Casal na Tea House Deaurli, já a pouca distância de Thorong Phedi.
Dona do Chá
Dona de uma tea house entre Yak Kharka e Thorong Phedi, junto a fotos da família.
Posts à Moda Antiga
Recados e Informações postadas à entrada do New Phedi Hotel.
Perigo de Derrocadas
Sinal avisa o risco de uma das áreas mais perigosas do trilho entre Yak Kharka e Thorong Phedi.
Anciã ao Sol
Moradora de um lugarejo à saída de Yak Kharka.
Destino Iaque
Cabeça de iaque serve de amuleto sobre uma casa recém-construída.
Num pouco mais de 6km, subimos dos 4018m aos 4450m, na base do desfiladeiro de Thorong La. Pelo caminho, questionamos se o que sentíamos seriam os primeiros problemas de Mal de Altitude. Nunca passou de falso alarme.
Texto: Marco C. Pereira
Imagens: Marco C. Pereira-Sara Wong
Tínhamo-nos deitado às oito da noite. Acordamos por volta das sete da manhã.
Foram onze horas de sono revigorante mais que merecido e que vieram com uma outra benesse. Malgrado o seu desvario alcoolizado da noite anterior, Don já estava a pé. Tudo indicava que em condições de seguir.
Durante o pequeno-almoço, percebemos que iríamos continuar sozinhos. Tatiana, uma das duas miúdas alemãs e Cris, um dos dois rapazes brasileiros, não se sentiam bem.
O resto do grupo decidiu ficar mais um dia em Yak Karkha, a verem se os sintomas do Mal de Montanha se atenuavam.
Ainda contemplámos ficarmos, por solidariedade e amor ao grupo mas, já nos tínhamos arrastado um tempo exagerado em Pokhara, a prepararmos a caminhada.
Além de que nos sentíamos em perfeitas condições, ansiosos por vencermos o desfiladeiro de Thorong La, de continuarmos, em tranquilidade, do lado de lá.
De acordo, findo o pequeno-almoço, quando percebemos a deliberação ao sol do grupo, despedimo-nos.
Sem grandes dramas ou cerimónias, preocupados em transmitirmos confiança em que todos retomariam a caminhada na manhã seguinte e que, como já acontecera antes, nos reencontraríamos mais à frente.
Em seguida, inauguramos o percurso de quase 7km, com uma elevação de 400m.
A Caminho de Thorong Phedi
Passamos por uma pequena manada dos iaques que contribuem para o sentido de Yak Karkha, termo traduzível como curral dos iaques.
Vemos as suas silhuetas bem definidas contra as montanhas nevadas dos Annapurnas.
À nossa direita, o grande Chulu West (6419m), uma das montanhas elevadas, mas conquistável sem grandes exigências técnicas.
Alcançamos Churi Ledar (4200m) e as suas casas de chá.
Ao entrarmos na primeira, damos com Don numa amena cavaqueira com a proprietária, familiar com quem não contactava havia bom tempo.
Paramos. Bebemos um milktea. Conversamos um pouco com os dois, fazemos umas fotos de ambos e com ambos.
Continuamos, só nós. Don diz-nos que ficaria à conversa com a senhora, que nos apanharia. Por essa altura, não tínhamos razões para duvidar.
Mais uma Estação da Água Segura
Pouco depois, chegamos a uma das “Safe Drinking Water Station” do circuito.
Uma jovem nepalesa dá-nos as boas-vindas.
Pelo que víamos através do guichê que a enquadrava, o interior do estabelecimento tinha um inesperado encanto nepalês.
Era feito de madeira amarelada, repleto de prateleiras forradas a acrílicos ou papéis coloridos onde era guardada uma panóplia de termos e de utensílios de cozinha.
Convivemos um pouco com as senhoras, já habituadas à passagem e curiosidade dos estrangeiros, mesmo aos, como nós, mais metediços.
