Rostov Veliky, Rússia

Sob as Cúpulas da Alma Russa


1001 Noites Russas
Cu?pulas do kremlin de Rostov, considerado o mais impressionante da Ru?ssia, a seguir ao de Moscovo.
Expedição lacustre
Barqueiro e passageiros acabados de zarpar para o meio do lago Nero.
Santas obras I
Alunos de pintura de frescos entregues às suas obras no interior do Mosteiro de Santo Jacob o Salvador.
À margem
O Mosteiro de Santo Jacob o Salvador com Lago Nero pelo meio.
Chamas de fé
Fiéis ortodoxas acendem velas em plena nave de uma das igrejas do Mosteiro de Santo Jacob o Salvador.
A catedral
Edifício do Mosteiro de Santo Jacob o Salvador com o Lago Nero por detrás.
Missa à vista
Duas gerac?o?es de fie?is ortodoxas com o lenc?o caracteri?stico, a caminho do servic?o religioso
Moda Russa medieval
Visitante russa do kremlin diverte-se num traje de outros tempos..
Barbas da Ortodoxia
Padre Ignatio no Mosteiro Spaso-Yakovlevsky (de Santo Jacob o Salvador).
Atenção Suprema
Visitantes contemplam os frescos no tecto de uma das igrejas ortodoxas do kremlin de Rostov.
Abóbadas do tempo
Cu?pulas do kremlin de Rostov, bem acima das muralhas e da seque?ncia de lojas conti?guas.
Santas obras II
Alunos de pintura de frescos entregues às suas obras no interior do Mosteiro de Santo Jacob o Salvador.
Passageiros inesperados
Barqueiro do lago Nero e gatos desejosos de embarcar.
Barbas da Ortodoxia II
Sacerdote ortodoxo a caminho de um servic?o religioso de fim de tarde.
O ensaio
Cena de uma sessão fotográfica casamenteiro no interior do kremlin de Rostov.
Abóbadas do tempo II
Mais cúpulas seculares, as de uma igreja antiga nos arredores de Rostov Veliky.
Sombras do poder
Ciclista local passa em frente às muralhas do kremlin de Rostov.
X 2
Reflexo no pequeno lago no interior do kremlin de Rostov Veliky.
140c5e14-2ac1-495e-b619-76f9be6611e0
É uma das mais antigas e importantes cidades medievais, fundada durante as origens ainda pagãs da nação dos czares. No fim do século XV, incorporada no Grande Ducado de Moscovo, tornou-se um centro imponente da religiosidade ortodoxa. Hoje, só o esplendor do kremlin moscovita suplanta o da cidadela da tranquila e pitoresca Rostov Veliky.

Um Convívio Ortodoxo (mas não muito)

Mais que inesperados, o acolhimento e a visita guiada do padre Ignatio revelam-se mágicos. O sacerdote da igreja ortodoxa russa pouco ou nada falava além do seu dialecto nativo.

Ainda assim, de dentro da sua batina negra, a face bonacheirona e a barba farta quase ruiva de que pendia um grande crucifixo dourado – convencional católico, não o bizantino – emanava uma espécie de “fiquem à vontade, a igreja também é vossa” que nos estimulava e reconfortava.

Padre Ignatio no Mosteiro Spaso-Yakovlevsky, Rostov, Rússia

Padre Ignatio no Mosteiro Spaso-Yakovlevsky (de Santo Jacob o Salvador).

Alexei Kravchenko acompanhava-nos desde o momento em que, na madrugada anterior, tínhamos deixado o aeroporto de Domodedovo, nos arredores de Moscovo.

Percorria, connosco, o labirinto escurecido de escadarias e corredores no interior do Mosteiro Spaso-Yakovlevsky (Santo Jacob o Salvador), há muito venerado como o santuário de São Demétrio de Rostov, um bispo da igreja ortodoxa ucraniana e russa que viveu durante o século XVII.

Alexei traduzia parte das explicações e apelos de Ignatio. Orgulhoso por chegarmos de tão longe e de ali tomarmos conhecimento da sua obra, Ignatio não se poupa a esforços. Subimos por escadarias que servem estruturas complexas de andaimes de madeira erguidos contra as enormes paredes do templo.

