Ilhas Solovetsky, Rússia

A Ilha-Mãe do Arquipélago Gulag


Sem Pressa
Sacerdote ortodoxo passe em frente a uma das entradas em arco do mosteiro de Solovetsky.
TV Russia
Antenas parabólicas que asseguram uma ligação televisiva ao resto da Rússia.
Solovestsky Outonal
Vista do Mosteiro de Solovetsky a partir de uma margem oposta.
Sombra de um passado cruel
Visitante dentro de um dos cárceres usados enquanto Solovetsky se manteve parte dos gulags soviéticos.
A caminho do mosteiro
Religiosas aproximam-se de uma das entradas que servem o mosteiro de Solovetsky.
Pioneira Ortodoxa
A pequena capela de Alexander Nevsky, em frente da fachada principal do mosteiro.
Verde em tons de trabalho
Alexey Sidnev e Andrey Ignatvev, geólogos ao serviço da região de Archangelsk e a trabalhar em Solovestky.
História fúnebre
Monge ortodoxo passa junto ao cemitério da Igreja da Anunciação, onde jazem algumas das personalidades mais importantes da história de Solovestky.
Gang caprino
Cabras repousam num cenário algo soviético em redor do mosteiro.
No meio do Mar Branco
Panorâmica solarenga do Mosteiro de Solovetsky.
Fila de Crentes
Fiéis ortodoxos fazem fila para se benzerem no altar da Igreja da Anunciação.
Doca-Espelho
Barcos ancorados na imediação da muralha do mosteiro de Solovetsky.
Gado à solta
Cabra numa rua da povoação de Solovestsky.
Tempo de pesca
Morador zarpa de barco de uma marina junto ao mosteiro.
Estacionamento Soviético
Tres carrinhas UAZ (Ulyanovsky Avtomobilny Zavod) estacionadas junto a habitações de Solovetsky.
Sanfona Russa
Acordeonista toca para os transeuntes à porta de uma tasca local.
Frente Religiosa
Capelas destacas à frente da muralha do mosteiro de Solovetsky.
Cúpulas Divinas
Cúpulas centrais do mosteiro de Bolshoi Solovetsky.
Fiel de entrada
Moradora da ilha grande de Solovetsky entra no complexo.
solovetsky-ilha-mae-arquipelago-gulag-russia-gaivota
Gaivota passeia-se sobre uma vedação de Solovetsky.
Sem Pressa
Sacerdote ortodoxo passe em frente a uma das entradas em arco do mosteiro de Solovetsky.
TV Russia
Antenas parabólicas que asseguram uma ligação televisiva ao resto da Rússia.
Solovestsky Outonal
Vista do Mosteiro de Solovetsky a partir de uma margem oposta.
Sombra de um passado cruel
Visitante dentro de um dos cárceres usados enquanto Solovetsky se manteve parte dos gulags soviéticos.
Acolheu um dos domínios religiosos ortodoxos mais poderosos da Rússia mas Lenine e Estaline transformaram-na num gulag. Com a queda da URSS, Solovestky recupera a paz e a sua espiritualidade.

A longa viagem chuvosa e perigosa de São Petersburgo cobrava-nos, havia já muito, um cansaço cada vez mais difícil de disfarçar.

O cochilar no carro pouco o aligeirava. O raiar do dia e o momento em que pudemos subir a bordo do pequeno chegaram, assim, como um enorme alívio.

E foi com surpresa que após duas horas de navegação com partida em Kem, vimos definir-se, na projecção da proa, a silhueta imponente do mosteiro de Solovetsky, à imagem da ilustração das notas de 500 rublos em circulação.

No meio do Mar Branco

Panorâmica solarenga do Mosteiro de Solovetsky.

O barco atraca a uma dezena de metros das suas muralhas. Recebem-nos os donos da casa em que nos íamos alojar. Mal entramos naquele lar de aluguer, percebemos que o íamos partilhar com hóspedes russos. Naquele momento, estavam ausentes.

Descansamos algumas horas. Por fim recuperados da directa rodoviária atroz da noite anterior, saímos para uma exploração inaugural.

A caminho do mosteiro

Religiosas aproximam-se de uma das entradas que servem o mosteiro de Solovetsky.

Incursão Na Vida Pouco Ortodoxa de Bolshoy Solovetsky

Contornamos a marina humilde que serve a maior das Solovetsky e as águas escuras em que se reflectem as cúpulas do edifício imponente.

