Husavik a Myvatn, Islândia

Neve sem Fim na Ilha do Fogo


Solidariedade equina
Manada de cavalos aperta-se para fazer frente a um novo nevão islandês.
O derradeiro visitante
Visitante em frente à linha de casas de turfa de Glaumbaer.
Pico aguçado do Krafla
Carro percorre uma estrada do PN Myvatn, na direcção do vulcão Krafla.
SPA nevado
As termas de Jardbodin, sob um dos nevões frequentes que se abatem sobre Myvatn.
Ilhas vulcânicas
Pseudo-crateras perdidas na vastidão frígida de Skútustadir.
Coração vulcânico
Visitantes de Myvatn admiram a cratera aquecida de Hverjall.
Glaumber: os mortos e os vivos
As casas de turfa de Glaumbaer vistas do seu pequeno cemitério.
Uma curta ascensão
Caminhantes sobem à cratera achatada do vulcã;o Hverjall.
Inverno fora de tempo
Pato caminha sobre uma superfície tardiamente gelada nas redondezas de Husavik.
Montanha afiada
Montanha destacada bem acima do desfiladeiro de Oxnadalsheidi.
Crepúsculo colorido
Sol pôe-se para lá do horizonte nas imediações geladas de Husavik.
Caminhada a Preto & Branco
Casal começa um trilho que percorre parte do cenário vulcânico de Dimmuborgir.
Navegação difícil
Passageiros tentam equilibra-se a bordo da escuna Hildur, convertida para avistamento de baleias.
Ocaso Boreal
Sol põe-se a leste da Islândia, como visto do litoral enregelado a caminho de Husavik.
Fila equina
Cavalos percorrem um prado queimado pelo frio a ocidente de Glaumbaer.
Esquina Akureyr
Esquina de Akureyri, a capital do norte da Islândia.
Névoa de Jardbodin
Sol doura as termas de Jardbodin.
Telhados bicudos
Visitante à porta de uma das casas de Glaumbaer
Crepúsculo Husavik
Por fim, anoitece sobre Husavik, no norte da Islândia.
Quando, a meio de Maio, a Islândia já conta com o aconchego do sol mas o frio mas o frio e a neve perduram, os habitantes cedem a uma fascinante ansiedade estival.

Muitos quilómetros de estrada em jeito de montanha-russa depois da partida de Reiquejavique, tínhamos chegado ao noroeste da Islândia.

São quatro e meia. O dia pouco passou de meio. Apanhamos o responsável por Glaumbaer preparado para fechar o edifício de acolhimento e o seu dia de trabalho.

Agust Sigurjónsson conforma-se. Regressa ao modo laboral e ao interior das casas sob a relva. Alonga-se em explicações que nos intrigam.

Para ruína do seu já encurtado período de folga, essas explicações suscitam-nos novas perguntas: “Em tempos, a maior parte das habitações desta zona – e da ilha em geral – eram erguidas em turfa, que os colonos nórdicos encontravam em abundância nos pântanos e pauis.” transmite-nos com eloquência o filho de Sigurjón.

Turfa de Glaumbaer, Islândia Neve Sem Fim Ilha Fogo

Visitante à porta de uma das casas de Glaumbaer

A Aldeia de Turfa e de Relva de Glaumbaer

E continua: “Glaumbaer era uma mansão sacerdotal luterana mas seguiu as mesmas técnicas de construção empregues pelas habitações humildes da colónia. Quase só usou madeira nas fachadas.”

Nessa era, ainda mais que agora, as árvores escasseavam na Islândia. As tábuas raramente chegavam da Noruega ou da Dinamarca e constituíam um luxo. O melhor que a população pobre conseguia era recolher os troncos que davam à costa para reforçarem a combustão da turfa seca e o aquecimento dos domicílios.

Numa escala geotérmica planetária, há muito que a Corrente do Golfo dá a sua ajuda. Lemos, vezes sem conta, que, apesar de localizada a uma latitude extrema, a Islândia tem um clima temperado.

É esse fluxo marítimo semi-amornado que faz com que as suas temperaturas sejam mais elevadas que as de outros territórios situados em latitudes semelhantes. Além disso, mantém as costas da ilha livres de gelo, até no Inverno.

