Ilha dos Tigres, Namibe, Angola

A Quimera Colonial da Baía dos Tigres


Por uma estranha estrada de Areia
Jipes aproximam-se da zona de transbordo para a Ilha dos Tigres
Na Crista da Duna
Cristas caprichosas de uma duna, acima do acampamento
Coiote oportunista
Coiote observa os acontecimentos no acampamento, atento a oportunidades de se alimentar
Os famosos Riscos
A zona dos Riscos da frente de dunas do Deserto do Namibe
Uniangola
Membros da equipe preparam uma chata para embarque.
Do Atlântico para o Namibe
Barco aproxima-se da base da duna em que foi instalado o acampamento da Explore Namibe
Leão-marinho desconfiado
Leão-marinho incomodado pela passagem dos jipes, na beira-mar do Deserto do Namibe
Na Sombra dos Tempos
Sombra camufla dois visitantes do Deserto do Namibe
HIC DOMUS DEI
Escrito acima da entrada da igreja de São Martinho reclama "Esta é a Casa de Deus"
Chaminés do Processamento de Peixe
Antiga fábrica de processamento de peixe
À Espera do Transbordo
Tripulação de barco russo de pesca que assegurou a viagem para São Martinho dos Tigres
Ex-Depósitos de Óleo
Estrutura de depósitos de óleos, à beira-mar
História Colonial Portuguesa
Um dos vários brasões que exacerbam a Portugalidade colonial de São Martinho dos Tigres
História Colonial Portuguesa II
Pormenor de Brasão com escudo d'armas português
Edifícios Amarelos-Palafíticos
Outra linha de edifícios amarelos de São Martinho dos Tigres
A abandonada São Martinho dos Tigres
Vista aérea de São Martinho dos Tigres, desde 1975, abandonada ao tempo e ao deserto
Deserto do Namibe Monumental II
Vista monumental das linhas de dunas em frente à Ilha dos Tigres
Triunfo das areias
Uma das casas de São Martinho dos Tigres invadida pela areia do deserto
Fé Falhada
A igreja de São Martinho acima de edifícios de São Martinho dos Tigres
Mar de Areia
Outra perspectiva de como as areias do Namibe tomam conta de São Martinho dos Tigres
Em 1860, pescadores algarvios instalaram-se numa baía remota, conhecida pela abundância de peixe, a sul de Moçâmedes. Passadas inúmeras angústias e privações, em 1950, as autoridades portuguesas apoiaram-nos e consolidaram uma povoação arrojada. Meros 25 anos depois, o culminar da Guerra de Independência de Angola, condenou São Martinho dos Tigres à cidade-fantasma em que nos deixamos assombrar.

Em Maio de 2023, tínhamos percorrido uma pequena parte do litoral imenso do Deserto do Namibe angolano e do PN Iona que o protege.

Em pleno Cacimbo e época de Calemas, mesmo na maré vazia, as vagas do Atlântico atingiam a base da zona dos Riscos, conhecida por não perdoar deslizes, muito menos inconsciências.

Ficámo-nos pela sua entrada.

A zona dos Riscos da frente de dunas do Deserto do Namibe

Riscos: a frente de dunas do Deserto do Namibe, que terá inspirado o nome Baía dos Tigres.

A segunda oportunidade, surgiu-nos logo no ano seguinte, a meio de Dezembro, um dos meses com o mar e marés favoráveis à empreitada.

Partimos de Moçâmedes sobre as cinco da manhã, a aurora ainda por despertar.

Em boa parte do tempo, com a bola do sol a ascender, fogosa, sobre o deserto, cumprimos o mesmo trajecto do ano transacto.

Incluindo uma passagem por Tombwa (antiga Porto Alexandre) onde os condutores dos jipes diminuem a pressão dos pneus para locomoção sobre areia e, já muita areia depois, pelas sete, o devido registo no portal do Parque Nacional Iona.

Quando nos aproximamos da linha de rebentação, percebemos que, desta vez, sem Cacimbo nem Calemas, as vagas se mantinham suaves. Afastadas do fundo das dunas.

