Cantoneiro corta uma enorme árvore que caiu sobre uma estrada e interrompeu o trânsito.
Casario de Mahé
Casario da maior das ilhas das Seychelles empoleirado nas encostas verdejantes de Mahé.
Foto-cascata
Casal fotografa-se nas quedas d'águas de Port Glaud.
Port Launay
Enseada luxuriante do Parque Marinho de Port Launay.
Família
Família seychellense conversa com os pés sobre um areal do arquipélago.
Ile-au-Cerf
Umas das várias ilhas tropicais ao largo da ilha-mãe de Mahé.
Ilhéu Só
Um ilhéu perdido num dos recifes de coral que envolvem Mahé.
Recife Exuberante
Cores e padrões dos corais e baixios de areia ao largo de Mahé.
Ocaso em Launay
Pôr-do-sol incendeia o céu a ocidente da enseada de Port Launay.
Tartarugas Gigantes
Espécimes conflituosos das grandes tartarugas das Seychelles.
Parque Marinho Port Launay
A enseada profunda e luxuriante de Port Launay.
Amigos da Praia
Banhistas caminham numa praia tropical, quase equatorial de Mahé.
Fim da Praia
Adolescentes de Mahé deixam uma areal inclinado da ilha.
Conversa balnear
Amigas conversam na água tépida de Port Launay.
Praia (quase) Privada
Banhista solitária numa praia divinal de Mahé.
Oceano Índico
Barcos salpicam o oceano Índico azulão ao largo de Mahé.
Salto do Riacho
A Ilha Mahé
Parte da grande ilha de Mahé, a maior das Seychelles.
Leia e as Tartarugas
Visitante do Leste europeu conversa com uma tartaruga gigante do Jardin du Roi.
Guia Camuflado
Guia Danny, camuflado na vegetação que envolve a Missão de Venns Town.
Mahé é maior das ilhas do país mais diminuto de África. Alberga a capital da nação e quase todos os seichelenses. Mas não só. Na sua relativa pequenez, oculta um mundo tropical deslumbrante, feito de selva montanhosa que se funde com o Índico em enseadas de todos os tons de mar.
Texto: Marco C. Pereira
Imagens: Marco C. Pereira-Sara Wong
Retém-nos um inesperado cataclismo vegetal. Seguíamos a caminho das cascatas de Port Glaud quando nos deparamos com uma fila de trânsito que se alongava pelos meandros da estrada.
Danny, irmão do motorista Teddy que era suposto conduzir-nos pragueja. “Mas que raio é isto? Engarrafamento no meio da selva das Seychelles? Esta é nova. Bom, vou ver que se passa.”
Danny substituía Teddy. À última hora, Teddy viu-se destacado para servir as comitivas de uma partida de futebol entre as Seychelles e a Etiópia.
Os trabalhos estavam para demorar. Umas centenas de metros para diante, jovens cantoneiros talhavam uma árvore que o vento da madrugada fizera colapsar.
O homem da motosserra cortava-a onde um revestimento denso de musgo dava lugar ao que parecia um novo tronco. Outros trabalhadores, colocavam toros sob a secção que obstruía o asfalto.
Básica, mas ecológica e funcional, a solução permitiu-lhes empurrar o empecilho para a berma em menos de meia-hora.
Danny louva a eficiência dos compatriotas. Nuns meros minutos, alcançamos o trilho para a ribeira de L’Isletta.
Noutros mais, damos com a lagoa, perdida numa floresta tropical cerrada pejada de palmeiras baixas e abastecida pelo riacho que nela se despenha por uma sequência de rampas e socalcos rochosos.
Um grupo de expatriados aventurava-se em saltos destemidos. Nessa altura, já conscientes de que Mahé era bem maior do que supúnhamos, abdicamos do direito ao nosso banho.
Venns Town: a Missão na Génese da Liberdade e Identidade das Seychelles
Em vez, internamo-nos em Morne Seychelles.
