Tóquio, Japão

Fotografia Tipo-Passe à Japonesa


Purikura entre amigas
Grupo de colegas fotografa-se num estúdio purikura de Shibuya.
Interior cabine Purikura
Luzes de flash de uma cabina de Purikura.
Purikura Machine
Painel de uma máquina de Purikura.
Album de recordações
Mini fotografias deixadas por clientes de um estúdio Purikura de Shibuya.
Cliente usa uma máquina de Purikura-Shibuya-Tóquio-Japão
Cliente usa uma máquina de Purikura abrigada numa cabine elegante.
Noite de Tóquio
Transeuntes percorrem uma rua repleta de outdoors iluminados.
Uma Cliente Parda
Clientes aguardam pela sua vez num estúdio de Purikura de Shibuya, Japão.
Magia escondida
Pormenor de um painel de cabine de Purikura.
A Caneta Mágica
Jovem cliente retoque uma fotografia acabada de tirar num estúdio Purikura.
Purikura de saias
Clientes divertem-se nas suas cabines de Purikura.
Sessão Privada
Cliente usa uma máquina de Purikura com a privacidade assegurada por uma cabine garrida.
Preparativos
Cliente maquilha-se antes de entrar para uma casa de Purikura de Shibuya.
Cartaz Exemplo
Um cartaz promocional de Purikura, com jovens modelos fotogénicas.
Partilha Purikura
Duas amigas partilham fotografias purikura de telemóvel para telemóvel.
Criatividade a 2
Casal de namorados ilustra uma imagem de ambos a seu bel-prazer.
Vivid Beauty
Outro cartaz inspirador decora um estúdio de Purikura de Shibuya.
No fim da década de 80, duas multinacionais nipónicas já viam as fotocabines convencionais como peças de museu. Transformaram-nas em máquinas revolucionárias e o Japão rendeu-se ao fenómeno Purikura.

O casaco de peles, os botins pretos de cano alto acima do joelho e os calções de ganga diminutos são pouco fiéis aos visuais aconselhados no interior do estúdio mas nada parece desmotivar a jovem gyaru.

O recanto da rua movimentada de Shibuya está longe de lhe conceder alguma privacidade mas, enquanto manipula o pincel de rímel à pressa, só o seu reflexo no pequeno espelho e o volume das longas pestanas parecem contar.

Uma mala já etiquetada sugere-nos que a adolescente está prestes a viajar e que quer levar consigo uma recordação narcisista dos últimos tempos em Tóquio.

Cliente em maquilhagem, Purikura, Shibuya, Tóquio, Japão

Cliente maquilha-se antes de entrar para uma casa de Purikura de Shibuya.

No interior, a loja confirma-se tão movimentada como colorida. É a terceira vez que lá entramos. Logo na primeira, fomos elucidados de que não podíamos fotografar nem os outros clientes nem com máquinas profissionais.

A proibição obriga-nos a um complicado jogo do gato e do rato com o funcionário de serviço, no labirinto das cabines que supervisiona.

Cortinas decoradas com flores e imagens de amigas com peles imaculadas, grandes olhos quase ocidentais,  cabelos caju ou alourados lustrosos e sorrisos brilhantes fecham os espaços dos aparelhos à imaginação ou capacidade de imitação dos utilizadores.

Muitos não se fazem de rogados e inspiram-se naqueles visuais que os criadores baptizaram em nipónico mas com complementos semi-preciosos em inglês: Pink Eye, Jewel is Saphire, Jewella, entre outros.

Cabine Saphire, Purikura, Tóquio, Japão

Cliente usa uma máquina de Purikura abrigada numa cabine elegante.

Introduzidos os 500 ou 600 ienes requeridos na ranhura, os clientes correm para a zona fotográfica da cabine, assumem as poses e as expressões mais frescas de que se conseguem lembrar.

Aguardam o fim da contagem Uan, tsū, surii, pōzu (adaptada do inglês – One, two, three, Pose)  enunciada por video-anfitriãs com vozes femininas e juvenis e deixam-se congelar pelos flashes potentes.

Foto de Grupo, Purikura, Japão

Grupo de colegas fotografa-se num estúdio purikura de Shibuya.

Em qualquer cabine de fotografia convencional, a experiência terminaria por aqui mas, a tecnologia japonesa tratou de a enriquecer para depois  rentabilizar.