Ignatio tinha lá instalado uma autêntica escola de pintura de frescos. Distribuídos por vários níveis e a uma luz com tom de mel, jovens alunos aplicavam-se a pintar originais e réplicas inspiradas na prolífica iconografia ortodoxa.

Alunos de pintura no Mosteiro de Santo Jacob o Salvador, Rostov, Rússia

Trio de alunos de pintura de frescos entregues às suas obras no interior do Mosteiro de Santo Jacob o Salvador.

Saudamo-los e espreitamos e fotografamos algumas das obras garridas em curso. Mais preocupados com as trajectórias dos sensíveis pincéis, eles retribuem de forma tímida.

À margem destas imagens religiosas, Ignatio também conhecia a riqueza paisagística que o mosteiro nos podia revelar. Prosseguimos, assim, escadarias acima até chegarmos a um varandim central que nos concede uma vista central da abóboda e cúpulas da maior das igrejas do complexo, com o lago Nero por detrás.

Edifício do Mosteiro de Santo Jacob o Salvador e Lago Nero, Rostov, Rússia

Edifício do Mosteiro de Santo Jacob o Salvador com o Lago Nero por detrás

Regressamos ao interior de tijolo e vidro da abóboda em que estávamos. Um vulto que surge do nada e quase nos assusta apresenta-se em português e deixa-nos ainda mais atónitos: “Olá, como estão amigos, sejam bem-vindos!”

Consciente da nossa nacionalidade, Ignatio achara por bem convidar um compincha a conhecer-nos. “Sabem onde eu vivo e trabalho?” Começa por nos questionar Serguei. “Não vai ser fácil de adivinharem.”

Provavelmente ainda fruto dos velhos intercâmbios comunistas entre o partido MPLA e a U.R.S.S., médico de profissão, fazia já muito tempo que Serguei integrava a equipa do Hospital Central de Maputo. Falava um português quase fluído que nos manteve à conversa pelo menos, até que Ignatio o voltou a solicitar.

Mosteiro de Santo Jacob o Salvador e Lago Nero, Rostov Veliky, Rússia

O Mosteiro de Santo Jacob o Salvador com Lago Nero pelo meio

Missa à moda Russa

Daquele recanto elevado, sombrio e esconso do mosteiro, passamos para o seu coro desdobrado. Lá apreciamos a elegância ampla, ortodoxa e multicolor da nave em redor. Do nada, um sacerdote “irmão” de Ignatio trajado com uma casula de um amarelo lustroso aparece e percorre o piso de losangos vermelhos e amarelo-torrados, em trajectórias quase automáticas.

Fiéis ortodoxas no interior igrejas do Mosteiro de Santo Jacob o Salvador, Rostov, Rússia

Fiéis ortodoxas acendem velas em plena nave de uma das igrejas do Mosteiro de Santo Jacob o Salvador.

Aproxima-se da entrada, abençoa um grupo de mulheres crentes, todas elas com os cabelos envoltos em lenços respeitosos. Enquanto isso, outros que vestem batas negras dispõem-se num reduto oposto ao das senhoras. Lá inauguram uma sequência de cânticos litúrgicos intercalados com as palavras da homília.

Naquele cimo panorâmico em que tudo supervisionávamos, a ortodoxia do rito ressoava a dobrar. Entrava-nos pelos ouvidos e pelo cérebro. Com tal volume e gravidade que nos chegava a intimidar.

Tínhamos perdido a noção do tempo. Mesmo se, por aquela altura e àquela latitude, os dias do estivo se mantinham longos, quando deixamos o mosteiro, já a tarde, até então solarenga e resplandecente, apontava às trevas.

Alexei apreciava sobremaneira a Rússia clássica e antiga que nos revelava. Lembrou-se, assim, de uma outra igreja secular, dissimulada no campo verdejante do Yaroslav Oblast (a província da Federação Russa por onde andávamos), a uns 20 km.

