Ilha do Pico, Açores

Ilha do Pico: o Vulcão dos Açores com o Atlântico aos Pés


Atalho
Habitante do Pico empurra um bebe ao longo de uma das canadas (caminhos de pedra) que atravessam as vinhas da Madalena.
Pico Rosa
Nuvem cogumelo rosada coroa o cume da montanha do Pico, o tecto de Portugal, na ilha do Pico
Descensao
Mónica mota desce o trecho íngreme do Piquinho à grande cratera da montanha do Pico.
Água, Terra e Fogo
Caminhante sobe o trilho a caminho para o cume da montanha enquanto as nuvens se sucedem sobre as terras mais baixas e férteis da ilha do Pico.
No Cimo de Portugal
Guia açoriano e montanheiro no cimo do Piquinho, por detrás de uma névoa persistente
Gado Organizado
Vacas ocupam uma encosta da ilha do Pico bem acima de Lajes do Pico.
A flor
Cantora provocadora protagoniza o cartaz das festas religiosas de Santa Luzia, São Roque do Pico.
Currais do Pico
Os incontáveis currais que os colonos da ilha do Pico ergueram para assim fazerem crescer videiras.
labirinto lava-Ilha-do-pico-vulcao-açores-montanha-atlântico
Vacas pastam na paisagem de minifúndio açoriano demarcado por muros de basalto.
Ao Vento
Visitantes do Pico exploram o moinho do Frade, no Lajido da Criação Velha, Madalena.
Uvas Vulcânicas
Videira e uvas suportadas pela solidez de basalto de um muro.
Mais uma conquista
Mónica Mota, guia montanhista agora residente no Pico repousa na grande cratera, com o Piquinho aparentemente fumegante por trás.
Terra e Mar
Vista do Atlântico e da ilha vizinha do Faial a partir da grande cratera do vulcão Pico.
Encosta Fértil
Litoral sudeste do Pico, com a terra cultivada muitas dezenas de metro acima do nível do mar
Lavas altas
Lava entrançada abaixo do Piquinho da montanha-vulcão do Pico.
Vias vulcânicas
Anfitriã ajuda a iluminar o mais longo dos túneis de lava açorianos conhecidos, com mais de 5km, no prolongamento da Gruta das Torres.
Abrigo
Vaca abrigada atrás de uma sebe natural densa em terras mais altas da ilha.
Vinhas de Lava
O lusco-fusco prestes a instalar-se sobre o Pico da Madalena os muros das vinhas com as nuvens ainda rosadas pelo pôr-do-sol.
Por um mero capricho vulcânico, o mais jovem retalho açoriano projecta-se no apogeu de rocha e lava do território português. A ilha do Pico abriga a sua montanha mais elevada e aguçada. Mas não só. É um testemunho da resiliência e do engenho dos açorianos que domaram esta deslumbrante ilha e o oceano em redor.

A Ascensão Nocturna ao Pico

Pouco passa das três da manhã quando Mónica Mota, da Épico nos dá o sinal de partida para o tecto de Portugal e da Ilha do Pico.

Daí em diante, durante mais de três horas, guiados pela experiência da guia e à luz dos frontais, serpenteámos encosta acima. Subimos ora firmes ora a escorregarmos na gravilha de lava que, aqui e ali, cobria o trilho.

De mochilas mais pesadas do que desejávamos às costas, os passos depressa se começaram a tornar dolorosos. Disfarçámos o desconforto e o muito esforço que faltava a falarmos de tudo o que nos lembrávamos.

Só conhecíamos a Mónica desde há uns passos. Temas de conversa, como, fôlego e forças, nunca nos faltaram.

O trilho ideal é assinalado por marcadores numerados. São 45 até ao topo. De início, temos a sensação que se sucedem num ápice.

Aos poucos, a sua contagem parece quantificar de igual modo o grau de inquietação pelo que subsiste até pormos os olhos no derradeiro. “Os primeiros estão mais separados.” afiança-nos Mónica no seu tom tranquilizante.

A Aurora Encharcada no Grande Cimo da Ilha do Pico

Chegamos à entrada da grande cratera. Um vento desvairado renova uma névoa densa e atira-nos com uma chuva gélida e cortante. É sob este massacre meteorológico que vencemos os derradeiros metros ao cume supremo do Piquinho. Após o que nos instalámos à espera da alvorada.

Ilha do Pico, Montanha Vulcão Açores, aos Pés do Atlântico

Mónica Mota, guia montanhista agora residente no Pico repousa na grande cratera, com o Piquinho aparentemente fumegante por trás.

