PN Canaima, Venezuela

Kerepakupai, Salto Angel: O Rio Que Cai do Céu


Curiaras sobre o Ocaso
Curiaras usadas pelos indígenas para conduzirem visitantes ao Salto Angel, ancoradas na margem do rio Carrao.
O Xamã da Lagoa
Um xamã indígena, na Lagoa Canaima
Convívio lacustre
Adolescentes convivem na água fresca da lagoa Canaima.
Balnear Lagunar
Crianças divertem-se junto a uma margem da lagoa Canaima.
Mergulho de El Sapo
Indígena mergulha para a lagoa Canaima, na extensão do Salto El Sapo.
Duche natural
Guia regressa de uma passagem encharcada sob a àgua do Salto El Sapo.
Grande Curiara
Curiara ancorada na lagoa Canaima, com água avermelhada devido à concentração de um composto químico natural.
Splaaaashhhhh
Curiara motorizada levanta água do rio Carrao.
Uma meseta ou tepui
Tepuy destacado da selva em redor do rio Carrao.
De pedra em pedra
Criança indígena na lagoa formada na base do Salto Angel.
Para o ar de Porlamar
Avioneta levanta voo do aeródromo de Porlamar, origem de voos frequentes para Canaima.
Viagem de Curiara
Curiaras sobem o rio Carrao lado a lado, a caminho do Salto Angel.
Curiara & Lagoa Canaima
Curiara ancorada sobre a água colorada da Lagoa Canaima.
Salto Uricao
Curiara com passageiros passa em frente ao salto Uricao, um dos que alimenta a lagoa Canaima
Pequenos Pemones
Crianças indígenas junto a uma pequena curiara, numa margem do rio Carrao.
Pancho em curiara, canyon Ahonda
Guia Pancho a bordo de uma canoa junto ao desfiladeiro de Ahonda.
Doca do canyon ahonda
Guia Pancho prende uma curiara à margem.
Salto Angel ou Angel Falls
O véu de água da queda d'água mais longa do mundo, o Salto Angel.
Bonança antes do salto
Água imóvel do rio Carrao, imediatamente antes de cair para a lagoa Canaima.
Em 1937, Jimmy Angel aterrou uma avioneta sobre uma meseta perdida na selva venezuelana. O aventureiro americano não encontrou ouro mas conquistou o baptismo da queda d'água mais longa à face da Terra

O pequeno Cessna parece ter tido melhores dias.

Só ficamos realmente apreensivos quando constatamos o volume e o peso provável do único homem aos comandos. Saturado da sua rotina aérea, o piloto recebe-nos com indiferença. Passa-nos um briefing minimal. Descola de imediato para o céu sobre a floresta tropical de Canaima.

Aeródromo Porlamar, Salto Angel, Rio que cai do ceu, Angel Falls, PN Canaima, Venezuela

Avioneta levanta voo do aeródromo de Porlamar, origem de voos frequentes para Canaima.

A atmosfera revela-se nublada, ventosa, repleta de poços de ar. Faz o avião saltar a toda a hora. Nem a turbulência nem o historial de acidentes aéreos naquela área afectam o repouso del comandante que se afunda num enorme jornal venezuelano e retoca a manche com os joelhos.

O voo é panorâmico mas curto. Tão depressa como subimos, regressamos ao solo. Seduzem-nos as vistas privilegiadas daquele estranho domínio sul-americano. Aterramos nas imediações da lagoa Canaima. Ali, são-nos concedidas duas horas por nossa conta.

Banho, Salto Angel, Rio que cai do ceu, Angel Falls, PN Canaima, Venezuela

Crianças divertem-se junto a uma margem da lagoa Canaima.

Pela Selva do Parque Nacional Canaima Acima

Malgrado o ambiente luxuriante que a envolve, ao olho mais urbano, a Laguna de Canaima podia ser confundida com o reservatório vasto de uma qualquer ETAR remota.