Igreja ortodoxa, Rostov, Rússia

Mais cúpulas seculares, as de uma igreja antiga nos arredores de Rostov Veliky

Outra igreja, outra missa

Fiéis ortodoxas a caminho de missa, Rostov, Rússia

Duas gerações de fiéis ortodoxas com o lenço característico, a caminho do serviço religioso

Encantado com a perspectiva de lá acompanharmos o ocaso, incita-nos a fazermos a viagem. Quando nos confrontamos com o seu edifício de tijolinhos esbranquiçados, estava prestes a começar a liturgia local. Mais mulheres de lenço cruzam um portão centrado numa vedação de madeira.

Outras, conversam à sombra do arvoredo circundante. Apressam-se apenas quando por elas passa o sacerdote para ali designado, dono de um caminhar e de um porte soberbo e de feições austeras e sérias que, sob uma batina com longas mangas e de um toucado klobuk, ao contrário do que acontecera com Ignatio, nos inspirava mistério e temor.

Padre ortodoxo, Rostov, Rússia

Sacerdote ortodoxo a caminho de um serviço religioso de fim de tarde

Os fiéis reúnem-se no interior da igreja. Desta feita, ficamos os três a usufruir da bênção que a natureza envolvente nos concedia, deliciados com a brisa suave que fazia as árvores ondular, com os voos picados das andorinhas e o grasnar longínquo dos corvos.

O sol deixa de dar no castro de cúpulas prateadas de outra velha igreja no extremo oposto do caminho e o arrebol coincide com o término do serviço religioso. Dá-nos o sinal por que esperávamos para voltar a Rostov.

Alexei tinha conduzido boa parte da noite anterior entre São Petersburgo e Moscovo, a tempo de nos receber. Nós, tínhamos sofrido algo semelhante para apanharmos o voo.

De volta a Rostov Veliky

Sem surpresas, após um jantar despachado de sopa fria okroshka e de uma espécie de nhoquis a que os russos chamam pelmenis, acompanhados de canecas de kvass (bebida fermentada de centeio) regressamos aos aposentos da Khors Guesthouse & Gallery. Pouco depois, rendemo-nos ao sono que tínhamos em débito.

Ciclista passa em frente ao Kremlin de Rostov, Rússia

Ciclista local passa em frente às muralhas do kremlin de Rostov.

Despertamos com as galinhas e galos da pousada. Deixamos Alexei entregue ao seu cansaço particular e saímos à descoberta. A pousada pouco distava do kremlin de Rostov, uma cidadela muralhada de que despontavam torres e mais torres, e um batalhão de cúpulas sobranceiras.

Sucessivos Ladas, Volgas e relíquias automóveis soviéticas afins passam pela base das muralhas que, ao longo de uma das ruas principais, acolhiam vários dos estabelecimentos comerciais convenientes da cidade. A visão surreal das enormes igrejas aguça-nos a curiosidade e a ansiedade e leva-nos a uma incursão precoce.

Kremlin de Rostov, Rússia

Cúpulas do kremlin de Rostov, bem acima das muralhas e da sequência de lojas contíguas

Uma incursão ao Kremlin

No interior, desvendamos a vida paralela até então oculta do kremlin. Uma sessão fotográfica casamenteira desenrola-se com passagem pelos cantos mais fotogénicos da velha fortaleza.

À beira do seu pequeno lago, sucessivas senhoras vestem trajes medievais, sem grandes hipóteses de rivalizarem com a elegância e leveza pré-matrimonial da noiva. Jovens entregues a pequenas telas batalham com as perspectivas desafiantes das suas pinturas.

Lago interior do Kremlin de Rostov Veliky, Rússia

Reflexo no pequeno lago no interior do kremlin de Rostov Veliky.

E grupos organizados atrás de guias, seguem a simbologia religiosa e a profundeza histórica da panóplia de frescos que, repletos de sábios e santos ortodoxos, decoravam a nave central.

Foram necessários muitos séculos de guerra e paz para Rostov se engrandecer e merecer as visitas e a reverência que lhe são agora dedicadas.

Esses séculos levaram-na de mera povoação da tribo finlandesa Merya, de entreposto comercial viquingue e, depois, cita, a capital de um dos muitos principados que se viram sob controle dos poderosos Tártaros. Pouco depois, a uma das principais cidades do Gran Ducado de Moscovo.

