PN Lago Manyara, Tanzânia

África Favorita de Hemingway


Trio das alturas
Girafas destacam-se do leito seco do Lago Manyara.
Manyara verde-azul
Savana estende-se até ao caudal diminuído do Manyara, um lago situado sobre a zona Vale do Rift tanzaniano.
Moses & Piccaso
Cartaz de um pintor à saída do Lake Manyara Serena Safari Lodge
Alima
Uma moradora de Mto Wa Mbu menos avessa às fotografias dos visitantes.
Um safari alinhado
Uma fila de visitantes da Hippo Pool alinhados na sequência do passadiço elevado.
Mto Wa Mbo Jr.
Jovens alunos de Mto Wa Mbo, de regresso a casa após o período matinal de aulas.
Hippo Duo
Hipopótamos pastam numa zona verdejante do Lago Manyara.
O Portal dos Hipópotamos
Visitante admira o cenário do Lake Manyara Hippo Pool, descrito como uma "Magical Living Sponge".
Trânsito pesado
Elefante atravessa a estrada de terra batida que sulca a selva na orla do Lago Manyara.
Azul mas não muito
Um dos muitos macacos azuis que habitam, em grandes bandos, a selva da orla do lago Manyara.
Mercado de beira de estrada
Vendedoras de fruta de Mto Wa Mbu, uma povoação ribeirinha do Lago Manyara.
Sorriso Kili
Jovem guia à entrada de um bar decorado com uma pintura de rótulo da cerveja Kilimanjaro, uma das mais emblemáticas da Tanzânia.
Situado no limiar ocidental do vale do Rift, o parque nacional lago Manyara é um dos mais diminutos mas encantadores e ricos em vida selvagem da Tanzânia. Em 1933, entre caça e discussões literárias, Ernest Hemingway dedicou-lhe um mês da sua vida atribulada. Narrou esses dias aventureiros de safari em “As Verdes Colinas de África”.

Sem qualquer espanto, o tempo que gastámos nas aldeias e território masai em redor da cratera de Ngorongoro ultrapassou em muito o planeado.

Quando finalmente entramos na área coberta de grandes árvores que delimita o Lake Manyara Serena Safary Lodge, são quase duas da tarde. A sua sombra salva-nos da brasa irrespirável que emana das profundezas só aparentemente estéreis do vale do Rift.

Mesmo extenuado, Moses Lote, o motorista e guia com quem já convivíamos havia uns bons dias, desde a longínqua fronteira com o Quénia de Isebania-Sirari, volta a exibir uma coragem bíblica. “Rapazes, se ainda querem explorar o parque hoje, nada de banquete ao almoço.

Às três, temos que estar a sair daqui!” comunica-nos com o seu ar ao mesmo tempo austero mas paternal e gozão de sempre. Terminamos o repasto com a maior calma possível. Passeamo-nos entre os edifícios tradicionais de telhado de colmo que compunham o lodge, seguidos por um bando de macacos azuis juvenis curiosos.

Por fim, investigamos a sua pequena piscina em forma de oito anafado. A maior das extremidades arredondadas abre para uma vista descomunal sobre um vazio. Um nada enevoado ou vaporoso que se estende do verde da vegetação mais próxima e se perde num horizonte indefinido.

Ainda tentamos achar contornos ao cenário algo dantesco quando Moses reaparece do seu curto descanso e nos procura sossegar: ”parece inóspito, daqui, não é? Esperem só até descermos.

Lá em baixo é outra coisa completamente diferente.”

O Derradeiro Caminho para as Margens do Lago Manyara

Metemo-nos os três no jipe, passamos a cancela do lodge e entramos na estrada B144 que, para ali chegar, contornava grande parte da cratera gigante de Ngorongoro. Apenas umas centenas de metros depois, detivemo-nos num miradouro sobre o rift e o lago.

O mesmo rift que atravessava todo o leste de África, que o rasgava e salpicava de vulcões e de lagos alcalinos pejados de flamingos desde o litoral etíope do Mar Vermelho e, até ali chegar, se estendia pelo Sudão e pelo Quénia.

Moses & Piccaso

Cartaz de um pintor à saída do Lake Manyara Serena Safari Lodge

A paisagem revelava-se, agora, apenas um pouco mais nítida, sobrevoada por um par de águias-de-poupa com ninho em rochedos daquela mesma falésia. Entretanto, dois vendedores de artesanato surgiram da sombra de acácias e disputaram-nos a atenção.

Não estávamos em modo de compras até porque, pouco abaixo do equador, o sol caia sobre o horizonte mais depressa do que desejávamos. Para sua frustração, desculpámo-nos e voltámos ao jipe decididos a completar o percurso para a entrada do parque.