Cruzamo-nos com cabras à solta, gatos vadios, com freiras ciclistas e com moradores absortos nas suas tarefas.

Gang caprino

Cabras repousam num cenário algo soviético em redor do mosteiro.

E, num extremo da baía frontal à muralha, com um russo de olhar rasputiniano pouco concordante com a nossa passagem por aqueles domínios. Cultivava vegetais no jardim da vivenda de madeira que mantinha em restauro.

Um repicar místico dos sinos do mosteiro quebra o silêncio, até então, religioso. Minutos antes de terminar, vemos um batalhão de homens das obras aparecerem do portal que dá acesso ao domínio ortodoxo e refastelarem-se sobre a relva num breve repouso-convívio.

A sua presença tinha uma razão de ser superior mas que tardava em resolver o problema: Solovki, como é também conhecido o arquipélago que integra ainda a misteriosa Bolshoi Zayatsky foi o primeiro lugar da Rússia a ser reconhecido pela UNESCO como Património da Humanidade.

Mesmo assim, continuava a necessitar de renovações.

Quando seguíamos no barco, um dos passageiros do país dos czares queixava-se a outros visitantes: “aqueles andaimes estão nas cúpulas já nem sei há quanto. Os estrangeiros aborrecem-se porque lhes estragam as fotografias. Desilude-me muito que as coisas por cá, se façam sempre desta maneira!”.

Cúpulas centrais do mosteiro de Bolshoi Solovetsky.

A escuridão e o frio reinstalados convidam-nos a regressar aos aposentos. Quando entramos, cheira a comida. Ficamos a conhecer os russos com quem dividíamos a casa. E a saber que tinham feito jantar para todos.

O Acolhimento Caloroso de Andrey Ignatvev e Alexey Sidnev

Alexey Kravchenko, o anfitrião que nos trouxera de São Petersburgo depressa nos põe à vontade, mesmo se, eram apenas umas poucas as palavras inglesas que os seus compatriotas articulavam. “Estão desejosos para saber como se diz “lobster” em português, mas os mais pequenos, sabem?”, comunica-nos. E mostra-nos um papel que tinham desenhado. “Lagost…im? “

Não sei se vou conseguir dizer-lhes isto mas tenho que fazer um esforço. É o sonho de qualquer russo empanturrar-se com os peixes e mariscos frescos lá de Portugal!”

Sentamo-nos. Partilhamos uma longa entrada de vodka, rodelas de pepino em picles e de tomate fresco, ainda enriquecida por pedaços de saló, uma banha de porco esfriada que os russos se habituaram a consumir para aligeirarem os efeitos do muito álcool que ingerem.

Vodka, Solovetsky, ilha mae do Arquipelago Gulag, Rússia

Pequena garrafa de vodka adicionada à mesa de Alexey e Andrey, na sua casa temporária de Solovetsky.

Conversa puxa conversa, apuramos que Andrey Ignatvev – o ex-estudante de chefe de cozinha que havia confeccionado o jantar – e Alexey Sidnev formavam uma dupla de geólogos da vizinha cidade de Archangelsk.

Estavam ao serviço da região. Viajavam de Archangelsk com frequência para trabalharem em Solovetsky.

Considerada património mundial UNESCO há mais de 20 anos, a grande Bolshoi Solovetsky continuava a ver os seus esgotos desaguarem na baía em frente do mosteiro. Carecia de um verdadeiro saneamento básico.

Andrey e Alexey tinham à sua disposição uma velha carrinha soviética UAZ (Ulyanovsky Avtomobilny Zavod) verde militar, repleta de ferramentas gastas. Tinham como missão examinar o solo e recolher amostras para facilitar a decisão do tipo de canalizações (e profundidades ideais) a implementar.

Verde em tons de trabalho

Alexey Sidnev e Andrey Ignatvev, geólogos ao serviço da região de Archangelsk e a trabalhar em Solovestky.

Se tivermos em conta a verdadeira epopeia por detrás do assentamento do mosteiro naquelas paragens boreais da Rússia, a sua obra podia ser considerada menor.

A História Bélica do Mosteiro de Solovetsky

Em 1429, dois monges do mosteiro Kirillo-Belozersky fundaram um novo mosteiro na área da ilha grande de Solovetsky agora chamada de Savvatevo. Um terceiro monge, oriundo de Valaam e chamado Zosima, juntou-se-lhes.

