Campos de Gerês -Terras de Bouro, Portugal

Pelos Campos do Gerês e as Terras de Bouro


Pedra Bela, Vista a condizer
Vista de um braço do rio Cávado a partir do Miradouro da Pedra Bela.
Casario de encosta
Uma aldeia disposta encosta acima, em plenos campos do Gerês.
Ao Sol das Terras de Bouro
Estendal junto ao grande espigueiro da Casa dos Bernardos em Santa Isabel do Monte
Caudal só para um casal
Lagoas cristalinas do rio Homem, no coração da Mata da Albergaria
Monumento de Granito
Rochedo de granito destacado da serrania, nas imediações de Campo do Gerês.
Piscina d’Homem
Pequena lagoa natural do rio Homem, no interior da Mata da Albergaria
Pequena Lagoa Exclusiva
Casal desfruta de um poço abastecido pela Cascata do Arado.
Safari à moda das Terras de Bouro
Vaca cachena surge de repente num cenário típico de Terras de Bouro, com granito e abundância de fetos.
Igreja e cemitério
Igreja de Santa Isabel do Monte, entre milheirais e outros campos agrícolas
Diversão de pedra e água
Casal desfruta de um poço abastecido pela Cascata do Arado.
Uma fachada pouco Ortodoxa
Fachada da igreja de Santo António de Mixões da Serra, em Valdreu, Terras de Bouro
Santo António de Valdreu
Pormenor da estátua de Santo António, destacada acima da igreja de Santo António de Mixões da Serra
Igreja de todas as atenções
Igreja de Santo António de Mixões da Serra, em Valdreu, Terras de Bouro
Estrada à moda do Gerês
Carros sobem uma encosta íngreme da Serra do Gerês, na direcção do Miradouro da Pedra Bela.
Casario de Campo do Gerês
Casario de Campo do Gerês, como visto do Miradouro da Pedra Bela
Vaca Cachena
Vaca cachena num cenário típico de Terras de Bouro, com granito e abundância de fetos.
Pelo Cávado Fora
Rio Cávado multiplicado tal como visto de um cume acima do Mosteiro São Bento da Porta Abera
Garranos das Terras de Bouro
Garranos sobre um tapete de fetos, nas imediações de Valdreu
Prosseguimos num périplo longo e ziguezagueante pelos domínios da Peneda-Gerês e de Bouro, dentro e fora do nosso único Parque Nacional. Nesta que é uma das zonas mais idolatradas do norte português.

Como que por mero capricho fluvial, o Cávado decide multiplicar-se.

São vários os braços amplos de rio que estica, sem cerimónias, serranias de Gerês adentro. Dos 829 metros de altitude do Miradouro da Pedra Bela víamos um deles, contido pela súbita inclinação da encosta.

Víamos ainda espreitar um segundo, virado a noroeste. E, por fim, um terceiro apontado a sudoeste, a direcção do fluxo principal do rio.

Lá em baixo, às suas margens, aldeolas em fila anunciavam a povoação termal que acolhe boa parte dos veraneantes e usa e abusa do nome da região.

Rio Cávado, vista do Miradouro da Pedra Bela, Gerês, Portugal

Vista de um braço do rio Cávado a partir do Miradouro da Pedra Bela.

O Gerês tem, ali, o seu âmago civilizacional e logístico. Por norma, à medida que nos afastamos da vila, o sossego aumenta de tom. As excepções estão nas pequenas dádivas da natureza com fama a corresponder à beleza. É o caso da vizinha cascata do Arado.

Cascata do Arado: tão Ansiada como Difícil de alcançar.

Quando a espreitamos, uma pequena multidão disputava o limiar do parapeito de observação. As autoridades do parque nacional desencorajam o acesso às piscinas naturais escavadas no granito que a queda d’água abastece. Mesmo assim, um casal tinha lá ascendido. Exibia o seu recreio balnear exclusivo e gerava uma inveja crescente na plateia do lado de cá do desfiladeiro.

Estávamos entre os que, mesmo àquela hora matinal, já sonhavam com mergulhos e chapinhares em tais recantos deslumbrantes. Resignados com a falta de tempo e de oportunidade, migramos para um cenário afim.

Filipa Gomes, uma nativa de Campo do Gerês, continua a guiar-nos pelos domínios em que cresceu. “vamos até à Mata da Albergaria. Deve estar muito menos gente e também tem uma cascata pequena onde eu e os meus pais costumávamos ir!”