A umas meras centenas de quilómetros da Gronelândia e 50 para leste de Glaumbaer, metemo-nos pelo desfiladeiro de Oxnadalsheidi e vemo-nos cercados de montanhas imponentes.

Observamos a temperatura cair a pique no termómetro do carro e a neve a cobrir toda a paisagem.

Como os habitantes ancestrais da ilha e os de agora, depressa aprendemos a dar o devido desconto à informação.

Desfiladeiro de Oxnadalsheidi, Islândia Neve Sem Fim Ilha Fogo

Montanha destacada bem acima do desfiladeiro de Oxnadalsheidi.

Rumo a Akureyri e mais Próximo do Árctico

Sucedem-se granjas de altitude empoleiradas em ambas as encostas, supostamente a salvo tanto de avalanches como das inundações provocadas pelo degelo estival.

Sob novo nevão, desembocamos na margem ocidental do fiorde Eyjafjördur. Seguimos em direcção à baía que o encerra e, pouco depois, damos com Akureyri, a pequena capital do grande norte.

Dos quase 322.000 islandeses, mais de um terço vive na área urbana da capital Reiquejavique. Em Akureyri, a segunda urbe, não chegam a habitar 18.000.

São raros os participantes islandeses nas competições de desportos de Inverno em que se confrontam os povos escandinavos, finlandeses e alpinos da Europa.

Akureyri tem, no entanto, as melhores estâncias de neve do país que ajudam alguns residentes e muitos mais estrangeiros a ganhar a vida ou a passar o tempo.

Encontramo-nos com Ivo Martins, um guia português que trabalha a partir da cidade há cinco anos.

Entre tantas outras noções, o compatriota fala-nos do perfil psicológico do povo que o acolheu: “apesar de à primeira vista acolhedores e simpáticos, são os próprios islandeses a reconhecer que têm dificuldades em relacionar-se.

Aqui em Akureyri, até deram às luzes dos semáforos a forma de um coração, para se recordarem que têm que se amar. Mas a Islândia preserva uma das taxas mais elevadas de mulheres solteiras, entre outros indicadores preocupantes.”

Akureiry, Islândia Neve Sem Fim Ilha Fogo

Esquina de Akureyri, a capital do norte da Islândia.

Husavik e o Avistamento de Baleias Complicado na “Hildur”

Pouco depois de um despertar madrugador em Husavik, uma cidade piscatória do norte, embarcamos na “Hildur, uma embarcação originalmente tradicional construída em 1974 na capital islandesa do norte Akureyri mas que, em 2009, fez uma viagem de 10 dias a Egernsund, na Dinamarca, onde foi convertida numa escuna de dois mastros com 250 m2 quadrados de velas.

Desde então, a Hildur foi usada em várias viagens épicas incluindo expedições ao litoral da vizinha Gronelândia. E estava prestes a zarpar para uma curta navegação de avistamento de baleias na baía de Skjálfandi.

Tal como previsto, avançamos ao longo da costa frígida até que chegamos a um ilhéu colonizado por papagaios-do-mar. Dali, a embarcação de carvalho navega em direcção à ilha de Flatey. Quando abandona a protecção do litoral, sujeita-se aos caprichos do alto mar.

O fato de navegação “66º” que a tripulação emprestara aos passageiros começa por indiciar uma boa protecção face à baixa temperatura e, pelo menos na fase inicial das quatro horas e meia de navegação, não temos razões de queixa.

Uma Navegação Dolorosa entre Cetáceos

Mas a brisa depressa se transforma num vento agreste que levanta ondas consideráveis na confluência do oceano Atlântico com o Árctico. Alguma roupa e calçados molhados intensificam um frio só por si já difícil de suportar.

Enquanto isso, os passageiros mais vulneráveis ao balanço começam a ressentir-se de um já esperado enjoo.

"Hildur", Islândia Neve Sem Fim Ilha Fogo

Passageiros tentam equilibra-se a bordo da escuna Hildur, convertida para avistamento de baleias.

Duas jovens marinheiras islandesas louras esforçam-se por manter as velas sob controlo. Também tentam animar as hostes em sofrimento com uma locução enérgica em inglês e promessas de avistamentos garantidos de grandes cetáceos.

Cumprem-nas quando o homem do leme nos aproxima de baleias de bossa no limite setentrional da baía de Skjálfandi. As baleias surgem a tempos à tona, de ambos lados do barco e ao largo de penhascos brancos e imponentes mantidos gelados pela irrigação de humidade assegurada pelo vento norte.