Este trio, criou as bases para que o novo reduto religioso se tornasse abastado e poderoso.

Sacerdote ortodoxo passe em frente a uma das entradas em arco do mosteiro de Solovetsky.

Entre 1582 e 1594, foi dotado de uma fortaleza de pedra. O poder dessa estrutura adicional viabilizou que o mosteiro viesse a acumular terras vastas em redor do Mar Branco.

No século XVI, quando já acolhia mais de 350 monges e entre 600 a 700 servos, artesãos e camponeses, o mosteiro sucumbiu a um cerco de sete anos e a consequentes pilhagens das forças governamentais czaristas.

Nesse mesmo século e no seguinte, conseguiu repelir ataques da ordem Livónia (um ramo da Teutónica), da Suécia. Mais tarde, durante a guerra da Crimeia, resistiu até mesmo à incursão de navios britânicos.

Solovestsky Outonal

Vista do Mosteiro de Solovetsky a partir de uma margem oposta

O mosteiro de Solovetsky não resistiu, todavia, à revolução bolchevique e aos caprichos ateístas das autoridades soviéticas.

Em 1921, foi encerrado e substituído por uma quinta estatal.

O Campo de Trabalho Decretado por Lenine

Decorridos dois outros anos, em pleno mandato de Lenine, seria transformado num campo de trabalho para inimigos do povo. Um campo de trabalho em que, num início perdulário, os prisioneiros se limitavam a manter o jardim botânico e as bibliotecas.

Ausentes durante décadas, ao constatarem a iminência da queda da U.R.S.S., em 1980, os monges começaram a regressar. Por altura da nossa visita, eram já mais de dez.

Encontramo-los a toda a hora nas áreas interiores da fortaleza, sempre bem reconhecíveis pelos trajes negros e barbas longas, ocupados com os seus inúmeros afazeres eclesiásticos.

Dois monges ortodoxos do mosteiro de Solovetsky abraçam-se com afecto.

Enquanto exploramos o complexo, reparamos que um deles ora junto ao cemitério da Igreja da Anunciação, onde jazem os corpos de condenados mais importantes ao exílio no mosteiro.

Juntamo-nos a um grupo de visitantes russos.

Com recurso a traduções cirúrgicas de Alexey da narração na sua língua, impressionamo-nos com a crueldade lúgubre também eternizada nos calabouços pedregosos em que entrávamos.

Sombra de um passado cruel

Visitante dentro de um dos cárceres usados enquanto Solovetsky se manteve parte dos gulags soviéticos

Da Ilha-Mãe Gulag Ditada por Estaline à Recuperação da Espiritualidade Ortodoxa

Em 1937, Estaline transformou o mosteiro de Solovetsky num dos seus gulags mais severos.

A mãe de todos, assim o apelidou Aleksandr Solzhenitsyn em “Arquipélago Gulag” a obra em que descreve a vida e morte sub-humanas a que se viram submetidos dezenas de milhares de intelectuais, padres ortodoxos, membros de seitas religiosas e velhos bolcheviques e cúlaques. Destes, cerca de 40 mil foram executados ou mortos por doença.

História fúnebre

Monge ortodoxo passa junto ao cemitério da Igreja da Anunciação, onde jazem algumas das personalidades mais importantes da história de Solovestky.

Ainda assim, por estranho que pareça, a espiritualidade da ilha parece sanada. Bolshoi Solovestky e o mosteiro atraem uma vez mais gentes à procura de sentido.

Passeamos em redor das muralhas quando nos deparamos com um acordeonista que, em troca de alguns rublos para vodka, dá um recital de ocasião a moradores e visitantes.

Acordeonista toca para os transeuntes à porta de uma tasca local.

Curiosa pelo interesse destes forasteiros, Ludmila, uma “refugiada” na ilha, aborda-nos. Acabamos a falar em francês. A senhora tinha trabalhado muitos anos emigrada em Nimes, Lá deixou os filhos e as suas famílias.

Desiludiu-se de tal maneira com a vida que só encontrou conforto entre a comunidade religiosa e as orações de Solovetsky. “Já não suportava mais aquilo.” desabafa-nos “Tratavam-me como gente de segunda” lamenta-se ainda sem esconder uma óbvia saudade dos seus. “Aqui sim. Aqui estou com Deus.”