Percorremos os corredores entre as cabines e, através das cortinas entreabertas, percebemos o entusiasmo dos grupos de amigas e dos casais que, em contra-relógio, decoram as suas imagens com estrelinhas, corações, flores, arco-íris e restante miríade de símbolos e efeitos que as canetas digitais e os menus complexos dos ecrãs lhes permitem combinar.

Casal retoca Purikura, Shibuya, Tóquio, Japão

Casal de namorados ilustra uma imagem de ambos a seu bel-prazer.

A Ideia Genial Ignorada

Foi esta a visão que Sasaki Miho teve e que transmitiu à companhia para que trabalhava – a Atlus, criadora de jogos de computador – permitindo-lhe desenvolver, em parceria com a famosa SEGA, os aparelhos de Purikura revolucionários.

Miho inspirou-se no hobby da juventude nipónica de enfeitar as capas dos livros da escola, mochilas, armários, telemóveis e tudo o mais com figurinhas populares nipónicas e lembrou-se que se poderia transpor o hábito para formato electrónico.

Por mais estranho que agora pareça, quando os primeiros modelos das estranhas máquinas surgiram no mercado, em 1995, suscitaram pouco interesse.

Cartaz Purikura, Shibuya, Tóquio, Japão

Um cartaz promocional de Purikura, com jovens modelos fotogénicas.

Por Fim, o Fenómeno Nipónico da Fotografia Purikura

Mas, alguns anos de persistência depois, a banda J-Pop (leia-se Japanese pop) SMAP ofereceu fotos suas produzidas em Purikura, ao vivo num programa de televisão e deu o mote.

A ideia não tardou a ser copiada por outros grupos de música e personalidades. E a moda de produzir, trocar e coleccionar estas fotos divertidas depressa se alastrou entre as adolescentes.

Na Primavera de 1998, já existiam cerca de 25.000 cabines por todo o país e muitas imitações. Outros empresários oportunistas foram instalando, na proximidade, casas de fatos cosplay (costume play) cabeleiras e de outros adereços, ideia que, entretanto, alguns estúdios purikura vieram a assimilar.

Popularizou-se, assim, o conceito de um Print Club japonês que os mais jovens converteram primeiro para um gairaigo (transliteração) quase obrigatório, “purinto kurabu” e, logo, abreviaram para Purikura.

Muito Mais que Simples Fotos de Passe

A materialização da Purikura é opcional. Vemos a história repetir-se, nas lojas de Shibuya e em tantas outras espalhadas pelo resto do país.

Fotos purikura, Japão

Mini fotografias deixadas por clientes de um estúdio Purikura de Shibuya.

Saídos das máquinas de “design” – chamemos-lhes assim – os utilizadores decidem se recebem a imagem final em folhas de contacto de papel brilhante ou, através de um sistema semelhante ao Bluetooth, directamente para os ecrãs dos seus telemóveis, tablets e companhia de última geração.

Como pudemos comprovar, primeira escolha exige algum trabalho de tesoura, para separação das tiras ou imagens individuais que podem sair de distintos tamanhos. A última prova-se mais prática e permite cópias e reenvios fáceis e imediatos enquanto MMS ou emails.

Amigas passam fotografias-Purikura, Shibuya, Tóquio, Japão

Duas amigas partilham fotografias purikura de telemóvel para telemóvel.

Desde que o fluxo de clientes seja elevado, qualquer uma das máquinas e modalidades é altamente proveitosa.

De acordo, encontramos purikuras por todo o Japão urbano e até em alguns recantos mais rurais, tanto em casas de máquinas de jogos como em estúdios próprios onde a quantidade e a variedade aumenta e a decoração, desde a fachada do estabelecimento à porta de saída, lhes é inteiramente dedicada.

Uma vez que se banalizou a base fotográfica da Purikura foram lançados no mercado desenvolvimentos ambiciosos, com expoente óbvio nas chamadas Videkura, máquinas que permitem a criação e envio de pequenos vídeos através da rede de telemóvel ou da Internet.

Diferentes empresas optaram por atrair públicos-alvo distintos com conceitos que lhes são atractivos. A Love & Berry apostou nos relacionamentos amorosos, as Mushi King e Naruto permitem aos aficionados das artes marciais exibirem os seus movimentos de combate mais impressionantes.

Cabine fotográfica, Purikura, Japão

Luzes de flash de uma cabina de Purikura.