Acompanhamo-las por meia-hora e às suas movimentações, para desilusão geral dos espectadores a bordo, pouco acrobáticas mas sempre culminadas com o  afundar gracioso das gigantescas barbatanas traseiras.

Deixamo-las a devorar o desgraçado krill árctico em quantidades industriais.  Pouco depois, desperta-nos a atenção a visão peculiar da ilha de Flatey e do seu casario. O ponto mais elevado desta ilha tem apenas 22 metros.

À medida que o Hildur percorre os quase 9km de regresso ao porto de Husavik, ainda e sempre fustigado pelo vento gélido e pela neve, contemplamos o edifício da escola, a igreja e o farol e interrogamo-nos sobre o que terá passado pela cabeça da pequena comunidade de islandeses ex-moradores para ali ser ter decidido isolar, por muito que o peixe abundasse.

Regresso Providencial ao Porto de Husavik

Atracamos no porto a tremelicar. Uma das tripulantes faz questão de suavizar e glorificar o sofrimento que tínhamos partilhado: “Há aqui chocolate quente e bolos de passas para todos. Foram realmente corajosos. Garanto-vos que esta foi uma das saídas mais árduas e enregelantes que tivemos até hoje.”

Metemo-nos no carro, ligamos o quente do ar condicionado no máximo, bebemos o cacau e recuperamos o calor corporal evadido. Conseguida a reanimação, arrancamos pela estrada 87 apontados ao interior da Islândia.

Constatamos no termómetro do painel como o frio volta a apertar debaixo de um céu já limpo e, no exterior, uma cobertura espessa de neve que parece longe de derreter.

Bandos de patos, gansos e outras aves migratórias sucedem-se de ambos os lados da via, agrupados em redor de poças semi-sólidas em que desesperam para encontrar alimento.

Ganso, Islândia Neve Sem Fim Ilha Fogo

Pato caminha sobre uma superfície tardiamente gelada nas redondezas de Husavik

O Domínio Frígido-Infernal de Myvatn, o Fogo da Islândia

Subimos para as terras álgidas do coração da ilha. Aos poucos, aproximamo-nos da zona em que se costumam registar as suas temperaturas mais baixas, em redor de Grimsstadir, onde, em Janeiro de 1918, se registaram -38º.

Sem aviso, a estrada submete-se também à neve. Durante vários quilómetros, conduzimos sobre um misto de asfalto e de gelo que o vento continua a fazer voar. Mas, por muito que a Islândia esfrie à superfície, até sob os seus glaciares sem fim permanece num reboliço incandescente.

Em poucas zonas as cicatrizes desse confronto térmico são tão notórias como em redor de Myvatn (Lago das Moscas), o reduto inóspito em que continuávamos a embrenhar-nos.

O lago eutrófico pouco profundo que dá nome ao parque foi formado por uma grande erupção, há mais de 2300 anos. Sem surpresa, os cenários em redor são dominados por formas irregulares de lava, incluindo pilares e pseudo-crateras.

Avançamos até Dimmuborgir onde não vemos vivalma no edifício de acolhimento. Ascendemos a um ponto de observação e contemplamos a paisagem enegrecida e desolada a perder de vista, gerada por um canal de lava que colapsou, libertou um fluxo abundante que invadiu um pântano encharcado e assim gerou enormes pilares e outras formações caóticas.

É este o domínio obscuro que, na mitologia islandesa, liga a Terra aos infernos. A mitologia cristã nórdica vai mais longe.

Defende que Dimmuborgir é o lugar onde Satanás aterrou quando foi expulso dos céus e criou as Catacumbas do Inferno. E uma banda de black-metal sinfónico norueguesa, por sua vez, aproveitou o imaginário do lugar e baptizou-se – perdoem-nos o contra-senso – de Dimmu Borgir.

Dimmuborgir, Islândia Neve Sem Fim Ilha Fogo

Casal começa um trilho que percorre parte do cenário vulcânico de Dimmuborgir.

Primavera à Moda Islandesa

Mas estamos longe de sentir o calor das labaredas das profundezas, nem que fossem só as do Purgatório. Um exército de nuvens cinzentas tinha-se também aventurado sobre aquelas terras improváveis.