Quando a ouvimos proferir aquelas palavras, vem-nos à mente a conclusão destemida de Solzhenitsyn para a revolução que tinha permitido a morte de 60 milhões de compatriotas, muitos em Gulags como o imposto a Solovetsky:

“Os homens esqueceram-se de Deus. É por isso que tudo isto aconteceu.”

Ocaso, Solovetsky, ilha mae do Arquipelago Gulag, Rússia

Sol põe-se sobre o Mar Branco num dos dias longos do Verão curto do arquipélago Solovetsky.

Moscovo, Rússia

A Fortaleza Suprema da Rússia

Foram muitos os kremlins erguidos, ao longos dos tempos, na vastidão do país dos czares. Nenhum se destaca, tão monumental como o da capital Moscovo, um centro histórico de despotismo e prepotência que, de Ivan o Terrível a Vladimir Putin, para melhor ou pior, ditou o destino da Rússia.
Kronstadt, Rússia

O Outono da Ilha-Cidade Russa de Todas as Encruzilhadas

Fundada por Pedro o Grande, tornou-se o porto e base naval que protegem São Petersburgo e o norte da grande Rússia. Em Março de 1921, rebelou-se contra os Bolcheviques que apoiara na Revolução de Outubro. Neste Outubro que atravessamos, Kronstadt volta a cobrir-se do mesmo amarelo exuberante da incerteza.
São Petersburgo, Rússia

Dias Dourados que Antecederam a Tempestade

À margem dos acontecimentos políticos e bélicos precipitados pela Rússia, de meio de Setembro em diante, o Outono toma conta do país. Em anos anteriores, de visita a São Petersburgo, testemunhamos como a capital cultural e do Norte se reveste de um amarelo-laranja resplandecente. Num deslumbre pouco condizente com o negrume político e bélico entretanto disseminado.
Rostov Veliky, Rússia

Sob as Cúpulas da Alma Russa

É uma das mais antigas e importantes cidades medievais, fundada durante as origens ainda pagãs da nação dos czares. No fim do século XV, incorporada no Grande Ducado de Moscovo, tornou-se um centro imponente da religiosidade ortodoxa. Hoje, só o esplendor do kremlin moscovita suplanta o da cidadela da tranquila e pitoresca Rostov Veliky.
Harare, Zimbabwe

O Último Estertor do Surreal Mugabué

Em 2015, a primeira-dama do Zimbabué Grace Mugabe afirmou que o presidente, então com 91 anos, governaria até aos 100, numa cadeira-de-rodas especial. Pouco depois, começou a insinuar-se à sua sucessão. Mas, nos últimos dias, os generais precipitaram, por fim, a remoção de Robert Mugabe que substituiram pelo antigo vice-presidente Emmerson Mnangagwa.
Novgorod, Rússia

A Avó Viking da Mãe Rússia

Durante quase todo o século que passou, as autoridades da U.R.S.S. omitiram parte das origens do povo russo. Mas a história não deixa lugar para dúvidas. Muito antes da ascensão e supremacia dos czares e dos sovietes, os primeiros colonos escandinavos fundaram, em Novgorod, a sua poderosa nação.
Uplistsikhe e Gori, Geórgia

Do Berço da Geórgia à Infância de Estaline

À descoberta do Cáucaso, exploramos Uplistsikhe, uma cidade troglodita antecessora da Geórgia. E a apenas 10km, em Gori, damos com o lugar da infância conturbada de Joseb Jughashvili, que se tornaria o mais famoso e tirano dos líderes soviéticos.
São Petersburgo, Rússia

A Rússia Vai Contra a Maré. Siga a Marinha

A Rússia dedica o último Domingo de Julho às suas forças navais. Nesse dia, uma multidão visita grandes embarcações ancoradas no rio Neva enquanto marinheiros afogados em álcool se apoderam da cidade.
Fortalezas

O Mundo à Defesa - Castelos e Fortalezas que Resistem

Sob ameaça dos inimigos desde os confins dos tempos, os líderes de povoações e de nações ergueram castelos e fortalezas. Um pouco por todo o lado, monumentos militares como estes continuam a resistir.
Suzdal, Rússia

Em Suzdal, é de Pequenino que se Celebra o Pepino

Com o Verão e o tempo quente, a cidade russa de Suzdal descontrai da sua ortodoxia religiosa milenar. A velha cidade também é famosa por ter os melhores pepinos da nação. Quando Julho chega, faz dos recém-colhidos um verdadeiro festival.
Suzdal, Rússia