Uma outra, criada pela companhia Ututu, escolheu o nome MYSQ – My Style So Qute e parece condenada ao sucesso ao desafiar os utilizadores a produzir vídeos de diversos estilos com recurso a efeitos especiais e música.

A Inovação Tecnológica e a Expansão Internacional da Purikura

Como é de esperar, nem a invenção original nem estas evoluções se ficam pelo Japão. Descobriu-se há alguns anos que Taipé, capital de Taiwan e imitadora atenta das novidades japonesas, já era a cidade com maior número de máquinas per capita.

Em Ximen – a sua Shibuya – há inclusive um edifício com três andares equipado com dezenas de Purikura de última geração.

Na China continental, o mais normal é existirem modelos antigos, em casas de jogos ou pequenas lojas. Banguecoque e Manila também são clientes regulares enquanto na Austrália – onde a população japonesa, chinesa e coreana não pára de aumentar – e em alguns países ocidentais, as máquinas surgem quase sempre em pequeno número.

Durante uma excursão em que tomamos parte pelo Outback do Red Centre e Território do Norte, as sucessivas brincadeiras com máquinas digitais trazem à conversa o tema purikura.

Yummi, uma das várias passageiras participantes nipónicas, reage de pronto, ao mesmo tempo entusiasmada e envergonhada com o protagonismo que está prestes a assumir: “I have !! Look here, so many !!!”. E saca da carteira e de um PDA para nos exibir a sua extensa colecção.

No Japão, qualquer transeunte até aos quarenta anos é um potencial utilizador das Purikura mas alguns são mais que outros. Os  grupos de colegas teenagers a caminho ou de regresso da escola nos seus uniformes de casaco,  pulôver escuro e saia encurtada com meias pouco abaixo do joelho provaram-se as clientes perfeitas.

Cabines de Purikura, Tóquio, Japão

Clientes divertem-se nas suas cabines de Purikura.

Logo em seguida, vêm as amigas exuberantes um pouco mais velhas que se livraram dessa fase ditatorial da vida e dedicam a maior parte do seu tempo a embelezar-se para apurar a sua identidade.

Para muitas raparigas e mulheres, as purikura funcionam como mais uma extensão dessa busca perfumada de sentido e são elas a principal razão de ser do fenómeno.

Numa tarde de diversão, cada uma pode gastar até 4000 ienes (40€). Chegámos a ver filas longas em frente de algumas máquinas recém-saídas ou mais populares.

Clientes em Purikura, Shibuya, Tóquio, Japão

Adolescente de Tóquio aguardam pela sua vez num estúdio de Purikura de Shibuya, Japão.

Mas certos desvios comportamentais em redor do fenómeno vieram desafiar a harmonia instalada da sociedade hipócrita japonesa. O problema tornou-se mais sério quando certos homens passaram a visitar as casas com o objectivo de seduzir e engatar adolescentes.

E agravou-se quando algumas dessas adolescentes começaram a deixar prints seus com números de telefone, oferecendo-se para novas amizades ou enjo kosai, como são chamadas no Japão, as relações financeiramente assistidas.

Cartaz Beauty Vivid-Purikura, Shibuya, Tóquio, Japão

Outro cartaz inspirador decora um estúdio de Purikura de Shibuya.

A reacção ao escândalo surgiu em pouco tempo, com a proibição da entrada de homens nas casas de Purikura se não estivessem acompanhados de amigas ou namoradas e a instalação de cabines para uso único de casais.

Esta restrição era esperada. Estamos a falar de uma nação com costumes espartanos e moral aparentemente imaculada em que a as pessoas quase nunca tocam as outras, ou mostram afecto, em público.

Da Purikura à Videkura

Banalizado o envio das imagens para os telemóveis (de onde podem ser remetidas para outros telemóveis ou dispositivos enquanto MMS ou e-mails), foram lançados recentemente no mercado desenvolvimentos ambiciosos, com expoente óbvio nas chamadas Videkura.

Como o nome deixa entender, estas máquinas permitem a criação de pequenos vídeos e o seu envio através da rede de telemóvel ou da Internet.

Painel de Purikura, Tóquio, Japão

Painel de uma máquina de Purikura.

No reino do imperador, qualquer protótipo revolucionário depressa se converte num lixo tecnológico ou, com alguma sorte, numa peça de museu.