As suas águas repousam ali, por caprichos do rio que nela se precipita com violência em saltos com nomes excêntricos: o Hacha, o Golondrina e o Ucaima.

Curiara salto Uricao, Salto Angel Rio que cai do ceu, Angel Falls, PN Canaima, Venezuela

Curiara com passageiros passa em frente ao salto Uricao, um dos que alimenta a lagoa Canaima

Durante quilómetros a fio, o rio Carrao serpenteia entre os vários tepuis (mesetas). Rasga a selva e arrasta terra e húmus que conferem ao caudal um visual ocre. Quando esta água é empurrada para os limites do meandro amplo que se segue, o composto de ácidos fúlvicos e húmicos adensa-se e reage.

O resultado é uma espuma suspeita e uma gradiente de tons que vai do negro nas partes mais profundas a um vermelho-amarelado junto às margens. O cenário prova-se, de facto, químico. Tão químico, quanto natural.

Curiara na lagoa Canaima, Salto Angel, Rio que cai do ceu, Angel Falls, PN Canaima, Venezuela

Curiara ancorada sobre a água colorada da Lagoa Canaima.

Não fossem as correntes submersas traiçoeiras provocadas pelas quedas de água, a lagoa poderia ser considerada segura, quase termal.

As duas horas escoam-se. Regressamos ao acampamento base. Juntamo-nos a um grupo multinacional que aguarda instruções dos guias para zarpar Carrao acima.

Salto Angel, Rio que cai do ceu, Angel Falls, PN Canaima, Venezuela

Água imóvel do rio Carrao, imediatamente antes de cair para a lagoa Canaima.

A Caminhada até à Margem das Curiaras

Só que, nesse dia, o tráfico aéreo de acesso ao Parque Nacional Canaima tinha-se complicado. Alguns viajantes estavam atrasados. Os guias mantêm o tempo contado com precisão.

Sabem que correm o risco de ser apanhados no rio depois do pôr-do-sol, e que isso obrigaria o grupo a passar a noite na selva das margens. É sob a pressão dessa desventura que conduzem as operações.

O campo base fica no extremo oeste da lagoa Canaima. As curiaras que nos esperam estão atracadas no porto Ucaima, a montante de saltos do rio Carrao demasiado violentos para os vencerem.

Curiaras, Salto Angel, Rio que cai do ceu, Angel Falls, PN Canaima, Venezuela

Curiara ancorada na lagoa Canaima, com água avermelhada devido à concentração de um composto químico natural.

Cumprimos a caminhada em redor da lagoa quase em corrida,  ao ritmo dos líderes nativos que se mostram cada vez mais preocupados.

A determinada altura, reparamos que o frenesim que tomava conta da comitiva contrastava com a paz ilusória do rio, ali, a apenas algumas dezenas metros do abismo.

Chegados os visitantes em falta, embarcamos em três curiaras (canoas resistentes de construção indígena) movidas por motores poderosos. A navegação contra corrente começa tranquila. As águas depressa se agitam.

A Subida Tresloucada dos Rápidos do Rio Carrao

Na iminência dos rápidos Moroco, os guias caem num impasse que preocupa os passageiros. Até que uma ordem de Carlos – o responsável máximo da jornada – nos leva de volta à ação.

Determinados e destemidos, os homens do leme puxam pelos motores. Fazem as embarcações sulcar e galgar os rápidos. A viagem assemelha-se a uma montanha russa fluvial. Tanto subimos as vagas furiosas do Carrao como descemos no rio e as vemos invadir parcialmente as embarcações.

Viagem de Curiara, Salto Angel, Rio que cai do ceu, Angel Falls, PN Canaima, Venezuela

Curiaras sobem o rio Carrao lado a lado, a caminho do Salto Angel.

A banda sonora da aventura também é intermitente. Quando os motores soltam a sua força, ouvimos o rugido grave dos pistons. E sempre que o caudal avassalador os condiciona, impõe-se o bradar agudo da água. De quando em quando, ouvem-se ainda gritos de pânico dos passageiros.