Mil Anos de Rússia à Moda Antiga

Foi uma capital pródiga quando Moscovo não passava de um lugarejo rural. Pelo caminho, perdeu relevância política mas acumulou a maior concentração de igrejas, mosteiros e conventos do país dos czares. Hoje, sob as suas incontáveis cúpulas, Suzdal é tão ortodoxa quanto monumental.
São Petersburgo, Rússia

Na Pista de "Crime e Castigo"

Em São Petersburgo, não resistimos a investigar a inspiração para as personagens vis do romance mais famoso de Fiódor Dostoiévski: as suas próprias lástimas e as misérias de certos concidadãos.
À Descoberta de Tassie,  Parte 2 - Hobart a Port Arthur, Austrália

Uma Ilha Condenada ao Crime

O complexo prisional de Port Arthur sempre atemorizou os desterrados britânicos. 90 anos após o seu fecho, um crime hediondo ali cometido forçou a Tasmânia a regressar aos seus tempos mais lúgubres.
Alcatraz, São Francisco, E.U.A.

De Volta ao Rochedo

Quarenta anos passados sobre o fim da sua pena, a ex-prisão de Alcatraz recebe mais visitas que nunca. Alguns minutos da sua reclusão explicam porque o imaginário do The Rock arrepiava os piores criminosos.
São Petersburgo e Mikhaylovskoe, Rússia

O Escritor que Sucumbiu ao Próprio Enredo

Alexander Pushkin é louvado por muitos como o maior poeta russo e o fundador da literatura russa moderna. Mas Pushkin também ditou um epílogo quase tragicómico da sua prolífica vida.
Suzdal, Rússia

Séculos de Devoção a um Monge Devoto

Eutímio foi um asceta russo do século XIV que se entregou a Deus de corpo e alma. A sua fé inspirou a religiosidade de Suzdal. Os crentes da cidade veneram-no como ao santo em que se tornou.
Bolshoi Zayatsky, Rússia

Misteriosas Babilónias Russas

Um conjunto de labirintos pré-históricos espirais feitos de pedras decoram a ilha Bolshoi Zayatsky, parte do arquipélago Solovetsky. Desprovidos de explicações sobre quando foram erguidos ou do seu significado, os habitantes destes confins setentrionais da Europa, tratam-nos por vavilons.
Bolshoi Solovetsky, Rússia

Uma Celebração do Outono Russo da Vida

Na iminência do oceano Ártico, a meio de Setembro, a folhagem boreal resplandece de dourado. Acolhidos por cicerones generosos, louvamos os novos tempos humanos da grande ilha de Solovetsky, famosa por ter recebido o primeiro dos campos prisionais soviéticos Gulag.
Moscovo, Rússia

A Fortaleza Suprema da Rússia

Foram muitos os kremlins erguidos, ao longos dos tempos, na vastidão do país dos czares. Nenhum se destaca, tão monumental como o da capital Moscovo, um centro histórico de despotismo e prepotência que, de Ivan o Terrível a Vladimir Putin, para melhor ou pior, ditou o destino da Rússia.
Kronstadt, Rússia

O Outono da Ilha-Cidade Russa de Todas as Encruzilhadas

Fundada por Pedro o Grande, tornou-se o porto e base naval que protegem São Petersburgo e o norte da grande Rússia. Em Março de 1921, rebelou-se contra os Bolcheviques que apoiara na Revolução de Outubro. Neste Outubro que atravessamos, Kronstadt volta a cobrir-se do mesmo amarelo exuberante da incerteza.
São Petersburgo, Rússia

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À margem dos acontecimentos políticos e bélicos precipitados pela Rússia, de meio de Setembro em diante, o Outono toma conta do país. Em anos anteriores, de visita a São Petersburgo, testemunhamos como a capital cultural e do Norte se reveste de um amarelo-laranja resplandecente. Num deslumbre pouco condizente com o negrume político e bélico entretanto disseminado.
Rostov Veliky, Rússia

Sob as Cúpulas da Alma Russa

É uma das mais antigas e importantes cidades medievais, fundada durante as origens ainda pagãs da nação dos czares. No fim do século XV, incorporada no Grande Ducado de Moscovo, tornou-se um centro imponente da religiosidade ortodoxa. Hoje, só o esplendor do kremlin moscovita suplanta o da cidadela da tranquila e pitoresca Rostov Veliky.
Harare, Zimbabwe