Experientes naquelas andanças, Alfredo, Elvis, Gomes, Vanessa, a equipa da Explore Namibe, tinham a jornada programada a contar com as marés.

Enquanto avançamos, o mar recua ainda mais. Ao chegarmos à secção mais apertada, de quase 60km dos Riscos, as dunas listadas que se estima terem inspirado o nome Baía dos Tigres, temos disponível um areal considerável.

Continuamos.

Surpreendemos comunidades de caranguejos escarlates surgidos das ondas, nelas sumidos.

Sobrevoam-nos bandos de cormorões, sucessivos negrumes sincronizados, daqueles que seguem a Corrente fria de Benguela, de olho nos movimentos dos cardumes.

Passamos por leões-marinhos incomodados com a invasão.

Leão-marinho incomodado pela passagem dos jipes, na beira-mar do Deserto do Namibe

Leão-marinho incomodado pela passagem dos jipes, na beira-mar do Deserto do Namibe

Contadas quase duas horas de viagem espartilhada entre o Atlântico e as dunas monstruosas do Namibe, atingimos o primeiro meandro e saliência arenosa do percurso.

Vista aérea do Deserto do Namibe, com um jipe a percorrer a base das dunas

Vista aérea do Deserto do Namibe, com um jipe a percorrer a base das dunas

Detemo-nos.

A Navegação da Orla do Deserto do Namibe à Ilha dos Tigres

Lá nos espera o “Uniangola”, um barco diminuto.

Tem a função de assegurar um transbordo curto para uma embarcação de pesca maior, ao serviço de outros passageiros chegados noutros jipes.

Jipes aproximam-se da zona de transbordo para a Ilha dos Tigres

Jipes aproximam-se da zona de transbordo para a Ilha dos Tigres

Com demasiada frequência, a navegação dos cerca de 10km que dali dista a ilha é feita a bordo de chatas ou Zodiacs, em especial no primeiro caso, sem garantias mínimas de segurança.

Alfredo explica-nos que, também em função do número de passageiros, e por ser sábado, um barco de pesca russo ao serviço a partir de Moçâmedes cumpria uma espécie de part-time providencial.

Tripulação de barco russo de pesca que assegurou a viagem para São Martinho dos Tigres

Tripulação de barco russo de pesca que assegurou a viagem para São Martinho dos Tigres

São aliás um capitão e uma pequena tripulação russa quem nos acolhe a bordo.

Com a lotação esgotada e ajustada ao convés, zarpamos. Durante quase uma hora, navegamos para ocidente, num mar calmo.

Cruzamo-nos com mais leões-marinhos, com tartarugas e até uma baleia-de-Bryde acrobata.

Até que temos um vislumbre inicial do que era o destino da viagem.

Destacam-se umas poucas chaminés, de tijolo e torres-depósito de água.

Antiga fábrica de processamento de peixe

Antiga fábrica de processamento de peixe

Às tantas, uma torre de igreja sobranceira.

Enquadradas entre o azul celeste e o azul-verde do mar, definem-se outras edificações.

Pouco mais altas que os 10 metros de altitude máxima da ilha, em tudo distinta da frente de dunas com entre 100 a 200 metros de altura de que provínhamos.

Vista monumental das linhas de dunas em frente à Ilha dos Tigres

Vista monumental das linhas de dunas em frente à Ilha dos Tigres

O navio acerca-se.

A mesma chata até ali rebocada leva-nos ao areal da ilha.

Desembarque na Remota e Fantasma São Martinho dos Tigres

Num ápice, ficamos à entrada de São Martinho dos Tigres, fulcro civilizacional da antiga Baía dos Tigres.

Alvo dum périplo aturado e estudo fotográfico cuidado que, apesar do sol abrasivo e da aridez da atmosfera, inauguramos.

Escrito acima da entrada da igreja de São Martinho reclama "Esta é a Casa de Deus"

Escrito acima da entrada da igreja de São Martinho reclama “Esta é a Casa de Deus”

Começamos por explorar a igreja amarela.