Despedimo-nos, reabastecidos de água fresca, preparados para os sobes e desces e meandros abruptos, aprofundados pelo rio Jharsong Kola, que estavam por chegar.
Duas Pontes sobre o Jharsong Kola. Uma Indecisão
A certo ponto, a partir de um alto, vemos o trilho bifurcar-se. Continua em direcção a uma ponte suspensa acima do caudal. E por outra ramificação, mais sinuosa e profunda, que atravessava o rio por uma ponte de madeira.
Sem sinais que nos aconselhassem, optamos pela última que nos permitiria, fotografarmos caminhantes a cruzarem a ponte suspensa, com as montanhas em fundo.
Quase nos arrependemos. O trilho inferior revela uma superfície de pedrinhas soltas e escorregadias.
O cuidado que nos exige depressa nos irrita, à parte de que, por alguma razão ainda desconhecida ou talvez apenas porque os recém-chegados imitavam a opção dos caminhantes anteriores, ninguém queria cruzar a ponte suspensa.
Por sorte, por boa condição física, eram quase só esses os nossos problemas.
Os Primeiros e Inesperados Sintomas de Indisposição
Após atravessarmos o rio, começamos a sentir uma ligeira tontura, que nunca tínhamos sentido. Também ainda tínhamos as barrigas mais cheias do que era habitual e suposto, de papa de aveia e fruta, um erro que, de manhã, nos esquecemos de evitar.
Com a altitude a aumentar, o oxigénio que o sangue nos levava ao cérebro, diminuía. As digestões por terminar agravavam a zonzeira.
Fazemos fé no motivo menos danoso, atentos às agruras de outros caminhantes por que passávamos.
O mal de montanha já os tinha derrubado, retinha os companheiros de volta deles, frustrados, submissos ao dever de os levar de volta a terras mais baixas.
Não era o primeiro caso. Nem seria o último.
Como temíamos, vitima-nos uma inquietude distinta. Chegamos ao alto do lado de lá do rio, à entrada de uma outra tea house.
Além de chá e de uma série de petiscos e produtos, a “Deaurli” oferecia aos caminhantes uma estrutura de bancos de pedra com vista panorâmica sobre os ziguezagues do Jharsong Kola, o trilho que tínhamos percorrido para ali chegar e a vastidão em redor.
O que não víamos era sinal de Don em parte nenhuma do trilho. O “já vos apanho” que nos respondera quando o deixámos estava longe de cumprir.
O Sumiço Exagerado de Don
Enquanto nos servem novo milktea, os donos da Deaurli percebem que estamos apoquentados, mas pensam que por causa de um qualquer amigo que se tivesse sentido mal.
Quando lhes indicamos a razão, inauguram uma estranha explicação que nos revela a rivalidade étnica em que vive o Nepal e aquela zona alta dos Annapurnas, em particular.
Dizem-nos que Don deveria ser de uma determinada etnia que não era nativa da zona mas que cada vez mais para lá se mudava, em busca do dinheiro dos trekkers.
Acrescentam que faltava a essa etnia o sentido da responsabilidade e que, quase sempre que havia problemas com nepaleses, era por culpa deles.
Não fazíamos ideia a que etnia pertencia Don. A bebedeira da noite anterior tinha-nos deixado a ideia de que nos poderia gerar problemas a qualquer momento.
Esperamos quase uma hora no ponto panorâmico, muito mais do que necessitávamos para recuperar da subida e beber o chá.
Ao fim desse tempo, por fim, vemos um ponto vermelho, ao longe, a aproximar-se. Minutos depois, identificamos o casaco de Don.
Percebemos que o carregador vinha quase a correr.
Quando sobe a ladeira e a nós chega, os donos da Deaurli, figuras carismáticas daquelas partes, dão-lhe uma descompostura que dispensa qualquer complemento da nossa parte.
Don pede-nos desculpa. Promete que não voltava a atrasar-se daquela maneira.
Limita-se a beber água. Adianta-se-nos.
