Monte Kyaiktiyo, Myanmar

A Rocha Dourada e em Equilíbrio de Buda


Bici vs Bus
Ciclista passa entre autocarros numa estação de camionagem entre Rangum e Kin Pun.
Petiscos
Vendedoras de petiscos no exterior da zona de transbordo para a rocha dourada de Kyaikhtiyo.
Meia-carga
Monges na dianteira da caixa do camião que assegura as ligações entre Kin Pun e a meia encosta do monte Kyaikhtiyo.
Rocha em Equilíbrio
Perspectiva que revela o equilíbrio em que há muito se mantém a Rocha Dourada de Kyaikhtiyo.
Mulher não entra
Portinhola que efectiva a proibição de entrada de mulheres no recinto da rocha dourada de Kyaikhtiyo.
Orar a partir de fora
Mulheres acendem velas e oram do lado de fora do recinto da rocha dourada.
Conferência de Monges
Monges budistas agrupados sobre o solo polido do recinto da rocha dourada.
Dourado sobre dourado
Fieis colam películas de folha de ouro que renovam o revestimento da rocha dourada.
Ocaso Dourado
Sol desaparece atrás das nuvens, numa altura em que os fieis budistas adoram a rocha dourada, cada vez mais resplandecente.
Andamos à descoberta de Rangum quando nos inteiramos do fenómeno da Rocha Dourada. Deslumbrados pelo seu equilíbrio dourado e sagrado, juntamo-nos à peregrinação já secular dos birmaneses ao Monte Kyaiktyo.

À chegada madrugadora ao terminal de autocarro de Rangum, engasgamo-nos com a inesperada tabela dos bilhetes.

Já andávamos pelo Myanmar há vários dias. Nunca a diferença do que pagavam os birmaneses para o preço de “Foreigner” nos irritara como ali. Barafustamos o possível. Mais que o aconselhável.

Até que um jovem de ar frágil, incomodado com a nossa indignação, se presta a esclarecer: “não vale a pena desesperarem dessa maneira. Todos os mochileiros vêm com o dinheiro contado para as suas longas viagens.

E todos se frustram com essa exploração. Mas vocês têm que compreender que são ordens do governo. Todas as empresas as devem seguir. Caso contrário, se forem descobertos, fecham-nas para sempre.”

A intervenção do rapaz nunca iria resolver o dano que aquela discrepância e que os 15.000 kyats adicionais nos causariam. Ainda assim, teve o dom de nos tranquilizar e fazer resignar. Pegamos nas mochilas. Instalamo-nos nos assentos apertados do autocarro, entre jovens monges budistas e camponeses de olho nas cabras e galinhas que seguiam no tejadilho.

Por volta, das 10 da manhã, por fim, partimos.

Viagem Calorenta entre Rangum e o vilarejo de Kin Pun

Tranquilizados pelo vento quente que nos massajava as cabeças, deixamo-nos levar pelo embalo, pelos solavancos e pelas vendas relâmpago tentadas por sucessivos vendedores itinerantes, de cada vez que o autocarro se detinha o suficiente para os deixar entrar.

Durante as primeiras dezenas de quilómetros, a estrada segue os meandros do rio Rangum. Logo, entramos na chamada auto-estrada Rangum-Mandalay, a estrada número um do Myanmar. Seguimos apontados a Bago e lá fazemos uma curta escala. Uma meia-hora adicional para norte, atingimos Hpa Yar Gyi e entramos na estrada 8 que corta para o extremo sudeste da Birmânia.

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À partida, poderíamos ter cumprido um itinerário bem mais curto e recto rumo a oriente. Todo aquele arco a que nos vimos obrigados devia-se ao espraiar de outro rio primordial do Myanmar: o Sittang.

À laia do desaguar bangladeshi do Ganges, o último estertor do Sittang gerava um delta imenso de pântano e prado ensopado que o oceano Índico invadia na forma do Golfo de Martaban.

De acordo, as cheias avassaladoras geradas pela monção das chuvas destas paragens, forçavam a via a cruzar o rio junto a Taung Tha Pyay Kan, já bem acima do delta.

Aquela travessia era de tal forma providencial que tinha direito a uma portagem. Mais que uma mera ponte, estávamos a cruzar a fronteira fluvial entre a região de Bago e o místico Mon State, o estado em que se situava o destino final da viagem.