À laia de feito simbólico, passamos para lá da fronteira com Espanha de Portela do Homem. Filipa deixa-nos no início de um dos trilhos incontornáveis da zona, parte da Geira.

Assim ficou conhecida uma estrada militar que os romanos construíram entre Bracara Augusta e Asturica Augusta (Astorga, Espanha). Em conexão com uma outra que ligava a Portela do Homem a (Castro) Laboreiro

Marcos Romanos, Geira, Mata da Albergaria, rio Homem, Gerês

Marcos miliários da Geira, na margem esquerda do rio Homem.

As Amoras Irresistíveis da Velha Geira Romana

Essa estrada terá sido catalogada como a Via nº18 da grelha de Antonino, uma complexa rede por que se moviam as legiões de soldados e os seus líderes romanos. Construída por volta do século I d.C., a Geira media 215 milhas, sendo que, a cada milha, correspondiam mil passos.

A nós, cabia-nos caminhar e apreciar o cenário e os marcos cilíndricos legados pelos romanos numa ínfima parte do trecho compreendido entre as milhas XXVII e XXXIV.

Filipa levou a carrinha em que nos transportava até ao fim desse trecho, com a ideia de nos recolher no fim do percurso. Um imprevisto fez com que demorássemos bem mais que o estimado e que resolvesse antecipar o encontro. As beiras do trilho estavam carregadas de silvas.

As silvas, por sua vez, estavam carregadas de amoras maduras e suculentas. A meio da manhã, com o pequeno-almoço leve já sumido, não conseguimos rejeitar o banquete. Como consequência, cumprimos a distância num dos tempos mais lentos de que não haverá registo.

De um momento para o outro, o trilho revela-nos o leito pedregoso do rio Homem e um seu meandro repleto de poços e lagoas fluviais cristalinas partilhadas por quatro ou cinco banhistas felizardos. Para mal dos nossos pecados, vemo-nos de novo forçados a prosseguir sem paragem recreativa.

Da Vilarinho das Furnas Submersa, Terras de Bouro Acima

Adiante, o Homem abre para a grande albufeira contida pela barragem de Vilarinho das Furnas que, em 1971, submergiu a aldeia homónima. Em meses de seca extrema, a água da represa baixa de tal maneira que as ruínas da povoação ficam a descoberto. Malgrado o comprometimento do estio, não era coisa para ali ficarmos à espera.

Em vez, cruzamos o Homem pelo coroamento do açude. Ascendemos pelo cenário rochoso e abrupto a norte do rio. Só nos voltamos a deter em Brufe, uma aldeia a salvo da enchente gerada pela barragem mas vítima da lenta drenagem das suas poucas gentes.

Desde meio do século XIX, mais de metade dos cento e poucos habitantes de Brufe partiram de uma ou outra forma. Sobram agora menos de cinquenta, almas que resistem ao tempo e ao destino como os canastros de granito em que há muito armazenam o sustento.

São de Bouro as terras que continuamos a atravessar.

Como o fizeram os Búrios, uma tribo germânica que chegou ao oeste da Península Ibérica (incluindo a Galécia) com os Suevos, no início do século V e que se instalou nesta precisa zona de montanha entre os rios Cávado e Homem.

Rio Cávado, Gerês, Portugal

Rio Cávado multiplicado tal como visto de um cume acima do Mosteiro São Bento da Porta Aberta

Os Búrios, os Suevos e os Visigodos

Pouco depois, o Reino Suevo foi anexado pelos Visigodos que invadiram a Hispania Romana e a Galécia Sueva sem apelo. Os Búrios permaneceram. Ajustaram-se ao domínio e aos modos visigóticos. De tal maneira, que resistem no nome da região e na genética das suas gentes.

Os Búrios chegaram com crenças e costumes pagãos. Mas, no final do século VI, os monarcas suevos (várias teorias apontam reis distintos) tinham já cedido à acção evangelizadora de missionários em acção na Península Ibérica.

Como o narra a História de regibos Gothorum, Vandalorum et Suevorum, obra do arcebispo Isidoro de Sevilha, terá sido o bispo Martinho de Braga a conseguir a sua conversão, por influência sobre o rei Teodomiro, considerado o primeiro monarca cristão ortodoxo dos Suevos. Esta é, no entanto, apenas uma de várias postulações que defendem o protagonismo de monarcas, missionários e épocas distintas.