Após uma derradeira aceleração, vencemos os rápidos Moroco e Mayupa e entramos num trecho pacificado do Carrao. O resto da viagem até ao Canyon de Ahonda já é feito no escuro.

Depois da Adrenalina, o Descanso Nocturno no Canyon de Ahonda

Assim que desembarcamos no acampamento intermediário, dois companheiros de viagem bascos põem-nos a par dos acontecimentos: “Rapazes, estes gajos são doidos! Como estava a ficar de noite, em vez de sairmos dos barcos e voltarmos a entrar mais à frente, meteram-nos naqueles rápidos furiosos!

Canyon Ahonda, Salto Angel, Rio que cai do ceu, Angel Falls, PN Canaima, Venezuela

Guia Pancho a bordo de uma canoa junto ao desfiladeiro de Ahonda.

Lemos num guia que já aconteceram ali várias tragédias. E que, durante a época das chuvas, isso está completamente proibido pelo governo.”

Continuamos a debater a aventura durante o jantar que os anfitriões cozinham à pressa. Em seguida, Carlos embala-nos com as suas teorias geopolíticas e conspirações dos Estados Unidos para dominar a Colômbia e a Venezuela. Mais cedo do que esperamos, os guias e os forasteiros cedem ao cansaço. Adormecem, lado a lado, nas redes que lhes estão reservadas.

Antes de a eles nos juntarmos, ainda passamos os olhos pelo passado épico de Canaima.

O Grupo de Indígenas Pemon e a Aventura Prospectora do ianque Jimmy Angel

Esta região era há muito conhecida pelos seus indígenas pémon e – defendem alguns historiadores, durante o século XVII,  também Fernando de Berrío, um explorador e governador castelhano que então terá chegado a estas partes.

Xamã, Salto Angel, Rio que cai do ceu, Angel Falls, PN Canaima, Venezuela

Um xamane indígena, na Lagoa Canaima

Dois séculos mais tarde, a lenda de um suposto rio de ouro perdido e os artigos e mapas do capitão da armada venezuelana Felix Cardona Puig suscitaram o interesse de um aviador norte-americano intrépido.

Jimmy Angel e a esposa Marie Angel mudaram-se para aqueles confins da América do Sul. Associaram-se a Gustavo “Cabuya” Heny, e a um jardineiro de nome Miguel Angel Delgado, especialista no manuseamento de cordas e machetes.

Tepui, Salto Angel, Rio que cai do ceu, Angel Falls, PN Canaima, Venezuela

Tepuy destacado da selva em redor do rio Carrao.

Juntos, formaram uma equipa de exploração que protagonizou diversas aproximações ao Auyantepui, a grande meseta (tem cerca de 700 km² de superfície).

Sabia que dela se precipitava a Kerepakupai Vená, uma queda de água que, com 979 m, se provaria a mais alta à face da Terra.

Durante quinze dias, Jimmy Angel assistiu os esforços dos colegas no solo. Sobrevoou a área no seu adorado avião Flamingo e largou mantimentos e equipamento atados a pequenos paraquedas.

O aviador tinha já antes circundado o topo da grande meseta. Nessas ocasiões, não encontrou o rio de ouro lendário mas achou uma área plana que lhe parecia propícia a uma aterragem. Em 9 de Outubro de 1937, o grupo de aventureiros concretizou o mais desvairado dos seus planos.

De início, o contacto com o solo pareceu suave a Jimmy Angel e a Henry. As rodas acabaram por se afundar na lama. Provocaram uma travagem abrupta que provocou a quebra da tubagem de combustível e atolou toda a parte frontal do avião.

Uma nebulosidade persistente impediu o resgate dos dois homens. Com a ajuda dos companheiros no acampamento base, Jimmy Angel e Henry conseguiram sobreviver a um árduo regresso por terra a Kamarata, uma povoação indígena da Gran Sabana.