A sua porta principal exibe, em relevo, “Hic Domus Dei”. Apesar de Casa de Deus, o templo católico está, há muito, abandonado aos elementos e a sucessivos vandalismos.

A igreja surge no centro dum povoado disseminado pela vastidão arenosa da ilha, 32km de extensão por 6 de largura, num total de quase 100km2,

Vista aérea de São Martinho dos Tigres, desde 1975, abandonada ao tempo e ao deserto

Vista aérea de São Martinho dos Tigres, desde 1975, abandonada ao tempo e ao deserto

O que não faltava aos colonos pioneiros e audaciosos era espaço.

Como depressa constataram, faltava tudo o mais.

Passamos da igreja para a rua larga e longa que também servia de pista de aviões.

A Pista de aviação, ao mesmo tempo, a rua principal de São Martinho dos Tigres

A Pista de aviação, ao mesmo tempo, a rua principal de São Martinho dos Tigres

Dizem-nos que, foi preparada a preceito.

A areia que os vendavais para ali arrastam do Namibe quase nela não se acumula.

Amontoa-se, sim, e muita, em redor do casario disperso.

Uma das casas de São Martinho dos Tigres invadida pela areia do deserto

Uma das casas de São Martinho dos Tigres invadida pela areia do deserto

Foi algo também previsto.

A razão de ser para a maior parte dos edifícios ter sido construída, com inspiração palafítica, acima de pilares de cimento. Passamos pela velha escola primária, pela delegacia da polícia.

E, claro está, por vivendas, dezenas de vivendas distribuídas de maneira a garantir à povoação uma vida comunitária, mas arejada.

Edifício com arquitectura do estado novo, alinhados ao longo da pista de aviação

Edifício com arquitectura do estado novo, alinhados ao longo da pista de aviação

O enigma incontornável subsistia no porquê.

No que teria levado aquela gente para aquele fim-do-mundo desértico, ventoso, perdido no oceano e entre o oceano e o vasto Namibe, arredados de qualquer outra expressão civilizacional.

Visitante angolano espojado na areia, diante de um velho depósito de óleo

Visitante angolano espojado na areia, diante de um velho depósito de óleo

A Atracção Irresistível da Baía com mais Peixe de Angola

Por estranho que possa parecer, a razão de ser de São Martinho dos Tigres e da colónia algo alucinada da Baía dos Tigres foi só uma.

A abundância quase surreal de peixes nessa mesma baía, em que as águas frígidas da Corrente de Benguela emergem carregadas de plâncton e alimentam um complexo ecossistema marinho.

Leões-marinhos inspeccionam o barco e passageiros

Leões-marinhos inspeccionam o barco e passageiros

A riqueza da baía já era conhecida desde o século XVII. De tal maneira que aparecia assinalada em mapas portugueses e ingleses como “A Grande Baía dos Peixes”.

Avancemos até 1840. Só neste ano as autoridades portuguesas dotaram Moçâmedes de um forte, o da Ponta Negra.

A súbita protecção atraiu colonos. Uma comunidade que aumentou a bom ritmo com gentes chegadas de Benguela, várias, atraídas pelo potencial piscatório do extremo sul de Angola.

Decorridos três anos, um grupo de algarvios inaugurou uma operação pesqueira.

Confirmou-se de tal forma produtiva que granjeou contribuições directas da rainha Dª Maria II, a mais famosa, na forma de vários milhares de anzóis.

O número de algarvios, sobretudo de olhanenses, aumentou sobremaneira.

A partir de Moçâmedes, embarcados numa panóplia de embarcações, amiúde rudimentares e inseguras, zarpavam para longas pescarias, às vezes, de mais de um mês, no Atlântico ao largo.

Membros da equipe preparam uma chata para embarque.

Membros da equipe preparam uma chata para embarque.

A abundância de peixe ainda maior da Baía dos Tigres, justificou que, em 1865, lá se estabelecessem alguns desses algarvios ousados.

Abundância de Peixe, Carência de Tudo o Resto

Careciam de água potável, de alimentos frescos, de lenha para cozinharem e, no Inverno, para se aquecerem, ao ponto de se terem habituado a usar cabeças de peixe seco como combustível.