O Serena Lodge ficava a 1240 metros de altitude. O trajecto íngreme e sinuoso ao longo da arriba do Rift fez-nos descer até aos cerca de 950 metros em que se situavam as suas autoridades. Moses desviou da B144. Estacionou o jipe na área de acolhimento. Saímos e dirigimo-nos a duas tendas de campanha instaladas ao abrigo da copa de grandes árvores.

Da recepção em diante, a estrada de terra batida subsumiu-se numa floresta de encosta densa em que predominavam os mognos e enormes figueiras africanas.

Àquela hora tardia, já eram raros os veículos com que a partilhávamos.

O Percurso Barrado pela Fauna Primata de Manyara

Por isso mesmo, bandos de babuínos sobranceiros percorriam-na pouco inclinados em dar passagem ao trânsito invasor.

“Cá estão eles, os hooligans da selva!”, atira Moses, com a boa-disposição do costume. “Deixem-me lá ver se conseguimos ultrapassar este cortejo macacoide…”.

Azul mas não muito

Um dos muitos macacos azuis que habitam, em grandes bandos, a selva da orla do lago Manyara.

Uma ligeira aceleração foi suficiente para obrigar os primatas a desviarem para as bermas, visivelmente incomodados. Seguimos caminho com breves interrupções para admirarmos elefantes que pastavam entre jovens árvores e arbustos.

Então, sem aviso, da floresta, a estrada de terra batida abriu para uma planície ervada que parecia não ter fim.

Lago Manyara: a África Lacustre que Inspirou Ernest Hemingway

Avançamos um pouco mais para o seu âmago e damos finalmente com o primeiro vestígio líquido e azul do lago que Ernest Hemingway classificou como o cenário “mais encantador que já tinha visto em África”.

Apaixonou-se por ele, em 1933, durante um mês de safari de caça grossa partilhado com a sua segunda mulher Pauline Marie Pfeiffer, com quem partilhava parte da vida na casa de Key West, Florida Keys. Esse mês de safari viria a dar origem a “As Verdes Colinas de África”.

Hemingway dividiu esta sua obra de não ficção em quatro partes com a caça como denominador comum: na primeira, “Caça e Conversa” discute os escritores americanos com um expatriado europeu e aborda as relações dos caçadores com os pisteiros nativos.

Em “Caça Recordada” descreve aturadamente o vale do Rift por onde andávamos e mata um rinoceronte mais pequeno que aquele que o seu amigo Karl mataria. No campo literário, são abordados diversos escritores europeus: franceses e russos.

Em “Caça e Derrota”, entre outras peripécias, o autor descreve a sua inabilidade em perseguir um cudo.

E, por fim, em “Caça e Felicidade”, Hemingway consegue abater um espécime de cudo com chifres enormes.

No regresso ao acampamento, descobre que Karl havia matado um ainda maior e que, ao contrário de si, os pisteiros e guias nativos o tratavam como um irmão.

Os Dilemas Relacionais de Ernest Hemingway, Também no Lago Manyara

O livro recebeu críticas díspares que fizeram sentir a Hemingway como se o tivessem aniquilado. Pouco tempo depois, colocaria a culpa do fracasso nas mulheres ricas e dominadoras da sua vida, incluindo a esposa Pauline e a amante Jane Mason.

Viria a escrever mais duas histórias africanas, “A Curta Vida Feliz de Francis Macomber” e “As Neves do Kilimanjaro”, ambas sobre maridos subjugados por mulheres.

Estávamos em plena época seca. O volume de água abastecido pelos rios Simba e Makayuni e pelas raras chuvas não vencia as perdas do caudal cada vez mais exíguo que os animais anfíbios começavam a disputar de forma intensa.

Trio das alturas

Girafas destacam-se do leito seco do Lago Manyara.

Ao longe, girafas ondulavam os pescoços contra o azul celeste numa dança cerimonial graciosa.

Famílias de secretários sondavam e bicavam o solo em busca de pequenos répteis distraídos e, dispersos numa grande manada, centenas de gnus mantinham-se atentos aos ataques furtivos de leões ou chitas.

Continuámos a internar-nos no leito vegetal do lago.

Até que demos com um passadiço-ponte de madeira e Moses voltou a deter-se. “Bom, aproveitem.”

O Portal dos Hipópotamos

Visitante admira o cenário do Lake Manyara Hippo Pool, descrito como uma “Magical Living Sponge”.

O Passadiço que Revela os Hipopótamos Prolíficos do Lago Manyara

É dos raros lugares selvagens da Tanzânia em que podem sair dos jipes em segurança.” Um letreiro pintado a amarelo sobre uma tábua encarniçada dava-nos as boas-vindas: “Welcome to Lake Manyara Hippo Pool. Magical Living Sponge

Subimos a rampa e ficámos acima do enorme capim e da floresta de papiro. Dali, lado a lado com congéneres de outras paragens urbanizadas do mundo, absorvemos o encanto daquela África indomada e encharcada.