O sol nasceu. Mas brotou por detrás de um manto denso de nuvens que pouco ou nada se coloriram. Mantivemo-nos o mais abrigados possível das rajadas atrás de umas rochas e sobre uma fumarola que nos aliviava de um crescente torpor.

Esperámos. Sem condições para fotografar, desesperámos e decidimos descer de volta à grande cratera. Abrigámo-nos da intempérie numa cova de lava a que os guias chamaram de hotel.

Trocámos alguma roupa, bebemos bebidas quentes e recuperámos energias para o regresso.

Quando saíamos da toca, as nuvens davam lugar a um sol radioso. Tínhamos sido os únicos a subir de noite e demorámo-nos no cume. Por aquela hora, com o sol já bem acima do horizonte, chegavam as primeiras pessoas que tinham partido ao amanhecer.

Ilha do Pico, Montanha Vulcão Açores, aos Pés do Atlântico

Vista do Atlântico e da ilha vizinha do Faial a partir da grande cratera do vulcão Pico.

Renato, um guia que está prestes a cumprir as suas duas mil subidas ao Piquinho, confraternizou por momentos com Mónica e incitou-nos a lá regressarmos.

Regresso Doloroso ao Piquinho

De novo naquele topo excêntrico de Portugal, o grande astro aquecia-nos e às vistas.

Concedeu-nos, por fim, o deslumbre que tínhamos feito por merecer: a toda a volta, os retalhos verdes das terras mais baixas da ilha do Pico e o azul-escuro do Atlântico a nossos pés; do lado de lá do canal, a silhueta familiar do Faial, os cenários sobrevoados e ensombrados por umas poucas nuvens velozes que, ainda assim, se tinham deixado tresmalhar.

Ilha do Pico, Montanha Vulcão Açores, aos Pés do Atlântico

Mónica mota desce o trecho íngreme do Piquinho à grande cratera da montanha do Pico.

Como é habitual nestas lides montanheiras, o retorno ao sopé da encosta provou-se tão castigador como a ascensão. Só que o breu dera lugar a paisagens comoventes.

Outras nuvens, estas rasteiras, também jogavam às sombras com a lava negra-prata envolvente e com os prados ondulantes a que ansiávamos voltar.

Entretidos com aquele festim dos sentidos e com as incontáveis paragens para contemplarmos e fotografarmos, perdemo-nos no tempo. Estávamos prestes a entrar na Casa da Montanha que marcava o término da aventura quando Mónica nos chamou à realidade.

“Sabem que horas são?” perguntou-nos. “São outra vez três; três… da tarde. Vocês bateram todos os recordes, nunca me tinha demorado tanto lá em cima”. Não fazíamos a mínima ideia.

O que sabíamos era que a jornada que ali completávamos se confirmava inolvidável. Sentiríamos para sempre orgulho em a termos terminado e em podermos testemunhar a beleza e a imponência da montanha do Pico.

As Origens e Profundezas Geológicas da Ilha do Pico

Ao pé das restantes ilhas dos Açores, a ilha do Pico é recém-nascida. A “data” da sua formação suscitou um aceso debate assente numa amplitude temporal que vai desde há 250.000 anos até ao milhão e meio ou dois milhões de anos.

O tema apaixona de igual maneira alguns jovens do Núcleo Picoense da associação “Os Montanheiros” que estudam a Gruta das Torres, o maior tubo lávico até agora descoberto nos Açores, com mais de 5

Túnel de Lava, Ilha do Pico, Montanha Vulcão Açores, aos Pés do Atlântico

Anfitriã ajuda a iluminar o mais longo dos túneis de lava açorianos conhecidos, com mais de 5km, no prolongamento da Gruta das Torres.

km de extensão. Já tínhamos conquistado o tecto de todo o Portugal.

Pareceu-nos justo descermos às suas profundezas.

Embrenhámo-nos na gruta e seguimos os passos do guia Luís Freitas e de colegas que, de lanternas em riste, nos mostraram as distintas formações deixadas pelo arrefecimento da lava corrente, com nomes provindos de onde o fenómeno ainda abunda, o Havaii.

Admirámos as marcas da lava ‘a ‘a e pahoehoe e uma série de outros caprichos geológicos milenares.

O Vinho que Brota da Lava do vulcão Pico

De volta à superfície, dedicámo-nos ao mais improvável produto do vulcanismo da ilha do Pico: as vinhas que os prodigiosos picoenses lá fizeram proliferar.

Currais, Ilha do Pico, Montanha Vulcão Açores, aos Pés do Atlântico

Os incontáveis currais que os colonos da ilha do Pico ergueram para assim fazerem crescer videiras.