Nesses tempos pioneiros, tudo lhes chegava por barco, adquirido aos mercadores de Moçâmedes. Os dias em que as embarcações chegavam, chamados de “dias do pão fresco” geravam um alívio e felicidade efémeros.

O fim dos mantimentos e o isolamento provaram-se apenas duas das dificuldades.

Com frequência e por períodos longos, o Namibe soprava para ali vento fortes, carregados de areia perfurante que picava a face, que atrofiava a respiração, que entrava pelas casas abarracadas, que tudo invadia.

Pouco nos custa a imaginar tal cenário e desconforto.

Ao cirandarmos entre os edifícios, até as casas mais elevadas encontramos repletas de areia. Várias, aliás, quase pela areia engolidas.

Outra perspectiva de como as areias do Namibe tomam conta de São Martinho dos Tigres

Outra perspectiva de como as areias do Namibe tomam conta de São Martinho dos Tigres

Até 1920, o povoado desenvolveu-se de forma comedida, apenas devido às iniciativas dos pescadores.

Para o governo colonial, fazia pouco sentido investir num povoado de tão complicada sustentabilidade quando essa aposta estava a ser feita nas já rentáveis Moçâmedes e Porto Alexandre.

Norton de Matos e o Início do Apoio Português aos Audaciosos Algarvios

No ano seguinte, Norton de Matos, há oito anos Governador-Geral de Angola, decidiu-se a apoiar a gente da Baía dos Tigres.

A igreja de São Martinho, há muito a abençoar a povoação abandonada de São Martinho dos Tigres

A igreja de São Martinho, há muito a abençoar a povoação abandonada de São Martinho dos Tigres

Mandou instalar um destilador de água salgada capaz de assegurar água-doce de sobra.

O sistema falhava em demasia. Mesmo assim, provou-se o trunfo que permitiu aos algarvios radicarem-se e continuarem a apetrechar a povoação.

Na década de 50, por fim, as autoridades apostaram a sério na comunidade destes Tigres algarvios indómitos.

Encomendou um projecto arquitectónico de dezenas de edifícios, vários deles públicos, casos da escola, da delegação aduaneira, o hospital, o dos CTT de que encontramos as três letras caídas no  solo.

Letras CTT caídas em frente ao edifício dos CTT

Letras CTT caídas em frente ao edifício dos CTT

Tudo, claro está, abençoado pela igreja, baptizada de São Martinho.

Malgrado a geografia e o exotismo natural em que se inseriu, o conjunto recebeu uma adaptação da estética do Estado Novo, uns poucos brasões que subsistem, sublinhavam-na em determinados frontões.

Pormenor de Brasão com escudo d'armas português

Pormenor de Brasão com escudo d’armas português

Baptizada de São Martinho dos Tigres, a povoação contava também com várias unidades processadoras de peixe e óleo de peixe.

1962: Abastecimento de Água-Doce de Pouca Dura e a Catástrofe da Transformação em Ilha

Augurava já um futuro risonho quando, em 1962, foi abastecida de água doce, canalizada de 75km dali, da foz do rio Cunene, rio que há muito serve de fronteira com a Namíbia, onde aquele mesmo Deserto do Namibe e as suas dunas se estendem por outros milhares de quilómetros.

Pouco depois, no dia 14 de Março, uma calema inesperada e poderosa, diz-se com vagas de 10 metros, fustigou a zona da base que ligava o istmo ao continente.

Dum momento para o outro, a Baía dos Tigres ficou sem o recém-concluído abastecimento de água.

Pior.

De baía passou a ilha.

Vista aérea das Dunas do Deserto do Namibe, Angola

Vista aérea das Dunas do Deserto do Namibe, Angola

As autoridades e a povoação reagiram. São Martinho dos Tigres voltou a receber água-doce levada por um batelão, armazenada em reservatórios.

No início da década de 70, a povoação tinha 400 casas, habitadas por quase 1100 moradores.