Durante todo este tempo, Rostov manteve-se um assento incontornável dos bispado e arcebispado russo, da religiosidade russa em geral. Erguido durante o século XVII, na ressaca de invasões mongóis e polacas-lituanas, o kremlin que explorávamos estabeleceu o culminar do seu engrandecimento.

E, no entanto, pouco depois, Rostov viu-se ultrapassada em importância administrativa por Yaroslav. O hiato histórico e correspondente marasmo civilizacional em que caiu, não invalida que continue a ser conhecida por Rostov Veliky (a Grande), uma forma também útil de a distinguir da congénere russa Rostov-on-Don, essa, uma cidade moderna, bem maior, às margens do rio Don.

Em busca de cúpulas, de barco a remos

Durante os seus mais de mil anos, Rostov manteve a companhia ora líquida ora gelada do Nero, um lago abastecido por oito rios, mesmo assim, pouco profundo (3.6 m de profundidade máxima, com 13 por 8 km de extensão). Deixamos o Kremlin.

Barqueiro e passageiros no Lago Nero, Rostov Veliky, Rússia

Barqueiro e passageiros acabados de zarpar para o meio do lago Nero.

Caminhamos ao longo da margem imediata, junto aos canaviais anfíbios que antecedem a sua imensidão esverdeada. Passamos por várias das docas e passadiços que servem as izbas (vivendas de madeira) ribeirinhas. Uma dessas estruturas acolhia uma pequena frota de embarcações metálicas de recreio.

Ao chegarmos a outra, um barco aproxima-se de terra e do seu ancoradouro privado. A bordo, um timoneiro cinquentão com chapéu de  comandante naval rema para duas mães e os seus rebentos. A meros cem metros, um vizinho e rival acabado de ancorar é recebido por dois gatos – um preto e um pardo – que o aguardavam, desejosos de embarcar.

Barqueiro e gatos, no lago Nero, Rostov Veliky, Rússia

Barqueiro do lago Nero e gatos desejosos de embarcar.

Contagiados por estas sucessivas cenas de evasão e de lazer, ambicionamos a nossa própria navegação. Alugamos um barco. Saímos disparados a remar para o meio do lago, conscientes da altura a que o Kremlin se projectava e intrigados pelo que a vista de lá nos reservava.

Umas boas dezenas de remadas depois, o anseio confirma-se. Vemos uma floresta de torres e cúpulas destacar-se do fundo verdejante da margem. Umas são prateadas, outras cinza-chumbo, outras ainda verde-escuras, assentes sobre um grande torreão rosa pálido.

Kremlin de Rostov Veliky, Rússia

Cúpulas do kremlin de Rostov, considerado o mais impressionante da Rússia, a seguir ao de Moscovo.

Quanto mais nos distanciamos, mais cúpulas se insinuam contra o céu de fim de tarde, estival e continental, carregado de humidade, azulão a condizer. Quantas mais cúpulas desvendamos, mais a história pomposa de Rostov Veliky e da velha Rússia resplandece e nos deslumbra.

A TAP voa de Lisboa para Moscovo à 2ª, 3ª, 5ª, 6ª e sábados às 23h10, chegada às 06h20.  Voa de Moscovo para Lisboa à 3ª, 4ª, 6ª, sábados e domingos, às 07h15, chegada às 11h10.

Novgorod, Rússia

A Avó Viking da Mãe Rússia

Durante quase todo o século que passou, as autoridades da U.R.S.S. omitiram parte das origens do povo russo. Mas a história não deixa lugar para dúvidas. Muito antes da ascensão e supremacia dos czares e dos sovietes, os primeiros colonos escandinavos fundaram, em Novgorod, a sua poderosa nação.
São Petersburgo e Mikhaylovskoe, Rússia

O Escritor que Sucumbiu ao Próprio Enredo

Alexander Pushkin é louvado por muitos como o maior poeta russo e o fundador da literatura russa moderna. Mas Pushkin também ditou um epílogo quase tragicómico da sua prolífica vida.
Suzdal, Rússia