A Derradeira e Traiçoeira Ladeira
Um cavaleiro nepalês com quem já tínhamos falado em Yak Karkha, de gorro de pele e óculos escuros, aparece, saúda-nos e dá-nos alguns conselhos. “o trilho, daqui até Pedi, é o mais perigoso.
Há risco de derrocadas e, se estiver gado a pastar no cimo, podem levar com pedras mais pequenas”.
Agradecemos-lhe os avisos. Sem alternativa, enfrentamos o risco. No encalço de Don.
Umas dezenas de metros para diante, uma placa com a inscrição “Landslide Area, Step Gently”, confirma o aviso.
O trilho sulca a encosta acima do rio, num vale em V apertado, de terra solta, em ambos os lados, pejado de rochedos que já tinham deslizado e, ao longo dos tempos, causado vítimas.
Seguimos num modo de rapidez silenciosa, sem nunca nos determos. Levamos quase vinte minutos a nos livrarmos da zona de risco, à esquerda do Jharsong Kola.
Quando o conseguimos, damos de caras com a recompensa de Thorong Pedi.
A Entrada Solarenga em Thorong Pedi
O lugarejo surge-nos murado, com um pórtico de entrada que identificava o Thorong Base Camp.
Por oposição ao High Camp, complementado com outras placas promocionais, de “Fresh Bakery”, “Real Coffee” e, claro está de “Apple Pie”.
Caminhantes apressados optavam por esticar a corda.
Progrediam directos até ao High Camp. A subida só tinha 1km. Nessa distância, ascendia 400 metros.
Era das mais íngremes do Circuito.
Ainda à espera de nos assegurarmos que a tontura e dor de cabeça se deviam ao pequeno-almoço pesado, ficamos na dúvida.
De maneira a evitarmos os hotéis sobrelotados, subimos até ao 4540m, o topo da povoação.
Entramos num tal de New Phedi. Espreitamos as instalações e sentamo-nos na sala aquecida, desejosos de descanso e de uma refeição a sério.
Escolhíamos a mesa quando encontramos a Sara e o Manel, um casal do Porto que, sem sabermos quem eram ou de onde vinham, já tínhamos visto à saída de Manang.
Sentamo-nos com eles, tagarelamos. Falamos de tudo um pouco, a tarde toda.
Nesse tempo, a sala ficou à pinha de caminhantes recém-chegados.
O Nevão de Fim de Dia que Branqueia as Montanhas
A meteorologia tinha mudado.
Um nevão ventoso cobria o vale do Jharsong Kola de branco. Quem chegava, entrava cansado e enregelado. Procurava uma vaga junto das salamandras que aqueciam a sala, a partir de determinada altura, em vão.
Se, de início, tanto nós como a Sara e o Manel, hesitávamos quanto a se deveríamos subir logo para o High Camp, o súbito mau tempo, decidiu por nós.
Às 20h, com os empregados nepaleses do New Phedi a desligar as salamandras, vamo-nos deitar.
O plano era despertarmos às três da manhã e ver como estava o tempo. Se o nevão tivesse parado, se o céu estivesse limpo, iríamos subir.
Depois de vários dias de preparação em Pokhara, partimos em direcção aos Himalaias. O percurso pedestre só o começamos em Chame, a 2670 metros de altitude, com os picos nevados da cordilheira Annapurna já à vista. Até lá, completamos um doloroso mas necessário preâmbulo rodoviário pela sua base subtropical.
Despertamos em Chame, ainda abaixo dos 3000m. Lá avistamos, pela primeira vez, os picos nevados e mais elevados dos Himalaias. De lá partimos para nova caminhada do Circuito Annapurna pelos sopés e encostas da grande cordilheira. Rumo a Upper Pisang.
Aos primeiros laivos de luz, a visão do manto branco que cobrira a povoação durante a noite deslumbra-nos. Com uma das caminhadas mais duras do Circuito Annapurna pela frente, adiamos a partida tanto quanto possível. Contrariados, deixamos Upper Pisang rumo a Ngawal quando a derradeira neve se desvanecia.
