Corvo, Açores

O Abrigo Atlântico Inverosímil da Ilha do Corvo


Corvo à Vista
Ilha do Corvo vista do semi-rígido que assegurou temporariamente a ligação entre Santa Cruz das Flores e a Vila do Corvo.
Vista sobre o Caldeirão
Visitante da ilha do Corvo admira o Caldeirão.
Num pasto inclinado
Trio de jovens vacas pastam numa ladeira à beira da Lagoa do Caldeirão.
Atlântico vs Vila do Corvo
Enseada abaixo da Vila do Corvo.
Moinhos do corvo
Moinhos pitorescos no limiar da Vila do Corvo.
Ordenha à moda antiga
Sr. Rogério ordenha uma das suas vacas à mão.
Pasto inclinado II
Vaca a meio da encosta interior do Caldeirão do Corvo.
Anoitecer sobre o Grupo Ocidental
Noite cai sobre a Vila do Corvo e a ilha das Flores.
Modo de Espera
Cão do sr. Rogério aguarda pelo regresso do dono, nessa altura, ocupado com uma demorada ordenha manual. Estorninhos esvoaçam no céu acima.
Retalhos de Açores
Muros e sebes dividem a encosta leste da Ilha do Corvo abaixo do Caldeirão.
Os Lares do Corvo
Sector do casario da Vila do Corvo com a Igreja da Nª Srª dos Milagres à esquerda.
O Pasto do Caldeirão
Vacas devoram o pasto tenro do fundo do Caldeirão da ilha do Corvo.
A Postos
Vaca a meio da encosta interior do Caldeirão do Corvo.
Ocaso para lá do Corvo
Sol põe-se a ocidente da ilha do Corvo.
17 km2 de vulcão afundado numa caldeira verdejante. Uma povoação solitária assente numa fajã. Quatrocentas e trinta almas aconchegadas pela pequenez da sua terra e pelo vislumbre da vizinha Flores. Bem-vindo à mais destemida das ilhas açorianas.

Se acaso subsistissem dúvidas quanto à excepcionalidade insular do Corvo, a viagem a partir de Santa Cruz das Flores tratou de as erradicar.

Pouco mais de um ano antes, um dos furacões que se formam a oeste da costa ocidental africana tomou um rumo inesperado. Em vez de evoluir na direcção das Américas, apontou a norte. Nos primeiros dias de Outubro, o “Lorenzo” rasou o Grupo Ocidental dos Açores já enfraquecido da intensidade máxima de três dias antes.

Passou junto à ilha das Flores e ao Corvo com rajadas que ultrapassaram os 160 km/h. Nas Flores, a ventania e as vagas causaram danos substanciais no porto das Lajes. Também acabaram com a lancha “Ariel” que, até ao Agosto anterior, assegurara a ligação à Vila do Corvo.

Ao descermos a escadaria para o embarcadouro, com o sol a despertar a leste, algumas gruas ainda finalizavam a reconstrução do porto. Da “Ariel” nem sinal. Em vez, encontramos um semi-rigido, raso mas com motores poderosos.

O mar estava bravo, cavado por vagas vigorosas que castigavam o porto.

Por algum tempo, ainda esperámos que aparecesse um ferry a sério, uma embarcação que nos impressionasse pela sua dimensão, não pela potência dos motores. Em vão.

Somos dos primeiros a embarcar. O timoneiro dá ordem que da proa para a popa. Ficamos mais expostos do que desejávamos.

À primeira vista, a saída do porto parecia o trecho complicado por excelência. Mal deixamos a projecção marinha das Flores, as vagas aumentam, mudam de padrões. Sujeitam-nos uma navegação semi-acrobática.

Ilha do Corvo, Açores

Ilha do Corvo vista do semi-rígido que assegurou temporariamente a ligação entre Santa Cruz das Flores e a Vila do Corvo.

Ilha do Corvo à Vista

Assim mesmo, 45 minutos de saltos entre os baixos e os cimos vertiginosos do Atlântico depois, damos entrada no molhe da Vila do Corvo, capital e povoação única da menor das ilhas açorianas.

Aceitamos uma boleia partilhada com outros três passageiros. Já instalados na pousada, a cada novo minuto, sentíamos agravar-se a ansiedade de ascendermos àquele que era, por excelência, o domínio natural mágico da ilha: o seu Caldeirão.