Nesse preciso momento, refresca-nos com mais um dos nevões que nos acompanharam um pouco por toda a ilha.

Os flocos sarapintam o crumble terrestre e a visão límpida que até aí dele tínhamos. Mesmo assim, sob a intempérie, detectamos um casal a aventurar-se no trilho que serpenteia pela paisagem e a sumir por detrás dos retalhos de lava.

Regressamos às imediações do lago e encontramos colónias de aves incomparavelmente mais numerosas que as que tínhamos avistado no caminho de vinda. Regredimos para a entrada norte do parque.

Em Skútustadir, fazemo-nos corajosos e saímos para caminhar num cenário que considerámos mais meritório e menos soturno que DimmuBorgir.

Rajadas fortes quase nos expulsam do caminho estreito e gelado.

Mas é quando subimos ao topo da primeira pseudocratera que sentimos o verdadeiro poder do vento islandês.

cratera Hverjall, Islândia Neve Sem Fim Ilha Fogo

Visitantes de Myvatn admiram a cratera aquecida de Hverjall.

Com dificuldade, mantemo-nos agarrados ao corrimão do miradouro e deixamo-nos espantar pela excentricidade extraterrestre da vastidão em redor.

Dezenas de outras pseudocrateras dotam o planalto enregelado e alisado pela erosão.

Os contornos do lago impõem-se à heterogeneidade colorida da superfície, cedem a uma imensidão alva e, por fim, às distintas formas dos vulcões em redor: o cónico Hlídarfjall, o Gaesafjoll; a maior distância, também o Krafla, cuja energia o governo islandês aproveita desde 1977, através de uma estação geotérmica de 60 MWe.

As Crateras, Caldeiras e Fumarolas da Ilha do Fogo e do Gelo

Contornamos Gardur e as incontáveis ilhotas de lava no recanto sudoeste do lago. Já na proximidade da cratera achatada do Hverfjall, somos atraídos por muros feitos de pedaços de lava a retalhar um terreno, à época, pouco ou nada agrícola.

No prolongamento destes muros, vislumbramos um outro padrão natural encantador, formado por manchas brancas de neve semi-derretida sobre o amarelo-torrado do prado seco.

Ao fundo, entre este prado e o céu já outra vez azul, o velho vulcão impinge a sua própria moda, num traje geológico e meteorológico com faixas de gelo que listam as encostas negras.

Conquistamo-lo passo a passo. Atingido o topo, paramos para recuperar o fôlego e apreciar, de novo das alturas, a vastidão alva de Myvatn, em particular, o Hlídarfjall que, de tão afiado, tem o condão de impressionar apesar de medir menos que 800 metros de altitude.

Vulcão Hverjall, Islândia

Caminhantes sobem à cratera achatada do vulcão Hverjall

Para o interior, o Hverfjall revela-nos a sua cratera aquecida que o magna das profundezas mantem preta por derreter toda a neve que por ali aterra, incluindo a que desata mais uma vez a cair.

O vento enfurece-se e a nevasca adensa-se. Descemos com dificuldade pelo trilho escorregadio e apontamos para a estrada. Pelo caminho, passamos por uma manada de cavalos islandeses numa formação empática.

De costas para a agressão do clima, os animais estranham a nossa visita e relincham num estranho tom agudo típico da espécie.

Cavalos sob nevão, Islândia Neve Sem Fim Ilha Fogo

Manada de cavalos aperta-se para fazer frente a um novo nevão islandês

Dois deles, mais curiosos, rompem a formação para estabelecer contacto. Afagamos as suas crinas alouradas até que concordamos com uma debandada simultânea. Os cavalos voltam ao aconchego da manada, nós ao dos bancos aquecidos do automóvel.

Um Regresso a Husavik do Outro Mundo

A tarde aproxima-se do fim. Invertemos marcha para Husavik onde tínhamos planeado jantar e optamos por um itinerário distinto do da vinda que tudo indicava atalhar caminho. Começa a anoitecer e a temperatura cai a pique.

A determinada altura, mal distinguimos a estrada completamente sumida na neve e no gelo. Só as estacas amarelas espetadas na berma, os pneus de Inverno e a tracção eficaz às quatro rodas nos sossegam e impelem a continuar numa rota tão erma.  