Os primeiros colonos instalaram-se na ilha do Pico na segunda metade do século XV, crê-se que depois de terem deixado manadas de gado ainda na primeira metade.

Provinham, em grande parte, do norte de Portugal e chegaram via ilha Terceira e Graciosa, ilhas em que se tinham antes fixado.

Numa primeira fase, proliferar na ilha do Pico pareceu-lhes uma missão complicada. Com o tempo, o cultivo de trigo provou-se viável.

O reforço da produção de pastel-dos-tintureiros e de outras plantas usadas na produção de tintas e corantes então exportadas para a Flandres facilitou o assentamento. Primeiro nas Lajes, logo, em São Roque.

À altura, muitos dos terratenentes açorianos residentes na Horta que já produziam vinhos no Faial e noutras ilhas, tornaram-se proprietários de parcelas consideráveis da ilha do Pico.

Os Cultivos Pioneiros dos Eclesiásticos

Crê-se que foi um franciscano conhecido por Frei Pedro Gigante quem lá cravou as primeiras vinhas da casta Verdelho, com origem mediterrânea mas, naquele caso, quase de certeza trazidas da Madeira.

No fim do século XVI, a ilha do Pico produzia vinho em quantidade e considerado melhor do que o das restantes ilhas.

Ilha do Pico, Montanha Vulcão Açores, aos Pés do Atlântico

Videira e uvas suportadas pela solidez de basalto de um muro.

De tal maneira que, uns anos depois, vários proprietários alastraram a sua produção na zona ocidental, em redor da maior cidade da ilha, Madalena, a povoação mais próxima do Faial em que aportámos oriundos da Horta.

As vinhas do ocidente da ilha do Pico tomaram quase toda a área do Lajido de Santa Luzia e da Criação Velha, esta, uma área próxima de Madalena antes dedicada à pecuária.

Os seus microfúndios (2 por 6 metros) delimitados e protegidos do vento e da névoa marinha por incontáveis muros de pedras basálticas repetem-se encosta abaixo, até quase à beira do Atlântico.

No interior destas pequenas estufas vulcânicas a que os produtores chamaram “currais” despontam há séculos os bacelos e as cepas da felicidade.

O cultivo do verdelho maturou dois séculos a fio e a produção atingiu as 30.000 pipas anuais. O vinho licoroso branco seco local tornou-se a maior fonte de rendimento da ilha do Pico e do Faial.

Garantiu a prosperidade de várias famílias que ergueram grandes solares e neles se instalaram para supervisionar a produção e a exportação.

O vinho da ilha do Pico chegou ao Norte da Europa, ao Brasil, às Índias Ocidentais, à Terra Nova e aos Estados Unidos.

Entre os seus mais poderosos apreciadores contavam-se os Papas e os Czares da Rússia.

Moinho do Frade, Ilha do Pico, Montanha Vulcão Açores, aos Pés do Atlântico

Visitantes do Pico exploram o moinho do Frade, no Lajido da Criação Velha, Madalena.

Moinho com Vista para a Criação Velha do Pico

Subimos a um dos moinhos que os ilhéus ergueram para mecanizar a moagem do milho e do trigo. Do seu alpendre vermelho, admiramos a vastidão da Criação Velha, então bem mais cinzenta que verde. Percorrem-na canadas (caminhos) paralelas.

Uma senhora que empurra um carrinho de bebé, caminha pela longa canada de chão ocre que vem da beira-mar e passa pela base do moinho.

Ilha do Pico, Montanha Vulcão Açores, aos Pés do Atlântico

Habitante do Pico empurra um bebe ao longo de uma das canadas (caminhos de pedra) que atravessam as vinhas da Madalena.

Também espreitamos a pequena loja instalada aquém do velho engenho do moinho e ficamos à fala com Paula – que tomava conta do negócio – e do filho Diniz. De tudo o que tinha à venda, atraíram-nos de imediato os sacos de uvas.

A vindima terminara fazia um mês. Seriam das poucas uvas da ilha do Pico que teríamos a sorte de provar.

Mas, bastaram dois ou três bagos para percebermos que não eram propriamente verdelho. Sabiam-nos a morangueiro. O mesmo morangueiro abundante na região que nos é familiar de Lafões.

“São mesmo as últimas. As últimas deste ano e, deste tipo, que alguma vez teremos. O meu pai está prestes a trocar as nossas vinhas. O governo regional paga para mudarmos para castas de qualidade. Vamos aproveitar.”

O Oídio, o Míldio e outros Reveses Vinícolas da Ilha do Pico

Nos tempos idos de glória e proveito vinícola, os produtores da ilha do Pico passaram por momentos problemáticos e não tiveram quem os amparasse. Corria 1852. Uma praga de oídio devastou as vinhas e a produção.

