Bago, Myanmar

Viagem a Bago. E ao Reino Português de Pegu


Sagrado Descanso
A cabeça apoiada do buda deitado de Mya Tha Lyaung.
Em Repouso
Um outro buda deitado de Bago, bem menor que o de Mya Tha Lyaung.
Jardinagem Tropical
Jardinagem tropical nas alturas.
Mahazedi
O Pagode de Mahazedi com o seu pináculo dourado a resplandecer contra o céu azulão.
Ciclovida Budista
Ciclista percorre uma avenida lateral de Bago, com o pagode de Mahazedi em fundo.
Ritual
Monges budistas contornam a base do pagode de Mahazedi.
O Pagode dos Pagodes
Pagode de Shwemawdaw o mais alto do Myanmar com 114 metros de altura.
Triunfo do Budismo
Panorama de Bago com o pagode de Shwemawdaw em destaque, acima da floresta de coqueiros.
Reflexologia à Moda Budista
Os pés trabalhados do buda deitado de Mya Tha Lyaung.
Olhar de Cima
Cabeça do buda reclinado Mya Tha Lyaung, numa sagrada observação.
Perspectiva arquitectónica do pagode de Mahazedi.
Obras d’Ouro
O Pagode de Shwemawdaw revestido de bambu durante uma intervenção ao revestimento dourado.
Guardiã à sombra
Figura budista na base do pagode de Mahazedi.
Um Santuário afiado
Santuário em forma de pagode multinível no interior do complexo do pagode de Mahazedi.
Shwemawdaw em trabalhos
Base do pagode de Shwemawdaw, com a sua parte superior em reparos.
Determinados e oportunistas, dois aventureiros portugueses tornaram-se reis do reino de Pegu. A sua dinastia só durou de 1600 a 1613. Ficou para a história.

A aurora deu-se demasiado cedo. Desgastados pela longa viagem desde Rangum, pelas sucessivas subidas e descidas à Golden Rock e ao seu pagode sagrado de Kyaiktiyo, não damos sequer pelo raiar.

Despedimo-nos, assim, meio à pressa das colinas de Kelasa e do monte Kyaiktiyo, apontados à aldeia de Kin Pun no sopé.

Cumpridas três horas de uma viagem de autocarro calorenta, atingimos Bago.

Rangum mantinha-se a grande cidade birmanesa. Salvo as aberrações políticas do regime dictatorial do Myanmar que levaram à fundação da insólita Naypyidaw, seria sempre a capital do país. Bago e a sua região, pelo seu lado, escondiam uma ligação histórica com Portugal tão ou mais inusitada. De tal maneira peculiar, que as víamos como incontornáveis.

Quando descemos do autocarro, identificam-nos e saúdam-nos dois jovens, estimávamos que os guias que tínhamos incumbido de nos mostrarem o lugar. Prestáveis, ajudam-nos com as mochilas. Faltava-lhes, todavia, um carro ou carrinha. De acordo, equilibram-se ao volante de duas motoretas, com a nossa maior bagagem aos pés.

Passamos primeiro pelo lar que usavam como base das suas operações. Lá nos arrumam as mochilas. Lá nos põem à vontade, nos servem chá e connosco conversam até sentirem que tínhamos recuperado do castigo rodoviário da manhã.

Maun, o líder da dupla fala um bom inglês. Muito melhor do que nos ocorreria esperar. Quando elogiamos o seu à vontade na língua, suscitamos-lhe uma inesperada explicação. “Pois, é normal. É que eu vivi na Irlanda algum tempo. Conheci cá uma visitante irlandesa e envolvemo-nos.

Ela acabou por engravidar. Ainda estive a viver com ela perto de Dublin quase meio ano. Mas, depois, não conseguia encontrar trabalho. Sentia-me cada vez mais desenraizado e desmoralizado. Não queria ficar apenas em casa a cuidar do Liam (filho de ambos) e a viver às custas dela. E voltei. É lindo o Liam. É branco mas tem feições asiáticas. Tenho muitas saudades. Em especial dele.”