Pelo caminho, vemos a bola do sol descer sobre montanhas longínquas e alaranjar a metade celeste do horizonte. À entrada da cidade, as montanhas dão lugar a uma vasta praia gelada e, em vez de laranja, a atmosfera já se converteu a um lilás que escurecia a olhos vistos.

Ocaso, Islândia Neve Sem Fim Ilha Fogo

Sol põe-se a leste da Islândia, como visto do litoral enregelado a caminho de Husavik.

Conduzimos devagar entre as casas térreas da povoação mas, nem assim achamos o edifício do hotel. Sem suspeitarmos do equívoco, entramos no jardim errado e passamos em frente à janela panorâmica de uma vivenda.

No interior, toda uma família partilha, aconchegada, um qualquer programa de TV e o nosso ridículo episódio de “Lost”.

Uma senhora vem à porta: ”estão à procura do Husavik Cape, certo? É a entrada ali em baixo. Eles continuam em remodelações. Não se preocupem. Estão longe de ser os primeiros. Nos últimos tempos, as pessoas olham para os andaimes, custa-lhes a acreditar que é lá e vêm todas aqui parar.”

Despedimo-nos com mais desculpas. Por fim, lá batemos à porta certa. O recepcionista tímido parece conformado com a falta de sinalização e passa ao que interessa: “Sejam bem-vindos. Instalem-se e bebam um café ou chá. Já vos dou o resto das indicações.“

No regresso do quarto, não o encontramos no seu posto. Reparamos que estamos no topo de um promontório oposto ao centro de Husavik, cidade que o livro da colonização (Landnámabók) afirma ter sido o primeiro lugar da Islândia povoado por um colono escandinavo.

Husavik, Islândia Neve Sem Fim Ilha Fogo

Por fim, anoitece sobre Husavik, no norte da Islândia.

Aproveitamos os minutos vagos para espreitar a noite a ali ancorar, embelezada pelas luzes que se acendem em redor da igreja de madeira Húsavíkurkirkja, sobre o porto e o anfiteatro da povoação em geral.

Mais uma vez, sem que o esperássemos, começam a pairar flocos de neve sobre aquele litoral islandês virado ao Árctico. Estavam longe de ser os últimos.

Lagoa Jökursarlón, Glaciar Vatnajökull, Islândia

Já Vacila o Glaciar Rei da Europa

Só na Gronelândia e na Antárctica se encontram geleiras comparáveis ao Vatnajökull, o glaciar supremo do velho continente. E no entanto, até este colosso que dá mais sentido ao termo Terra do Gelo se está a render ao cerco inexorável do aquecimento global.
PN Thingvellir, Islândia

Nas Origens da Remota Democracia Viking

As fundações do governo popular que nos vêm à mente são as helénicas. Mas aquele que se crê ter sido o primeiro parlamento do mundo foi inaugurado em pleno século X, no interior enregelado da Islândia.
Islândia

O Aconchego Geotérmico da Ilha do Gelo

A maior parte dos visitantes valoriza os cenários vulcânicos da Islândia pela sua beleza. Os islandeses também deles retiram calor e energia cruciais para a vida que levam às portas do Árctico.
Lagoa de Jok​ülsárlón, Islândia

O Canto e o Gelo

Criada pela água do oceano Árctico e pelo degelo do maior glaciar da Europa, Jokülsárlón forma um domínio frígido e imponente. Os islandeses reverenciam-na e prestam-lhe surpreendentes homenagens.
Islândia

Ilha de Fogo, Gelo, Cascatas e Quedas de Água

A cascata suprema da Europa precipita-se na Islândia. Mas não é a única. Nesta ilha boreal, com chuva ou neve constantes e em plena batalha entre vulcões e glaciares, despenham-se torrentes sem fim.
Perito Moreno, Argentina

O Glaciar Que Resiste

O aquecimento é supostamente global mas não chega a todo o lado. Na Patagónia, alguns rios de gelo resistem.De tempos a tempos, o avanço do Perito Moreno provoca derrocadas que fazem parar a Argentina
Seydisfjordur, Islândia

Da Arte da Pesca à Pesca da Arte

Quando armadores de Reiquejavique compraram a frota pesqueira de Seydisfjordur, a povoação teve que se adaptar. Hoje, captura discípulos da arte de Dieter Roth e outras almas boémias e criativas.
Seward, Alasca