Kin Pun: o Transbordo Sobrelotado para a Rocha Dourada de Kyaiktiyo

Por volta das três da tarde, quase cinco horas de sauna rodoviária depois, damos entrada em Kin Pun. Ali, juntamo-nos a uma pequena multidão apertada que aguardava o transporte para uma encosta intermédia que os forasteiros tratavam, em inglês, por Upper Level.

Um camião de caixa aberta aparece do nada. Aos poucos, o condutor e um auxiliar fazem sentar os passageiros, mais que apertados, comprimidos uns contra os outros sobre tábuas a fazer de bancos. Nem tudo era mau.

Rocha Dourada de Kyaikhtiyo, Budismo, Myanmar, BirmaniaSeguimos ao ar livre. Durante meia-hora, subimos por uma estrada de montanha cercada de vegetação tropical sulcada por quedas d´água mais longas que volumosas.

Um ou outro ponto teria dado fotografias enriquecedoras. Isto, caso conseguíssemos mexer os braços o suficiente para destacarmos as câmaras acima dos passageiros que nos apertavam.

Uma sucessão de bancas de recordações e relicário religioso, de restaurantes, casas de chá e outras repletas de essências, substâncias e produtos aconselhados pela medicina tradicional birmanesa confirmam-nos Upper Level.

Malgrado o nome do lugar, a epopeia não se ficaria por ali.

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Os Serviços Pesados mas Providenciais dos Carregadores do monte Kyaiktiyo

O Golden Rock hotel esperava-nos mais acima. Esse acima era de tal maneira íngreme que dava trabalho a uma tropa de carregadores. A maior parte dos passageiros confia-lhes a bagagem. Estes sherpas do Mon State colocam-na em cestos amplos e às costas.

Recompostos de um inevitável descair, suam as estopinhas e fazem ranger ossos para cumprir as entregas à porta dos hotéis dos visitantes.

Os carregadores transportam mais que apenas bagagem. Quando chegam à base da montanha devotos idosos, incapacitados, demasiado obesos ou fracos para se poderem fazer à rampa, cabe aos carregadores levá-los até ao topo em macas feitas de bambu.

Cumprimos o registo no hotel. Demoramo-nos o suficiente para largarmos as mochilas grandes de que não iríamos já precisar. Àquelas latitudes, o ocaso não tardaria. Agarramos nas do equipamento. Saímos disparados rampa acima.

Passamos entre as estátuas espelhadas de dois grandes leões dourados. Logo após, na entrada da Golden Rock, um novo desvio de fundos em modo “Foreigner” multiplicado, mancha a espiritualidade que pensávamos imaculada do lugar. Deparamo-nos não só com uma Foreigner Entrance Fee, mas também com uma Foreigner Camera Fee.

Sem tempo para nos frustrarmos, tiramos e arrumamos o calçado. Assim mesmo, de pé descalço budista, sobre a pedra dura e quente, entre monges que supomos devotos, investigamos o complexo.

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A Hora Mágica em que a Rocha Dourada mais Brilha

De um varandim privilegiado, assistimos ao lapso em que o sol alaranjou a orla de uma frente de nuvens, acima das montanhas. Essas nuvens altas, anularam a exuberância cromática que se esperava do pôr-do-sol. De acordo, concentramo-nos na subtileza crepuscular que se seguia.

Com o esvair da luz, o azul do firmamento intensifica-se. E rutila o ouro que envolvia a grande rocha, já da sua posição, inusitada.

Mesmo quase redonda, a uns 1.100 metros de altitude ventosos, a Golden Rock teima em resistir sobre a ponta de uma laje polida que se destaca de uma tal de crista Paung-Laung das montanhas de Eastern Yoma.

Rocha Dourada de Kyaikhtiyo, Budismo, Myanmar, BirmaniaEstamos na iminência da fronteira com a Tailândia de Mae Sot. Do lado de lá, o budismo em pouco difere do birmanês.

Coroa a Golden Rock o pequeno pagode de Kyaiktiyo (7.3 metros), também ele dourado. Em Bagan, mais a norte no Myanmar,  os crentes endinheirados mandam erguer grandes templos e estupas.

Já os que visitam Kyaiktiyo em peregrinação ajudam a manter o revestimento do conjunto ao desenrolarem e colarem na face daquele calhau espiritual pequenas folhas de ouro que compram na ladeira que precede a entrada.

Parte dessas folhas, cai sobre a laje. Fica a oscilar para cá e para lá, ao vento.