Maun esforça-se por disfarçar a comoção. Quando o consegue, lança-nos o repto de sairmos à descoberta da cidade. Cada um de nós, atrás de um deles, nas suas motas.

Bagu, Reino de Pegu, Siriao

Panorama de Bago com o pagode de Shwemawdaw em destaque, acima da floresta de coqueiros.

Uma Descoberta Motorizada de Bago

Sem capacetes mas.. devagar, devagarinho. A uma velocidade que nos permitia apreciar a cidade e, ao mesmo tempo, ouvirmos as explicações que os cicerones nos gritavam.

À medida que circulamos, reforçamos a noção de que as motas não tinham sido má ideia.

Bago dista uns meros 70km de Rangum. A estrada número 1 que liga o nordeste do Myanmar à grande cidade birmanesa atravessa-a. Com frequência, entope-a um trânsito sortido e garrido. Aqui e ali, autocarros, tanto locais como regionais, demoram o seu tempo a largar os passageiros. E uma frota inquieta de motociclos e triciclos percorre-a para cá e para lá, em disputa de potenciais clientes.

Nas primeiras horas da tarde, o calor tropical cozinha o fumo libertado pelo trânsito. Gera uma atmosfera opressiva que torna as distâncias de monta entre os monumentos chave da cidade ainda mais dolorosas.

Monumentos não faltam em Bago. Budistas. Todos eles imponentes e dourados.

Do terraço da casa de Maun, víamos o topo dos seus pagodes destacados acima de uma floresta densa, algo enevoada em que predominavam os coqueiros. Estrada 1 acima, encontramo-los a encerrarem grandes alamedas com dois sentidos.

Shwemawdaw e Mahazedi: Pagodes e Monumentos Grandiosos do Budismo Birmanês

Confrontamo-nos primeiro com o Shwemawdaw Paya, o pagode mais alto de todo o Myanmar com uns impressionantes 114 metros e, à data, com a sua excentricidade redobrada por uma rede densa de andaimes de bambu que a cobria do primeiro quarto, até ao seu zénite afiado.

Conseguíamos distinguir alguns trabalhadores destacados no exterior dessa rede, entretidos a recuperar a integridade da folha de ouro espessa que cobria o templo e que o tempo tinha comprometido.

Bagu, Reino de Pegu, Siriao

Pagode de Shwemawdaw o mais alto do Myanmar com 114 metros de altura.

Prosseguimos. Entramos no complexo de um pagode concorrente, o de Mahazedi, a sombra apoderava-se já da sua base.

Àquela hora, não víamos sinal de turistas. Só uns poucos monges e crentes budistas caminhavam em redor da base, ou queimavam incenso e oravam nos sub-pagodes que a salpicavam.

Dessa sombra inexorável, conseguíamos admirar, em todo o seu fulgor, a luminosidade resplandecente do pagode branco e amarelo que contrastava com o céu desprovido de nuvens, de um azul azulão profundo.

Além de branco e amarelo, também este segundo pagode era dourado. O ouro abundava sempre, qualquer que fosse o monumento ao budismo da nação, como parecia abundar por toda a velha Birmânia.

Uma Viagem no Tempo de Bago e Pegu

Essa preciosa ubiquidade já vinha de longe, da era áurea do reino de Pegu, assim continuam a chamar a estas paragens e à cidade em que cirandávamos, os portugueses.

Uma das razões porque ali estávamos era a história incrível da dinastia portuguesa dos reis de Pegu. A nosso ver, meritória de uma longa-metragem sem limites de orçamento. Concentremo-nos no que seria a sua trama.

Bastaram alguns anos após o estabelecimento dos portugueses na costa ocidental da Índia para os descobridores e mercadores lusos se aventurarem nas águas e litorais mais próximos.

Os dos reinos do sul do actual Myanmar não eram controlados nem por Goa nem pela Coroa portuguesa detida por Felipe I de Portugal (2º de Espanha).

Tão pouco outros domínios influentes da Índia lá mandavam.

Bagu, Reino de Pegu, Siriao

A cabeça apoiada do buda deitado de Mya Tha Lyaung.