Para evitar morrer à fome, o povo cultivou milho, batata e inhame.

Terras férteis e ervadas nunca faltaram. Testemunhámo-lo quando subimos das Lajes do Pico para as terras altas que explorámos até ao Miradouro do Cabeço do Geraldo e para leste, entre pastos sem fim, à boa maneira açoriana, salpicados por distintos tipos de vacas.

Gado, Ilha do Pico, Montanha Vulcão Açores, aos Pés do Atlântico

Vacas ocupam uma encosta da ilha do Pico bem acima de Lajes do Pico.

Decorridos 20 anos, Isabel, uma outra variedade mais resistente às pragas substituiu a verdelha mas a filoxera que grassava por toda a Europa destruiu as novas videiras. Milhares de produtores emigraram para o Brasil e para a América do Norte.

Os que ficaram, conseguiram controlar a filoxera.

Apostaram em manter as videiras Isabel e, em certas bolsas ideais para a vinicultura, a verdelha que gerava o melhor vinho. Mesmo assim, a produção tardava em recuperar do rombo das pragas.

Neste contexto, no fim do século XVIII, baleeiros americanos marcaram presença nas águas ao largo. Introduziram a caça à baleia.

Essa nova actividade económica manteve-se a indústria primordial da Ilha do Pico até 1970. Por essa altura, entrou em acção o Plano de Reconversão Vitivinícola dos Açores.

Currais, Ilha do Pico, Montanha Vulcão Açores, aos Pés do Atlântico

Os incontáveis currais que os colonos da ilha do Pico ergueram para assim fazerem crescer videiras.

Foram cultivadas na ilha do Pico novas castas, uvas ideais para vinhos de mesa. E foram recuperadas as vinhas com castas mais nobres: Verdelho dos Açores, Arinto e o Terrantez do Pico. Pouco tempo depois, os vinhos da ilha do Pico voltaram ao estrelato.

Em 2004, a UNESCO classificou a Paisagem Protegida dos Vinhos da ilha do Pico como Património Mundial. Esta distinção contribuiu para realçar o exotismo geológico e cultural da ilha.

Hoje, a Ilha do Pico destaca-se bem alto sobre o Atlântico do Norte.

À imagem do que tem acontecido aos Açores em geral, a sua fama tem-se propagado pelo mundo.

Ilha do Pico, Montanha Vulcão Açores, aos Pés do Atlântico

Nuvem cogumelo rosada coroa o cume da montanha do Pico, o tecto de Portugal, na ilha do Pico

Artigo criado com o apoio das seguintes entidades:

VisitAzores

visitazores.com

Épico

epico.pt

Azores Airlines

www.azoresairlines.pt/pt-pt

SATA

sata.pt

Aldeia da Fonte

aldeiadafonte.com

Ilha do Pico, Açores

A Ilha a Leste da Montanha do Pico

Por norma, quem chega ao Pico desembarca no seu lado ocidental, com o vulcão (2351m) a barrar a visão sobre o lado oposto. Para trás do Pico montanha, há todo um longo e deslumbrante “oriente” da ilha que leva o seu tempo a desvendar.
São Miguel, Açores

Ilha de São Miguel: Açores Deslumbrantes, Por Natureza

Uma biosfera imaculada que as entranhas da Terra moldam e amornam exibe-se, em São Miguel, em formato panorâmico. São Miguel é a maior das ilhas portuguesas. E é uma obra de arte da Natureza e do Homem no meio do Atlântico Norte plantada.
Vulcão dos Capelinhos, Faial, Açores

Na Pista do Mistério dos Capelinhos

De uma costa da ilha à opostoa, pelas névoas, retalhos de pasto e florestas típicos dos Açores, desvendamos o Faial e o Mistério do seu mais imprevisível vulcão.
Horta, Açores

A Cidade que Dá o Norte ao Atlântico

A comunidade mundial de velejadores conhece bem o alívio e a felicidade de vislumbrar a montanha do Pico e, logo, o Faial e o acolhimento da baía da Horta e do Peter Café Sport. O regozijo não se fica por aí. Na cidade e em redor, há um casario alvo e uma efusão verdejante e vulcânica que deslumbra quem chegou tão longe.
Santa Maria, Açores

Santa Maria: Ilha Mãe dos Açores Há Só Uma

Foi a primeira do arquipélago a emergir do fundo dos mares, a primeira a ser descoberta, a primeira e única a receber Cristovão Colombo e um Concorde. Estes são alguns dos atributos que fazem de Santa Maria especial. Quando a visitamos, encontramos muitos mais.
Ponta Delgada, São Miguel, Açores