“Mas querem ir já?” pergunta-nos o Sr. Noel, quando lhe ligamos a pedir um serviço de táxi. “Assim que possa, por favor. Mas porquê, não lhe dá jeito agora?” questionamo-lo. “Estou aí em dez minutos. É só porque vim de lá há pouco e estava tudo fechado.” Mas costuma fechar mais à tarde?” “Não, aquilo lá em cima nunca se sabe. Muda em minutos.” esclarece-nos. “Olhe, vamos já e logo se vê. Daqui, vemos as nuvens a deslizarem a grande velocidade. Devem haver uns intervalos de sol.”

Dito e feito. Enquanto subimos, o Sr. Noel aconselha-nos a não nos aventurarmos pela orla. Com razões fundadas. As nuvens e o vento fustigavam o cimo do Caldeirão. No seu lado oeste, as falésias da caldeira mediam 718 metros acima do oceano. Eram, aliás, uma das elevações costeiras supremas do Atlântico do Norte.

A Visão do Deslumbrante Caldeirão do Corvo

Noel deixa-nos no miradouro do Caldeirão, junto ao início do trilho que a ligava ao fundo. E ao lado de um jipe dos bombeiros da Vila do Corvo, sem sinal de ocupantes mas, tudo indicava, estacionado a postos para socorrer caminhantes acidentados.

Na direcção contrária, o vendaval húmido irrigava a vertente da ilha virada ao oceano, retalhada por minifúndios ondulados.

Ao contrário do que receávamos, àquela hora, as nuvens pouco ou nada entravam no Caldeirão.

Cedemos à tentação. Caminhamos para norte do cimo da orla, curiosos quanto a se não nos revelaria um panorama ainda mais grandioso.

O improviso dura o que dura. Percebemos que estávamos ao nível da caravana de nuvens e que a névoa nos roubava os cenários. Quando descemos para dela nos livrarmos, debatemo-nos com o manto vegetal espesso que ali cobre o solo, feito de tufos de plantas briófitas, musgoso e ensopado.

Fartos das suas armadilhas e rasteiras, regressamos ao miradouro resignados a inaugurar a caminhada em redor do fundo do Caldeirão.

Caldeirão da Ilha do Corvo, Açores,

Visitante da ilha do Corvo admira o Caldeirão.

Por fim, a Longa Caminhada de Circum-Caldeirão

Cumprimos uma série dos meandros do trilho.

Até que a visão de umas poucas vacas a pastarem quase no cimo da vertente interior nos sugere fotografias especiais e incita a nova caminhada improvisada, ao longo, e acima e abaixo da curva da orla.

Ilha do Corvo, Açores, vacas pastam no Caldeirão

Vacas de raças sortidas pastam pela encosta interior do Caldeirão do Corvo acima.

Mesmo desprezados pelos bovídeos entregues ao pasto tenro sem fim, lá fazemos as nossas fotos.

Ilha do Corvo, Açores, vaca no Caldeirão

Vaca a meio da encosta interior do Caldeirão do Corvo.

Regressamos ao trilho. Os ziguezagues descendentes aproxima-nos de um muro em L.  E, à laia visual de Ngorongoro açoriano, de uma grande manada multicolor de vacas dispersa pelo ervado aquém da margem arredondada da Lagoa do Caldeirão.

A espaços, manchas de azul destoavam do tecto nevoento da caldeira. Surgiam como bênçãos solares que geravam projecções verde-douradas no declive norte da cratera e que faziam resplandecer a superfície da lagoa.

Ilha do Corvo, Açores, vacas pastam no Caldeirão

Vacas devoram o pasto tenro do fundo do Caldeirão da ilha do Corvo.

Prosseguimos trilho fora. Entre as vacas. Logo, pela margem lamacenta da grande lagoa.

Chegados ao ocidente da caldeira, vemo-nos de frente para a versão murada da sua vertente, também ela dividida em fracções geométricas por muros de pedra vulcânica cobertas de líquenes.

E a Ainda Mais Longa Caminhada de Regresso à Vila do Corvo

Quase duas horas de caminhada fotográfica depois, estávamos de volta aos esses que conduziam ao cimo do miradouro. Mesmo se as pernas se ressentiam da ladeira, forçamo-nos a um regresso pedestre à Vila do Corvo.

Aproximamo-nos de um trio de ribeiras que a Estrada do Caldeirão obriga a uma passagem subterrânea: a Riba da Ponte, a do Cerrado das Vacas e a da Lapa.

Por ali, apercebemo-nos de uma profusão de figueiras e de outras árvores de fruto, disputada pela maior e mais barulhenta colónia de estorninhos que testemunhámos em muitos anos de viagem.

Não serão os estorninhos a sua principal atracção. O Corvo é idolatrada pelos observadores de pássaros deste mundo. Vistas bem as coisas, até o próprio nome da ilha, estima-se que adaptado do que já constava em mapas genoveses do século XIV, Insula Corvi Marini, o justifica.