Baía de Bengala e Reinos da Birmânia, um Manancial que os Portugueses Conheciam

Como tal, capitães, mercadores e outros empresários portugueses da fortuna podiam ali operar nas suas lides comerciais e mercenárias, com frequência, ao serviço dos monarcas destas paragens, sem terem que prestar contas a Goa ou a Lisboa.

Os portugueses conheciam, havia muito, os reinos de Pegu, de Ava, de Arracão e o emergente e cada vez mais poderoso de Toungou. Mantinham-se de olho no xadrez político-militar da zona, atentos a como dele podiam beneficiar.

Chegamos a 1599. Há muito que Min Raza Gyi, o rei de Arracão, (Xilimixa para os portugueses) espreitava uma oportunidade de capturar o reino vizinho e principal rival de Pegu.

Pegu resistia há décadas à integração no império birmanês mas, por essa altura, Min Raza Gyi estimou que o grau de instabilidade e fraqueza do inimigo tinha aumentado o suficiente. Decidiu atacar e tomar a cidade capital homónima.

Por forma a garantir o sucesso da expedição recrutou um corpo de mercenários portugueses, de que se destacava Filipe de Brito e Nicote, desde 1590, comerciante de sal na ilha de Sundiva, entre outras ocupações, como deixa transparecer o seu nome, filho de pai francês e mãe portuguesa. Acompanhavam-nos ainda alguns missionários jesuítas.

Foram estes que narraram e registaram os acontecimentos para a posteridade.

Os Serviços Mercenários de Filipe de Brito e Nicote e de Salvador Ribeiro de Sousa

O padre Manuel de Abreu Mousinho descreveu na sua crónica “Breve Discurso em que se Conta a Conquista de Pegu na Índia” que, por essa altura, um outro aventureiro português, Salvador Ribeiro de Sousa, navegava de regresso a Portugal determinado a exigir à Coroa recompensa pelos seus serviços e de dois irmãos seus já falecidos no Oriente.

Bagu, Reino de Pegu, Siriao

Ciclista percorre uma avenida lateral de Bago, com o pagode de Mahazedi em fundo.

Uma meteorologia demasiado agreste forçou-o a subir no Golfo do Ganges. Ao tomar conhecimento do que se passava em Pegu, Salvador Ribeiro de Sousa juntou-se a Filipe de Brito e Nicote e passou a co-comandar as tropas do rei de Arracão na conquista de Pegu.

Os portugueses lideraram os arraconeses até à vitória. Como recompensa, Xilimixa concordou que construíssem uma feitoria no porto de Sirião, hoje, uma povoação a sul de Rangum, situada no local em que o rio Pegu se junta ao Yangon.

Banhadala, um súbdito de Xilimixa interpôs-se ao acordo. Esta sua interferência despoletou uma longa saga conflituosa entre os portugueses e o reino de Arracão, em termos militares comandado por Banhadala.

A Longa Saga do Conflito com Arracão

Banhadala começou de imediato a fortificar Sirião e proibiu o acesso dos portugueses, com excepção para Belchior da Luz, um frade dominicano. Filipe de Brito e Nicote reagiu.

Antes que os trabalhos da fortaleza avançassem demasiado procurou o apoio de três outros capitães.

Dois deles foram João de Oliva e Paulo do Rego. Encontrou o terceiro em Salvador Ribeiro de Sousa que viu bastante mais interesse e potencial ganho neste desafio bélico que no retorno à Metrópole.

Em Junho de 1600, com recurso a máquinas de fogo recém-construídas, os mais de cinquenta homens portugueses atacaram Banhadala de surpresa. Queimaram-lhe a feitoria. Logo, passaram à fortaleza incompleta.

Mataram tantos súbditos de Banhadala que obrigaram uma multidão em pânico a refugiar-se numa ilha próxima.

Na mó de cima, os portugueses, fortificaram-se na fortaleza e aterrorizaram parte dos súbditos de Banhadala que nela se mantiveram.

Ao tomar conhecimento deste inesperado desfecho, o rei Min Raza Gyi decidiu socorrer Banhadala.  No entanto, nos anos que passara na região Filipe de Brito e Nicote tinha consolidado um poder de manipulação sobre Xilimixa, considerável.