O Último Estertor do Surreal Mugabué

Em 2015, a primeira-dama do Zimbabué Grace Mugabe afirmou que o presidente, então com 91 anos, governaria até aos 100, numa cadeira-de-rodas especial. Pouco depois, começou a insinuar-se à sua sucessão. Mas, nos últimos dias, os generais precipitaram, por fim, a remoção de Robert Mugabe que substituiram pelo antigo vice-presidente Emmerson Mnangagwa.
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Durante quase todo o século que passou, as autoridades da U.R.S.S. omitiram parte das origens do povo russo. Mas a história não deixa lugar para dúvidas. Muito antes da ascensão e supremacia dos czares e dos sovietes, os primeiros colonos escandinavos fundaram, em Novgorod, a sua poderosa nação.
Moradores percorrem o trilho que sulca plantações acima da UP4
Cidade
Gurué, Moçambique, Parte 1

Pelas Terras Moçambicanas do Chá

Os portugueses fundaram Gurué, no século XIX e, a partir de 1930, inundaram de camelia sinensis os sopés dos montes Namuli. Mais tarde, renomearam-na Vila Junqueiro, em honra do seu principal impulsionador. Com a independência de Moçambique e a guerra civil, a povoação regrediu. Continua a destacar-se pela imponência verdejante das suas montanhas e cenários teáceos.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Esteros del Iberá, Pantanal Argentina, Jacaré
Safari
Esteros del Iberá, Argentina

O Pantanal das Pampas

No mapa mundo, para sul do famoso pantanal brasileiro, surge uma região alagada pouco conhecida mas quase tão vasta e rica em biodiversidade. A expressão guarani Y berá define-a como “águas brilhantes”. O adjectivo ajusta-se a mais que à sua forte luminância.
Fiel em frente à gompa A gompa Kag Chode Thupten Samphel Ling.
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna 15º - Kagbeni, Nepal

Às Portas do ex-Reino do Alto Mustang

Antes do século XII, Kagbeni já era uma encruzilhada de rotas comerciais na confluência de dois rios e duas cordilheiras em que os reis medievais cobravam impostos. Hoje, integra o famoso Circuito dos Annapurnas. Quando lá chegam, os caminhantes sabem que, mais acima, se esconde um domínio que, até 1992, proibia a entrada de forasteiros.
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Em 1937, Jimmy Angel aterrou uma avioneta sobre uma meseta perdida na selva venezuelana. O aventureiro americano não encontrou ouro mas conquistou o baptismo da queda d'água mais longa à face da Terra
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Um Festival para Rir da Tragédia

Por volta de 1980, o valor do açúcar, uma importante fonte de riqueza da ilha filipina de Negros caia a pique e o ferry “Don Juan” que a servia afundou e tirou a vida a mais de 176 passageiros, grande parte negrenses. A comunidade local resolveu reagir à depressão gerada por estes dramas. Assim surgiu o MassKara, uma festa apostada em recuperar os sorrisos da população.
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Puerto Plata resultou do abandono de La Isabela, a segunda tentativa de colónia hispânica das Américas. Quase meio milénio depois do desembarque de Colombo, inaugurou o fenómeno turístico inexorável da nação. Numa passagem-relâmpago pela província, constatamos como o mar, a montanha, as gentes e o sol do Caribe a mantêm a reluzir.
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Gastronomia Sem Fronteiras nem Preconceitos

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O Delicioso Calor do Árctico

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A costa leste da ilha Maurícia afirmou-se como um dos édenes balneares do Índico. Enquanto a percorremos, descobrimos lugares que se revelam, ao mesmo tempo, redutos importantes da sua história. São os casos da Pointe du Diable, de Mahebourg, da Île-aux-Aigrettes e de outras paragens tropicais deslumbrantes.
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A Jangada de Basalto de José Saramago

Em 1993, frustrado pela desconsideração do governo português da sua obra “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, Saramago mudou-se com a esposa Pilar del Río para Lanzarote. De regresso a esta ilha canária algo extraterrestre, reencontramos o seu lar. E o refúgio da censura a que o escritor se viu votado.
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Quando Contar Ovelhas Tira o Sono

Há 20 anos, a Nova Zelândia tinha 18 ovinos por cada habitante. Por questões políticas e económicas, a média baixou para metade. Nos antípodas, muitos criadores estão preocupados com o seu futuro.
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Lago Manyara, parque nacional, Ernest Hemingway, girafas
Parques Naturais
PN Lago Manyara, Tanzânia