Séculos de Devoção a um Monge Devoto

Eutímio foi um asceta russo do século XIV que se entregou a Deus de corpo e alma. A sua fé inspirou a religiosidade de Suzdal. Os crentes da cidade veneram-no como ao santo em que se tornou.
São Petersburgo, Rússia

A Rússia Vai Contra a Maré. Siga a Marinha

A Rússia dedica o último Domingo de Julho às suas forças navais. Nesse dia, uma multidão visita grandes embarcações ancoradas no rio Neva enquanto marinheiros afogados em álcool se apoderam da cidade.
Suzdal, Rússia

Em Suzdal, é de Pequenino que se Celebra o Pepino

Com o Verão e o tempo quente, a cidade russa de Suzdal descontrai da sua ortodoxia religiosa milenar. A velha cidade também é famosa por ter os melhores pepinos da nação. Quando Julho chega, faz dos recém-colhidos um verdadeiro festival.
Suzdal, Rússia

Mil Anos de Rússia à Moda Antiga

Foi uma capital pródiga quando Moscovo não passava de um lugarejo rural. Pelo caminho, perdeu relevância política mas acumulou a maior concentração de igrejas, mosteiros e conventos do país dos czares. Hoje, sob as suas incontáveis cúpulas, Suzdal é tão ortodoxa quanto monumental.
Ilhas Solovetsky, Rússia

A Ilha-Mãe do Arquipélago Gulag

Acolheu um dos domínios religiosos ortodoxos mais poderosos da Rússia mas Lenine e Estaline transformaram-na num gulag. Com a queda da URSS, Solovestky recupera a paz e a sua espiritualidade.
São Petersburgo, Rússia

Na Pista de "Crime e Castigo"

Em São Petersburgo, não resistimos a investigar a inspiração para as personagens vis do romance mais famoso de Fiódor Dostoiévski: as suas próprias lástimas e as misérias de certos concidadãos.
Bolshoi Zayatsky, Rússia

Misteriosas Babilónias Russas

Um conjunto de labirintos pré-históricos espirais feitos de pedras decoram a ilha Bolshoi Zayatsky, parte do arquipélago Solovetsky. Desprovidos de explicações sobre quando foram erguidos ou do seu significado, os habitantes destes confins setentrionais da Europa, tratam-nos por vavilons.
Bolshoi Solovetsky, Rússia

Uma Celebração do Outono Russo da Vida

Na iminência do oceano Ártico, a meio de Setembro, a folhagem boreal resplandece de dourado. Acolhidos por cicerones generosos, louvamos os novos tempos humanos da grande ilha de Solovetsky, famosa por ter recebido o primeiro dos campos prisionais soviéticos Gulag.
Moscovo, Rússia

A Fortaleza Suprema da Rússia

Foram muitos os kremlins erguidos, ao longos dos tempos, na vastidão do país dos czares. Nenhum se destaca, tão monumental como o da capital Moscovo, um centro histórico de despotismo e prepotência que, de Ivan o Terrível a Vladimir Putin, para melhor ou pior, ditou o destino da Rússia.
Kronstadt, Rússia

O Outono da Ilha-Cidade Russa de Todas as Encruzilhadas

Fundada por Pedro o Grande, tornou-se o porto e base naval que protegem São Petersburgo e o norte da grande Rússia. Em Março de 1921, rebelou-se contra os Bolcheviques que apoiara na Revolução de Outubro. Neste Outubro que atravessamos, Kronstadt volta a cobrir-se do mesmo amarelo exuberante da incerteza.
São Petersburgo, Rússia

Dias Dourados que Antecederam a Tempestade

À margem dos acontecimentos políticos e bélicos precipitados pela Rússia, de meio de Setembro em diante, o Outono toma conta do país. Em anos anteriores, de visita a São Petersburgo, testemunhamos como a capital cultural e do Norte se reveste de um amarelo-laranja resplandecente. Num deslumbre pouco condizente com o negrume político e bélico entretanto disseminado.
Fiéis saúdam-se no registão de Bukhara.
Cidade
Bukhara, Uzbequistão