Em debate com o monarca, convenceu-o de que Banhadala não passava de um traidor oportunista, de que ele próprio resolveria o conflito com os portugueses e trataria de os controlar.

Xilimixa acedeu. Mas a novela estava longe de ficar por aqui. Filipe de Nicote partiu para Goa, ofereceu a nova praça-forte ao Vice-Rei de Goa. Multiplicou ainda embaixadas a governantes de domínios vizinhos e desafiou-os a aliar-se a Portugal na conquista de Pegu.

Bagu, Reino de Pegu, Siriao

Jardinagem tropical nas alturas.

A Primeira de Cinco Investidas Frustradas do Comandante Banhadala

Nesse hiato, Salvador Ribeiro de Sousa ficou no comando de Sirião, e Xilimixa à mercê das intrigas contra os portugueses. Passado pouco tempo, decretou que tinham que deixar Pegu para sempre. Para o garantir enviou Banhadala, à frente de uma enorme frota e de seis mil homens. Salvador Ribeiro de Sousa possuía apenas três navios e trinta homens.

A supremacia numérica de Banhadala pouco ou nada o ajudou. Salvador Ribeiro de Sousa e os portugueses devastaram as forças de Arracão, capturaram quarenta dos seus barcos e fizeram debandar os atacantes.

Este foi apenas o primeiro dos ataques de Arracão a Sirião, sempre com Banhadala no comando. Mesmo se, de início, a supremacia numérica de Banhadala se provava avassaladora, os quatro seguintes também foram rechaçados por Salvador Ribeiro de Sousa.

A cada derrota de Banhadala e dos arracaneses, a fama de invencibilidade de Salvador Ribeiro de Sousa na região só aumentava.

E mais ainda quando o capitão português levou a melhor sobre um tal de Rei Massinga da província de Camelan. Saturados de tanta destruição, ao constatarem o poderio dos portugueses, as gentes de Pegu optaram por a eles se aliarem. Ficou para a história que reclamaram que Filipe de Brito e Nicote para rei de Pegu.

A Subida ao Trono de Pegu Forçada de Filipe de Brito e Nicote

Como este então se encontrava ausente, Salvador Ribeiro de Sousa aceitou o cargo em seu nome. Quando Filipe de Brito e Nicote voltou, ocupou, por fim o trono, e retomou a sua sempre atarefada agenda diplomática.

Mais tarde, Salvador Ribeiro de Sousa retomou a viagem de regresso a Portugal que interrompera em 1600. Terá passado os seus derradeiros dias na sua terra minhota natal.

O rei de Arracão, esse, teve que se conformar com a nova e dolorosa realidade do Reino Português de Pegu.

Há algum tempo que os projectos de Filipe de Brito e Nicote via as suas pretensões validadas e apoiadas pelo Vice-Rei de Goa e até por Filipe II de Portugal. De tal maneira que o monarca lhe atribuiu o título de fidalgo, e armado Cavaleiro da Ordem de Cristo.

Por Fim, a Concretização da Feitoria de Sirião

Assim recompensado, Filipe de Brito e Nicote regressou a Sirião e reergueu a Casa da Alfândega. Dai em diante, obrigou todos os navios que passavam pela costa de Pegu a por lá passarem e a pagarem tributo.

Ano após ano, Sirião e Pegu enriqueceram Filipe Brito e Nicote e, assim se estima, Goa e Lisboa.

Sopravam ainda estes bons ventos, quando os sempre insatisfeitos portugueses decidiram tentar expandir o seu reino.

Em 1610, Anaukpetlun um rei do norte, tinha já reunido a maior parte da Birmânia sob o seu domínio. O reino de Taungu resistia. Desagradado, Anaukpetlun atacou e conseguiu a rendição de Taungu. E designou um seu primo, Natshinnaung, vice-rei desse reino. Natshinnaung ficou ressentido com a insignificância do cargo.

Em jeito de vingança, aliciou Filipe de Brito e Nicote a tomar Taungu. Filipe de Brito e Nicote não se fez rogado. Conseguiu o apoio dos siameses e, nessa conveniente aliança, em 1612, rumou a Taungu. A conquista falhou. Natshinnaung acompanhanhou Filipe de Brito e Nicote a Sirião.