Independentemente de como aconteceu, as Terras de Bouro tornaram-se cristãs. Com o tempo, de ortodoxas, passaram a católicas. Os templos lítúrgicos e graníticos da já milenar fé salpicam a paisagem. Uns, são mais excêntricos que outros.

Igreja de Santo António de Mixões da Serra, Valdreu, Terras de Bouro, Portugal

Fachada da igreja de Santo António de Mixões da Serra, em Valdreu, Terras de Bouro

A Mítica Igreja de Santo António de Mixões da Serra

De Brufe, vamos até Valdreu. Lá encontramos o Santuário de Santo António de Mixões da Serra, uma igreja com arquitectura pouco convencional e origem no dealbar da época medieval.

Subimos uma escadaria que  nos conduz a um cume pedregoso. Dali se projecta a estátua clássica do padroeiro Santo António, que segura um Jesus Menino e, ao mesmo tempo, a Bíblia.

Daquele alto cristão, admiramos o casario e os minifúndios disseminados no cenário agreste em redor. E, logo abaixo, o cimo da igreja, com os seus torreões gémeos destacados sobre o frontão.

Em Junho, a igreja de Santo António de Mixões e o átrio amplo em frente são palco de uma cerimónia religiosa inusitada, a Bênção dos Animais. Diz-se que a tradição surgiu no século XVII (outras fontes situam a sua génese no início do século XX).

Terá sido suscitada por uma peste que se alastrou àqueles confins e vitimou boa parte do gado da região. Necessitados dos animais, devastados pela sua mortandade, os moradores terão prometido a Santo António que lhe ergueriam um templo se detivesse a epidemia.

A Abençoada Bênção dos Animais

Santo António cedeu às preces dos crentes e, estes, construíram-lhe uma capela no cimo da Serra. Além da edificação, as gentes da região começaram a levar os seus animais – de vacas a cães e gatos – ornamentados com flores, fitas e outros adereços à igreja de Mixões da Serra. Lá assistem à missa.

Em seguida, o pároco asperge as criaturas com água benta e roga pela devida protecção divina.

De Mixões da Serra, apontamos a Santa Isabel do Monte. Pelo caminho, passamos por manadas de cachenas e avistamos uma outra, de garranos, a pastarem sobre um tapete de fetos e tojos, aquém de um castro de grandes rochedos de granito. Todos os animais que víamos pareciam gozar de perfeita saúde.

Mais que saúde, um vigor e portento físico só possível numa região verde e fértil como aquela em que continuávamos a cirandar.

Igreja de Santa Isabel do Monte, Terras de Bouro, Portugal

Igreja de Santa Isabel do Monte, entre milheirais e outros campos agrícolas

As Terras de Bouro à Parte de Santa Isabel do Monte

Filipa Gomes tinha um apreço especial por Santa Isabel do Monte. Um carinho adicional que depressa assimilámos.

Ali, as aldeolas pareciam surgir ainda mais remotas e orgulhosas que as de outras partes. “Às vezes passo aqui e tenho que abrandar porque os animais andam à solta por todo o lado.

Os porcos, as galinhas as cabras, é tudo deles!  E circulam tão poucos carros que os animais cruzam a estrada, sem grandes preocupações. De facto, passámos por porcos, rosados, por galinhas e até perus entregues a uma frenética prospeção alimentar do solo.

Depois dos Abades, a Casa dos Bernardos, versão Laica

Filipa levou-nos a um outro edifício secular elegante, a Casa dos Bernardos, em tempos habitada pelos Abades (cistercienses) Bernardos e, desde os tempos fulcrais da nação portuguesa, parte do Couto do Mosteiro de Bouro, um domínio que lhes foi doado pelo próprio rei D. Afonso Henriques.

Lá nos espantamos com o espigueiro mais longo do concelho de Terras de Bouro, um canastro imponente com 16 metros de comprimento e segundo dita a descrição histórica: “capacidade para arrecadar 18 carros de pão” (leia-se espigas de milho).

Casa dos Bernardos, Santa Isabel do Monte, Terras de Bouro

Grande espigueiro da Casa dos Bernardos, em Santa Isabel do Monte

Filipa apresenta-nos Dª Leopoldina. A anfitriã abre-nos a porta da capela da casa e revela-nos a decoração garrida, com óbvia inspiração naife da pequena nave da capela.