Algumas, permanecem coladas aos pés nus dos crentes, enquanto estes expressam a sua fé a sentirem e a abraçarem a superfície lustrosa da pedra, enquanto outros deixam oferendas de alimentos, de fruta e de incenso.

Rocha Dourada de Kyaikhtiyo, Budismo, Myanmar, BirmaniaDe onde admiramos os seus movimentos e o cair da noite, temos a sensação de que, pressionada pelos fiéis, a pedra poderia cair a qualquer momento. De acordo com a lenda, o que impede a gravidade de cumprir o seu papel é uma fina meda do cabelo de Buda.

A Lenda Budista que Há Muito Sustenta a Rocha Dourada

Como a Golden Rock ali foi parar tem explicação numa lenda intrincada. Narra que, em pleno século XI, o ascetismo puro de Taik Tha, um sacerdote eremita budista terá maravilhado Buda. Em jeito de recompensa, Buda ofereceu-lhe a tal meda de cabelo.

Ora, o eremita, por sua vez, ofereceu-a ao seu rei de então, Tissa, na condição que o consagrasse num pagode dedicado que deveria incluir uma pedra com a forma da cabeça de Taik Tha. O rei Tissa tentou por todos os meios.

Falhou na missão de encontrar uma pedra com o perfil adequado. Desesperado, implorou a ajuda de Thagyamin, o rei do céu da cosmologia budista.

Thagyamin tinha poderes sobrenaturais herdados do seu pai Zawgyi, um alquimista prodigioso, e da mãe, uma princesa Naga, que é como quem diz, um ser semi-divino, meio-humano, meio serpente que habita o submundo.

Thagyamin recorreu à sua força descomunal. Arrancou a pedra que Tissa buscava do fundo do oceano e empurrou-a sobre um barco, mar fora. Já em terra, colocou a pedra no lugar em que subsiste e a admirávamos.

De maneira a finalizar o seu trabalho sagrado, construiu o pequeno pagode no cimo da rocha em jeito de santuário do cabelo de Buda e para todo o sempre.

O termo mon kyaiktiyo por que é conhecido o santuário traduz-se, aliás, como pagode na cabeça de um eremita.

Com o tempo, esta cabeça de rocha tornou-se o terceiro lugar de peregrinação mais importante do Myanmar. Antecedem-no apenas o pagode de Shwedagon, em Rangum, e o de Mahamuni, situado a sudoeste de Mandalay, a segunda cidade do país.

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Mulheres Não Entram: uma Inusitada Determinação Budista

Por determinação secular do budismo, é proibida a entrada de mulheres no complexo. Esta interdição advém de outra. Segundo os preceitos de Buda, as mulheres não podem tocar nos monges, já que vivem sob voto de castidade.

Tendo em conta que a própria pedra emula a cabeça de um monge-eremita, estão de igual maneira proibidas de se aproximarem ou de tocarem na Golden Rock.

Ainda assim, as mulheres mais devotas cumprem a sua própria peregrinação ao lugar. Em vez de lhe tocarem, louvam a Golden Rock de alguma distância.

Vemo-las sentadas no exterior do derradeiro muro-vedação que isola a rocha. Rezam e acendem velas atrás de velas.

Rocha Dourada de Kyaikhtiyo, Budismo, Myanmar, BirmaniaA determinada altura, constatamos que o dourado dos seus muitos pequenos fogos rivaliza com o do calhau santuário ainda que, com a metamorfose do crepúsculo para a noite, os focos que nele incidem o dourem a dobrar.

Naquela noite, os crentes que adoravam a Golden Rock pouco mais eram que umas dezenas.

Todos os anos, durante o dia de Lua Cheia de Tabaung que calha em Março, são acesas em redor de 90.000 velas. Iluminada pelas 90.000 chamas correspondentes, a rocha brilha mais que nunca.

Nesse dia, acorrem ao Monte Kyaiktiyo várias centenas, até uns poucos milhares de fiéis budistas. O seu acesso à base da Golden Rock obedece a um controlo rigoroso. Mesmo assim, o ansiado contacto com o calhau de Buda é disputado até ao derradeiro centímetro.

Reza a lenda que os crentes budistas que completem os 13km da peregrinação a partir de Kinpun pelo menos três vezes num ano se veem prendados com prosperidade e reconhecimento da comunidade.