Angel Falls, Salto Angel ou Kerepakupai: a Polémica Imposta por Hugo Chavez

Em 1964, o avião foi declarado monumento nacional pelo governo da Venezuela. Seis anos depois, seria removido pela força aérea daquele país e colocado no Museu de Aviação de Maracay.

De então para cá, a vastidão selvagem de Canaima continuou a seduzir o mundo. A sua queda de água prodigiosa atrai hordas de curiosos. Já nos faltava pouco para também a vislumbrarmos.

Partimos do Canyon de Ahonda pouco depois do nascer do novo dia. Cumprimos mais duas horas de curiara. Já não no Carrao mas para montante de um seu afluente, o Churún que flui ao longo doutro grande desfiladeiro, o Devil’s Canyon.

Splash de curiara, Salto Angel, Rio que cai do ceu, Angel Falls, PN Canaima, Venezuela

Curiara motorizada levanta água do rio Carrao.

Desembarcamos no campo Ratoncito e tomamos o trilho de selva que conduz a um ponto de observação privilegiado do salto.

Quando lá chegamos, a visibilidade é quase total. Concede-nos uma merecida recompensa.

Salto Angel, Rio que cai do ceu, Angel Falls, PN Canaima, Venezuela

O véu de água da queda d’água mais longa do mundo, o Salto Angel.

Sentamo-nos sobre um bloco elevado de rochas. Ficamos semi-hipnotizados a contemplar o rio Kerepakupai a lançar-se no abismo e a dançar consoante o vento que, próximo do solo, chega a suspender a água cada vez mais dispersa.

Divertimo-nos a comentar que nem Jimmy Angel tinha tido aquela vista. Quando detectamos duas avionetas a voar sobre o topo do penhasco vem-nos à mente a epopeia do norte-americano que morreu, em 1956, depois de se despenhar no Panamá.

Louvamos o seu pioneirismo tresloucado. É algo que nem todos os venezuelanos optaram por fazer.

Em 2009, inflamado como sempre pelo bolivarianismo totalitário e respectivo anti-americanismo, o falecido ex-presidente Hugo Chávez aproveitou um programa de TV para banir o apelido do aviador. Alegou que milhares de índios Pémon tinham visto as quedas de água antes de Jimmy Angel.

De pedra em pedra, Salto Angel, Rio que cai do ceu, Angel Falls, PN Canaima, Venezuela

Criança indígena na lagoa formada na base do Salto Angel.

Decretou então, que a maravilha natural se passaria a chamar apenas Cheru-Meru, algo que teve que corrigir quando a sua filha lhe passou uma nota que dizia que aquele era o nome de uma cascata vizinha e que a palavra certa era Kerepakupai.

Após persistentes momentos de prática, Chávez proclamou à Venezuela que tinha dominado a pronunciação do termo indígena correcto.

Aproveitou para acusar os Estados Unidos de terem violado o espaço aéreo da sua nação com um avião pilotado: “São os yankees. Ordenei que os abatessem. Não podemos permitir isto”.

Jimmy Angel já estava a salvo.

Gran Sabana, Venezuela

Um Verdadeiro Parque Jurássico

Apenas a solitária estrada EN-10 se aventura pelo extremo sul selvagem da Venezuela. A partir dela, desvendamos cenários de outro mundo, como o da savana repleta de dinossauros da saga de Spielberg.

Pueblos del Sur, Venezuela

Por uns Trás-os-Montes da Venezuela em Fiesta

Em 1619, as autoridades de Mérida ditaram a povoação do território em redor. Da encomenda, resultaram 19 aldeias remotas que encontramos entregues a comemorações com caretos e pauliteiros locais.
Cascatas e Quedas de Água

Cascatas do Mundo: Impressionantes Rios Verticais

Dos quase 1000 metros de altura do salto dançante de Angel à potência fulminante de Iguaçu ou Victoria após chuvas torrenciais, abatem-se sobre a Terra cascatas de todos os tipos.
Mérida, Venezuela