Este parque nacional vasto ocupa um quinto da ilha, incluindo o pico homónimo que, com 905 metros, constitui o zénite de Mahé e gera boa parte da pluviosidade que faz a ilha luxuriante.
Não tarda, chegamos ao sopé sul do monte.
É lá, a uma altitude de 450m, que encontramos as ruínas de Venn’s Town, um dos pontos incontornáveis da história colonial das Seychelles que só obteve a sua independência, da Grã-Bretanha, em 1976.
As paredes e outras estruturas que ali subsistem são um testemunho sólido dos tempos da Missão.
Assim ficou conhecido um internato fundado por um reverendo da Church Missionary Society of London.
Teve como propósito de cuidar e de educar os filhos dos escravos que serviam as plantações do arquipélago a quem, numa fase de abolicionismo, a Marinha Britânica concedia liberdade.
No seu apogeu, entre 1876 e 1889, Venn’s Town ocupou 50 acres da encosta de Sans Souci. Destes, uma boa parte foi dedicada ao cultivo de baunilha e de cacau.
Acolhiam e serviam as crianças, seus tutores e trabalhadores, dois grandes dormitórios, lavabos, cozinhas, uma oficina, um armazém, uma vivenda habitada pelo director da Missão e sua família. Ainda a morada final de todos, o cemitério local.
Com o passar dos anos, a selva engoliu o complexo e as estruturas ruíram. Ainda assim, em 1984, o governo das Seychelles reconheceu a importância do lugar e declarou-o Monumento Nacional.
Afinal, após séculos de opressão dos africanos escravizados, os seus descendentes protagonizaram uma nova fase de liberdade e de direitos humanos. Também formaram o tecido social e a matriz económica da nação seychellense.
Danny não sabe ao certo se a história da sua família por ali passou. Fosse como fosse, ultrapassa a timidez e acede a que lá o fotografemos na sua t-shirt com padrão camuflado.
Pousa, meio sem jeito, meio dissimulado na floresta prodigiosa envolvente, repleta de plantas e animais mais que endémicos, únicos, caso do Sooglosus, o sapo mais pequeno do mundo com 10 a 40 milímetros.
Morne Seychelles: Parque Nacional Vasto e Tecto de Mahé
Do miradouro da Missão, admiramos o domínio do sapo e do PN Morne Seychelles, estendido por sucessivos outeiros frondosos, com vista até uma península que sulca o oceano Índico ciano em redor.
Da Missão e da província de Port Glaud, mudamo-nos para a de Bel Air. Logo, para a São Luís e, por fim, para a de Beau Vallon. Esta última, tem limite na grande baía e praia homónima, uma das mais amplas de Mahé, popular a condizer.
Quando o percorremos, Beau Vallon atraía, sobretudo, famílias da capital Victória. Acolhia dezenas de piqueniques, churrascos e distintos momentos e eventos seychellenses de evasão.
Suscitou em nós a suspeição de que outros litorais da ilha se provariam mais fascinantes. Pelo que prosseguimos à descoberta, pela estrada marginal de Bel Ombre.
Nas imediações, Danny revela-nos uma beira-mar lamacenta e pedregosa. Começamos por torcer o nariz.
O Clã Cruise-Wilkins e o Tesouro do Pirata Olivier Levasseur, La Buse
Até que o guia nos explica que ali se concentravam escavações conduzidas durante vinte e sete anos por Reginald Herbert Cruise-Wilkins, até à sua morte em 1977, e, depois, pelo seu filho, John.
Reginald conquistou nas Seychelles – e legou ao filho – o cognome de Treasure Man. Como acontece, amiúde, no que diz respeito à era das descobertas, dos navegadores e dos piratas, a demanda a que ambos se entregaram, tem uma génese portuguesa.