A Cidade da Grande Ilha dos Açores

Durante os séculos XIX e XX, Ponta Delgada tornou-se a cidade mais populosa e a capital económico-administrativa dos Açores. Lá encontramos a história e o modernismo do arquipélago de mãos-dadas.
Angra do Heroísmo, Terceira, Açores

Heroína do Mar, de Nobre Povo, Cidade Valente e Imortal

Angra do Heroísmo é bem mais que a capital histórica dos Açores, da ilha Terceira e, em duas ocasiões, de Portugal. A 1500km do continente, conquistou um protagonismo na nacionalidade e independência portuguesa de que poucas outras cidades se podem vangloriar.
Vale das Furnas, São Miguel

O Calor Açoriano do Vale das Furnas

Surpreendemo-nos, na maior ilha dos Açores, com uma caldeira retalhada por minifúndios agrícolas, massiva e profunda ao ponto de abrigar dois vulcões, uma enorme lagoa e quase dois mil micaelenses. Poucos lugares do arquipélago são, ao mesmo tempo, tão grandiosos e acolhedores como o verdejante e fumegante Vale das Furnas.
Aldeia da Cuada, Ilha das Flores, Açores

O Éden Açoriano Traído pelo outro Lado do Mar

A Cuada foi fundada, estima-se que em 1676, junto ao limiar oeste das Flores. Já em pleno século XX, os seus moradores juntaram-se à grande debandada açoriana para as Américas. Deixaram para trás uma aldeia tão deslumbrante como a ilha e os Açores.
São Jorge, Açores

De Fajã em Fajã

Abundam, nos Açores, faixas de terra habitável no sopé de grandes falésias. Nenhuma outra ilha tem tantas fajãs como as mais de 70 da esguia e elevada São Jorge. Foi nelas que os jorgenses se instalaram. Nelas assentam as suas atarefadas vidas atlânticas.
Graciosa, Açores

Sua Graça a Graciosa

Por fim, desembarcarmos na Graciosa, a nossa nona ilha dos Açores. Mesmo se menos dramática e verdejante que as suas vizinhas, a Graciosa preserva um encanto atlântico que é só seu. Quem tem o privilégio de o viver, leva desta ilha do grupo central uma estima que fica para sempre.
Ilha Terceira, Açores

Ilha Terceira: Viagem por um Arquipélago dos Açores Ímpar

Foi chamada Ilha de Jesus Cristo e irradia, há muito, o culto do Divino Espírito Santo. Abriga Angra do Heroísmo, a cidade mais antiga e esplendorosa do arquipélago. São apenas dois exemplos. Os atributos que fazem da ilha Terceira ímpar não têm conta.
Castro Laboreiro, Portugal  

Do Castro de Laboreiro à Raia da Serra Peneda - Gerês

Chegamos à (i) eminência da Galiza, a 1000m de altitude e até mais. Castro Laboreiro e as aldeias em redor impõem-se à monumentalidade granítica das serras e do Planalto da Peneda e de Laboreiro. Como o fazem as suas gentes resilientes que, entregues ora a Brandas ora a Inverneiras, ainda chamam casa a estas paragens deslumbrantes.
Ilha das Flores, Açores

Os Confins Atlânticos dos Açores e de Portugal

Onde, para oeste, até no mapa as Américas surgem remotas, a Ilha das Flores abriga o derradeiro domínio idílico-dramático açoriano e quase quatro mil florenses rendidos ao fim-do-mundo deslumbrante que os acolheu.
Sistelo, Peneda-Gerês, Portugal

Do "Pequeno Tibete Português" às Fortalezas do Milho

Deixamos as fragas da Srª da Peneda, rumo a Arcos de ValdeVez e às povoações que um imaginário erróneo apelidou de Pequeno Tibete Português. Dessas aldeias socalcadas, passamos por outras famosas por guardarem, como tesouros dourados e sagrados, as espigas que colhem. Caprichoso, o percurso revela-nos a natureza resplandecente e a fertilidade verdejante destas terras da Peneda-Gerês.
Campos de Gerês -Terras de Bouro, Portugal

Pelos Campos do Gerês e as Terras de Bouro

Prosseguimos num périplo longo e ziguezagueante pelos domínios da Peneda-Gerês e de Bouro, dentro e fora do nosso único Parque Nacional. Nesta que é uma das zonas mais idolatradas do norte português.
Montalegre, Portugal