O Dog Mushing Estival do Alasca

Estão quase 30º e os glaciares degelam. No Alasca, os empresários têm pouco tempo para enriquecer. Até ao fim de Agosto, o dog mushing não pode parar.
Sul da Islândia

Sul da Islândia vs Atlântico do Norte: uma Batalha Monumental

Vertentes de vulcões e fluxos de lava, glaciares e rios imensos, todos pendem e fluem do interior elevado da Terra do Fogo e Gelo para o oceano frígido e quase sempre irado. Por todas essas e tantas outras razões da Natureza, a Sudurland é a região mais disputada da Islândia.
Fiéis saúdam-se no registão de Bukhara.
Cidade
Bukhara, Uzbequistão

Entre Minaretes do Velho Turquestão

Situada sobre a antiga Rota da Seda, Bukhara desenvolveu-se desde há pelo menos, dois mil anos como um entreposto comercial, cultural e religioso incontornável da Ásia Central. Foi budista, passou a muçulmana. Integrou o grande império árabe e o de Gengis Khan, reinos turco-mongois e a União Soviética, até assentar no ainda jovem e peculiar Uzbequistão.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Fogueira ilumina e aquece a noite, junto ao Reilly's Rock Hilltop Lodge,
Safari
Santuário de Vida Selvagem Mlilwane, eSwatini

O Fogo que Reavivou a Vida Selvagem de eSwatini

A meio do século passado, a caça excessiva extinguia boa parte da fauna do reino da Suazilândia. Ted Reilly, filho do colono pioneiro proprietário de Mlilwane entrou em acção. Em 1961, lá criou a primeira área protegida dos Big Game Parks que mais tarde fundou. Também conservou o termo suazi para os pequenos fogos que os relâmpagos há muito geram.
Fieis acendem velas, templo da Gruta de Milarepa, Circuito Annapurna, Nepal
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 9º Manang a Milarepa Cave, Nepal

Uma Caminhada entre a Aclimatização e a Peregrinação

Em pleno Circuito Annapurna, chegamos por fim a Manang (3519m). Ainda a precisarmos de aclimatizar para os trechos mais elevados que se seguiam, inauguramos uma jornada também espiritual a uma caverna nepalesa de Milarepa (4000m), o refúgio de um siddha (sábio) e santo budista.
Bertie em calhambeque, Napier, Nova Zelândia
Arquitectura & Design
Napier, Nova Zelândia

De Volta aos Anos 30

Devastada por um sismo, Napier foi reconstruida num Art Deco quase térreo e vive a fazer de conta que parou nos Anos Trinta. Os seus visitantes rendem-se à atmosfera Great Gatsby que a cidade encena.
O pequeno farol de Kallur, destacado no relevo caprichoso do norte da ilha de Kalsoy.
Aventura
Kalsoy, Ilhas Faroé

Um Farol no Fim do Mundo Faroês

Kalsoy é uma das ilhas mais isoladas do arquipélago das faroés. Também tratada por “a flauta” devido à forma longilínea e aos muitos túneis que a servem, habitam-na meros 75 habitantes. Muitos menos que os forasteiros que a visitam todos os anos atraídos pelo deslumbre boreal do seu farol de Kallur.
Indígena Coroado
Cerimónias e Festividades
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Por uns Trás-os-Montes da Venezuela em Fiesta

Em 1619, as autoridades de Mérida ditaram a povoação do território em redor. Da encomenda, resultaram 19 aldeias remotas que encontramos entregues a comemorações com caretos e pauliteiros locais.
Horta, Faial, Cidade que dá o Norte ao Atlântico
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A Cidade que Dá o Norte ao Atlântico

A comunidade mundial de velejadores conhece bem o alívio e a felicidade de vislumbrar a montanha do Pico e, logo, o Faial e o acolhimento da baía da Horta e do Peter Café Sport. O regozijo não se fica por aí. Na cidade e em redor, há um casario alvo e uma efusão verdejante e vulcânica que deslumbra quem chegou tão longe.
mercado peixe Tsukiji, toquio, japao
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O Mercado de Peixe que Perdeu a Frescura

Num ano, cada japonês come mais que o seu peso em peixe e marisco. Desde 1935, que uma parte considerável era processada e vendida no maior mercado piscícola do mundo. Tsukiji foi encerrado em Outubro de 2018, e substituído pelo de Toyosu.
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Huang Luo: a Aldeia Chinesa dos Cabelos mais Longos