África Favorita de Hemingway

Situado no limiar ocidental do vale do Rift, o parque nacional lago Manyara é um dos mais diminutos mas encantadores e ricos em vida selvagem da Tanzânia. Em 1933, entre caça e discussões literárias, Ernest Hemingway dedicou-lhe um mês da sua vida atribulada. Narrou esses dias aventureiros de safari em “As Verdes Colinas de África”.
Intersecção
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Os GI's partiram com o fim da 2ª Guerra Mundial mas a música do interior dos EUA que ouviam ainda anima a Cordillera de Luzon. É de tricycle e ao seu ritmo que visitamos os terraços de arroz de Hungduan.
Casal de visita a Mikhaylovskoe, povoação em que o escritor Alexander Pushkin tinha casa
Personagens
São Petersburgo e Mikhaylovskoe, Rússia

O Escritor que Sucumbiu ao Próprio Enredo

Alexander Pushkin é louvado por muitos como o maior poeta russo e o fundador da literatura russa moderna. Mas Pushkin também ditou um epílogo quase tragicómico da sua prolífica vida.
Magníficos Dias Atlânticos
Praias
Morro de São Paulo, Brasil

Um Litoral Divinal da Bahia

Há três décadas, não passava de uma vila piscatória remota e humilde. Até que algumas comunidades pós-hippies revelaram o retiro do Morro ao mundo e o promoveram a uma espécie de santuário balnear.
Jovens percorrem a rua principal de Chame, Nepal
Religião
Circuito Annapurna: 1º - Pokhara a ChameNepal

Por Fim, a Caminho

Depois de vários dias de preparação em Pokhara, partimos em direcção aos Himalaias. O percurso pedestre só o começamos em Chame, a 2670 metros de altitude, com os picos nevados da cordilheira Annapurna já à vista. Até lá, completamos um doloroso mas necessário preâmbulo rodoviário pela sua base subtropical.
De volta ao sol. Cable Cars de São Francisco, Vida Altos e baixos
Sobre Carris
São Francisco, E.U.A.

Cable Cars de São Francisco: uma Vida aos Altos e Baixos

Um acidente macabro com uma carroça inspirou a saga dos cable cars de São Francisco. Hoje, estas relíquias funcionam como uma operação de charme da cidade do nevoeiro mas também têm os seus riscos.
Substituição de lâmpadas, Hidroelétrica de Itaipu watt, Brasil, Paraguai
Sociedade
Hidroeléctrica Binacional de Itaipu, Brasil

HidroElétrica Binacional do Itaipu: a Febre do Watt

Em 1974, milhares de brasileiros e paraguaios confluíram para a zona de construção da então maior barragem do Mundo. 30 anos após a conclusão, Itaipu gera 90% da energia paraguaia e 20% da do Brasil.
Visitantes nas ruínas de Talisay, ilha de Negros, Filipinas
Vida Quotidiana
Talisay City, Filipinas

Monumento a um Amor Luso-Filipino

No final do século XIX, Mariano Lacson, um fazendeiro filipino e Maria Braga, uma portuguesa de Macau, apaixonaram-se e casaram. Durante a gravidez do que seria o seu 11º filho, Maria sucumbiu a uma queda. Destroçado, Mariano ergueu uma mansão em sua honra. Em plena 2ª Guerra Mundial, a mansão foi incendiada mas as ruínas elegantes que resistiram eternizam a sua trágica relação.
Vista aérea das quedas de água de Malolotja.
Vida Selvagem
Reserva Natural de Malolotja, eSwatini

Malolotja: o Rio, as quedas d’água e a Reserva Natural Grandiosa

Meros 32km a nordeste da capital Mbabane, sobre a fronteira com a África do Sul, ascendemos a terras altas, rugosas e vistosas de eSwatini. Por lá flui o rio Malolotja e se despenham as cascatas homónimas, as mais altas do Reino. Manadas de zebras e de antílopes percorrem os pastos e florestas em redor, numa das reservas com maior biodiversidade do sul de África.  
The Sounds, Fiordland National Park, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Fiordland, Nova Zelândia

Os Fiordes dos Antipodas

Um capricho geológico fez da região de Fiordland a mais crua e imponente da Nova Zelândia. Ano após anos, muitos milhares de visitantes veneram o sub-domínio retalhado entre Te Anau e Milford Sound.