Lá abundam aves residentes, terrestres e marinhas. A escala de muitas outras, parte das rotas migratórias entre a Europa e a América do Norte fazem da ilha um destino ornitólogo de excelência.

A riqueza animal do Corvo também reside nos seus espécimes pecuários. Umas centenas de metros abaixo, espantamo-nos com o porte massivo de alguns porcos instalados num curral remediado. Nas imediações, confrontamo-nos com um bode surpreendido pela nossa súbita aparição.

Quanto mais descemos, mais nos embrenhamos na faceta rural da ilha.

Ilha do Corvo, Açores, retalhos rurais

Muros e sebes dividem a encosta leste da Ilha do Corvo abaixo do Caldeirão.

A Confraternização Rural com o Sr. Rogério Rodrigues

Junto à confluência da estrada com a Riba da Lapa, reingressamos num seu domínio bovino. Não obstante três ou quatro minifúndios pelo meio, apercebemo-nos de que um corvino transportava bilhas metálicas, na direcção de quatro vacas de raças sortidas, isoladas entre muros e sebes.

Beneficiários de infâncias no campo, sabíamos o quanto as tarefas do campo tinham evoluído desde os longínquos anos 80. Custava-nos a acreditar que, mesmo na remota ilha do Corvo, as vacas ainda fossem ordenhadas à mão.

Decididos a esclarecer o enigma, metemo-nos no caminho entremuros que conduzia àquele cimo. Apresentamo-nos. Pedimos desculpa pela invasão. O sr. Rogério dá-nos as boas-vindas, põe-nos à vontade e, enquanto manuseia as tetas de uma vaca frísia, esclarece-nos. “Pois, numa situação normal não o estaria a fazer. Mas calhou só ter que ordenhar estas quatro. Mesmo mais rápido e fácil com a máquina, o trabalho que dá lavá-la em seguida não compensa.”

Ilha do Corvo, Açores, ordenha manual

Sr. Rogério ordenha uma das suas vacas à mão

Ficamos à conversa uma boa meia-hora. Com paciência de santo, o sr. Rogério continua a responder-nos. Dá-nos um curso intensivo da criação de vacas e produção de leite na ilha do Corvo: as vantagens de criar vacas frísias ou Holstein por comparação, por exemplo, com as Jersey e as Guernsey, o teor de gordura no leite e o seu valor, entre tantos outros ensinamentos que retivemos para todo o sempre.

O Trecho Derradeiro e o Anoitecer Mágico da Vila do Corvo

Por nós, teríamos ficado mais umas horas naquele delicioso convívio mas, não tarda, iria escurecer e inda estávamos longe da Vila do Corvo.

Despedimo-nos. Voltamos à Estrada do Caldeirão sob a supervisão do cão do Sr. Rogério que nos acompanhou da caixa-trono da também já sua pick up, interessado, sobretudo, num rápido retorno do dono.

Cão ilha do Corvo, Açores

Cão aguarda pelo regresso do corvino Sr. Rogério de uma demorada ordenha manual.

Atingimos o ponto panorâmico sobranceiro face à fajã, com o sol prestes a assentar no ocidente atlântico sem fim. Dali mesmo, contemplamos o ocaso e o lusco-fusco que sempre o confirma.

Vemos as luzinhas cor-de-fogo da Vila do Corvo iluminarem o seu casario, apertado na ponta sul da ilha, entre a vertente do vulcão e a pista quase anfíbia do aeroporto. Vislumbramos ainda o cintilar longínquo de alguns candeeiros das Flores, sob um céu arroxeado de chuva.

Vila do Corvo, Açores

Noite cai sobre a Vila do Corvo e a ilha das Flores.

Seguimos directos para um já urgente jantar. Após o que nos deixamos dormir, embalados pelo ribombar soporífero do Atlântico.

Vila do Corvo. Capital e única Povoação da Ilha do Corvo

O sol outonal da manhã incita-nos a despacharmos o pequeno-almoço em três tempos e voltarmos a sair.

Guiados pela torre da Igreja da Nª Srª dos Milagres, seguimos directos para a Rua da Matriz. De onde passamos para o varandim sobre o porto, a enseada pedregosa e com vista privilegiada para o casario que se estendia pela encosta íngreme acima.

Vila do Corvo, Açores

Enseada abaixo da Vila do Corvo.

Caminhamos pelas suas ruelas e canadas, intrigados pelas linhas do mini-veículo amarelo do lixo, não nos espantaríamos se soviéticas.