Numa região multiétnica coberta de arrozais socalcados, as mulheres de Huang Luo renderam-se a uma mesma obsessão capilar. Deixam crescer os cabelos mais longos do mundo, anos a fio, até um comprimento médio de 170 a 200 cm. Por estranho que pareça, para os manterem belos e lustrosos, usam apenas água e arrôz.
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Queenstown, a Rainha dos Desportos Radicais

No séc. XVIII, o governo kiwi proclamou uma vila mineira da ilha do Sul "fit for a Queen". Hoje, os cenários e as actividades radicais reforçam o estatuto majestoso da sempre desafiante Queenstown.
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Deixamos Homer, à procura de Whittier, um refúgio erguido na 2ª Guerra Mundial e que abriga duzentas e poucas pessoas, quase todas num único edifício.
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tunel de gelo, rota ouro negro, Valdez, Alasca, EUA
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Verificação da correspondência
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Rovaniemi, Finlândia

Da Lapónia Finlandesa ao Árctico, Visita à Terra do Pai Natal

Fartos de esperar pela descida do velhote de barbas pela chaminé, invertemos a história. Aproveitamos uma viagem à Lapónia Finlandesa e passamos pelo seu furtivo lar.
Mahé Ilhas das Seychelles, amigos da praia
Praias
Mahé, Seychelles

A Ilha Grande das Pequenas Seychelles

Mahé é maior das ilhas do país mais diminuto de África. Alberga a capital da nação e quase todos os seichelenses. Mas não só. Na sua relativa pequenez, oculta um mundo tropical deslumbrante, feito de selva montanhosa que se funde com o Índico em enseadas de todos os tons de mar.
Ulugh Beg, Astrónomo, Samarcanda, Uzbequistão, Um matrimónio espacial
Religião
Samarcanda, Usbequistão

O Sultão Astrónomo

Neto de um dos grandes conquistadores da Ásia Central, Ulugh Beg preferiu as ciências. Em 1428, construiu um observatório espacial em Samarcanda. Os seus estudos dos astros levaram-lhe o nome a uma cratera da Lua.
Executivos dormem assento metro, sono, dormir, metro, comboio, Toquio, Japao
Sobre Carris
Tóquio, Japão

Os Hipno-Passageiros de Tóquio

O Japão é servido por milhões de executivos massacrados com ritmos de trabalho infernais e escassas férias. Cada minuto de tréguas a caminho do emprego ou de casa lhes serve para o seu inemuri, dormitar em público.
Mahu, Terceiro Sexo da Polinesia, Papeete, Taiti
Sociedade
Papeete, Polinésia Francesa

O Terceiro Sexo do Taiti

Herdeiros da cultura ancestral da Polinésia, os mahu preservam um papel incomum na sociedade. Perdidos algures entre os dois géneros, estes homens-mulher continuam a lutar pelo sentido das suas vidas.
Casario, cidade alta, Fianarantsoa, Madagascar
Vida Quotidiana
Fianarantsoa, Madagáscar

A Cidade Malgaxe da Boa Educação

Fianarantsoa foi fundada em 1831 por Ranavalona Iª, uma rainha da etnia merina então predominante. Ranavalona Iª foi vista pelos contemporâneos europeus como isolacionista, tirana e cruel. Reputação da monarca à parte, quando lá damos entrada, a sua velha capital do sul subsiste como o centro académico, intelectual e religioso de Madagáscar.
Leão, elefantes, PN Hwange, Zimbabwe
Vida Selvagem
PN Hwange, Zimbabwé

O Legado do Saudoso Leão Cecil

No dia 1 de Julho de 2015, Walter Palmer, um dentista e caçador de trofeus do Minnesota matou Cecil, o leão mais famoso do Zimbabué. O abate gerou uma onda viral de indignação. Como constatamos no PN Hwange, quase dois anos volvidos, os descendentes de Cecil prosperam.
Passageiros, voos panorâmico-Alpes do sul, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Aoraki Monte Cook, Nova Zelândia

A Conquista Aeronáutica dos Alpes do Sul

Em 1955, o piloto Harry Wigley criou um sistema de descolagem e aterragem sobre asfalto ou neve. Desde então, a sua empresa revela, a partir do ar, alguns dos cenários mais grandiosos da Oceania.