A Renovação Vertiginosa do Teleférico mais Alto do Mundo

Em execução a partir de 2010, a reconstrução do teleférico de Mérida foi levada a cabo na Sierra Nevada por operários intrépidos que sofreram na pele a grandeza da obra.
Monte Roraima, Venezuela

Viagem No Tempo ao Mundo Perdido do Monte Roraima

Perduram no cimo do Monte Roraima cenários extraterrestres que resistiram a milhões de anos de erosão. Conan Doyle criou, em "O Mundo Perdido", uma ficção inspirada no lugar mas nunca o chegou a pisar.
Manaus, Brasil

Ao Encontro do Encontro das Águas

O fenómeno não é único mas, em Manaus, reveste-se de uma beleza e solenidade especial. A determinada altura, os rios Negro e Solimões convergem num mesmo leito do Amazonas mas, em vez de logo se misturarem, ambos os caudais prosseguem lado a lado. Enquanto exploramos estas partes da Amazónia, testemunhamos o insólito confronto do Encontro das Águas.
Islândia

Ilha de Fogo, Gelo, Cascatas e Quedas de Água

A cascata suprema da Europa precipita-se na Islândia. Mas não é a única. Nesta ilha boreal, com chuva ou neve constantes e em plena batalha entre vulcões e glaciares, despenham-se torrentes sem fim.
Mérida, Venezuela

Mérida a Los Nevados: nos Confins Andinos da Venezuela

Nos anos 40 e 50, a Venezuela atraiu 400 mil portugueses mas só metade ficou em Caracas. Em Mérida, encontramos lugares mais semelhantes às origens e a geladaria excêntrica dum portista imigrado.
Victoria Falls, Zimbabwe

O Presente Trovejante de Livingstone

O explorador procurava uma rota para o Índico quando nativos o conduziram a um salto do rio Zambeze. As cataratas que encontrou eram tão majestosas que decidiu baptizá-las em honra da sua rainha
PN Henri Pittier, Venezuela

PN Henri Pittier: entre o Mar das Caraíbas e a Cordilheira da Costa

Em 1917, o botânico Henri Pittier afeiçoou-se à selva das montanhas marítimas da Venezuela. Os visitantes do parque nacional que este suíço ali criou são, hoje, mais do que alguma vez desejou
Ilha Margarita ao PN Mochima, Venezuela

Ilha Margarita ao Parque Nacional Mochima: um Caribe bem Caribenho

A exploração do litoral venezuelano justifica uma festa náutica de arromba. Mas, estas paragens também nos revelam a vida em florestas de cactos e águas tão verdes como a selva tropical de Mochima.
Cataratas Iguaçu/Iguazu, Brasil/Argentina

O Troar da Grande Água

Após um longo percurso tropical, o rio Iguaçu dá o mergulho dos mergulhos. Ali, na fronteira entre o Brasil e a Argentina, formam-se as cataratas maiores e mais impressionantes à face da Terra.
Pueblos del Sur, Venezuela

Os Pauliteiros de Mérida, Suas Danças e Cia

A partir do início do século XVII, com os colonos hispânicos e, mais recentemente, com os emigrantes portugueses consolidaram-se nos Pueblos del Sur, costumes e tradições bem conhecidas na Península Ibérica e, em particular, no norte de Portugal.
Moradores percorrem o trilho que sulca plantações acima da UP4
Cidade
Gurué, Moçambique, Parte 1

Pelas Terras Moçambicanas do Chá

Os portugueses fundaram Gurué, no século XIX e, a partir de 1930, inundaram de camelia sinensis os sopés dos montes Namuli. Mais tarde, renomearam-na Vila Junqueiro, em honra do seu principal impulsionador. Com a independência de Moçambique e a guerra civil, a povoação regrediu. Continua a destacar-se pela imponência verdejante das suas montanhas e cenários teáceos.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Parque Nacional Gorongosa, Moçambique, Vida Selvagem, leões
Safari
PN Gorongosa, Moçambique