As possibilidades de agradarem a Buda não se ficam por aí. A mesma lenda que até então nos tinha ilustrado e justificado a razão de ser budista e equilibrista da Golden Rock, explica que, à chegada ao Monte Kyaiktiyo, o barco usado pelo rei celestial Thagyami se tornou pedra.

Os crentes budistas aproveitam para louvarem também essa pedra, situada a meros 300 metros da Golden Rock e baptizada de estupa de Kyaukthanban.

Por volta das seis da tarde, a Golden Rock começar a ceder ao breu nocturno. Só uns poucos fiéis mais resilientes prolongavam a adoração da pedra dourada.

Rocha Dourada de Kyaikhtiyo, Budismo, Myanmar, BirmaniaA longa peregrinação desde Rangum começava a impor-nos o devido cansaço. Nestes assuntos das energias mundanas, Buda pouco nos ajudaria. Recolhemos ao hotel. Tratamos de nos reavivar.

Yangon, Myanmar

A Grande Capital da Birmânia (Delírios da Junta Militar à Parte)

Em 2005, o governo ditatorial do Myanmar inaugurou uma nova capital bizarra e quase deserta. A vida exótica e cosmopolita mantém-se intacta, em Yangon, a maior e mais fascinante cidade birmanesa.
Lago Inlé, Myanmar

Uma Agradável Paragem Forçada

No segundo dos furos que temos durante um passeio em redor do lago Inlé, esperamos que nos tragam a bicicleta com o pneu remendado. Na loja de estrada que nos acolhe e ajuda, o dia-a-dia não pára.
Bagan, Myanmar

A Planície dos Pagodes, Templos e Redenções Celestiais

A religiosidade birmanesa sempre assentou num compromisso de redenção. Em Bagan, os crentes endinheirados e receosos continuam a erguer pagodes na esperança de conquistarem a benevolência dos deuses.
Ponte u-BeinMyanmar

O Crepúsculo da Ponte da Vida

Com 1.2 km, a ponte de madeira mais antiga e mais longa do mundo permite aos birmaneses de Amarapura viver o lago Taungthaman. Mas 160 anos após a sua construção, U Bein está no seu crepúsculo.
Chiang Mai, Tailândia

300 Wats de Energia Espiritual e Cultural

Os tailandeses chamam a cada templo budista wat e a sua capital do norte tem-nos em óbvia abundância. Entregue a sucessivos eventos realizados entre santuários, Chiang Mai nunca se chega a desligar.
Nara, Japão

O Berço Colossal do Budismo Nipónico

Nara deixou, há muito, de ser capital e o seu templo Todai-ji foi despromovido. Mas o Grande Salão mantém-se o maior edifício antigo de madeira do Mundo. E alberga o maior buda vairocana de bronze.
Miyajima, Japão

Xintoísmo e Budismo ao Sabor das Marés

Quem visita o tori de Itsukushima admira um dos três cenários mais reverenciados do Japão. Na ilha de Miyajima, a religiosidade nipónica confunde-se com a Natureza e renova-se com o fluir do Mar interior de Seto.
Lhasa, Tibete

Quando o Budismo se Cansa da Meditação

Nem só com silêncio e retiro espiritual se procura o Nirvana. No Mosteiro de Sera, os jovens monges aperfeiçoam o seu saber budista com acesos confrontos dialécticos e bateres de palmas crepitantes.
Nara, Japão

Budismo vs Modernismo: a Face Dupla de Nara

No século VIII d.C. Nara foi a capital nipónica. Durante 74 anos desse período, os imperadores ergueram templos e santuários em honra do Budismo, a religião recém-chegada do outro lado do Mar do Japão. Hoje, só esses mesmos monumentos, a espiritualidade secular e os parques repletos de veados protegem a cidade do inexorável cerco da urbanidade.
Monte Koya, Japão

A Meio Caminho do Nirvana

Segundo algumas doutrinas do budismo, são necessárias várias vidas para atingir a iluminação. O ramo shingon defende que se consegue numa só. A partir do Monte Koya, pode ser ainda mais fácil.
Lhasa, Tibete

Sera, o Mosteiro do Sagrado Debate

Em poucos lugares do mundo se usa um dialecto com tanta veemência como no mosteiro de Sera. Ali, centenas de monges travam, em tibetano, debates intensos e estridentes sobre os ensinamentos de Buda.
Quioto, Japão