Como o letreiro indiciava, vários hipopótamos pastavam, indolentes, à beira dos charcos e corgas.

Hippo Duo

Hipopótamos pastam numa zona verdejante do Lago Manyara.

E dezenas de garças brancas cirandavam em redor ou à boleia dos seus lombos ásperos, atentas às dádivas de parasitas e insectos que os paquidermes proporcionavam.

Com o entardecer, quase todos os visitantes debandaram, algo em que não reparámos de tal forma estávamos entretidos a admirar e a fotografar a vida anfíbia do lago.

Um safari alinhado

Uma fila de visitantes da Hippo Pool alinhados na sequência do passadiço elevado.

Lago Manyara e os seus Leões e Chapéus Voadores

Quando regressámos à selva densa, tínhamos como objectivo encontrarmos leões ou leopardos em repouso sobre ramos de árvores, “os flying lyons” como são conhecidos em África, uma visão que mesmo não sendo garantida, é sempre possível, em Manyara.

Percorremos as estradas na companhia de um único jipe em que seguia um jovem casal asiático.

A determinada altura, saídos de uma lomba em que sol quase poente nos deixou ofuscados, assustou-nos um grito feminino estridente. “Que raio foi isto?” atirou de imediato Moses, pouco disposto a surpresas desagradáveis ao encerrar do dia.

Ainda nos ocorreu que os babuínos ou algum felino tivessem entrado a bordo do jipe da frente. Com a luz solar tapada pela vegetação, percebemos do quão humano e ridículo se tratava afinal o drama: o colega de Moses havia acelerado um pouco mais.

Como o jovem asiático se havia esquecido de apertar os cordéis, o seu chapéu de safari voara para o chão, isto para gáudio dos babuínos que promoveram o incidente a festim.

Trânsito pesado

Elefante atravessa a estrada de terra batida que sulca a selva na orla do Lago Manyara.

Ora, a jovem namorada – ou noiva ou esposa – não perdoou ao companheiro o descuido. Na sequência do grito, continuou a desancá-lo verbalmente e com algumas palmadas veementes nos ombros.

Regresso ao Abrigo Acolhedor do Serena Safari Lodge

A noite já se instalava quando regressámos ao Serena Safari Lodge. Estávamos exaustos do dia quase todo passado a bordo do jipe sob o calor esfalfante do Rift.

Jantámos ao ar livre do alpendre do lodge, refrescados por cervejas Serengetis, de que, além do sabor, reverenciámos a elegância do rótulo, com o seu leopardo em pose altiva sob fundo negro, uma marca rival da Kilimanjaro.

Sorriso Kili

Jovem guia à entrada de um bar decorado com uma pintura de rótulo da cerveja Kilimanjaro, uma das mais emblemáticas da Tanzânia.

Depois, investigámos o máximo que conseguimos da jornada que já se avizinhava.

Não tardámos a ceder ao cansaço e ao sono.

De Manyara, contávamos chegar a Tarangire, outro parque secundário não menos recompensador da Tanzânia. Logo no início madrugador do trajecto investigaríamos Mto Wa Mbu, a povoação rodoviária e ribeirinha que serve o lago Manyara.

O esforço para a compreendermos começou quando ainda estávamos a caminho. Moses bem procurou ensinar-nos a pronúncia suaíli do nome mas nós que até nos safamos bem com as línguas e dialectos, naquele caso, precisávamos de mais tempo.

Provou-se demasiado crua e gutural a combinação de sons que Mto Wa Mbu exigia. Bem distinta da versão simplificada e “ocidentalizada” em que nos engasgámos até amuarmos de vez.

É um rio homónimo que se traduz por “Rio dos Mosquitos” que empresta o nome à povoação que acolhe mercados masai de artesanato, bancas de rua de fruta, de roupa e outros víveres e bugigangas.

Mto Wa Mbu: à Descoberta do Lado Urbano de Manyara

Para Moses, o essencial era abastecer o jipe. Foi, assim, na estação de serviço que o deixámos, dispostos a percorrer o máximo possível de Mto Wa Mbu.

Como é de esperar, na Tanzânia ou onde quer que seja destas partes de África, não chegámos longe sem nos metermos numa discussão hilariante.

Lago Manyara, parque nacional, Ernest Hemingway, motociclista

Morador de Mto Wa Mbo prestes a arrancar sobre a sua motorizada chinesa.