O Coração da Vida Selvagem de Moçambique dá Sinais de Vida

A Gorongosa abrigava um dos mais exuberantes ecossistemas de África mas, de 1980 a 1992, sucumbiu à Guerra Civil travada entre a FRELIMO e a RENAMO. Greg Carr, o inventor milionário do Voice Mail recebeu a mensagem do embaixador moçambicano na ONU a desafiá-lo a apoiar Moçambique. Para bem do país e da humanidade, Carr comprometeu-se a ressuscitar o parque nacional deslumbrante que o governo colonial português lá criara.
Braga ou Braka ou Brakra, no Nepal
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 6º – Braga, Nepal

Num Nepal Mais Velho que o Mosteiro de Braga

Quatro dias de caminhada depois, dormimos aos 3.519 metros de Braga (Braka). À chegada, apenas o nome nos é familiar. Confrontados com o encanto místico da povoação, disposta em redor de um dos mosteiros budistas mais antigos e reverenciados do circuito Annapurna, lá prolongamos a aclimatização com subida ao Ice Lake (4620m).
Luderitz, Namibia
Arquitectura & Design
Lüderitz, Namibia

Wilkommen in Afrika

O chanceler Bismarck sempre desdenhou as possessões ultramarinas. Contra a sua vontade e todas as probabilidades, em plena Corrida a África, o mercador Adolf Lüderitz forçou a Alemanha assumir um recanto inóspito do continente. A cidade homónima prosperou e preserva uma das heranças mais excêntricas do império germânico.
Aventura
Viagens de Barco

Para Quem Só Enjoa de Navegar na Net

Embarque e deixe-se levar em viagens de barco imperdíveis como o arquipélago filipino de Bacuit e o mar gelado do Golfo finlandês de Bótnia.
Fogo artifício de 4 de Julho-Seward, Alasca, Estados Unidos
Cerimónias e Festividades
Seward, Alasca

O 4 de Julho Mais Longo

A independência dos Estados Unidos é festejada, em Seward, Alasca, de forma modesta. Mesmo assim, o 4 de Julho e a sua celebração parecem não ter fim.
Cidade de Mindelo, São Vicente, Cabo Verde
Cidades
Mindelo, São Vicente, Cabo Verde

O Milagre de São Vicente

São Vicente sempre foi árida e inóspita a condizer. A colonização desafiante da ilha submeteu os colonos a sucessivas agruras. Até que, por fim, a sua providencial baía de águas profundas viabilizou o Mindelo, a urbe mais cosmopolita e a capital cultural de Cabo Verde.
Moradora obesa de Tupola Tapaau, uma pequena ilha de Samoa Ocidental.
Comida
Tonga, Samoa Ocidental, Polinésia

Pacífico XXL

Durante séculos, os nativos das ilhas polinésias subsistiram da terra e do mar. Até que a intrusão das potências coloniais e a posterior introdução de peças de carne gordas, da fast-food e das bebidas açucaradas geraram uma praga de diabetes e de obesidade. Hoje, enquanto boa parte do PIB nacional de Tonga, de Samoa Ocidental e vizinhas é desperdiçado nesses “venenos ocidentais”, os pescadores mal conseguem vender o seu peixe.
costa, fiorde, Seydisfjordur, Islandia
Cultura
Seydisfjordur, Islândia

Da Arte da Pesca à Pesca da Arte

Quando armadores de Reiquejavique compraram a frota pesqueira de Seydisfjordur, a povoação teve que se adaptar. Hoje, captura discípulos da arte de Dieter Roth e outras almas boémias e criativas.
arbitro de combate, luta de galos, filipinas
Desporto
Filipinas

Quando só as Lutas de Galos Despertam as Filipinas

Banidas em grande parte do Primeiro Mundo, as lutas de galos prosperam nas Filipinas onde movem milhões de pessoas e de Pesos. Apesar dos seus eternos problemas é o sabong que mais estimula a nação.
viagem austrália ocidental, Surfspotting
Em Viagem
Perth a Albany, Austrália