A Vingança do Rei Birmanês Anaukpetlun e o Fim do Reino Português de Pegu

O poderoso rei Anaukpetlun reagiu com fúria a condizer.  Em 1613, Anaukpetlun cercou Sirião. Após um mês de cerco conquistou-a. Vingativo, empalou Filipe de Brito e Nicote.

Apesar deste seu fim atroz, o primeiro rei português de Pegu é ainda conhecido na história da Birmânia como “Nga Zinga”, o bom-homem. Quanto a Natshinnaung, nos últimos dias do cerco aceitou tornar-se Cristão e baptizou-o um padre de Goa.

Natshinnaung recusou ainda o repto do primo que lhe ofereceu perdão, contra um juramento de aliança. E celebrizou-se a resposta desdenhosa de Anaukpetlun ao decretar a sua execução: “Preferes ser o escravo de um estrangeiro que servir um rei da tua própria raça”.

Perdeu-se, assim, aos trinta e quatro anos, aquele que os birmaneses consideram um dos principais de poesia clássica yadu da sua história, criador de poemas de amor mas também militares, em que descrevia com elegância os soldados, as tropas montadas em elefante, entre outros.

Anaukpetlun escravizou ainda os portugueses e mestiços bayingyi, que tinham sangue português e asiático. Mais tarde, estes bayingyi passaram a servir os monarcas birmaneses.

Já o Reino português de Pegu, teve um fim súbito e dramático, se o compararmos com a tomada persistente e gradual dos portugueses. Durou uns módicos mas intensos treze anos.

A destruição de Sirião às mãos de Anaukpetlun provou-se tal que pouco ou nada do legado português subsistiu. Sabe-se que existia uma igreja no interior da fortaleza que foi reconstruída e de novo arrasada durante um ataque mais recente.

Tal como continuámos a comprovar, repleta de expressões majestosas e coloridas do budismo, a Pegu dos dias de hoje nada ostenta de lusitano. Até ao fim da tarde, admiramos outros pagodes imponentes. E, na sequência, o buda refastelado de Mya Tha Lyaung.

Deixamos Bago por volta das seis da tarde, pouco depois do pôr-do-sol, limitados pelo horário do comboio destinado a Rangum. Em vez das 18h, a composição deu entrada na estação de Bago às 19h. E, em vez de entrar em Rangum às 21h, entrou às 22h.

Nos menos de 70 km de percurso sobre carris, deu-nos a impressão que a composição nunca chegou a ultrapassar os 35 km/h.  Tal como o Buda refastelado de Mya Tha Lyaung, o serviço ferroviário daquelas paragens revelou-se anestesiante.

O mais contrastante possível com a azáfama conquistadora e regente dos reis portugueses de Pegu.

Bagan, Myanmar

A Planície dos Pagodes, Templos e Redenções Celestiais

A religiosidade birmanesa sempre assentou num compromisso de redenção. Em Bagan, os crentes endinheirados e receosos continuam a erguer pagodes na esperança de conquistarem a benevolência dos deuses.
Ponte u-BeinMyanmar

O Crepúsculo da Ponte da Vida

Com 1.2 km, a ponte de madeira mais antiga e mais longa do mundo permite aos birmaneses de Amarapura viver o lago Taungthaman. Mas 160 anos após a sua construção, U Bein está no seu crepúsculo.
Lago Inlé, Myanmar

Uma Agradável Paragem Forçada

No segundo dos furos que temos durante um passeio em redor do lago Inlé, esperamos que nos tragam a bicicleta com o pneu remendado. Na loja de estrada que nos acolhe e ajuda, o dia-a-dia não pára.
Yangon, Myanmar

A Grande Capital da Birmânia (Delírios da Junta Militar à Parte)

Em 2005, o governo ditatorial do Myanmar inaugurou uma nova capital bizarra e quase deserta. A vida exótica e cosmopolita mantém-se intacta, em Yangon, a maior e mais fascinante cidade birmanesa.
Monte Kyaiktiyo, Myanmar

A Rocha Dourada e em Equilíbrio de Buda

Andamos à descoberta de Rangum quando nos inteiramos do fenómeno da Rocha Dourada. Deslumbrados pelo seu equilíbrio dourado e sagrado, juntamo-nos à peregrinação já secular dos birmaneses ao Monte Kyaiktyo.

