Malealea, Lesoto

A Vida no Reino Africano dos Céus


Cowboys basotho
Cavaleiros basotho a cavalo dos resistentes cavalos basuto com os chapéus e cobertores tradicionais da nação.
O Pastor
Tumelo Monare de olho no seu grande rebanho de ovelhas.
Celeiro da nação
Um dos muitos vales cerealíferos do Lesoto, nas imediações de Malealea.
Amigas de igual
Duas raparigas na escola da aldeia, com os uniformes coloridos usados por todos os alunos.
Trabalho meio feito
Monare, no cimo do vale do rio Makhaleng já com a sua pilha de lenha bem pesada.
VW Parking
VW Golf estacionado entre duas casas típicas de Malealea.
Escondidas fáceis
Crianças brincam no meio do milho que desponta nas imediações da sua escola.
Caminhada no Reino dos Céus
Moradora de Malealea percorre um trilho da povoação entre plantações de cereais.
Amigos de igual
Miúdos brincam junto a uma parede da escola com uma pintura legendada da bandeira do Lesoto.
A tempo do frio
Mulheres recolhem lenha no vale do rio Makhaleng com o fim de aquecerem mais uma noite frígida que se aproxima.
Maternidade Basoto
Mulher trabalha com o bebe bem preso às costas, à moda do sul de África.
O Lesoto é o único estado independente situado na íntegra acima dos mil metros. Também é um dos países no fundo do ranking mundial de desenvolvimento humano. O seu povo altivo resiste à modernidade e a todas as adversidades no cimo da Terra grandioso mas inóspito que lhe calhou.

O camião em que seguíamos já só subia desde a já longínqua fronteira de Maseru Bridge em que a nação sul-africana envolvente comunica com a capital do Lesoto e dá passagem aos seus domínios ainda mais elevados.

Quase 75km depois, a via asfaltada ramifica numa outra de terra mal e porcamente batida, repleta de pequenos calhaus, altos e baixos e crateras deixadas pelas chuvas de há uns tempos.

Uma placa branca com mensagem em inglês a vermelho alerta para o que aí vem: “mulheres apertem os vossos soutiens, homens coloquem as coquilhas. Apertem os cintos de segurança e tirem as dentaduras. A estrada que se aproxima é acidentada”.

O sol dá os últimos sinais da sua graça. Doura o vale amplo em redor, já de si amarelado pela farta cobertura cerealífera, feita de minifúndios rectangulares aqui e ali salpicados de lares térreos elementares. Tão bucólico e sedativo se revela o cenário que disfarça os solavancos cada vez mais bruscos.

Celeiro da nação, Malealea, Lesoto

Um dos muitos vales cerealíferos do Lesoto, nas imediações de Malealea.

Salva-nos a chegada já crepuscular a Malealea, a aldeia que ficara de nos receber.

O Acolhimento Providencial de Malealea

Algures entre 1900 e a 1ª Guerra Mundial, um inglês de nome Mervyn Smith resolveu lá estabelecer um pequeno entreposto comercial. Decorridos, oitenta e seis anos, o casal mosotho (do Lesoto) Mick e Di Jones, comprou o que dele restava e transformou-o numa pousada.

Por essa altura, não faziam ideia daquilo em que se estavam a meter. A estrada era bem pior que a de agora, recomendada apenas a veículos com tracção às quatro rodas e dos mais robustos. À imagem da sua pátria resiliente, enfrentaram as dificuldades com determinação e engenho.

Acabaram por se ver recompensados.

O Malealea Lodge é, hoje, um trunfo do reino. Acolhe visitantes de todo o mundo uns atrás dos outros. Por norma, por lá param apenas os interessados na África profunda, como é esta do Lesoto, mesmo se 80% do país fica acima dos 1800 metros e o seu ponto mais alto reside nos 3482m de Thebana Ntlenyana, a “Pequena e Bonita Montanha”, assim a trata o povo.

O Calor do Elevado Lesotho. Em Redor da Fogueira

O ocaso encerra o seu exibicionismo cromático e o dia esfria a grande ritmo. O lodge recebe-nos à volta da BOMA, acrónimo de British Officers Military Administration, com os tempos, adaptado à zona – por norma preparada para contar com uma fogueira – onde os hóspedes convivem ao final do dia.

Conotada com os tempos coloniais, a BOMA tornou-se um tema que divide as gerações seguintes, em especial as gentes que trabalham em lodges e outros alojamentos em que esta área assume um papel social incontornável. Mas o Malealea Lodge tinha mais com que se preocupar.

A começar com a integração dos habitantes carenciados da povoação e arredores no seu projecto turístico.