Pelo Alto do Barroso, Cimo de Trás-os-Montes

Mudamo-nos das Terras de Bouro para as do Barroso. Com base em Montalegre, deambulamos à descoberta de Paredes do Rio, Tourém, Pitões das Júnias e o seu mosteiro, povoações deslumbrantes do cimo raiano de Portugal. Se é verdade que o Barroso já teve mais habitantes, visitantes não lhe deviam faltar.
Porto Santo, Portugal

Louvada Seja a Ilha do Porto Santo

Descoberta durante uma volta do mar tempestuosa, Porto Santo mantem-se um abrigo providencial. Inúmeros aviões que a meteorologia desvia da vizinha Madeira garantem lá o seu pouso. Como o fazem, todos os anos, milhares de veraneantes rendidos à suavidade e imensidão da praia dourada e à exuberância dos cenários vulcânicos.
Pico do Arieiro - Pico Ruivo, Madeira, Portugal

Pico Arieiro ao Pico Ruivo, Acima de um Mar de Nuvens

A jornada começa com uma aurora resplandecente aos 1818 m, bem acima do mar de nuvens que aconchega o Atlântico. Segue-se uma caminhada sinuosa e aos altos e baixos que termina sobre o ápice insular exuberante do Pico Ruivo, a 1861 metros.
Paul do Mar a Ponta do Pargo a Achadas da Cruz, Madeira, Portugal

À Descoberta da Finisterra Madeirense

Curva atrás de curva, túnel atrás de túnel, chegamos ao sul solarengo e festivo de Paul do Mar. Arrepiamo-nos com a descida ao retiro vertiginoso das Achadas da Cruz. Voltamos a ascender e deslumbramo-nos com o cabo derradeiro de Ponta do Pargo. Tudo isto, nos confins ocidentais da Madeira.
Moradores percorrem o trilho que sulca plantações acima da UP4
Cidade
Gurué, Moçambique, Parte 1

Pelas Terras Moçambicanas do Chá

Os portugueses fundaram Gurué, no século XIX e, a partir de 1930, inundaram de camelia sinensis os sopés dos montes Namuli. Mais tarde, renomearam-na Vila Junqueiro, em honra do seu principal impulsionador. Com a independência de Moçambique e a guerra civil, a povoação regrediu. Continua a destacar-se pela imponência verdejante das suas montanhas e cenários teáceos.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Rinoceronte, PN Kaziranga, Assam, Índia
Safari
PN Kaziranga, Índia

O Baluarte dos Monocerontes Indianos

Situado no estado de Assam, a sul do grande rio Bramaputra, o PN Kaziranga ocupa uma vasta área de pântano aluvial. Lá se concentram dois terços dos rhinocerus unicornis do mundo, entre em redor de 100 tigres, 1200 elefantes e muitos outros animais. Pressionado pela proximidade humana e pela inevitável caça furtiva, este parque precioso só não se tem conseguido proteger das cheias hiperbólicas das monções e de algumas polémicas.
Thorong Pedi a High Camp, circuito Annapurna, Nepal, caminhante solitário
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 12º - Thorong Phedi a High Camp

O Prelúdio da Travessia Suprema

Este trecho do Circuito Annapurna só dista 1km mas, em menos de duas horas, leva dos 4450m aos 4850m e à entrada do grande desfiladeiro. Dormir no High Camp é uma prova de resistência ao Mal de Montanha que nem todos passam.
Jardin Escultórico, Edward James, Xilitla, Huasteca Potosina, San Luis Potosi, México, Cobra dos Pecados
Arquitectura & Design
Xilitla, San Luís Potosi, México

O Delírio Mexicano de Edward James

Na floresta tropical de Xilitla, a mente inquieta do poeta Edward James fez geminar um jardim-lar excêntrico. Hoje, Xilitla é louvada como um Éden do surreal.
Aventura
Vulcões

Montanhas de Fogo

Rupturas mais ou menos proeminentes da crosta terrestre, os vulcões podem revelar-se tão exuberantes quanto caprichosos. Algumas das suas erupções são gentis, outras provam-se aniquiladoras.
A Crucificação em Helsínquia
Cerimónias e Festividades
Helsínquia, Finlândia

Uma Via Crucis Frígido-Erudita

Chegada a Semana Santa, Helsínquia exibe a sua crença. Apesar do frio de congelar, actores pouco vestidos protagonizam uma re-encenação sofisticada da Via Crucis por ruas repletas de espectadores.
, México, cidade da prata e do Ouro, lares sobre túneis
Cidades
Guanajuato, México

A Cidade que Brilha de Todas as Cores

Durante o século XVIII, foi a cidade que mais prata produziu no mundo e uma das mais opulentas do México e da Espanha colonial. Várias das suas minas continuam activas mas a riqueza de Guanuajuato que impressiona está na excentricidade multicolor da sua história e património secular.
Comida
Mercados