Apesar da modernização permanente a que são sujeitas, as Purikura continuam a merecer o respeito devido por parte das fãs. Afinal, estas cabines prodigiosas há dez anos que fazem parte das suas vidas.

E tornam mais feliz a vida do Japão.

Tóquio, Japão

Pachinko: o Vídeo - Vício Que Deprime o Japão

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Japão

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Tóquio, Japão

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Tóquio, Japão

Ronronares Descartáveis

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Tóquio, Japão

À Moda de Tóquio

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Tóquio, Japão

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Tóquio, Japão

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Tóquio, Japão

Os Hipno-Passageiros de Tóquio

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Quioto, Japão

Sobrevivência: A Última Arte Gueixa

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Takayama, Japão

Takayama do Japão Antigo e da Hida Medieval

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Longsheng, China

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Um Sol, tantas Luzes

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Quioto, Japão

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Nara deixou, há muito, de ser capital e o seu templo Todai-ji foi despromovido. Mas o Grande Salão mantém-se o maior edifício antigo de madeira do Mundo. E alberga o maior buda vairocana de bronze.
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Reerguida da devastação causada pela 2ª Guerra Mundial, Okinawa recuperou a herança da sua civilização secular ryukyu. Hoje, este arquipélago a sul de Kyushu abriga um Japão à margem, prendado por um oceano Pacífico turquesa e bafejado por um peculiar tropicalismo nipónico.
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Cidade
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Pelas Terras Moçambicanas do Chá

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Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
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Safari
Esteros del Iberá, Argentina

O Pantanal das Pampas

No mapa mundo, para sul do famoso pantanal brasileiro, surge uma região alagada pouco conhecida mas quase tão vasta e rica em biodiversidade. A expressão guarani Y berá define-a como “águas brilhantes”. O adjectivo ajusta-se a mais que à sua forte luminância.
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Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 3º- Upper Pisang, Nepal

Uma Inesperada Aurora Nevada

Aos primeiros laivos de luz, a visão do manto branco que cobrira a povoação durante a noite deslumbra-nos. Com uma das caminhadas mais duras do Circuito Annapurna pela frente, adiamos a partida tanto quanto possível. Contrariados, deixamos Upper Pisang rumo a Ngawal quando a derradeira neve se desvanecia.
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Arquitectura & Design
Tbilisi, Geórgia

Geórgia ainda com Perfume a Revolução das Rosas

Em 2003, uma sublevação político-popular fez a esfera de poder na Geórgia inclinar-se do Leste para Ocidente. De então para cá, a capital Tbilisi não renegou nem os seus séculos de história também soviética, nem o pressuposto revolucionário de se integrar na Europa. Quando a visitamos, deslumbramo-nos com a fascinante mixagem das suas passadas vidas.
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Aventura
Queenstown, Nova Zelândia

Queenstown, a Rainha dos Desportos Radicais

No séc. XVIII, o governo kiwi proclamou uma vila mineira da ilha do Sul "fit for a Queen". Hoje, os cenários e as actividades radicais reforçam o estatuto majestoso da sempre desafiante Queenstown.
Festival MassKara, cidade de Bacolod, Filipinas
Cerimónias e Festividades
Bacolod, Filipinas

Um Festival para Rir da Tragédia

Por volta de 1980, o valor do açúcar, uma importante fonte de riqueza da ilha filipina de Negros caia a pique e o ferry “Don Juan” que a servia afundou e tirou a vida a mais de 176 passageiros, grande parte negrenses. A comunidade local resolveu reagir à depressão gerada por estes dramas. Assim surgiu o MassKara, uma festa apostada em recuperar os sorrisos da população.
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Cidades
Pirenópolis, Brasil

Uma Pólis nos Pirinéus Sul-Americanos

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Comida do Mundo

Gastronomia Sem Fronteiras nem Preconceitos

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Celebração Nahuatl
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Cidade do México, México

Alma Mexicana

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Desporto
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A Corrida Mais Louca do Topo do Mundo

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A Lei de Murphy Sideral que Condenou os Dinossauros

Cientistas que estudam a cratera provocada pelo impacto de um meteorito há 66 milhões de anos chegaram a uma conclusão arrebatadora: deu-se exatamente sobre uma secção dos 13% da superfície terrestre suscetíveis a tal devastação. Trata-se de uma zona limiar da península mexicana de Iucatão que um capricho da evolução das espécies nos permitiu visitar.
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