Entre Minaretes do Velho Turquestão

Situada sobre a antiga Rota da Seda, Bukhara desenvolveu-se desde há pelo menos, dois mil anos como um entreposto comercial, cultural e religioso incontornável da Ásia Central. Foi budista, passou a muçulmana. Integrou o grande império árabe e o de Gengis Khan, reinos turco-mongois e a União Soviética, até assentar no ainda jovem e peculiar Uzbequistão.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Esteros del Iberá, Pantanal Argentina, Jacaré
Safari
Esteros del Iberá, Argentina

O Pantanal das Pampas

No mapa mundo, para sul do famoso pantanal brasileiro, surge uma região alagada pouco conhecida mas quase tão vasta e rica em biodiversidade. A expressão guarani Y berá define-a como “águas brilhantes”. O adjectivo ajusta-se a mais que à sua forte luminância.
Monte Lamjung Kailas Himal, Nepal, mal de altitude, montanha prevenir tratar, viagem
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 2º - Chame a Upper PisangNepal

(I)Eminentes Annapurnas

Despertamos em Chame, ainda abaixo dos 3000m. Lá  avistamos, pela primeira vez, os picos nevados e mais elevados dos Himalaias. De lá partimos para nova caminhada do Circuito Annapurna pelos sopés e encostas da grande cordilheira. Rumo a Upper Pisang.
Music Theatre and Exhibition Hall, Tbilissi, Georgia
Arquitectura & Design
Tbilisi, Geórgia

Geórgia ainda com Perfume a Revolução das Rosas

Em 2003, uma sublevação político-popular fez a esfera de poder na Geórgia inclinar-se do Leste para Ocidente. De então para cá, a capital Tbilisi não renegou nem os seus séculos de história também soviética, nem o pressuposto revolucionário de se integrar na Europa. Quando a visitamos, deslumbramo-nos com a fascinante mixagem das suas passadas vidas.
Era Susi rebocado por cão, Oulanka, Finlandia
Aventura
PN Oulanka, Finlândia

Um Lobo Pouco Solitário

Jukka “Era-Susi” Nordman criou uma das maiores matilhas de cães de trenó do mundo. Tornou-se numa das personagens mais emblemáticas da Finlândia mas continua fiel ao seu cognome: Wilderness Wolf.
Verificação da correspondência
Cerimónias e Festividades
Rovaniemi, Finlândia

Da Lapónia Finlandesa ao Árctico, Visita à Terra do Pai Natal

Fartos de esperar pela descida do velhote de barbas pela chaminé, invertemos a história. Aproveitamos uma viagem à Lapónia Finlandesa e passamos pelo seu furtivo lar.
Cidades
Napier, Nova Zelândia

De volta aos Anos 30 – Calhambeque Tour

Numa cidade reerguida em Art Deco e com atmosfera dos "anos loucos" e seguintes, o meio de locomoção adequado são os elegantes automóveis clássicos dessa era. Em Napier, estão por toda a parte.
mercado peixe Tsukiji, toquio, japao
Comida
Tóquio, Japão

O Mercado de Peixe que Perdeu a Frescura

Num ano, cada japonês come mais que o seu peso em peixe e marisco. Desde 1935, que uma parte considerável era processada e vendida no maior mercado piscícola do mundo. Tsukiji foi encerrado em Outubro de 2018, e substituído pelo de Toyosu.
Cultura
Sósias, actores e figurantes

Estrelas do Faz de Conta

Protagonizam eventos ou são empresários de rua. Encarnam personagens incontornáveis, representam classes sociais ou épocas. Mesmo a milhas de Hollywood, sem eles, o Mundo seria mais aborrecido.
Natação, Austrália Ocidental, Estilo Aussie, Sol nascente nos olhos
Desporto
Busselton, Austrália

2000 metros em Estilo Aussie

Em 1853, Busselton foi dotada de um dos pontões então mais longos do Mundo. Quando a estrutura decaiu, os moradores decidiram dar a volta ao problema. Desde 1996 que o fazem, todos os anos. A nadar.
Cruzeiro Navimag, Puerto Montt a Puerto-natales, Chile
Em Viagem
Puerto Natales-Puerto Montt, Chile