Sem que estivéssemos avisados, confrontamo-nos com uma subida que nos leva ao desespero. Puxamos ao máximo pelas forças e alcançamos Ghyaru onde nos sentimos mais próximos que nunca dos Annapurnas. O resto do caminho para Ngawal soube como uma espécie de extensão da recompensa.
Passamos nova manhã de meteorologia gloriosa à descoberta de Ngawal. Segue-se um curto trajecto na direcção de Manang, a principal povoação no caminho para o zénite do circuito Annapurna. Ficamo-nos por Braga (Braka). A aldeola não tardaria a provar-se uma das suas mais inolvidáveis escalas.
Quatro dias de caminhada depois, dormimos aos 3.519 metros de Braga (Braka). À chegada, apenas o nome nos é familiar. Confrontados com o encanto místico da povoação, disposta em redor de um dos mosteiros budistas mais antigos e reverenciados do circuito Annapurna, lá prolongamos a aclimatização com subida ao Ice Lake (4620m).
Na subida para o povoado de Ghyaru, tivemos uma primeira e inesperada mostra do quão extasiante se pode provar o Circuito Annapurna. Nove quilómetros depois, em Braga, pela necessidade de aclimatizarmos ascendemos dos 3.470m de Braga aos 4.600m do lago de Kicho Tal. Só sentimos algum esperado cansaço e o avolumar do deslumbre pela Cordilheira Annapurna.
Em pleno Circuito Annapurna, chegamos por fim a Manang (3519m). Ainda a precisarmos de aclimatizar para os trechos mais elevados que se seguiam, inauguramos uma jornada também espiritual a uma caverna nepalesa de Milarepa (4000m), o refúgio de um siddha (sábio) e santo budista.
Seis dias após a partida de Besisahar chegamos por fim a Manang (3519m). Situada no sopé das montanhas Annapurna III e Gangapurna, Manang é a civilização que mima e prepara os caminhantes para a travessia sempre temida do desfiladeiro de Thorong La (5416 m).
Circuito Annapurna 10º: Manang a Yak Kharka, Nepal
Após uma pausa de aclimatização na civilização quase urbana de Manang (3519 m), voltamos a progredir na ascensão para o zénite de Thorong La (5416 m). Nesse dia, atingimos o lugarejo de Yak Kharka, aos 4018 m, um bom ponto de partida para os acampamentos na base do grande desfiladeiro.
O povo indígena Newar do Vale de Katmandu atribui grande importância à religiosidade hindu e budista que os une uns aos outros e à Terra. De acordo, abençoa os seus ritos de passagem com danças newar de homens mascarados de divindades. Mesmo se há muito repetidas do nascimento à reencarnação, estas danças ancestrais não iludem a modernidade e começam a ver um fim.
Este trecho do Circuito Annapurna só dista 1km mas, em menos de duas horas, leva dos 4450m aos 4850m e à entrada do grande desfiladeiro. Dormir no High Camp é uma prova de resistência ao Mal de Montanha que nem todos passam.
Aos 5416m de altitude, o desfiladeiro de Thorong La é o grande desafio e o principal causador de ansiedade do itinerário. Depois de, em Outubro de 2014, ter vitimado 29 montanhistas, cruzá-lo em segurança gera um alívio digno de dupla celebração.
Após a travessia exigente de Thorong La, recuperamos na aldeia acolhedora de Muktinath. Na manhã seguinte, voltamos a descer. A caminho do antigo reino do Alto Mustang e da aldeia de Kagbeni que lhe serve de entrada.
Antes do século XII, Kagbeni já era uma encruzilhada de rotas comerciais na confluência de dois rios e duas cordilheiras em que os reis medievais cobravam impostos. Hoje, integra o famoso Circuito dos Annapurnas. Quando lá chegam, os caminhantes sabem que, mais acima, se esconde um domínio que, até 1992, proibia a entrada de forasteiros.
