornis do mundo, entre em redor de 100 tigres, 1200 elefantes e muitos outros animais. Pressionado pela proximidade humana e pela inevitável caça furtiva, este parque precioso só não se tem conseguido proteger das cheias hiperbólicas das monções e de algumas polémicas.
Majuli, Índia

Uma Ilha em Contagem Decrescente

Majuli é a maior ilha fluvial da Índia e seria ainda uma das maiores à face da Terra não fosse a erosão do rio Bramaputra que há séculos a faz diminuir. Se, como se teme, ficar submersa dentro de vinte anos, mais que uma ilha, desaparecerá um reduto cultural e paisagístico realmente místico do Subcontinente.
Chandor, Goa, Índia

Uma Casa Goesa-Portuguesa, Com Certeza

Um palacete com influência arquitectónica lusa, a Casa Menezes Bragança, destaca-se do casario de Chandor, em Goa. Forma um legado de uma das famílias mais poderosas da antiga província. Tanto da sua ascensão em aliança estratégica com a administração portuguesa como do posterior nacionalismo goês.
Delta do Okavango, Nem todos os rios Chegam ao Mar, Mokoros
Safari
Delta do Okavango, Botswana

Nem Todos os Rios Chegam ao Mar

Terceiro rio mais longo do sul de África, o Okavango nasce no planalto angolano do Bié e percorre 1600km para sudeste. Perde-se no deserto do Kalahari onde irriga um pantanal deslumbrante repleto de vida selvagem.
Muktinath a Kagbeni, Circuito Annapurna, Nepal, Kagbeni
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna 14º - Muktinath a Kagbeni, Nepal

Do Lado de Lá do Desfiladeiro

Após a travessia exigente de Thorong La, recuperamos na aldeia acolhedora de Muktinath. Na manhã seguinte, voltamos a descer. A caminho do antigo reino do Alto Mustang e da aldeia de Kagbeni que lhe serve de entrada.
Cabana de Bay Watch, Miami beach, praia, Florida, Estados Unidos,
Arquitectura & Design
Miami Beach, E.U.A.

A Praia de Todas as Vaidades

Poucos litorais concentram, ao mesmo tempo, tanto calor e exibições de fama, de riqueza e de glória. Situada no extremo sudeste dos E.U.A., Miami Beach tem acesso por seis pontes que a ligam ao resto da Florida. É parco para o número de almas que a desejam.
Bungee jumping, Queenstown, Nova Zelândia
Aventura
Queenstown, Nova Zelândia

Queenstown, a Rainha dos Desportos Radicais

No séc. XVIII, o governo kiwi proclamou uma vila mineira da ilha do Sul "fit for a Queen". Hoje, os cenários e as actividades radicais reforçam o estatuto majestoso da sempre desafiante Queenstown.
Cerimónias e Festividades
Militares

Defensores das Suas Pátrias

Mesmo em tempos de paz, detectamos militares por todo o lado. A postos, nas cidades, cumprem missões rotineiras que requerem rigor e paciência.
Cortejo garrido
Cidades
Suzdal, Rússia

Mil Anos de Rússia à Moda Antiga

Foi uma capital pródiga quando Moscovo não passava de um lugarejo rural. Pelo caminho, perdeu relevância política mas acumulou a maior concentração de igrejas, mosteiros e conventos do país dos czares. Hoje, sob as suas incontáveis cúpulas, Suzdal é tão ortodoxa quanto monumental.
Comida
Mercados

Uma Economia de Mercado

A lei da oferta e da procura dita a sua proliferação. Genéricos ou específicos, cobertos ou a céu aberto, estes espaços dedicados à compra, à venda e à troca são expressões de vida e saúde financeira.
Mar-de-Parra
Cultura
Mendoza, Argentina

Viagem por Mendoza, a Grande Província Enóloga Argentina

Os missionários espanhóis perceberam, no século XVI, que a zona estava talhada para a produção do “sangue de Cristo”. Hoje, a província de Mendoza está no centro da maior região enóloga da América Latina.
Fogo artifício de 4 de Julho-Seward, Alasca, Estados Unidos
Desporto
Seward, Alasca