Cruzeiro num Cargueiro

Após longa pedinchice de mochileiros, a companhia chilena NAVIMAG decidiu admiti-los a bordo. Desde então, muitos viajantes exploraram os canais da Patagónia, lado a lado com contentores e gado.
Étnico
São Nicolau, Cabo Verde

Fotografia dess Nha Terra São Nicolau

A voz da saudosa Cesária Verde cristalizou o sentimento dos cabo-verdianos que se viram forçados a deixar a sua ilha. Quem visita São Nicolau ou, vá lá que seja, admira imagens que a bem ilustrem, percebe porque os seus lhe chamam, para sempre e com orgulho, nha terra.
Vista para ilha de Fa, Tonga, Última Monarquia da Polinésia
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Portfólio Got2Globe

Sinais Exóticos de Vida

Donos de lanchas junto ao embarcadouro de Trou d'Eau Douce
História
Ilha Maurícia

Leste da Maurícia, Sul à Vista

A costa leste da ilha Maurícia afirmou-se como um dos édenes balneares do Índico. Enquanto a percorremos, descobrimos lugares que se revelam, ao mesmo tempo, redutos importantes da sua história. São os casos da Pointe du Diable, de Mahebourg, da Île-aux-Aigrettes e de outras paragens tropicais deslumbrantes.
A inevitável pesca
Ilhas

Florianópolis, Brasil

O Legado Açoriano do Atlântico Sul

Durante o século XVIII, milhares de ilhéus portugueses perseguiram vidas melhores nos confins meridionais do Brasil. Nas povoações que fundaram, abundam os vestígios de afinidade com as origens.

Barcos sobre o gelo, ilha de Hailuoto, Finlândia
Inverno Branco
Hailuoto, Finlândia

Um Refúgio no Golfo de Bótnia

Durante o Inverno, a ilha de Hailuoto está ligada à restante Finlândia pela maior estrada de gelo do país. A maior parte dos seus 986 habitantes estima, acima de tudo, o distanciamento que a ilha lhes concede.
Lago Manyara, parque nacional, Ernest Hemingway, girafas
Literatura
PN Lago Manyara, Tanzânia

África Favorita de Hemingway

Situado no limiar ocidental do vale do Rift, o parque nacional lago Manyara é um dos mais diminutos mas encantadores e ricos em vida selvagem da Tanzânia. Em 1933, entre caça e discussões literárias, Ernest Hemingway dedicou-lhe um mês da sua vida atribulada. Narrou esses dias aventureiros de safari em “As Verdes Colinas de África”.
Macaco-uivador, PN Tortuguero, Costa Rica
Natureza
PN Tortuguero, Costa Rica

Tortuguero: da Selva Inundada ao Mar das Caraíbas

Após dois dias de impasse devido a chuva torrencial, saímos à descoberta do Parque Nacional Tortuguero. Canal após canal, deslumbramo-nos com a riqueza natural e exuberância deste ecossistema flúviomarinho da Costa Rica.
Estátua Mãe-Arménia, Erevan, Arménia
Outono
Erevan, Arménia

Uma Capital entre o Leste e o Ocidente

Herdeira da civilização soviética, alinhada com a grande Rússia, a Arménia deixa-se seduzir pelos modos mais democráticos e sofisticados da Europa Ocidental. Nos últimos tempos, os dois mundos têm colidido nas ruas da sua capital. Da disputa popular e política, Erevan ditará o novo rumo da nação.
Jovens percorrem a rua principal de Chame, Nepal
Parques Naturais
Circuito Annapurna: 1º - Pokhara a ChameNepal

Por Fim, a Caminho

Depois de vários dias de preparação em Pokhara, partimos em direcção aos Himalaias. O percurso pedestre só o começamos em Chame, a 2670 metros de altitude, com os picos nevados da cordilheira Annapurna já à vista. Até lá, completamos um doloroso mas necessário preâmbulo rodoviário pela sua base subtropical.
PN Timanfaya, Montanhas de Fogo, Lanzarote, Caldera del Corazoncillo
Património Mundial UNESCO
PN Timanfaya, Lanzarote, Canárias