A tarde precipitava-se para o fim mas Filipa guardava-nos um derradeiro lugar especial na manga. A determinada altura, deixamos a estradinha de asfalto para um caminho de terra irregular que se fazia à encosta.

Progredimos um pouco mais, aos solavancos. Só nos detemos do lado de lá da cumeada num mundo distinto e bem mais desafogado das Terras de Bouro.

Por diante, tínhamos um cenário complementar ao do Miradouro da Pedra Bela, em que havíamos começado o dia. Subimos aos rochedo de granito mais próximos e ficamos a apreciá-lo. Logo abaixo, o grande mosteiro de São Bento da Porta Aberta parecia abençoar o caudal do Cávado, “estrelado” como nos tínhamos já habituado a vê-lo.

João Vieira. Ainda existem Pastores assim.

Estávamos entregues a esta contemplação quando o som de guizos nos chama atenção. Nas nossas costas, um pastor de sachola pendurada ao ombro seguia um rebanho de cabras.

Fotografamo-lo a aproximar-se aos poucos. Já junto a nós, o pastor atira um “olhem que vocês ainda partem essas câmaras de tanto disparar!”.

Foi o início de uma longa conversa em que João Vieira nunca deixou de nos espantar. O recém-chegado estava quase com 50 anos. Foi pastor quase toda a vida, como o tinham sido o seu pai e o avô. Era dono de 180 cabras que guardava junto à igreja de São Bento.

Pastor João Vieira, Terras de Bouro, Gerês, Portugal

O pastor de cabras João Vieira durante uma pausa no seu pastorício, para conversa.

“Os lobos?” perguntamos-lhe. “Então não andam aí?” afiança-nos. “Só a mim já me mataram umas vinte cabras. O que é que gente faz? Olhem… nada, a gente tenta mantê-los longe mas nem sempre é fácil. O ICNF diz que devíamos ter um cão por cada dez ovelhas ou cabras.

Mas e quem é que paga a ração dos cães?  Eles dizem que temos direito a receber os cães de graça quando os lobos nos matam os animais mas, se querem saber, aquilo, para mim, é uma aldrabice tão grande que eu já nem abro as cartas que eles me mandam!”.

Fim do Dia (de novo), bem acima do Cávado

Enquanto falávamos, o telemóvel do pastor tocou vezes sem conta. João Vieira, respondeu numa só ocasião. “Opá, que é tu queres agora? Já falámos muito hoje, não tás a ver que tou ocupado! Tou aqui com umas pessoas.”

Percebemos que a companhia de gente nova lhe agradava sobremaneira. De tal forma que o pastor deixou as cabras seguir o seu caminho e continuou a inaugurar estória atrás de estória. “Ora, para acabar, vou-vos contar só mais esta. Vocês ‘tão a ver o mosteiro lá em baixo.

Pastor João Vieira persegue as cabras do seu rebanho, numa serrania acima do mosteiro de São Bento da Porta Aberta.

Sabem uma coisa: eu até ia à missa. Uma vez, tinha eu 15 anos, na confissão, o padre resolveu perguntar-me se eu ia às meninas! Digo-vos uma coisa. Até era miúdo mas fiquei tão indignado que nunca mais lá pus os pés.”

O telemóvel voltou a tocar. João Vieira rejeitou uma vez mais a chamada. Despediu-se e saiu a correr atrás das cabras que há muito se haviam impacientado.

Ficámos, deslumbrados, a vê-lo desaparecer na vastidão da serrania da Peneda-Gerês e das velhas Terras de Bouro, com as de Montalegre e do Barroso na iminência.

 

Os autores agradecem às seguintes entidades o apoio prestado à criação deste artigo:

Turismo Porto e Norte

Equi’Desafios

Reserve o seu passeio a cavalo e outras actividades no Gerês e Terras de Bouro no site da Equi’Desafios.