Em 1721, o famoso corsário francês Olivier Levasseur, mais conhecido por La Buse (abutre), devido ao olfacto que tinha para encontrar e despedaçar outras embarcações e tripulações, detectou o galeão português “Nossa Senhora do Cabo” no porto da ilha Bourbon (hoje, Reunião), disfarçado com uma Union Flag.
La Buse atacou-o com 250 homens e assassinou a tripulação. Quando examinou o porão, deparou-se com uma fortuna inquantificável em barras de ouro e prata, pedras preciosas, moedas, artefactos religiosos argentos e outros.
Concretizado o saque, os corsários retiraram. A Marinha Britânica seguiu-os. Já no seu covil de Madagáscar, dividiram o lote. La Buse conservou o quinhão principal e partiu para parte incerta.
As Escavações Aturadas e Infrutíferas dos Cruise-Wilkins
Reginald Cruise-Wilkins estava quase certo que o corsário gaulês enterrou o seu tesouro numa gruta ali situada, entretanto, colapsada pelo mar. Após os seus homens fecharem o buraco, executou-os.
Por essa razão, o paradeiro do tesouro permaneceu desconhecido.
A família Cruise-Wilkins continua a tentar encontrá-lo. Até hoje, em vão. Nós, só vimos lodo, entulho e pequenos muros semi-afundados pela maré.
O Sanctuário Marinho de Port Launay
Com o sol prestes a dar entrada no seu esconderijo de poente, regressamos ao recanto noroeste de Port Glaud em que estávamos alojados, pelo mesmo caminho da vinda.
No fundo dos “esses” sem fim que conduzem à costa ocidental, tomamos a estrada Port Launay.
Às tantas, essa via revela-nos o ziguezaguear da Riviére Cascade.
E o Parque Marinho Port Launay, outra área protegida da ilha, preenchida por manguezal sujeito as marés e por recifes de coral imaculados, casos do da ilha Therese ao largo.
Para oeste, estendia-se uma península recortada, lugar de algumas das melhores praias do arquipélago, a Anse des Anglais, a Lans Trusalo e outras.
Em ilhas como as Seychelles, é inevitável a pressão das cadeias de resorts sobre áreas paradisíacas. Por aqueles lados de Port Launay, uma delas tinha-se apoderado da Anse des Anglais e da praia de Lans Trusalo.
Também tentou a exclusividade da grande enseada de Port Launay.
Mas a indignação da população seychellense que há muito lá se banhava, fez com que as autoridades a deixassem a salvo.
Port Launay e o Ocaso Exuberante a Ocidente
Quando lá chegamos, com o ocaso iminente, damos com uma celebração balnear exuberante. Soava música de bares e de carros estacionados entre os coqueiros.
Crianças brincavam em cordas e baloiços pendurados das árvores.
Grupos de nativos bebiam cerveja e dançavam, alguns até mar adentro. No mar da enseada, outros, tagarelavam massajados pelo vaivém da água tépida.
Por fim, o ocaso assentou e incendiou os céus sobre a desembocadura.
Gerou silhuetas dramáticas dos barcos por ali ancorados e da cruz marinha que os abençoa.
A Costa Oeste, o Jardin du Roi e as Tartarugas Gigantes das Seychelles
Na manhã seguinte, o mais cedo que conseguimos, dedicamo-nos a descer a costa oeste, com paragens estratégicas para banhos nas baías que mais nos convidavam.
Só desviamos para o interior para uma embaixada ao Jardin du Roi, inspirado no lugar original do século XVIII, que a realeza francesa ali instalou e expandiu com o objectivo de promover o comércio de especiarias entre as suas colónias.
Hoje, mais que as temperilhas, são as tartarugas gigantes e centenárias das Seychelles que ali atraem forasteiros.
A Atracção Secular das Tartarugas Gigantes das Seychelles
Quase todos chegam determinados em conviverem com as criaturas, demasiados, desejosos de se fotografarem a montá-las, como o fez, em 1995, o presidente português de então Mário Soares, com o mesmo à vontade com que, na ilha vizinha de La Digue, se refastelou na cadeira da erótica “Emanuelle”.