Hampi, India

À Descoberta do Antigo Reino de Bisnaga

Em 1565, o império hindu de Vijayanagar sucumbiu a ataques inimigos. 45 anos antes, já tinha sido vítima da aportuguesação do seu nome por dois aventureiros portugueses que o revelaram ao Ocidente.

Mactan, Cebu, Filipinas

O Atoleiro de Magalhães

Tinham decorrido quase 19 meses de navegação pioneira e atribulada em redor do mundo quando o explorador português cometeu o erro da sua vida. Nas Filipinas, o carrasco Datu Lapu Lapu preserva honras de herói. Em Mactan, uma sua estátua bronzeada com visual de super-herói tribal sobrepõe-se ao mangal da tragédia.
Galle, Sri Lanka

Nem Além, Nem Aquém da Lendária Taprobana

Camões eternizou o Ceilão como um marco indelével das Descobertas onde Galle foi das primeiras fortalezas que os portugueses controlaram e cederam. Passaram-se cinco séculos e o Ceilão deu lugar ao Sri Lanka. Galle resiste e continua a seduzir exploradores dos quatro cantos da Terra.
Goa, Índia

O Último Estertor da Portugalidade Goesa

A proeminente cidade de Goa já justificava o título de “Roma do Oriente” quando, a meio do século XVI, epidemias de malária e de cólera a votaram ao abandono. A Nova Goa (Pangim) por que foi trocada chegou a sede administrativa da Índia Portuguesa mas viu-se anexada pela União Indiana do pós-independência. Em ambas, o tempo e a negligência são maleitas que agora fazem definhar o legado colonial luso.
Chiang Mai, Tailândia

300 Wats de Energia Espiritual e Cultural

Os tailandeses chamam a cada templo budista wat e a sua capital do norte tem-nos em óbvia abundância. Entregue a sucessivos eventos realizados entre santuários, Chiang Mai nunca se chega a desligar.
Elmina, Gana

O Primeiro Jackpot dos Descobrimentos Portugueses

No séc. XVI, Mina gerava à Coroa mais de 310 kg de ouro anuais. Este proveito suscitou a cobiça da Holanda e da Inglaterra que se sucederam no lugar dos portugueses e fomentaram o tráfico de escravos para as Américas. A povoação em redor ainda é conhecida por Elmina mas, hoje, o peixe é a sua mais evidente riqueza.
Delta do Okavango, Nem todos os rios Chegam ao Mar, Mokoros
Safari
Delta do Okavango, Botswana

Nem Todos os Rios Chegam ao Mar

Terceiro rio mais longo do sul de África, o Okavango nasce no planalto angolano do Bié e percorre 1600km para sudeste. Perde-se no deserto do Kalahari onde irriga um pantanal deslumbrante repleto de vida selvagem.
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Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 4º – Upper Pisang a Ngawal, Nepal

Do Pesadelo ao Deslumbre

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Vida Selvagem
Caño Negro, Costa Rica

Uma Vida à Pesca entre a Vida Selvagem

Uma das zonas húmidas mais importantes da Costa Rica e do Mundo, Caño Negro deslumbra pelo seu ecossistema exuberante. Não só. Remota, isolada por rios, pântanos e estradas sofríveis, os seus habitantes encontraram na pesca um meio embarcado de fortalecerem os laços da sua comunidade.
Napali Coast e Waimea Canyon, Kauai, Rugas do Havai
Voos Panorâmicos
NaPali Coast, Havai

As Rugas Deslumbrantes do Havai

Kauai é a ilha mais verde e chuvosa do arquipélago havaiano. Também é a mais antiga. Enquanto exploramos a sua Napalo Coast por terra, mar e ar, espantamo-nos ao vermos como a passagem dos milénios só a favoreceu.
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