Desviamos para uma tal de rua do Rego. Paredes meias com a escarpa que encerra a povoação, um painel de azulejo ilustra um episódio mais memorável que tantos outros da história do Corvo.

Na gravura azul e branca, benzidos por uma figura da Nª Senhora, corvinos ancestrais lançam grandes calhaus falésia abaixo, sobre invasores infiéis recém-desembarcados.

A imagem alerta-nos para o facto de, ao longo da colonização da sua ilha, os Corvinos terem vencido adversidades bem mais sérias que o mero isolamento.

Casario da Vila do Corvo, Açores

Sector do casario da Vila do Corvo com a Igreja da Nª Srª dos Milagres à esquerda.

A Descoberta e a Colonização Atribulada da Ilha do Corvo

O Corvo e as Flores foram descobertas por Diogo de Teive, no regresso da sua expedição à Terra Nova, de 1452. Daí em diante, o imponente Monte do Caldeirão passou a servir de Norte aos navegadores.

A tentativa de colonização pioneira só se deu mais de um século depois, por cerca de trinta habitantes da Terceira. Tanto essa como a seguinte terminaram com abandonos forçados.

A bem-sucedida, só foi conseguida, em 1548, quando Gonçalo de Sousa, capitão donatário do actual Grupo Ocidental recebeu permissão da Coroa para a iniciar com escravos – crê-se que oriundos de Santo Antão, Cabo Verde, mais tarde, colocados ao serviço de camponeses e criadores de gado já com provas dadas.

Moinhos da Vila do Corvo, Açores

Moinhos pitorescos no limiar da Vila do Corvo.

Durante a segunda metade do século XVI e XVII, como ilustrava o painel de azulejo, o Corvo viu-se vítima de ataques e saques perpetrados por piratas da Barbária.

Quando nem estes ataques demoveram os corvinos de continuarem na sua ilha, percebeu-se que a tinham colonizado em definitivo, com toda a alma e coração.

Esse sentimento de pertença, a par da exuberância natural e vulcânica, fazem do Corvo uns Açores ainda mais especiais.

Do Corvo, regressámos às Flores. Uns dias depois, ao aterrarmos na Graciosa, completámos a nossa descoberta particular do arquipélago.

Ilha das Flores, Açores

Os Confins Atlânticos dos Açores e de Portugal

Onde, para oeste, até no mapa as Américas surgem remotas, a Ilha das Flores abriga o derradeiro domínio idílico-dramático açoriano e quase quatro mil florenses rendidos ao fim-do-mundo deslumbrante que os acolheu.
Ilha do Pico, Açores

Ilha do Pico: o Vulcão dos Açores com o Atlântico aos Pés

Por um mero capricho vulcânico, o mais jovem retalho açoriano projecta-se no apogeu de rocha e lava do território português. A ilha do Pico abriga a sua montanha mais elevada e aguçada. Mas não só. É um testemunho da resiliência e do engenho dos açorianos que domaram esta deslumbrante ilha e o oceano em redor.
São Miguel, Açores

Ilha de São Miguel: Açores Deslumbrantes, Por Natureza

Uma biosfera imaculada que as entranhas da Terra moldam e amornam exibe-se, em São Miguel, em formato panorâmico. São Miguel é a maior das ilhas portuguesas. E é uma obra de arte da Natureza e do Homem no meio do Atlântico Norte plantada.
Santa Maria, Açores

Santa Maria: Ilha Mãe dos Açores Há Só Uma

Foi a primeira do arquipélago a emergir do fundo dos mares, a primeira a ser descoberta, a primeira e única a receber Cristovão Colombo e um Concorde. Estes são alguns dos atributos que fazem de Santa Maria especial. Quando a visitamos, encontramos muitos mais.
Ilha Terceira, Açores

Ilha Terceira: Viagem por um Arquipélago dos Açores Ímpar

Foi chamada Ilha de Jesus Cristo e irradia, há muito, o culto do Divino Espírito Santo. Abriga Angra do Heroísmo, a cidade mais antiga e esplendorosa do arquipélago. São apenas dois exemplos. Os atributos que fazem da ilha Terceira ímpar não têm conta.
Horta, Açores

A Cidade que Dá o Norte ao Atlântico

A comunidade mundial de velejadores conhece bem o alívio e a felicidade de vislumbrar a montanha do Pico e, logo, o Faial e o acolhimento da baía da Horta e do Peter Café Sport. O regozijo não se fica por aí. Na cidade e em redor, há um casario alvo e uma efusão verdejante e vulcânica que deslumbra quem chegou tão longe.
Vulcão dos Capelinhos, Faial, Açores