O Templo de Quioto que Renasceu das Cinzas

O Pavilhão Dourado foi várias vezes poupado à destruição ao longo da história, incluindo a das bombas largadas pelos EUA mas não resistiu à perturbação mental de Hayashi Yoken. Quando o admirámos, luzia como nunca.
Bago, Myanmar

Viagem a Bago. E ao Reino Português de Pegu

Determinados e oportunistas, dois aventureiros portugueses tornaram-se reis do reino de Pegu. A sua dinastia só durou de 1600 a 1613. Ficou para a história.
Lago Inle, Myanmar

A Deslumbrante Birmânia Lacustre

Com uma área de 116km2, o Lago Inle é o segundo maior lago do Myanmar. É muito mais que isso. A diversidade étnica da sua população, a profusão de templos budistas e o exotismo da vida local, tornam-no um reduto incontornável do Sudeste Asiático.

Mandalay, Myanmar

Mandalay: o Cerne Cultural Birmanês

Mandada erguer, apenas em 1857, por um rei determinado a reinar da sua própria capital, Mandalay sucumbiu às bombas lançadas pelos japoneses na 2ª Guerra Mundial. Após a independência da Grã-Bretanha, a jovem cidade recuperou o seu lugar no sopé da colina homónima e na alma dos bramás.
Moradores percorrem o trilho que sulca plantações acima da UP4
Cidade
Gurué, Moçambique, Parte 1

Pelas Terras Moçambicanas do Chá

Os portugueses fundaram Gurué, no século XIX e, a partir de 1930, inundaram de camelia sinensis os sopés dos montes Namuli. Mais tarde, renomearam-na Vila Junqueiro, em honra do seu principal impulsionador. Com a independência de Moçambique e a guerra civil, a povoação regrediu. Continua a destacar-se pela imponência verdejante das suas montanhas e cenários teáceos.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
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O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Esteros del Iberá, Pantanal Argentina, Jacaré
Safari
Esteros del Iberá, Argentina

O Pantanal das Pampas

No mapa mundo, para sul do famoso pantanal brasileiro, surge uma região alagada pouco conhecida mas quase tão vasta e rica em biodiversidade. A expressão guarani Y berá define-a como “águas brilhantes”. O adjectivo ajusta-se a mais que à sua forte luminância.
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Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna 14º - Muktinath a Kagbeni, Nepal

Do Lado de Lá do Desfiladeiro

Após a travessia exigente de Thorong La, recuperamos na aldeia acolhedora de Muktinath. Na manhã seguinte, voltamos a descer. A caminho do antigo reino do Alto Mustang e da aldeia de Kagbeni que lhe serve de entrada.
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Arquitectura & Design
Lüderitz, Namibia

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O chanceler Bismarck sempre desdenhou as possessões ultramarinas. Contra a sua vontade e todas as probabilidades, em plena Corrida a África, o mercador Adolf Lüderitz forçou a Alemanha assumir um recanto inóspito do continente. A cidade homónima prosperou e preserva uma das heranças mais excêntricas do império germânico.
Aventura
Vulcões

Montanhas de Fogo

Rupturas mais ou menos proeminentes da crosta terrestre, os vulcões podem revelar-se tão exuberantes quanto caprichosos. Algumas das suas erupções são gentis, outras provam-se aniquiladoras.
Queima de preces, Festival de Ohitaki, templo de fushimi, quioto, japao
Cerimónias e Festividades
Quioto, Japão

Uma Fé Combustível

Durante a celebração xintoísta de Ohitaki são reunidas no templo de Fushimi preces inscritas em tabuínhas pelos fiéis nipónicos. Ali, enquanto é consumida por enormes fogueiras, a sua crença renova-se.
white pass yukon train, Skagway, Rota do ouro, Alasca, EUA
Cidades
Skagway, Alasca

Uma Variante da Febre do Ouro do Klondike

A última grande febre do ouro norte-americana passou há muito. Hoje em dia, centenas de cruzeiros despejam, todos os Verões, milhares de visitantes endinheirados nas ruas repletas de lojas de Skagway.
Comida
Mercados

Uma Economia de Mercado

A lei da oferta e da procura dita a sua proliferação. Genéricos ou específicos, cobertos ou a céu aberto, estes espaços dedicados à compra, à venda e à troca são expressões de vida e saúde financeira.
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Grande ZimbabuéZimbabué