Contados treze dias de caminhada desde a já longínqua Chame, chegamos a Marpha. Abrigada no sopé de uma encosta, na iminência do rio Gandaki, Marpha revela-se a derradeira povoação preservada e encantadora do percurso. O excesso de obras ao longo da via F042 que nos levaria de volta a Pokhara, faz-nos encurtar a segunda parte do Circuito Annapurna.
Situada sobre a antiga Rota da Seda, Bukhara desenvolveu-se desde há pelo menos, dois mil anos como um entreposto comercial, cultural e religioso incontornável da Ásia Central. Foi budista, passou a muçulmana. Integrou o grande império árabe e o de Gengis Khan, reinos turco-mongois e a União Soviética, até assentar no ainda jovem e peculiar Uzbequistão.
Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
O Chobe marca a divisão entre o Botswana e três dos países vizinhos, a Zâmbia, o Zimbabwé e a Namíbia. Mas o seu leito caprichoso tem uma função bem mais crucial que esta delimitação política.
Em redor da capital Mérida, para cada velha hacienda henequenera colonial há pelo menos um cenote. Com frequência, coexistem e, como aconteceu com a semi-recuperada Hacienda Mucuyché, em duo, resultam nalguns dos lugares mais sublimes do sudeste mexicano.
Kalsoy é uma das ilhas mais isoladas do arquipélago das faroés. Também tratada por “a flauta” devido à forma longilínea e aos muitos túneis que a servem, habitam-na meros 75 habitantes. Muitos menos que os forasteiros que a visitam todos os anos atraídos pelo deslumbre boreal do seu farol de Kallur.
Champoton, em Campeche, acolhe uma feira honra da Virgén de La Concepción. O rodeo mexicano sob sombreros local revela a elegância e perícia dos vaqueiros da região.
Situada no final do caminho do rio Atchafalaya para o Golfo do México, Morgan City foi prendada com marisco e ouro negro em fartura. Acolhe, inclusive, um festival que os celebra em simultâneo. Apesar de protagonizar a série paranormal “Ghosts of Morgan City”, esta cidade de cultura Cajun é sobretudo terra-a-terra e prolífica.
Cada povo, suas receitas e iguarias. Em certos casos, as mesmas que deliciam nações inteiras repugnam muitas outras. Para quem viaja pelo mundo, o ingrediente mais importante é uma mente bem aberta.
Na floresta tropical de Xilitla, a mente inquieta do poeta Edward James fez geminar um jardim-lar excêntrico. Hoje, Xilitla é louvada como um Éden do surreal.
No séc. XVIII, o governo kiwi proclamou uma vila mineira da ilha do Sul "fit for a Queen". Hoje, os cenários e as actividades radicais reforçam o estatuto majestoso da sempre desafiante Queenstown.
Realizadores de Westerns emblemáticos como John Ford imortalizaram aquele que é o maior território indígena dos Estados Unidos. Hoje, na Nação Navajo, os navajo também vivem na pele dos velhos inimigos.
A savana de Mara tornou-se famosa pelo confronto entre os milhões de herbívoros e os seus predadores. Mas, numa comunhão temerária com a vida selvagem, são os humanos Masai que ali mais se destacam.
No virar do século XX, Senglea acolhia 8.000 habitantes em 0.2 km2, um recorde europeu, hoje, tem “apenas” 3.000 cristãos bairristas. É a mais diminuta, sobrelotada e genuína das urbes maltesas.
Situada à entrada da vasta Baía de Paranaguá, a ilha do Mel é louvada pela sua reserva natural e pelas melhores praias do estado brasileiro do Paraná. Numa delas, uma fortaleza mandada erguer por D. José I resiste ao tempo e às marés.
Jukka “Era-Susi” Nordman criou uma das maiores matilhas de cães de trenó do mundo. Tornou-se numa das personagens mais emblemáticas da Finlândia mas continua fiel ao seu cognome: Wilderness Wolf.