Sem o esperarmos, no Jardin du Roi, assistimos a uma cena digna de outra famosa saga.
Uma visitante russa, com cabelo de Leia mas metida em trajes de ganga bem mais ínfimos que os da princesa seduz uma tartaruga com uma qualquer fruta recém-colhida.
Assim que nos vê afastar do recinto, grita ao companheiro. Como planeado, este, fotografa-a instalada sobre a carapaça secular do animal.
As tartarugas gigantes da ilha já passaram por muito pior. Como passaram Mahé, Praslin, La Digue e as restantes Seychelles que as acolhem.
São a menor nação de África e uma das mais desejadas do continente.
Praias escondidas por selva luxuriante, feitas de areia coralífera banhada por um mar turquesa-esmeralda são tudo menos raras no oceano Índico. La Digue recriou-se. Em redor do seu litoral, brotam rochedos massivos que a erosão esculpiu como uma homenagem excêntrica e sólida do tempo à Natureza.
Durante séculos, os marinheiros árabes e europeus acreditaram que a maior semente do mundo, que encontravam nos litorais do Índico com forma de quadris voluptuosos de mulher, provinha de uma árvore mítica no fundo dos oceanos. A ilha sensual que sempre os gerou deixou-nos extasiados.
Trazido de Fiji para navegar nas Maldivas, o Princess Yasawa adaptou-se bem aos novos mares. Por norma, bastam um ou dois dias de itinerário, para a genuinidade e o deleite da vida a bordo virem à tona.
Contemplada do ar, Malé, a capital das Maldivas, pouco mais parece que uma amostra de ilha atafulhada. Quem a visita, não encontra coqueiros deitados, praias de sonho, SPAs ou piscinas infinitas. Deslumbra-se com o dia-a-dia maldivano genuíno que as brochuras turísticas omitem.
Cilaos surge numa das velhas caldeiras verdejantes da ilha de Reunião. Foi inicialmente habitada por escravos foragidos que acreditavam ficar a salvo naquele fim do mundo. Uma vez tornada acessível, nem a localização remota da cratera impediu o abrigo de uma vila hoje peculiar e adulada.
Nem todos os litorais tropicais são retiros prazerosos e revigorantes. Batido por rebentação violenta, minado de correntes traiçoeiras e, pior, palco dos ataques de tubarões mais frequentes à face da Terra, o da ilha da Reunião falha em conceder aos seus banhistas a paz e o deleite que dele anseiam.
No século XIX, franceses e britânicos disputaram um arquipélago a leste de Madagáscar antes descoberto pelos portugueses. Os britânicos triunfaram, re-colonizaram as ilhas com cortadores de cana-de-açúcar do subcontinente e ambos admitiram a língua, lei e modos francófonos precedentes. Desta mixagem, surgiu a exótica Maurícia.
Fianarantsoa foi fundada em 1831 por Ranavalona Iª, uma rainha da etnia merina então predominante. Ranavalona Iª foi vista pelos contemporâneos europeus como isolacionista, tirana e cruel. Reputação da monarca à parte, quando lá damos entrada, a sua velha capital do sul subsiste como o centro académico, intelectual e religioso de Madagáscar.
Saída do nada, uma colónia de embondeiros com 30 metros de altura e 800 anos ladeia uma secção da estrada argilosa e ocre paralela ao Canal de Moçambique e ao litoral piscatório de Morondava. Os nativos consideram estas árvores colossais as mães da sua floresta. Os viajantes veneram-nas como uma espécie de corredor iniciático.
Partimos de Fianarantsoa às 7a.m. Só às 3 da madrugada seguinte completámos os 170km para Manakara. Os nativos chamam a este comboio quase secular Train Grandes Vibrations. Durante a longa viagem, sentimos, bem fortes, as do coração de Madagáscar.