Uma Economia de Mercado

A lei da oferta e da procura dita a sua proliferação. Genéricos ou específicos, cobertos ou a céu aberto, estes espaços dedicados à compra, à venda e à troca são expressões de vida e saúde financeira.
Músicos de etnia karanga jnunto às ruínas de Grande Zimbabwe, Zimbabwe
Cultura
Grande ZimbabuéZimbabué

Grande Zimbabwe, Pequena Dança Bira

Nativos de etnia Karanga da aldeia KwaNemamwa exibem as danças tradicionais Bira aos visitantes privilegiados das ruínas do Grande Zimbabwe. o lugar mais emblemático do Zimbabwe, aquele que, decretada a independência da Rodésia colonial, inspirou o nome da nova e problemática nação.  
Fogo artifício de 4 de Julho-Seward, Alasca, Estados Unidos
Desporto
Seward, Alasca

O 4 de Julho Mais Longo

A independência dos Estados Unidos é festejada, em Seward, Alasca, de forma modesta. Mesmo assim, o 4 de Julho e a sua celebração parecem não ter fim.
Enseada, Big Sur, Califórnia, Estados Unidos
Em Viagem
Big Sur, E.U.A.

A Costa de Todos os Refúgios

Ao longo de 150km, o litoral californiano submete-se a uma vastidão de montanha, oceano e nevoeiro. Neste cenário épico, centenas de almas atormentadas seguem os passos de Jack Kerouac e Henri Miller.
António do Remanso, Comunidade Quilombola Marimbus, Lençóis, Chapada Diamantina
Étnico
Lençois da Bahia, Brasil

A Liberdade Pantanosa do Quilombo do Remanso

Escravos foragidos subsistiram séculos em redor de um pantanal da Chapada Diamantina. Hoje, o quilombo do Remanso é um símbolo da sua união e resistência mas também da exclusão a que foram votados.
arco-íris no Grand Canyon, um exemplo de luz fotográfica prodigiosa
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Luz Natural (Parte 1)

E Fez-se Luz na Terra. Saiba usá-la.

O tema da luz na fotografia é inesgotável. Neste artigo, transmitimos-lhe algumas noções basilares sobre o seu comportamento, para começar, apenas e só face à geolocalização, a altura do dia e do ano.
Silhuetas Islâmicas
História

Istambul, Turquia

Onde o Oriente encontra o Ocidente, a Turquia Procura um Rumo

Metrópole emblemática e grandiosa, Istambul vive numa encruzilhada. Como a Turquia em geral, dividida entre a laicidade e o islamismo, a tradição e a modernidade, continua sem saber que caminho seguir

Bubaque, Bijagós, Guiné Bissau, atracagem
Ilhas
Bubaque, Bijagós, Guiné Bissau

O Portal das Bijagós

No plano político, Bolama subsiste capital. No âmago do arquipélago e no dia-a-dia, Bubaque ocupa esse lugar. Esta cidade da ilha homónima acolhe a maior parte dos forasteiros. Em Bubaque se encantam. A partir de Bubaque, muitos se aventuram rumo a outras Bijagós.
Geotermia, Calor da Islândia, Terra do Gelo, Geotérmico, Lagoa Azul
Inverno Branco
Islândia

O Aconchego Geotérmico da Ilha do Gelo

A maior parte dos visitantes valoriza os cenários vulcânicos da Islândia pela sua beleza. Os islandeses também deles retiram calor e energia cruciais para a vida que levam às portas do Árctico.
Almada Negreiros, Roça Saudade, São Tomé
Literatura
Saudade, São Tomé, São Tomé e Príncipe

Almada Negreiros: da Saudade à Eternidade

Almada Negreiros nasceu, em Abril de 1893, numa roça do interior de São Tomé. À descoberta das suas origens, estimamos que a exuberância luxuriante em que começou a crescer lhe tenha oxigenado a profícua criatividade.
Lago Manyara, parque nacional, Ernest Hemingway, girafas
Natureza
PN Lago Manyara, Tanzânia

África Favorita de Hemingway

Situado no limiar ocidental do vale do Rift, o parque nacional lago Manyara é um dos mais diminutos mas encantadores e ricos em vida selvagem da Tanzânia. Em 1933, entre caça e discussões literárias, Ernest Hemingway dedicou-lhe um mês da sua vida atribulada. Narrou esses dias aventureiros de safari em “As Verdes Colinas de África”.
Menina brinca com folhas na margem do Grande Lago do Palácio de Catarina
Outono
São Petersburgo, Rússia