Todos estavam entregues à pesca e à transformação de peixe, que identificamos culminada nas grandes chaminés de tijolo nos depósitos de óleo também usados nos barcos ao dispor dos pescadores e outros.

Estrutura de depósitos de óleos, à beira-mar

Estrutura de depósitos de óleos, à beira-mar

A Guerra da Independência de Angola e, em 1975, a Debandada dos Portugueses

Nesses anos, a Guerra da Independência alastrou-se aos quatro cantos de Angola. Incluindo este da província do Namibe. Os abastecimentos tornaram-se impossíveis.

Por outro lado, chegado 1975, e a retirada das forças portuguesas e a Declaração de Independência de Angola, a população de São Martinho, quase toda de origem portuguesa e branca, receou ataques por parte das forças independentistas.

Debandou da ilha e, na quase totalidade, de Angola, rumo a Portugal, à Namíbia, à África do Sul.

No contexto bem mais bélico e caótico da Guerra Civil Angolana, São Martinho dos Tigres ficou abandonada ao deserto, ao Atlântico e à ruína.

Assim a deixamos, em absoluto deslumbre.

Sem sabermos até quando.

Jipes deixam a zona de acampamento na direcção dos Riscos

Jipes deixam a zona de acampamento na direcção dos Riscos

 

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COMO CHEGAR

A TAP flytap.com/booking voa de Lisboa para Luanda várias vezes por dia, por a partir de 470€ ida-e-volta. A TAAG voa de Luanda para Moçâmedes (Namibe) às 3as, 6as e Domingos por cerca 180€ por percurso.

Kolmanskop, Namíbia

Gerada pelos Diamantes do Namibe, Abandonada às suas Areias

Foi a descoberta de um campo diamantífero farto, em 1908, que originou a fundação e a opulência surreal de Kolmanskop. Menos de 50 anos depois, as pedras preciosas esgotaram-se. Os habitantes deixaram a povoação ao deserto.
Sossusvlei, Namíbia

O Namibe Sem Saída de Sossusvlei

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Cape Cross, Namíbia

A Mais Tumultuosa das Colónias Africanas

Diogo Cão desembarcou neste cabo de África em 1486, instalou um padrão e fez meia-volta. O litoral imediato a norte e a sul, foi alemão, sul-africano e, por fim, namibiano. Indiferente às sucessivas transferências de nacionalidade, uma das maiores colónias de focas do mundo manteve ali o seu domínio e anima-o com latidos marinhos ensurdecedores e intermináveis embirrações.
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Wilkommen in Afrika

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O Litoral Descomunal de Walvis Bay

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Tataouine, Tunísia

Festival dos Ksour: Castelos de Areia que Não Desmoronam

Os ksour foram construídos como fortificações pelos berberes do Norte de África. Resistiram às invasões árabes e a séculos de erosão. O Festival dos Ksour presta-lhes, todos os anos, uma devida homenagem.
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Real de Catorce, San Luís Potosi, México

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Com a viragem para o século XX, o valor do metal precioso bateu no fundo. De povoação prodigiosa, Real de Catorce passou a fantasma. Ainda à descoberta, exploramos as ruínas das minas na sua origem e o encanto do Pueblo ressuscitado.
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São Petersburgo, Rússia

Dias Dourados que Antecederam a Tempestade

À margem dos acontecimentos políticos e bélicos precipitados pela Rússia, de meio de Setembro em diante, o Outono toma conta do país. Em anos anteriores, de visita a São Petersburgo, testemunhamos como a capital cultural e do Norte se reveste de um amarelo-laranja resplandecente. Num deslumbre pouco condizente com o negrume político e bélico entretanto disseminado.
Maria Jacarés, Pantanal Brasil
Parques Naturais
Miranda, Brasil

Maria dos Jacarés: o Pantanal abriga criaturas assim

Eurides Fátima de Barros nasceu no interior da região de Miranda. Há 38 anos, instalou-se e a um pequeno negócio à beira da BR262 que atravessa o Pantanal e ganhou afinidade com os jacarés que viviam à sua porta. Desgostosa por, em tempos, as criaturas ali serem abatidas, passou a tomar conta delas. Hoje conhecida por Maria dos Jacarés, deu nome de jogador ou treinador de futebol a cada um dos bichos. Também garante que reconhecem os seus chamamentos.
Delta do Okavango, Nem todos os rios Chegam ao Mar, Mokoros
Património Mundial UNESCO
Delta do Okavango, Botswana