Pelos Confins do Faroeste Australiano

Poucos povos veneram a evasão como os aussies. Com o Verão meridional em pleno e o fim-de-semana à porta, os habitantes de Perth refugiam-se da rotina urbana no recanto sudoeste da nação. Pela nossa parte, sem compromissos, exploramos a infindável Austrália Ocidental até ao seu limite sul.
Vegetais, Little India, Singapura de Sari, Singapura
Étnico
Little India, Singapura

Little Índia. A Singapura de Sari

São uns milhares de habitantes em vez dos 1.3 mil milhões da pátria-mãe mas não falta alma à Little India, um bairro da ínfima Singapura. Nem alma, nem cheiro a caril e música de Bollywood.
Vista para ilha de Fa, Tonga, Última Monarquia da Polinésia
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Portfólio Got2Globe

Sinais Exóticos de Vida

História
Napier, Nova Zelândia

De volta aos Anos 30 – Calhambeque Tour

Numa cidade reerguida em Art Deco e com atmosfera dos "anos loucos" e seguintes, o meio de locomoção adequado são os elegantes automóveis clássicos dessa era. Em Napier, estão por toda a parte.
Ilha Kéré, Bijagós, Guiné Bissau, do ar
Ilhas
Ilha Kéré, Bijagós, Guiné Bissau

A Pequena Bijagó que Acolheu um Grande Sonho

Criado na Costa do Marfim, o francês Laurent encontrou, no arquipélago das Bijagós, o lugar que o arrebatou. A ilha que partilha com a esposa portuguesa Sónia, aceitou-os e ao afecto que sentiam pela Guiné Bissau. Há muito que Kéré e as Bijagós encantam quem os visita.
Quebra-Gelo Sampo, Kemi, Finlândia
Inverno Branco
Kemi, Finlândia

Não é Nenhum “Barco do Amor”. Quebra Gelo desde 1961

Construído para manter vias navegáveis sob o Inverno árctico mais extremo, o quebra-gelo Sampo” cumpriu a sua missão entre a Finlândia e a Suécia durante 30 anos. Em 1988, reformou-se e dedicou-se a viagens mais curtas que permitem aos passageiros flutuar num canal recém-aberto do Golfo de Bótnia, dentro de fatos que, mais que especiais, parecem espaciais.
Baie d'Oro, Île des Pins, Nova Caledonia
Literatura
Île-des-Pins, Nova Caledónia

A Ilha que se Encostou ao Paraíso

Em 1964, Katsura Morimura deliciou o Japão com um romance-turquesa passado em Ouvéa. Mas a vizinha Île-des-Pins apoderou-se do título "A Ilha mais próxima do Paraíso" e extasia os seus visitantes.
Reserva Masai Mara, Viagem Terra Masai, Quénia, Convívio masai
Natureza
Masai Mara, Quénia

Reserva Masai Mara: De Viagem pela Terra Masai

A savana de Mara tornou-se famosa pelo confronto entre os milhões de herbívoros e os seus predadores. Mas, numa comunhão temerária com a vida selvagem, são os humanos Masai que ali mais se destacam.
Sheki, Outono no Cáucaso, Azerbaijão, Lares de Outono
Outono
Sheki, Azerbaijão

Outono no Cáucaso

Perdida entre as montanhas nevadas que separam a Europa da Ásia, Sheki é uma das povoações mais emblemáticas do Azerbaijão. A sua história em grande parte sedosa inclui períodos de grande aspereza. Quando a visitámos, tons pastéis de Outono davam mais cor a uma peculiar vida pós-soviética e muçulmana.
Hell's Bend do Fish River Canyon, Namíbia
Parques Naturais
Fish River Canyon, Namíbia

As Entranhas Namibianas de África

Quando nada o faz prever, uma vasta ravina fluvial esventra o extremo meridional da Namíbia. Com 160km de comprimento, 27km de largura e, a espaços, 550 metros de profundidade, o Fish River Canyon é o Grand Canyon de África. E um dos maiores desfiladeiros à face da Terra.
Mural exibe músicos de Jazz, acima de um parque de estacionamento de New Orleans.
Património Mundial UNESCO
New Orleans, Luisiana, Estados Unidos