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Nativos de etnia Karanga da aldeia KwaNemamwa exibem as danças tradicionais Bira aos visitantes privilegiados das ruínas do Grande Zimbabwe. o lugar mais emblemático do Zimbabwe, aquele que, decretada a independência da Rodésia colonial, inspirou o nome da nova e problemática nação.  
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O 4 de Julho Mais Longo

A independência dos Estados Unidos é festejada, em Seward, Alasca, de forma modesta. Mesmo assim, o 4 de Julho e a sua celebração parecem não ter fim.
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Promessa?
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Uma súbita ânsia por herança tropical indo-portuguesa faz-nos viajar em vários transportes mas quase sem paragens, de Lisboa à famosa praia de Anjuna. Só ali, a muito custo, conseguimos descansar.
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A maior parte das fotografias em viagem são tiradas com luz solar. A luz solar e a meteorologia formam uma interacção caprichosa. Saiba como a prever, detectar e usar no seu melhor.
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A Reserva dos Rinocerontes Garantidos

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Ainda Circula a Sério o Comboio Himalaia de Brincar

Nem o forte declive de alguns tramos nem a modernidade o detêm. De Siliguri, no sopé tropical da grande cordilheira asiática, a Darjeeling, já com os seus picos cimeiros à vista, o mais famoso dos Toy Trains indianos assegura há 117 anos, dia após dia, um árduo percurso de sonho. De viagem pela zona, subimos a bordo e deixamo-nos encantar.
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Na Companhia de Mayu

A noite japonesa é um negócio bilionário e multifacetado. Em Osaka, acolhe-nos uma anfitriã de couchsurfing enigmática, algures entre a gueixa e a acompanhante de luxo.
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Uma África Tão Selvagem Quanto Zulu

Na eminência do litoral de Moçambique, a província de KwaZulu-Natal abriga uma inesperada África do Sul. Praias desertas repletas de dunas, vastos pântanos estuarinos e colinas cobertas de nevoeiro preenchem esta terra selvagem também banhada pelo oceano Índico. Partilham-na os súbditos da sempre orgulhosa nação zulu e uma das faunas mais prolíficas e diversificadas do continente africano.
Mtshketa, Cidade Santa da Geórgia, Cáucaso, Catedral de Svetitskhoveli
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A Cidade Santa da Geórgia

Se Tbilissi é a capital contemporânea, Mtskheta foi a cidade que oficializou o Cristianismo no reino da Ibéria predecessor da Geórgia, e uma das que difundiu a religião pelo Cáucaso. Quem a visita, constata como, decorridos quase dois milénios, é o Cristianismo que lá rege a vida.
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Ultima Estação: Fim do Mundo

Até 1947, o Tren del Fin del Mundo fez incontáveis viagens para que os condenados do presídio de Ushuaia cortassem lenha. Hoje, os passageiros são outros mas nenhuma outra composição passa mais a Sul.
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Pachinko: o Vídeo – Vício Que Deprime o Japão

Começou como um brinquedo mas a apetência nipónica pelo lucro depressa transformou o pachinko numa obsessão nacional. Hoje, são 30 milhões os japoneses rendidos a estas máquinas de jogo alienantes.
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Longsheng, China

Huang Luo: a Aldeia Chinesa dos Cabelos mais Longos

Numa região multiétnica coberta de arrozais socalcados, as mulheres de Huang Luo renderam-se a uma mesma obsessão capilar. Deixam crescer os cabelos mais longos do mundo, anos a fio, até um comprimento médio de 170 a 200 cm. Por estranho que pareça, para os manterem belos e lustrosos, usam apenas água e arrôz.
Curieuse Island, Seychelles, tartarugas de Aldabra
Vida Selvagem
Île Felicité e Île Curieuse, Seychelles

De Leprosaria a Lar de Tartarugas Gigantes

A meio do século XVIII, continuava inabitada e ignorada pelos europeus. A expedição francesa do navio “La Curieuse” revelou-a e inspirou-lhe o baptismo. Os britânicos mantiveram-na uma colónia de leprosos até 1968. Hoje, a Île Curieuse acolhe centenas de tartarugas de Aldabra, o mais longevo animal terrestre.
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Voos Panorâmicos
Fiordland, Nova Zelândia

Os Fiordes dos Antipodas

Um capricho geológico fez da região de Fiordland a mais crua e imponente da Nova Zelândia. Ano após anos, muitos milhares de visitantes veneram o sub-domínio retalhado entre Te Anau e Milford Sound.