O 4 de Julho Mais Longo

A independência dos Estados Unidos é festejada, em Seward, Alasca, de forma modesta. Mesmo assim, o 4 de Julho e a sua celebração parecem não ter fim.
formas de pagamento em viagem, fazer compras no estrangeiro
Em Viagem
Viajar Não Custa

Na próxima viagem, não deixe o seu dinheiro voar

Nem só a altura do ano e antecedência com que reservamos voos, estadias etc têm influência no custo de uma viagem. As formas de pagamento que usamo nos destinos pode representar uma grande diferença.
Remadores Intha num canal do Lago Inlé
Étnico
Lago Inle, Myanmar

A Deslumbrante Birmânia Lacustre

Com uma área de 116km2, o Lago Inle é o segundo maior lago do Myanmar. É muito mais que isso. A diversidade étnica da sua população, a profusão de templos budistas e o exotismo da vida local, tornam-no um reduto incontornável do Sudeste Asiático.
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Portfólio Got2Globe

A Vida Lá Fora

Moa numa praia de Rapa Nui/Ilha da Páscoa
História
Ilha da Páscoa, Chile

A Descolagem e a Queda do Culto do Homem-Pássaro

Até ao século XVI, os nativos da Ilha da Páscoa esculpiram e idolatraram enormes deuses de pedra. De um momento para o outro, começaram a derrubar os seus moais. Sucedeu-se a veneração de tangatu manu, um líder meio humano meio sagrado, decretado após uma competição dramática pela conquista de um ovo.
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Martinica, Antilhas Francesas

Caraíbas de Baguete debaixo do Braço

Circulamos pela Martinica tão livremente como o Euro e as bandeiras tricolores esvoaçam supremas. Mas este pedaço de França é vulcânico e luxuriante. Surge no coração insular das Américas e tem um delicioso sabor a África.
Quebra-Gelo Sampo, Kemi, Finlândia
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Não é Nenhum “Barco do Amor”. Quebra Gelo desde 1961

Construído para manter vias navegáveis sob o Inverno árctico mais extremo, o quebra-gelo Sampo” cumpriu a sua missão entre a Finlândia e a Suécia durante 30 anos. Em 1988, reformou-se e dedicou-se a viagens mais curtas que permitem aos passageiros flutuar num canal recém-aberto do Golfo de Bótnia, dentro de fatos que, mais que especiais, parecem espaciais.
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Literatura
Lanzarote, Canárias, Espanha

A Jangada de Basalto de José Saramago

Em 1993, frustrado pela desconsideração do governo português da sua obra “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, Saramago mudou-se com a esposa Pilar del Río para Lanzarote. De regresso a esta ilha canária algo extraterrestre, reencontramos o seu lar. E o refúgio da censura a que o escritor se viu votado.
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Natureza
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Uma Volta pelo Volta

Em tempos coloniais, a grande região africana do Volta foi alemã, britânica e francesa. Hoje, a área a leste deste rio majestoso da África Ocidental e do lago em que se espraia forma uma província homónima. E um recanto montanhoso, luxuriante e deslumbrante do Gana.
Sheki, Outono no Cáucaso, Azerbaijão, Lares de Outono
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Outono no Cáucaso

Perdida entre as montanhas nevadas que separam a Europa da Ásia, Sheki é uma das povoações mais emblemáticas do Azerbaijão. A sua história em grande parte sedosa inclui períodos de grande aspereza. Quando a visitámos, tons pastéis de Outono davam mais cor a uma peculiar vida pós-soviética e muçulmana.
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Fuerteventura, Ilhas Canárias, Espanha