Na Pista do Mistério dos Capelinhos

De uma costa da ilha à opostoa, pelas névoas, retalhos de pasto e florestas típicos dos Açores, desvendamos o Faial e o Mistério do seu mais imprevisível vulcão.
Graciosa, Açores

Sua Graça a Graciosa

Por fim, desembarcarmos na Graciosa, a nossa nona ilha dos Açores. Mesmo se menos dramática e verdejante que as suas vizinhas, a Graciosa preserva um encanto atlântico que é só seu. Quem tem o privilégio de o viver, leva desta ilha do grupo central uma estima que fica para sempre.
Cilaos, Reunião

Refúgio sob o tecto do Índico

Cilaos surge numa das velhas caldeiras verdejantes da ilha de Reunião. Foi inicialmente habitada por escravos foragidos que acreditavam ficar a salvo naquele fim do mundo. Uma vez tornada acessível, nem a localização remota da cratera impediu o abrigo de uma vila hoje peculiar e adulada.
PN Bromo Tengger Semeru, Indonésia

O Mar Vulcânico de Java

A gigantesca caldeira de Tengger eleva-se a 2000m no âmago de uma vastidão arenosa do leste de Java. Dela se projectam o monte supremo desta ilha indonésia, o Semeru, e vários outros vulcões. Da fertilidade e clemência deste cenário tão sublime quanto dantesco prospera uma das poucas comunidades hindus que resistiram ao predomínio muçulmano em redor.
Ilha da Páscoa, Chile

A Descolagem e a Queda do Culto do Homem-Pássaro

Até ao século XVI, os nativos da Ilha da Páscoa esculpiram e idolatraram enormes deuses de pedra. De um momento para o outro, começaram a derrubar os seus moais. Sucedeu-se a veneração de tangatu manu, um líder meio humano meio sagrado, decretado após uma competição dramática pela conquista de um ovo.
Castro Laboreiro, Portugal  

Do Castro de Laboreiro à Raia da Serra Peneda - Gerês

Chegamos à (i) eminência da Galiza, a 1000m de altitude e até mais. Castro Laboreiro e as aldeias em redor impõem-se à monumentalidade granítica das serras e do Planalto da Peneda e de Laboreiro. Como o fazem as suas gentes resilientes que, entregues ora a Brandas ora a Inverneiras, ainda chamam casa a estas paragens deslumbrantes.
Sistelo, Peneda-Gerês, Portugal

Do "Pequeno Tibete Português" às Fortalezas do Milho

Deixamos as fragas da Srª da Peneda, rumo a Arcos de ValdeVez e às povoações que um imaginário erróneo apelidou de Pequeno Tibete Português. Dessas aldeias socalcadas, passamos por outras famosas por guardarem, como tesouros dourados e sagrados, as espigas que colhem. Caprichoso, o percurso revela-nos a natureza resplandecente e a fertilidade verdejante destas terras da Peneda-Gerês.
Campos de Gerês -Terras de Bouro, Portugal

Pelos Campos do Gerês e as Terras de Bouro

Prosseguimos num périplo longo e ziguezagueante pelos domínios da Peneda-Gerês e de Bouro, dentro e fora do nosso único Parque Nacional. Nesta que é uma das zonas mais idolatradas do norte português.
Montalegre, Portugal

Pelo Alto do Barroso, Cimo de Trás-os-Montes

Mudamo-nos das Terras de Bouro para as do Barroso. Com base em Montalegre, deambulamos à descoberta de Paredes do Rio, Tourém, Pitões das Júnias e o seu mosteiro, povoações deslumbrantes do cimo raiano de Portugal. Se é verdade que o Barroso já teve mais habitantes, visitantes não lhe deviam faltar.
Porto Santo, Portugal

Louvada Seja a Ilha do Porto Santo

Descoberta durante uma volta do mar tempestuosa, Porto Santo mantem-se um abrigo providencial. Inúmeros aviões que a meteorologia desvia da vizinha Madeira garantem lá o seu pouso. Como o fazem, todos os anos, milhares de veraneantes rendidos à suavidade e imensidão da praia dourada e à exuberância dos cenários vulcânicos.
Pico do Arieiro - Pico Ruivo, Madeira, Portugal

Pico Arieiro ao Pico Ruivo, Acima de um Mar de Nuvens

A jornada começa com uma aurora resplandecente aos 1818 m, bem acima do mar de nuvens que aconchega o Atlântico. Segue-se uma caminhada sinuosa e aos altos e baixos que termina sobre o ápice insular exuberante do Pico Ruivo, a 1861 metros.
Paul do Mar a Ponta do Pargo a Achadas da Cruz, Madeira, Portugal