Nem Todos os Rios Chegam ao Mar

Terceiro rio mais longo do sul de África, o Okavango nasce no planalto angolano do Bié e percorre 1600km para sudeste. Perde-se no deserto do Kalahari onde irriga um pantanal deslumbrante repleto de vida selvagem.
Visitantes da casa de Ernest Hemingway, Key West, Florida, Estados Unidos
Personagens
Key West, Estados Unidos

O Recreio Caribenho de Hemingway

Efusivo como sempre, Ernest Hemingway qualificou Key West como “o melhor lugar em que tinha estado...”. Nos fundos tropicais dos E.U.A. contíguos, encontrou evasão e diversão tresloucada e alcoolizada. E a inspiração para escrever com intensidade a condizer.
A República Dominicana Balnear de Barahona, Balneário Los Patos
Praias
Barahona, República Dominicana

A República Dominicana Balnear de Barahona

Sábado após Sábado, o recanto sudoeste da República Dominicana entra em modo de descompressão. Aos poucos, as suas praias e lagoas sedutoras acolhem uma maré de gente eufórica que se entrega a um peculiar rumbear anfíbio.
Teleférico de Sanahin, Arménia
Religião
Alaverdi, Arménia

Um Teleférico Chamado Ensejo

O cimo da garganta do rio Debed esconde os mosteiros arménios de Sanahin e Haghpat e blocos de apartamentos soviéticos em socalcos. O seu fundo abriga a mina e fundição de cobre que sustenta a cidade. A ligar estes dois mundos, está uma cabine suspensa providencial em que as gentes de Alaverdi contam viajar na companhia de Deus.
white pass yukon train, Skagway, Rota do ouro, Alasca, EUA
Sobre Carris
Skagway, Alasca

Uma Variante da Febre do Ouro do Klondike

A última grande febre do ouro norte-americana passou há muito. Hoje em dia, centenas de cruzeiros despejam, todos os Verões, milhares de visitantes endinheirados nas ruas repletas de lojas de Skagway.
Uma espécie de portal
Sociedade
Little Havana, E.U.A.

A Pequena Havana dos Inconformados

Ao longo das décadas e até aos dias de hoje, milhares de cubanos cruzaram o estreito da Florida em busca da terra da liberdade e da oportunidade. Com os E.U.A. ali a meros 145 km, muitos não foram mais longe. A sua Little Havana de Miami é, hoje, o bairro mais emblemático da diáspora cubana.
Amaragem, Vida à Moda Alasca, Talkeetna
Vida Quotidiana
Talkeetna, Alasca

A Vida à Moda do Alasca de Talkeetna

Em tempos um mero entreposto mineiro, Talkeetna rejuvenesceu, em 1950, para servir os alpinistas do Monte McKinley. A povoação é, de longe, a mais alternativa e cativante entre Anchorage e Fairbanks.
Rinoceronte listado após sair de uma lagoa repleta de limos.
Vida Selvagem
Reserva de Vida Selvagem Mkhaya, eSwatini

A Reserva dos Rinocerontes Garantidos

Criada, em 1979, com o fim de evitar a extinção do precioso gado nguni, Mkhaya ajustou-se a uma missão tão ou mais importante. Preserva espécimes de boa parte da fauna indígena ameaçada da região. Com destaque para rinocerontes (brancos e negros) que os rangers locais se gabam de sempre revelarem.
Passageiros, voos panorâmico-Alpes do sul, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Aoraki Monte Cook, Nova Zelândia

A Conquista Aeronáutica dos Alpes do Sul

Em 1955, o piloto Harry Wigley criou um sistema de descolagem e aterragem sobre asfalto ou neve. Desde então, a sua empresa revela, a partir do ar, alguns dos cenários mais grandiosos da Oceania.