Vasco da Gama abriu o Índico ao império luso. No século XVIII, o arquipélago de Zanzibar tornou-se o maior produtor de cravinho e as especiarias disponíveis diversificaram-se, tal como os povos que as disputaram.
O primeiro europeu a aventurar-se nestas paragens masai ficou estupefacto com o que encontrou. E ainda hoje grandes manadas de elefantes e de outros herbívoros vagueiam ao sabor do pasto irrigado pela neve da maior montanha africana.
Nestas pradarias que o povo Masai diz siringet (correrem para sempre), milhões de gnus e outros herbívoros perseguem as chuvas. Para os predadores, a sua chegada e a da monção são uma mesma salvação.
Depois de vários dias de preparação em Pokhara, partimos em direcção aos Himalaias. O percurso pedestre só o começamos em Chame, a 2670 metros de altitude, com os picos nevados da cordilheira Annapurna já à vista. Até lá, completamos um doloroso mas necessário preâmbulo rodoviário pela sua base subtropical.
Ao deambularmos por Machu Picchu, encontramos sentido nas explicações mais aceites para a sua fundação e abandono. Mas, sempre que o complexo é encerrado, as ruínas ficam entregues aos seus enigmas.
Até ao início do século XX, os comedores de homens ainda se banqueteavam no arquipélago de Vanuatu. Na aldeia de Botko descobrimos porque os colonizadores europeus tanto receavam a ilha de Malekula.
Devastada por um sismo, Napier foi reconstruida num Art Deco quase térreo e vive a fazer de conta que parou nos Anos Trinta. Os seus visitantes rendem-se à atmosfera Great Gatsby que a cidade encena.
Um acidente macabro com uma carroça inspirou a saga dos cable cars de São Francisco. Hoje, estas relíquias funcionam como uma operação de charme da cidade do nevoeiro mas também têm os seus riscos.
Num ano, cada japonês come mais que o seu peso em peixe e marisco. Desde 1935, que uma parte considerável era processada e vendida no maior mercado piscícola do mundo. Tsukiji foi encerrado em Outubro de 2018, e substituído pelo de Toyosu.
Nativos de etnia Karanga da aldeia KwaNemamwa exibem as danças tradicionais Bira aos visitantes privilegiados das ruínas do Grande Zimbabwe. o lugar mais emblemático do Zimbabwe, aquele que, decretada a independência da Rodésia colonial, inspirou o nome da nova e problemática nação.
Apesar de praticado desde 1841, o Futebol Australiano só conquistou parte da grande ilha. A internacionalização nunca passou do papel, travada pela concorrência do râguebi e do futebol clássico.
À primeira vista, o Princess Juliana International Airport parece ser apenas mais um nas vastas Caraíbas. Sucessivas aterragens a rasar a praia Maho que antecede a sua pista, as descolagens a jacto que distorcem as faces dos banhistas e os projectam para o mar, fazem dele um caso à parte.
James Cook baptizou assim a longínqua Nova Caledónia porque o fez lembrar a Escócia do seu pai, já os colonos franceses foram menos românticos. Prendados com uma das maiores reservas de níquel do mundo, chamaram Le Caillou à ilha-mãe do arquipélago. Nem a sua mineração obsta a que seja um dos mais deslumbrantes retalhos de Terra da Oceânia.
Apenas 268 anos após a morte de Jesus, uma nação ter-se-á tornado a primeira a acolher a fé cristã por decreto real. Essa nação preserva, ainda hoje, a sua própria Igreja Apostólica e alguns dos templos cristãos mais antigos do Mundo. Em viagem pelo Cáucaso, visitamo-los nos passos de Gregório o Iluminador, o patriarca que inspira a vida espiritual da Arménia.
Chegamos ao fim da Overseas Highway e ao derradeiro reduto das propagadas Florida Keys. Os Estados Unidos continentais entregam-se, aqui, a uma deslumbrante vastidão marinha esmeralda-turquesa. E a um devaneio meridional alentado por uma espécie de feitiço caribenho.