À Descoberta da Finisterra Madeirense

Curva atrás de curva, túnel atrás de túnel, chegamos ao sul solarengo e festivo de Paul do Mar. Arrepiamo-nos com a descida ao retiro vertiginoso das Achadas da Cruz. Voltamos a ascender e deslumbramo-nos com o cabo derradeiro de Ponta do Pargo. Tudo isto, nos confins ocidentais da Madeira.
Vereda Terra Chã e Pico Branco, Porto Santo

Pico Branco, Terra Chã e Outros Caprichos da Ilha Dourada

No seu recanto nordeste, Porto Santo é outra coisa. De costas voltadas para o sul e para a sua grande praia, desvendamos um litoral montanhoso, escarpado e até arborizado, pejado de ilhéus que salpicam um Atlântico ainda mais azul.
São Jorge, Açores

De Fajã em Fajã

Abundam, nos Açores, faixas de terra habitável no sopé de grandes falésias. Nenhuma outra ilha tem tantas fajãs como as mais de 70 da esguia e elevada São Jorge. Foi nelas que os jorgenses se instalaram. Nelas assentam as suas atarefadas vidas atlânticas.
Fiéis saúdam-se no registão de Bukhara.
Cidade
Bukhara, Uzbequistão

Entre Minaretes do Velho Turquestão

Situada sobre a antiga Rota da Seda, Bukhara desenvolveu-se desde há pelo menos, dois mil anos como um entreposto comercial, cultural e religioso incontornável da Ásia Central. Foi budista, passou a muçulmana. Integrou o grande império árabe e o de Gengis Khan, reinos turco-mongois e a União Soviética, até assentar no ainda jovem e peculiar Uzbequistão.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Jabula Beach, Kwazulu Natal, Africa do Sul
Safari
Santa Lucia, África do Sul

Uma África Tão Selvagem Quanto Zulu

Na eminência do litoral de Moçambique, a província de KwaZulu-Natal abriga uma inesperada África do Sul. Praias desertas repletas de dunas, vastos pântanos estuarinos e colinas cobertas de nevoeiro preenchem esta terra selvagem também banhada pelo oceano Índico. Partilham-na os súbditos da sempre orgulhosa nação zulu e uma das faunas mais prolíficas e diversificadas do continente africano.
Thorong La, Circuito Annapurna, Nepal, foto para a posteridade
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 13º - High Camp a Thorong La a Muktinath, Nepal

No Auge do Circuito dos Annapurnas

Aos 5416m de altitude, o desfiladeiro de Thorong La é o grande desafio e o principal causador de ansiedade do itinerário. Depois de, em Outubro de 2014, ter vitimado 29 montanhistas, cruzá-lo em segurança gera um alívio digno de dupla celebração.
Treasures, Las Vegas, Nevada, Cidade do Pecado e Perdao
Arquitectura & Design
Las Vegas, E.U.A.

Onde o Pecado tem Sempre Perdão

Projectada do Deserto Mojave como uma miragem de néon, a capital norte-americana do jogo e do espectáculo é vivida como uma aposta no escuro. Exuberante e viciante, Vegas nem aprende nem se arrepende.
Aventura
Viagens de Barco

Para Quem Só Enjoa de Navegar na Net

Embarque e deixe-se levar em viagens de barco imperdíveis como o arquipélago filipino de Bacuit e o mar gelado do Golfo finlandês de Bótnia.
Corrida de camelos, Festival do Deserto, Sam Sam Dunes, Rajastão, Índia
Cerimónias e Festividades
Jaisalmer, Índia

Há Festa no Deserto do Thar

Mal o curto Inverno parte, Jaisalmer entrega-se a desfiles, a corridas de camelos e a competições de turbantes e de bigodes. As suas muralhas, ruelas e as dunas em redor ganham mais cor que nunca. Durante os três dias do evento, nativos e forasteiros assistem, deslumbrados, a como o vasto e inóspito Thar resplandece afinal de vida.
Emma
Cidades
Melbourne, Austrália

Uma Austrália “Asienada”

Capital cultural aussie, Melbourne também é frequentemente eleita a cidade com melhor qualidade de vida do Mundo. Quase um milhão de emigrantes orientais aproveitaram este acolhimento imaculado.
Cacau, Chocolate, Sao Tome Principe, roça Água Izé
Comida
São Tomé e Príncipe

Roças de Cacau, Corallo e a Fábrica de Chocolate

No início do séc. XX, São Tomé e Príncipe geravam mais cacau que qualquer outro território. Graças à dedicação de alguns empreendedores, a produção subsiste e as duas ilhas sabem ao melhor chocolate.
Sol e coqueiros, São Nicolau, Cabo Verde
Cultura
São Nicolau, Cabo Verde