PN Timanfaya e as Montanhas de Fogo de Lanzarote

Entre 1730 e 1736, do nada, dezenas de vulcões de Lanzarote entraram em sucessivas erupções. A quantidade massiva de lava que libertaram soterrou várias povoações e forçou quase metade dos habitantes a emigrar. O legado deste cataclismo é o cenário marciano actual do exuberante PN Timanfaya.
Visitantes da casa de Ernest Hemingway, Key West, Florida, Estados Unidos
Personagens
Key West, Estados Unidos

O Recreio Caribenho de Hemingway

Efusivo como sempre, Ernest Hemingway qualificou Key West como “o melhor lugar em que tinha estado...”. Nos fundos tropicais dos E.U.A. contíguos, encontrou evasão e diversão tresloucada e alcoolizada. E a inspiração para escrever com intensidade a condizer.
Jabula Beach, Kwazulu Natal, Africa do Sul
Praias
Santa Lucia, África do Sul

Uma África Tão Selvagem Quanto Zulu

Na eminência do litoral de Moçambique, a província de KwaZulu-Natal abriga uma inesperada África do Sul. Praias desertas repletas de dunas, vastos pântanos estuarinos e colinas cobertas de nevoeiro preenchem esta terra selvagem também banhada pelo oceano Índico. Partilham-na os súbditos da sempre orgulhosa nação zulu e uma das faunas mais prolíficas e diversificadas do continente africano.
Celebração newar, Bhaktapur, Nepal
Religião
Bhaktapur, Nepal

As Máscaras Nepalesas da Vida

O povo indígena Newar do Vale de Katmandu atribui grande importância à religiosidade hindu e budista que os une uns aos outros e à Terra. De acordo, abençoa os seus ritos de passagem com danças newar de homens mascarados de divindades. Mesmo se há muito repetidas do nascimento à reencarnação, estas danças ancestrais não iludem a modernidade e começam a ver um fim.
A Toy Train story
Sobre Carris
Siliguri a Darjeeling, Índia

Ainda Circula a Sério o Comboio Himalaia de Brincar

Nem o forte declive de alguns tramos nem a modernidade o detêm. De Siliguri, no sopé tropical da grande cordilheira asiática, a Darjeeling, já com os seus picos cimeiros à vista, o mais famoso dos Toy Trains indianos assegura há 117 anos, dia após dia, um árduo percurso de sonho. De viagem pela zona, subimos a bordo e deixamo-nos encantar.
Cabine lotada
Sociedade
Saariselka, Finlândia

O Delicioso Calor do Árctico

Diz-se que os finlandeses criaram os SMS para não terem que falar. O imaginário dos nórdicos frios perde-se na névoa das suas amadas saunas, verdadeiras sessões de terapia física e social.
saksun, Ilhas Faroé, Streymoy, aviso
Vida Quotidiana
Saksun, StreymoyIlhas Faroé

A Aldeia Faroesa que Não Quer ser a Disneylandia

Saksun é uma de várias pequenas povoações deslumbrantes das Ilhas Faroé, que cada vez mais forasteiros visitam. Diferencia-a a aversão aos turistas do seu principal proprietário rural, autor de repetidas antipatias e atentados contra os invasores da sua terra.
O rio Zambeze, PN Mana Poools
Vida Selvagem
Kanga Pan, Mana Pools NP, Zimbabwe

Um Manancial Perene de Vida Selvagem

Uma depressão situada a 15km para sudeste do rio Zambeze retém água e minerais durante toda a época seca do Zimbabué. A Kanga Pan, como é conhecida, nutre um dos ecossistemas mais prolíficos do imenso e deslumbrante Parque Nacional Mana Pools.
The Sounds, Fiordland National Park, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Fiordland, Nova Zelândia

Os Fiordes dos Antipodas

Um capricho geológico fez da região de Fiordland a mais crua e imponente da Nova Zelândia. Ano após anos, muitos milhares de visitantes veneram o sub-domínio retalhado entre Te Anau e Milford Sound.