A maior parte dos visitantes valoriza os cenários vulcânicos da Islândia pela sua beleza. Os islandeses também deles retiram calor e energia cruciais para a vida que levam às portas do Árctico.
Em 1993, frustrado pela desconsideração do governo português da sua obra “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, Saramago mudou-se com a esposa Pilar del Río para Lanzarote. De regresso a esta ilha canária algo extraterrestre, reencontramos o seu lar. E o refúgio da censura a que o escritor se viu votado.
Após dois dias de impasse devido a chuva torrencial, saímos à descoberta do Parque Nacional Tortuguero. Canal após canal, deslumbramo-nos com a riqueza natural e exuberância deste ecossistema flúviomarinho da Costa Rica.
Perdida entre as montanhas nevadas que separam a Europa da Ásia, Sheki é uma das povoações mais emblemáticas do Azerbaijão. A sua história em grande parte sedosa inclui períodos de grande aspereza. Quando a visitámos, tons pastéis de Outono davam mais cor a uma peculiar vida pós-soviética e muçulmana.
Estamos no limiar oeste do Mato Grosso do Sul mas mato, por estes lados, é outra coisa. Numa extensão de quase 200.000 km2, o Brasil surge parcialmente submerso, por rios, riachos, lagoas e outras águas dispersas em vastas planícies de aluvião. Nem o calor ofegante da estação seca drena a vida e a biodiversidade de lugares e fazendas pantaneiras como a que nos acolheu às margens do rio Miranda.
Em 1937, Jimmy Angel aterrou uma avioneta sobre uma meseta perdida na selva venezuelana. O aventureiro americano não encontrou ouro mas conquistou o baptismo da queda d'água mais longa à face da Terra
Jukka “Era-Susi” Nordman criou uma das maiores matilhas de cães de trenó do mundo. Tornou-se numa das personagens mais emblemáticas da Finlândia mas continua fiel ao seu cognome: Wilderness Wolf.
Contra todas as probabilidades, um dos litorais dominicanos mais intocados também é dos mais remotos. À descoberta da província de Pedernales, deslumbramo-nos com o semi-desértico Parque Nacional Jaragua e com a pureza caribenha da Bahia de las Águilas.
Despertamos em Chame, ainda abaixo dos 3000m. Lá avistamos, pela primeira vez, os picos nevados e mais elevados dos Himalaias. De lá partimos para nova caminhada do Circuito Annapurna pelos sopés e encostas da grande cordilheira. Rumo a Upper Pisang.
Por estrada e a bordo do Flam Railway, num dos itinerários ferroviários mais íngremes do mundo, chegamos a Flam e à entrada do Sognefjord, o maior, mais profundo e reverenciado dos fiordes da Escandinávia. Do ponto de partida à derradeira estação, confirma-se monumental esta Noruega que desvendamos.
Habituada a planear e a vencer, Singapura seduz e recruta gente ambiciosa de todo o mundo. Ao mesmo tempo, parece aborrecer de morte alguns dos seus habitantes mais criativos.
Descemos das terras altas e montanhosas de Meghalaya para as planas a sul e abaixo. Ali, o caudal translúcido e verde do Dawki faz de fronteira entre a Índia e o Bangladesh. Sob um calor húmido que há muito não sentíamos, o rio também atrai centenas de indianos e bangladeshianos entregues a uma pitoresca evasão.
A savana de Mara tornou-se famosa pelo confronto entre os milhões de herbívoros e os seus predadores. Mas, numa comunhão temerária com a vida selvagem, são os humanos Masai que ali mais se destacam.
Um capricho geológico fez da região de Fiordland a mais crua e imponente da Nova Zelândia. Ano após anos, muitos milhares de visitantes veneram o sub-domínio retalhado entre Te Anau e Milford Sound.