São Nicolau: Romaria à Terra di Sodade

Partidas forçadas como as que inspiraram a famosa morna “Sodade” deixaram bem vincada a dor de ter que deixar as ilhas de Cabo Verde. À descoberta de Saninclau, entre o encanto e o deslumbre, perseguimos a génese da canção e da melancolia.
Bungee jumping, Queenstown, Nova Zelândia
Desporto
Queenstown, Nova Zelândia

Queenstown, a Rainha dos Desportos Radicais

No séc. XVIII, o governo kiwi proclamou uma vila mineira da ilha do Sul "fit for a Queen". Hoje, os cenários e as actividades radicais reforçam o estatuto majestoso da sempre desafiante Queenstown.
Homer, Alasca, baía Kachemak
Em Viagem
Anchorage a Homer, E.U.A.

Viagem ao Fim da Estrada Alasquense

Se Anchorage se tornou a grande cidade do 49º estado dos E.U.A., Homer, a 350km, é a sua mais famosa estrada sem saída. Os veteranos destas paragens consideram esta estranha língua de terra solo sagrado. Também veneram o facto de, dali, não poderem continuar para lado nenhum.
Creel, Chihuahua, Carlos Venzor, coleccionador, museu
Étnico
Chihuahua a Creel, Chihuahua, México

A Caminho de Creel

Com Chihuahua para trás, apontamos a sudoeste e a terras ainda mais elevadas do norte mexicano. Junto a Ciudad Cuauhtémoc, visitamos um ancião menonita. Em redor de Creel, convivemos, pela primeira vez, com a comunidade indígena Rarámuri da Serra de Tarahumara.
portfólio, Got2Globe, fotografia de Viagem, imagens, melhores fotografias, fotos de viagem, mundo, Terra
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Porfólio Got2Globe

O Melhor do Mundo – Portfólio Got2Globe

Igreja colonial de São Francisco de Assis, Taos, Novo Mexico, E.U.A
História
Taos, E.U.A.

A América do Norte Ancestral de Taos

De viagem pelo Novo México, deslumbramo-nos com as duas versões de Taos, a da aldeola indígena de adobe do Taos Pueblo, uma das povoações dos E.U.A. habitadas há mais tempo e em contínuo. E a da Taos cidade que os conquistadores espanhóis legaram ao México, o México cedeu aos Estados Unidos e que uma comunidade criativa de descendentes de nativos e artistas migrados aprimoram e continuam a louvar.
Ilha do Pico, a oeste da montanha, Açores, lajes do Pico
Ilhas
Ilha do Pico, Açores

A Ilha a Leste da Montanha do Pico

Por norma, quem chega ao Pico desembarca no seu lado ocidental, com o vulcão (2351m) a barrar a visão sobre o lado oposto. Para trás do Pico montanha, há todo um longo e deslumbrante “oriente” da ilha que leva o seu tempo a desvendar.
Igreja Sta Trindade, Kazbegi, Geórgia, Cáucaso
Inverno Branco
Kazbegi, Geórgia

Deus nas Alturas do Cáucaso

No século XIV, religiosos ortodoxos inspiraram-se numa ermida que um monge havia erguido a 4000 m de altitude e empoleiraram uma igreja entre o cume do Monte Kazbek (5047m) e a povoação no sopé. Cada vez mais visitantes acorrem a estas paragens místicas na iminência da Rússia. Como eles, para lá chegarmos, submetemo-nos aos caprichos da temerária Estrada Militar da Geórgia.
José Saramago em Lanzarote, Canárias, Espanha, Glorieta de Saramago
Literatura
Lanzarote, Canárias, Espanha

A Jangada de Basalto de José Saramago

Em 1993, frustrado pela desconsideração do governo português da sua obra “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, Saramago mudou-se com a esposa Pilar del Río para Lanzarote. De regresso a esta ilha canária algo extraterrestre, reencontramos o seu lar. E o refúgio da censura a que o escritor se viu votado.
Motociclista no desfiladeiro de Sela, Arunachal Pradesh, Índia
Natureza
Guwahati a Sela Pass, Índia

Viagem Mundana ao Desfiladeiro Sagrado de Sela

Durante 25 horas, percorremos a NH13, uma das mais elevadas e perigosas estradas indianas. Viajamos da bacia do rio Bramaputra aos Himalaias disputados da província de Arunachal Pradesh. Neste artigo, descrevemos-lhe o trecho até aos 4170 m de altitude do Sela Pass que nos apontou à cidade budista-tibetana de Tawang.
Estátua Mãe-Arménia, Erevan, Arménia
Outono
Erevan, Arménia