O tema foi o do costume. Pagar ou não os honorários pretendidos pelas fotografias que pedíamos ou não pedíamos de quem mais fotogénico íamos encontrando.

Começámos por nos deter junto às vendedoras de fruta, que encontrámos envoltas em vestidos e longos lenços garridos, com padrões tribais típicos.

Mercado de beira de estrada

Vendedoras de fruta de Mto Wa Mbu, uma povoação ribeirinha do Lago Manyara.

De cada vez que apontávamos a câmara, era imediato o aviso de que a foto teria que envolver uma compra de um bem ou pagamento. Como algumas das imagens incluíam várias vendedoras, pela sua lógica, teríamos que comprar fruta a todas. Encarámos a sua resistência como mais uma mera missão diplomática que levámos com paciência e humor.

Uns minutos depois, já partilhávamos risadas com a maior parte das vendedoras que se deixavam fotografar de bom grado, observadas pelos condutores de triciclos motorizados alinhados do lado oposto da estrada.

Uma das senhoras em particular, Alima, reconheceu o esforço que fazíamos para levarmos imagens da sua aldeia e fez questão de se deixar retratar. O que veio a calhar já que trajava um chapéu cónico e icónico de veludo que a distinguia das demais.

Alima

Uma moradora de Mto Wa Mbu menos avessa às fotografias dos visitantes.

Ao mesmo tempo, passavam crianças a caminho da escola nos seus uniformes de calções de caqui ou saias azuis (elas), camisas brancas e pulôveres azulões.

Trabalhadores rurais chegavam com grandes carregamentos de bananas equilibrados sobre as suas bicicletas e os triciclos táxis saiam da linha para viagens convenientes.

Fila de riquexós motorizados à entrada de Mto Wa Bu.

Não tardámos a regressar ao jipe e à companhia de Moses para completarmos a nossa rumo a Tarangire.

Key West, Estados Unidos

O Recreio Caribenho de Hemingway

Efusivo como sempre, Ernest Hemingway qualificou Key West como “o melhor lugar em que tinha estado...”. Nos fundos tropicais dos E.U.A. contíguos, encontrou evasão e diversão tresloucada e alcoolizada. E a inspiração para escrever com intensidade a condizer.
Zanzibar, Tanzânia

As Ilhas Africanas das Especiarias

Vasco da Gama abriu o Índico ao império luso. No século XVIII, o arquipélago de Zanzibar tornou-se o maior produtor de cravinho e as especiarias disponíveis diversificaram-se, tal como os povos que as disputaram.
Cape Cross, Namíbia

A Mais Tumultuosa das Colónias Africanas

Diogo Cão desembarcou neste cabo de África em 1486, instalou um padrão e fez meia-volta. O litoral imediato a norte e a sul, foi alemão, sul-africano e, por fim, namibiano. Indiferente às sucessivas transferências de nacionalidade, uma das maiores colónias de focas do mundo manteve ali o seu domínio e anima-o com latidos marinhos ensurdecedores e intermináveis embirrações.
PN Gorongosa, Moçambique

O Coração da Vida Selvagem de Moçambique dá Sinais de Vida

A Gorongosa abrigava um dos mais exuberantes ecossistemas de África mas, de 1980 a 1992, sucumbiu à Guerra Civil travada entre a FRELIMO e a RENAMO. Greg Carr, o inventor milionário do Voice Mail recebeu a mensagem do embaixador moçambicano na ONU a desafiá-lo a apoiar Moçambique. Para bem do país e da humanidade, Carr comprometeu-se a ressuscitar o parque nacional deslumbrante que o governo colonial português lá criara.
PN Hwange, Zimbabwé

O Legado do Saudoso Leão Cecil

No dia 1 de Julho de 2015, Walter Palmer, um dentista e caçador de trofeus do Minnesota matou Cecil, o leão mais famoso do Zimbabué. O abate gerou uma onda viral de indignação. Como constatamos no PN Hwange, quase dois anos volvidos, os descendentes de Cecil prosperam.
Miranda, Brasil

Maria dos Jacarés: o Pantanal abriga criaturas assim

Eurides Fátima de Barros nasceu no interior da região de Miranda. Há 38 anos, instalou-se e a um pequeno negócio à beira da BR262 que atravessa o Pantanal e ganhou afinidade com os jacarés que viviam à sua porta. Desgostosa por, em tempos, as criaturas ali serem abatidas, passou a tomar conta delas. Hoje conhecida por Maria dos Jacarés, deu nome de jogador ou treinador de futebol a cada um dos bichos. Também garante que reconhecem os seus chamamentos.
Santa Lucia, África do Sul

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PN Amboseli, Quénia

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Malolotja: o Rio, as quedas d’água e a Reserva Natural Grandiosa

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