Dias Dourados que Antecederam a Tempestade

À margem dos acontecimentos políticos e bélicos precipitados pela Rússia, de meio de Setembro em diante, o Outono toma conta do país. Em anos anteriores, de visita a São Petersburgo, testemunhamos como a capital cultural e do Norte se reveste de um amarelo-laranja resplandecente. Num deslumbre pouco condizente com o negrume político e bélico entretanto disseminado.
Bandeiras de oração em Ghyaru, Nepal
Parques Naturais
Circuito Annapurna: 4º – Upper Pisang a Ngawal, Nepal

Do Pesadelo ao Deslumbre

Sem que estivéssemos avisados, confrontamo-nos com uma subida que nos leva ao desespero. Puxamos ao máximo pelas forças e alcançamos Ghyaru onde nos sentimos mais próximos que nunca dos Annapurnas. O resto do caminho para Ngawal soube como uma espécie de extensão da recompensa.
Remadores Intha num canal do Lago Inlé
Património Mundial UNESCO
Lago Inle, Myanmar

A Deslumbrante Birmânia Lacustre

Com uma área de 116km2, o Lago Inle é o segundo maior lago do Myanmar. É muito mais que isso. A diversidade étnica da sua população, a profusão de templos budistas e o exotismo da vida local, tornam-no um reduto incontornável do Sudeste Asiático.
femea e cria, passos grizzly, parque nacional katmai, alasca
Personagens
PN Katmai, Alasca

Nos Passos do Grizzly Man

Timothy Treadwell conviveu Verões a fio com os ursos de Katmai. Em viagem pelo Alasca, seguimos alguns dos seus trilhos mas, ao contrário do protector tresloucado da espécie, nunca fomos longe demais.
Mangal entre Ibo e ilha Quirimba-Moçambique
Praias
Ilha do Ibo a Ilha QuirimbaMoçambique

Ibo a Quirimba ao Sabor da Maré

Há séculos que os nativos viajam mangal adentro e afora entre a ilha do Ibo e a de Quirimba, no tempo que lhes concede a ida-e-volta avassaladora do oceano Índico. À descoberta da região, intrigados pela excentricidade do percurso, seguimos-lhe os passos anfíbios.
Kremlin de Rostov Veliky, Rússia
Religião
Rostov Veliky, Rússia

Sob as Cúpulas da Alma Russa

É uma das mais antigas e importantes cidades medievais, fundada durante as origens ainda pagãs da nação dos czares. No fim do século XV, incorporada no Grande Ducado de Moscovo, tornou-se um centro imponente da religiosidade ortodoxa. Hoje, só o esplendor do kremlin moscovita suplanta o da cidadela da tranquila e pitoresca Rostov Veliky.
Chepe Express, Ferrovia Chihuahua Al Pacifico
Sobre Carris
Creel a Los Mochis, México

Barrancas de Cobre, Caminho de Ferro

O relevo da Sierra Madre Occidental tornou o sonho um pesadelo de construção que durou seis décadas. Em 1961, por fim, o prodigioso Ferrocarril Chihuahua al Pacifico foi inaugurado. Os seus 643km cruzam alguns dos cenários mais dramáticos do México.
Erika Mae
Sociedade
Filipinas

Os Donos da Estrada Filipina

Com o fim da 2ª Guerra Mundial, os filipinos transformaram milhares de jipes norte-americanos abandonados e criaram o sistema de transporte nacional. Hoje, os exuberantes jeepneys estão para as curvas.
Vida Quotidiana
Profissões Árduas

O Pão que o Diabo Amassou

O trabalho é essencial à maior parte das vidas. Mas, certos trabalhos impõem um grau de esforço, monotonia ou perigosidade de que só alguns eleitos estão à altura.
Ovelhas e caminhantes em Mykines, ilhas Faroé
Vida Selvagem
Mykines, Ilhas Faroé

No Faroeste das Faroé

Mykines estabelece o limiar ocidental do arquipélago Faroé. Chegou a albergar 179 pessoas mas a dureza do retiro levou a melhor. Hoje, só lá resistem nove almas. Quando a visitamos, encontramos a ilha entregue aos seus mil ovinos e às colónias irrequietas de papagaios-do-mar.
Napali Coast e Waimea Canyon, Kauai, Rugas do Havai
Voos Panorâmicos
NaPali Coast, Havai

As Rugas Deslumbrantes do Havai

Kauai é a ilha mais verde e chuvosa do arquipélago havaiano. Também é a mais antiga. Enquanto exploramos a sua Napalo Coast por terra, mar e ar, espantamo-nos ao vermos como a passagem dos milénios só a favoreceu.