Uma Capital entre o Leste e o Ocidente

Herdeira da civilização soviética, alinhada com a grande Rússia, a Arménia deixa-se seduzir pelos modos mais democráticos e sofisticados da Europa Ocidental. Nos últimos tempos, os dois mundos têm colidido nas ruas da sua capital. Da disputa popular e política, Erevan ditará o novo rumo da nação.
Viajante acima da lagoa gelada de Jökursarlón, Islândia
Parques Naturais
Lagoa Jökursarlón, Glaciar Vatnajökull, Islândia

Já Vacila o Glaciar Rei da Europa

Só na Gronelândia e na Antárctica se encontram geleiras comparáveis ao Vatnajökull, o glaciar supremo do velho continente. E no entanto, até este colosso que dá mais sentido ao termo Terra do Gelo se está a render ao cerco inexorável do aquecimento global.
agua grande plataforma, cataratas iguacu, brasil, argentina
Património Mundial UNESCO
Cataratas Iguaçu/Iguazu, Brasil/Argentina

O Troar da Grande Água

Após um longo percurso tropical, o rio Iguaçu dá o mergulho dos mergulhos. Ali, na fronteira entre o Brasil e a Argentina, formam-se as cataratas maiores e mais impressionantes à face da Terra.
Monumento do Heroes Acre, Zimbabwe
Personagens
Harare, Zimbabwe

O Último Estertor do Surreal Mugabué

Em 2015, a primeira-dama do Zimbabué Grace Mugabe afirmou que o presidente, então com 91 anos, governaria até aos 100, numa cadeira-de-rodas especial. Pouco depois, começou a insinuar-se à sua sucessão. Mas, nos últimos dias, os generais precipitaram, por fim, a remoção de Robert Mugabe que substituiram pelo antigo vice-presidente Emmerson Mnangagwa.
Nova Gales do Sul Austrália, Caminhada na praia
Praias
Batemans Bay a Jervis Bay, Austrália

Nova Gales do Sul, de Baía em Baía

Com Sydney para trás, entregamo-nos à “South Coast” australiana. Ao longo de 150km, na companhia de pelicanos, cangurus e outras peculiares criaturas aussie, deixamo-nos perder num litoral recortado entre praias deslumbrantes e eucaliptais sem fim.
Religião
Lhasa, Tibete

Quando o Budismo se Cansa da Meditação

Nem só com silêncio e retiro espiritual se procura o Nirvana. No Mosteiro de Sera, os jovens monges aperfeiçoam o seu saber budista com acesos confrontos dialécticos e bateres de palmas crepitantes.
Trem do Serra do Mar, Paraná, vista arejada
Sobre Carris
Curitiba a Morretes, Paraná, Brasil

Paraná Abaixo, a Bordo do Trem Serra do Mar

Durante mais de dois séculos, só uma estrada sinuosa e estreita ligava Curitiba ao litoral. Até que, em 1885, uma empresa francesa inaugurou um caminho-de-ferro com 110 km. Percorremo-lo, até Morretes, a estação, hoje, final para passageiros. A 40km do término original e costeiro de Paranaguá.
Acolhedora Vegas
Sociedade
Las Vegas, E.U.A.

Capital Mundial dos Casamentos vs Cidade do Pecado

A ganância do jogo, a luxúria da prostituição e a ostentação generalizada fazem parte de Las Vegas. Como as capelas que não têm olhos nem ouvidos e promovem matrimónios excêntricos, rápidos e baratos.
O projeccionista
Vida Quotidiana
Sainte-Luce, Martinica

Um Projeccionista Saudoso

De 1954 a 1983, Gérard Pierre projectou muitos dos filmes famosos que chegavam à Martinica. 30 anos após o fecho da sala em que trabalhava, ainda custava a este nativo nostálgico mudar de bobine.
Pesca, Caño Negro, Costa Rica
Vida Selvagem
Caño Negro, Costa Rica

Uma Vida à Pesca entre a Vida Selvagem

Uma das zonas húmidas mais importantes da Costa Rica e do Mundo, Caño Negro deslumbra pelo seu ecossistema exuberante. Não só. Remota, isolada por rios, pântanos e estradas sofríveis, os seus habitantes encontraram na pesca um meio embarcado de fortalecerem os laços da sua comunidade.
Pleno Dog Mushing
Voos Panorâmicos
Seward, Alasca

O Dog Mushing Estival do Alasca

Estão quase 30º e os glaciares degelam. No Alasca, os empresários têm pouco tempo para enriquecer. Até ao fim de Agosto, o dog mushing não pode parar.