Perduram no cimo do Monte Roraima cenários extraterrestres que resistiram a milhões de anos de erosão. Conan Doyle criou, em "O Mundo Perdido", uma ficção inspirada no lugar mas nunca o chegou a pisar.
Durante um périplo mochileiro pela Costa Rica, de 2003, deliciamo-nos com o aconchego caribenho de Cahuita. Em 2021, decorridos 18 anos, voltamos. Além de uma esperada, mas comedida modernização e hispanização do pueblo, pouco mais tinha mudado.
À margem dos acontecimentos políticos e bélicos precipitados pela Rússia, de meio de Setembro em diante, o Outono toma conta do país. Em anos anteriores, de visita a São Petersburgo, testemunhamos como a capital cultural e do Norte se reveste de um amarelo-laranja resplandecente. Num deslumbre pouco condizente com o negrume político e bélico entretanto disseminado.
Nos primeiros tempos coloniais, os exploradores e colonos holandeses tinham pavor do Karoo, uma região de grande calor, grande frio, grandes inundações e grandes secas. Até que a Companhia Holandesa das Índias Orientais lá fundou Graaf-Reinet. De então para cá, a quarta cidade mais antiga da nação arco-íris prosperou numa encruzilhada fascinante da sua história.
Uma biosfera imaculada que as entranhas da Terra moldam e amornam exibe-se, em São Miguel, em formato panorâmico. São Miguel é a maior das ilhas portuguesas. E é uma obra de arte da Natureza e do Homem no meio do Atlântico Norte plantada.
Apesar da sua notoriedade nos antípodas, Ian Channell, o feiticeiro da Nova Zelândia não conseguiu prever ou evitar vários sismos que assolaram Christchurch. Com 88 anos de idade, após 23 anos de contrato com a cidade, fez afirmações demasiado polémicas e acabou despedido.
Passaram 15 anos desde a estreia do clássico mochileiro baseado no romance de Alex Garland. O filme popularizou os lugares em que foi rodado. Pouco depois, alguns desapareceram temporária mas literalmente do mapa mas, hoje, a sua fama controversa permanece intacta.
O cimo da garganta do rio Debed esconde os mosteiros arménios de Sanahin e Haghpat e blocos de apartamentos soviéticos em socalcos. O seu fundo abriga a mina e fundição de cobre que sustenta a cidade. A ligar estes dois mundos, está uma cabine suspensa providencial em que as gentes de Alaverdi contam viajar na companhia de Deus.
Construído a partir de Cairns para salvar da fome mineiros isolados na floresta tropical por inundações, com o tempo, o Kuranda Railway tornou-se no ganha-pão de centenas de aussies alternativos.
No fim da década de 80, duas multinacionais nipónicas já viam as fotocabines convencionais como peças de museu. Transformaram-nas em máquinas revolucionárias e o Japão rendeu-se ao fenómeno Purikura.
Numa região multiétnica coberta de arrozais socalcados, as mulheres de Huang Luo renderam-se a uma mesma obsessão capilar. Deixam crescer os cabelos mais longos do mundo, anos a fio, até um comprimento médio de 170 a 200 cm. Por estranho que pareça, para os manterem belos e lustrosos, usam apenas água e arrôz.
Situado no estado de Assam, a sul do grande rio Bramaputra, o PN Kaziranga ocupa uma vasta área de pântano aluvial. Lá se concentram dois terços dos rhinocerus unicornis do mundo, entre em redor de 100 tigres, 1200 elefantes e muitos outros animais. Pressionado pela proximidade humana e pela inevitável caça furtiva, este parque precioso só não se tem conseguido proteger das cheias hiperbólicas das monções e de algumas polémicas.
Um capricho geológico fez da região de Fiordland a mais crua e imponente da Nova Zelândia. Ano após anos, muitos milhares de visitantes veneram o sub-domínio retalhado entre Te Anau e Milford Sound.