Sistelo, Peneda-Gerês, Portugal

Do "Pequeno Tibete Português" às Fortalezas do Milho

Deixamos as fragas da Srª da Peneda, rumo a Arcos de ValdeVez e às povoações que um imaginário erróneo apelidou de Pequeno Tibete Português. Dessas aldeias socalcadas, passamos por outras famosas por guardarem, como tesouros dourados e sagrados, as espigas que colhem. Caprichoso, o percurso revela-nos a natureza resplandecente e a fertilidade verdejante destas terras da Peneda-Gerês.
Montalegre, Portugal

Pelo Alto do Barroso, Cimo de Trás-os-Montes

Mudamo-nos das Terras de Bouro para as do Barroso. Com base em Montalegre, deambulamos à descoberta de Paredes do Rio, Tourém, Pitões das Júnias e o seu mosteiro, povoações deslumbrantes do cimo raiano de Portugal. Se é verdade que o Barroso já teve mais habitantes, visitantes não lhe deviam faltar.
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Do Castro de Laboreiro à Raia da Serra Peneda - Gerês

Chegamos à (i) eminência da Galiza, a 1000m de altitude e até mais. Castro Laboreiro e as aldeias em redor impõem-se à monumentalidade granítica das serras e do Planalto da Peneda e de Laboreiro. Como o fazem as suas gentes resilientes que, entregues ora a Brandas ora a Inverneiras, ainda chamam casa a estas paragens deslumbrantes.
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Ilha do Pico: o Vulcão dos Açores com o Atlântico aos Pés

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Uma biosfera imaculada que as entranhas da Terra moldam e amornam exibe-se, em São Miguel, em formato panorâmico. São Miguel é a maior das ilhas portuguesas. E é uma obra de arte da Natureza e do Homem no meio do Atlântico Norte plantada.
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Santa Maria: Ilha Mãe dos Açores Há Só Uma

Foi a primeira do arquipélago a emergir do fundo dos mares, a primeira a ser descoberta, a primeira e única a receber Cristovão Colombo e um Concorde. Estes são alguns dos atributos que fazem de Santa Maria especial. Quando a visitamos, encontramos muitos mais.
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Ilha Terceira: Viagem por um Arquipélago dos Açores Ímpar

Foi chamada Ilha de Jesus Cristo e irradia, há muito, o culto do Divino Espírito Santo. Abriga Angra do Heroísmo, a cidade mais antiga e esplendorosa do arquipélago. São apenas dois exemplos. Os atributos que fazem da ilha Terceira ímpar não têm conta.
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Onde, para oeste, até no mapa as Américas surgem remotas, a Ilha das Flores abriga o derradeiro domínio idílico-dramático açoriano e quase quatro mil florenses rendidos ao fim-do-mundo deslumbrante que os acolheu.
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Louvada Seja a Ilha do Porto Santo

Descoberta durante uma volta do mar tempestuosa, Porto Santo mantem-se um abrigo providencial. Inúmeros aviões que a meteorologia desvia da vizinha Madeira garantem lá o seu pouso. Como o fazem, todos os anos, milhares de veraneantes rendidos à suavidade e imensidão da praia dourada e à exuberância dos cenários vulcânicos.
Pico do Arieiro - Pico Ruivo, Madeira, Portugal

Pico Arieiro ao Pico Ruivo, Acima de um Mar de Nuvens

A jornada começa com uma aurora resplandecente aos 1818 m, bem acima do mar de nuvens que aconchega o Atlântico. Segue-se uma caminhada sinuosa e aos altos e baixos que termina sobre o ápice insular exuberante do Pico Ruivo, a 1861 metros.
Paul do Mar a Ponta do Pargo a Achadas da Cruz, Madeira, Portugal

À Descoberta da Finisterra Madeirense

Curva atrás de curva, túnel atrás de túnel, chegamos ao sul solarengo e festivo de Paul do Mar. Arrepiamo-nos com a descida ao retiro vertiginoso das Achadas da Cruz. Voltamos a ascender e deslumbramo-nos com o cabo derradeiro de Ponta do Pargo. Tudo isto, nos confins ocidentais da Madeira.
Vereda Terra Chã e Pico Branco, Porto Santo

Pico Branco, Terra Chã e Outros Caprichos da Ilha Dourada

No seu recanto nordeste, Porto Santo é outra coisa. De costas voltadas para o sul e para a sua grande praia, desvendamos um litoral montanhoso, escarpado e até arborizado, pejado de ilhéus que salpicam um Atlântico ainda mais azul.
Graciosa, Açores

Sua Graça a Graciosa

Por fim, desembarcarmos na Graciosa, a nossa nona ilha dos Açores. Mesmo se menos dramática e verdejante que as suas vizinhas, a Graciosa preserva um encanto atlântico que é só seu. Quem tem o privilégio de o viver, leva desta ilha do grupo central uma estima que fica para sempre.
Corvo, Açores