A (a) Ventura Atlântica de Fuerteventura

Os romanos conheciam as Canárias como as ilhas afortunadas. Fuerteventura, preserva vários dos atributos de então. As suas praias perfeitas para o windsurf e o kite-surf ou só para banhos justificam sucessivas “invasões” dos povos do norte ávidos de sol. No interior vulcânico e rugoso resiste o bastião das culturas indígenas e coloniais da ilha. Começamos a desvendá-la pelo seu longilíneo sul.
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A Orla Vulcânica das Canárias e do Velho Mundo

Até Colombo ter chegado às Américas, El Hierro era vista como o limiar do mundo conhecido e, durante algum tempo, o Meridiano que o delimitava. Meio milénio depois, a derradeira ilha ocidental das Canárias fervilha de um vulcanismo exuberante.
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Harare, Zimbabwe

O Último Estertor do Surreal Mugabué

Em 2015, a primeira-dama do Zimbabué Grace Mugabe afirmou que o presidente, então com 91 anos, governaria até aos 100, numa cadeira-de-rodas especial. Pouco depois, começou a insinuar-se à sua sucessão. Mas, nos últimos dias, os generais precipitaram, por fim, a remoção de Robert Mugabe que substituiram pelo antigo vice-presidente Emmerson Mnangagwa.
Cruzeiro Princess Yasawa, Maldivas
Praias
Maldivas

Cruzeiro pelas Maldivas, entre Ilhas e Atóis

Trazido de Fiji para navegar nas Maldivas, o Princess Yasawa adaptou-se bem aos novos mares. Por norma, bastam um ou dois dias de itinerário, para a genuinidade e o deleite da vida a bordo virem à tona.
Jerusalém deus, Israel, cidade dourada
Religião
Jerusalém, Israel

Mais Perto de Deus

Três mil anos de uma história tão mística quanto atribulada ganham vida em Jerusalém. Venerada por cristãos, judeus e muçulmanos, esta cidade irradia controvérsias mas atrai crentes de todo o Mundo.
A Toy Train story
Sobre Carris
Siliguri a Darjeeling, Índia

Ainda Circula a Sério o Comboio Himalaia de Brincar

Nem o forte declive de alguns tramos nem a modernidade o detêm. De Siliguri, no sopé tropical da grande cordilheira asiática, a Darjeeling, já com os seus picos cimeiros à vista, o mais famoso dos Toy Trains indianos assegura há 117 anos, dia após dia, um árduo percurso de sonho. De viagem pela zona, subimos a bordo e deixamo-nos encantar.
mercado peixe Tsukiji, toquio, japao
Sociedade
Tóquio, Japão

O Mercado de Peixe que Perdeu a Frescura

Num ano, cada japonês come mais que o seu peso em peixe e marisco. Desde 1935, que uma parte considerável era processada e vendida no maior mercado piscícola do mundo. Tsukiji foi encerrado em Outubro de 2018, e substituído pelo de Toyosu.
Visitantes nas ruínas de Talisay, ilha de Negros, Filipinas
Vida Quotidiana
Talisay City, Filipinas

Monumento a um Amor Luso-Filipino

No final do século XIX, Mariano Lacson, um fazendeiro filipino e Maria Braga, uma portuguesa de Macau, apaixonaram-se e casaram. Durante a gravidez do que seria o seu 11º filho, Maria sucumbiu a uma queda. Destroçado, Mariano ergueu uma mansão em sua honra. Em plena 2ª Guerra Mundial, a mansão foi incendiada mas as ruínas elegantes que resistiram eternizam a sua trágica relação.
Crocodilos, Queensland Tropical Australia Selvagem
Vida Selvagem
Cairns a Cape Tribulation, Austrália

Queensland Tropical: uma Austrália Demasiado Selvagem

Os ciclones e as inundações são só a expressão meteorológica da rudeza tropical de Queensland. Quando não é o tempo, é a fauna mortal da região que mantém os seus habitantes sob alerta.
Pleno Dog Mushing
Voos Panorâmicos
Seward, Alasca

O Dog Mushing Estival do Alasca

Estão quase 30º e os glaciares degelam. No Alasca, os empresários têm pouco tempo para enriquecer. Até ao fim de Agosto, o dog mushing não pode parar.