Ao Ritmo da Música Orleaniana

New Orleans é o berço do jazz e o jazz soa e ressoa nas suas ruas. Como seria de esperar, numa cidade tão criativa, o jazz deu o tom a novos estilos e actos irreverentes. De visita à Big Easy, temos o privilégio de apreciar de tudo um pouco.
Ooty, Tamil Nadu, cenário de Bollywood, Olhar de galã
Personagens
Ooty, Índia

No Cenário Quase Ideal de Bollywood

O conflito com o Paquistão e a ameaça do terrorismo tornaram as filmagens em Caxemira e Uttar Pradesh um drama. Em Ooty, constatamos como esta antiga estação colonial britânica assumia o protagonismo.
Apanhador de cocos, em Unawatuna, Sri Lanka
Praias
Unawatuna a Tongalle, Sri Lanka

Pelo Fundo Tropical do Velho Ceilão

Deixamos a fortaleza de Galle para trás. De Unawatuna a Tangale, o sul do Sri Lanka faz-se de praias com areia dourada e de coqueirais atraídos pela frescura do Índico. Em tempos, palco de conflito entre potências locais e coloniais, este litoral é há muito partilhado por mochileiros dos quatro cantos do Mundo.
Djerba, Ilha, Tunísia, Amazigh e os seus camelos
Religião
Djerba, Tunísia

A Ilha Tunisina da Convivência

Há muito que a maior ilha do Norte de África acolhe gentes que não lhe resistiram. Ao longo dos tempos, Fenícios, Gregos, Cartagineses, Romanos, Árabes chamaram-lhe casa. Hoje, comunidades muçulmanas, cristãs e judaicas prolongam uma partilha incomum de Djerba com os seus nativos Berberes.
Comboio do Fim do Mundo, Terra do Fogo, Argentina
Sobre Carris
Ushuaia, Argentina

Ultima Estação: Fim do Mundo

Até 1947, o Tren del Fin del Mundo fez incontáveis viagens para que os condenados do presídio de Ushuaia cortassem lenha. Hoje, os passageiros são outros mas nenhuma outra composição passa mais a Sul.
Vulcão ijen, Escravos do Enxofre, Java, Indonesia
Sociedade
Vulcão Ijen, Indonésia

Os Escravos do Enxofre do Vulcão Ijen

Centenas de javaneses entregam-se ao vulcão Ijen onde são consumidos por gases venenosos e cargas que lhes deformam os ombros. Cada turno rende-lhes menos de 30€ mas todos agradecem o martírio.
Cruzamento movimentado de Tóquio, Japão
Vida Quotidiana
Tóquio, Japão

A Noite Sem Fim da Capital do Sol Nascente

Dizer que Tóquio não dorme é eufemismo. Numa das maiores e mais sofisticadas urbes à face da Terra, o crepúsculo marca apenas o renovar do quotidiano frenético. E são milhões as suas almas que, ou não encontram lugar ao sol, ou fazem mais sentido nos turnos “escuros” e obscuros que se seguem.
Salvamento de banhista em Boucan Canot, ilha da Reunião
Vida Selvagem
Reunião

O Melodrama Balnear da Reunião

Nem todos os litorais tropicais são retiros prazerosos e revigorantes. Batido por rebentação violenta, minado de correntes traiçoeiras e, pior, palco dos ataques de tubarões mais frequentes à face da Terra, o da ilha da Reunião falha em conceder aos seus banhistas a paz e o deleite que dele anseiam.
The Sounds, Fiordland National Park, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Fiordland, Nova Zelândia

Os Fiordes dos Antipodas

Um capricho geológico fez da região de Fiordland a mais crua e imponente da Nova Zelândia. Ano após anos, muitos milhares de visitantes veneram o sub-domínio retalhado entre Te Anau e Milford Sound.