O Abrigo Atlântico Inverosímil da Ilha do Corvo

17 km2 de vulcão afundado numa caldeira verdejante. Uma povoação solitária assente numa fajã. Quatrocentas e trinta almas aconchegadas pela pequenez da sua terra e pelo vislumbre da vizinha Flores. Bem-vindo à mais destemida das ilhas açorianas.
São Jorge, Açores

De Fajã em Fajã

Abundam, nos Açores, faixas de terra habitável no sopé de grandes falésias. Nenhuma outra ilha tem tantas fajãs como as mais de 70 da esguia e elevada São Jorge. Foi nelas que os jorgenses se instalaram. Nelas assentam as suas atarefadas vidas atlânticas.
Funchal, Madeira

Portal para um Portugal Quase Tropical

A Madeira está situada a menos de 1000km a norte do Trópico de Câncer. E a exuberância luxuriante que lhe granjeou o cognome de ilha jardim do Atlântico desponta em cada recanto da sua íngreme capital.
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A Ponta Leste, algo Extraterrestre da Madeira

Inóspita, de tons ocres e de terra crua, a Ponta de São Lourenço surge, com frequência, como a primeira vista da Madeira. Quando a percorremos, deslumbramo-nos, sobretudo, com o que a mais tropical das ilhas portuguesas não é.
Vale das Furnas, São Miguel

O Calor Açoriano do Vale das Furnas

Surpreendemo-nos, na maior ilha dos Açores, com uma caldeira retalhada por minifúndios agrícolas, massiva e profunda ao ponto de abrigar dois vulcões, uma enorme lagoa e quase dois mil micaelenses. Poucos lugares do arquipélago são, ao mesmo tempo, tão grandiosos e acolhedores como o verdejante e fumegante Vale das Furnas.
Ilhéu de Cima, Porto Santo, Portugal

A Primeira Luz de Quem Navega de Cima

Integra o grupo dos seis ilhéus em redor da Ilha de Porto Santo mas está longe de ser apenas mais um. Mesmo sendo o ponto limiar oriental do arquipélago da Madeira, é o ilhéu mais próximo dos portosantenses. À noite, também faz do fanal que confirma às embarcações vindas da Europa o bom rumo.
Ilha do Pico, Açores

A Ilha a Leste da Montanha do Pico

Por norma, quem chega ao Pico desembarca no seu lado ocidental, com o vulcão (2351m) a barrar a visão sobre o lado oposto. Para trás do Pico montanha, há todo um longo e deslumbrante “oriente” da ilha que leva o seu tempo a desvendar.
Fiéis saúdam-se no registão de Bukhara.
Cidade
Bukhara, Uzbequistão

Entre Minaretes do Velho Turquestão

Situada sobre a antiga Rota da Seda, Bukhara desenvolveu-se desde há pelo menos, dois mil anos como um entreposto comercial, cultural e religioso incontornável da Ásia Central. Foi budista, passou a muçulmana. Integrou o grande império árabe e o de Gengis Khan, reinos turco-mongois e a União Soviética, até assentar no ainda jovem e peculiar Uzbequistão.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

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Rinoceronte, PN Kaziranga, Assam, Índia
Safari
PN Kaziranga, Índia

O Baluarte dos Monocerontes Indianos

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Dawki, Índia

Dawki, Dawki, Bangladesh à Vista

Descemos das terras altas e montanhosas de Meghalaya para as planas a sul e abaixo. Ali, o caudal translúcido e verde do Dawki faz de fronteira entre a Índia e o Bangladesh. Sob um calor húmido que há muito não sentíamos, o rio também atrai centenas de indianos e bangladeshianos entregues a uma pitoresca evasão.
Menina brinca com folhas na margem do Grande Lago do Palácio de Catarina
Outono
São Petersburgo, Rússia

Dias Dourados que Antecederam a Tempestade

À margem dos acontecimentos políticos e bélicos precipitados pela Rússia, de meio de Setembro em diante, o Outono toma conta do país. Em anos anteriores, de visita a São Petersburgo, testemunhamos como a capital cultural e do Norte se reveste de um amarelo-laranja resplandecente. Num deslumbre pouco condizente com o negrume político e bélico entretanto disseminado.
Walvis Bay, Namíbia, baía, dunas
Parques Naturais
Walvis Bay, Namíbia

O Litoral Descomunal de Walvis Bay

Da maior cidade costeira da Namíbia ao limiar do deserto do Namibe de Sandwich Harbour, vai um domínio de oceano, dunas, nevoeiro e vida selvagem sem igual. Desde 1790, que a profícua Walvis Bay lhe serve de portal.
PN Timanfaya, Montanhas de Fogo, Lanzarote, Caldera del Corazoncillo
Património Mundial UNESCO
PN Timanfaya, Lanzarote, Canárias

PN Timanfaya e as Montanhas de Fogo de Lanzarote

Entre 1730 e 1736, do nada, dezenas de vulcões de Lanzarote entraram em sucessivas erupções. A quantidade massiva de lava que libertaram soterrou várias povoações e forçou quase metade dos habitantes a emigrar. O legado deste cataclismo é o cenário marciano actual do exuberante PN Timanfaya.
Ooty, Tamil Nadu, cenário de Bollywood, Olhar de galã
Personagens
Ooty, Índia

No Cenário Quase Ideal de Bollywood

O conflito com o Paquistão e a ameaça do terrorismo tornaram as filmagens em Caxemira e Uttar Pradesh um drama. Em Ooty, constatamos como esta antiga estação colonial britânica assumia o protagonismo.
Mangal entre Ibo e ilha Quirimba-Moçambique
Praias
Ilha do Ibo a Ilha QuirimbaMoçambique

Ibo a Quirimba ao Sabor da Maré

Há séculos que os nativos viajam mangal adentro e afora entre a ilha do Ibo e a de Quirimba, no tempo que lhes concede a ida-e-volta avassaladora do oceano Índico. À descoberta da região, intrigados pela excentricidade do percurso, seguimos-lhe os passos anfíbios.
Barco no rio Amarelo, Gansu, China
Religião
Bingling Si, China

O Desfiladeiro dos Mil Budas

Durante mais de um milénio e, pelo menos sete dinastias, devotos chineses exaltaram a sua crença religiosa com o legado de esculturas num estreito remoto do rio Amarelo. Quem desembarca no Desfiladeiro dos Mil Budas, pode não achar todas as esculturas mas encontra um santuário budista deslumbrante.
Composição Flam Railway abaixo de uma queda d'água, Noruega
Sobre Carris
Nesbyen a Flam, Noruega

Flam Railway: Noruega Sublime da Primeira à Última Estação

Por estrada e a bordo do Flam Railway, num dos itinerários ferroviários mais íngremes do mundo, chegamos a Flam e à entrada do Sognefjord, o maior, mais profundo e reverenciado dos fiordes da Escandinávia. Do ponto de partida à derradeira estação, confirma-se monumental esta Noruega que desvendamos.
Walter Peak, Queenstown, Nova Zelandia
Sociedade
Nova Zelândia  

Quando Contar Ovelhas Tira o Sono

Há 20 anos, a Nova Zelândia tinha 18 ovinos por cada habitante. Por questões políticas e económicas, a média baixou para metade. Nos antípodas, muitos criadores estão preocupados com o seu futuro.
saksun, Ilhas Faroé, Streymoy, aviso
Vida Quotidiana
Saksun, StreymoyIlhas Faroé

A Aldeia Faroesa que Não Quer ser a Disneylandia

Saksun é uma de várias pequenas povoações deslumbrantes das Ilhas Faroé, que cada vez mais forasteiros visitam. Diferencia-a a aversão aos turistas do seu principal proprietário rural, autor de repetidas antipatias e atentados contra os invasores da sua terra.
Lago Manyara, parque nacional, Ernest Hemingway, girafas
Vida Selvagem
PN Lago Manyara, Tanzânia

África Favorita de Hemingway

Situado no limiar ocidental do vale do Rift, o parque nacional lago Manyara é um dos mais diminutos mas encantadores e ricos em vida selvagem da Tanzânia. Em 1933, entre caça e discussões literárias, Ernest Hemingway dedicou-lhe um mês da sua vida atribulada. Narrou esses dias aventureiros de safari em “As Verdes Colinas de África”.
The Sounds, Fiordland National Park, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Fiordland, Nova Zelândia

Os Fiordes dos Antipodas

Um capricho geológico fez da região de Fiordland a mais crua e imponente da Nova Zelândia. Ano após anos, muitos milhares de visitantes veneram o sub-domínio retalhado entre Te Anau e Milford Sound.