Sentamo-nos em frente ao fogo. Apreciamos o espectáculo a decorrer do outro lado das suaves labaredas. Primeiro, um grupo coral com vozes poderosas. Logo, uma banda que nos dá a conhecer temas tradicionais em tudo distintos tocados com instrumentos criados, à mão, pelos seus elementos: uma bateria de bidons, guitarras de pau e afins.

Além de nos surpreender e entreter, a sua exibição relembrou-nos como, com a devida predisposição mental, se consegue quase sempre fazer muito com pouco. Recebidas as boas-vindas naquele jeito de festival abreviado, recolhemos à rondavel que nos tinha sido atribuída, nos fundos florestados da propriedade.

Estávamos exaustos da longa viagem com origem nas montanhas sul-africanas de Drakensberg. Às nove da noite já a electricidade havia sido desligada. Tomamos duches rápidos à luz da vela e aterramos para um sono  mais longo que os anteriores.

Lesoto: as Dificuldades de um País Africano de Alta-Montanha

Acordamos ao nascer do sol com o habitual grasnar estridente dos íbis. Pouco depois, voltamos a ter electricidade, garantida por um gerador. O fornecimento nacional está longe de chegar àquelas paragens semi-esquecidas, só mais uma das vulnerabilidades do Lesoto.

Por irónico que pareça, o país obtém grande parte das suas receitas dos cerca de 240.000 carates de diamantes anuais extraídos de quatro minas e com a água que exporta para a ressequida África do Sul, canalizada do ambicioso Lesotho Highlands Water Project. Têm-se provado manifestamente parcas.

Cerca de 40% da população do país vive abaixo da Linha Internacional de Pobreza de 1.25 dólares americanos diários. A maior parte dos lares sobrevive com base na agricultura de subsistência. Alguns deles, conseguem mais que subsistir apenas e só graças ao dinheiro remitido às famílias pelos emigrantes na África do Sul e noutras paragens.

Como se não bastasse a penúria, o Lesoto foi ainda tolhido pela praga HIV/SIDA. Por volta de 2010, o país tinha uma prevalência de em redor de 24% dos seus habitantes. Em certas áreas urbanas, cerca de metade das mulheres foram infectadas.

Mulher, Malealea, Lesoto

Moradora de Malealea percorre um trilho da povoação entre plantações de cereais.

De acordo, a esperança de vida oficial do Lesoto é, ainda hoje, de pouco mais de quarenta anos.

O flagelo do HIV/SIDA levou a visitas de Bill Clinton e de Bill Gates, em 2006. Através do apoio das suas fundações, ambos conseguiram uma ligeira melhoria nas estatísticas.

Ainda assim, a catástrofe está longe de ser resolvida.

Mulher basoto, Malealea, Lesoto

Monare, no cimo do vale do rio Makhaleng já com a sua pilha de lenha bem pesada.

Malealea: uma Comunidade com Muito de Tribal

No campo montanhoso em redor de Malealea quase não nos apercebemos da sua latente expressão mas constatamos outras das provações porque os nativos passam. Deixamos o lodge com o sol a regressar, tímido, àquelas alturas rugosas. Em redor, quase todas as casas foram erguidas em pedra e argila seca.

Têm como telhados ora coberturas de palhota, ora folhas finas de zinco, em qualquer dos casos, pressionadas por grandes calhaus que as preparam para os dias mais invernosos, em que vento furioso sopra Lesoto acima. Grandes cactos são usados como limitadores das propriedades e até das ruas.

Entre os lares e estes cactos, vagueiam porcos e cães domésticos. Para nosso espanto, no meio de duas casas, uma rectangular, outra ogival e ocres como o solo que as sustenta, repousa um Volkswagen Golf azul-escuro, já velhinho, igual ao que conduzimos em Lisboa, aquele, ali, supomos que fruto de muitos anos de trabalho expatriado.

VW Parking, Malealea, Lesoto

VW Golf estacionado entre duas casas típicas de Malealea.

Logo ao lado, à porta do seu pequeno domicílio igualmente argiloso, Regina lava roupa num pequeno alguidar verde.

Miriam, com apenas nove meses, contempla-nos embrulhada num babygrow cor-de-rosa e, em parte, na saia em que a mãe a mantém às costas, à boa moda africana.

Malealea, Lesoto, Mãe e bébe

Mulher trabalha com o bebe bem preso às costas, à moda do sul de África.

Lesoto e os Seus Ágeis Cavaleiros sob os Chapéus e Cobertores da Nação

Continuamos a deambular pela povoação. Mal deixamos o fulcro habitacional, encontramos os milheirais fartos que alimentam a aldeia. Dois ou três jovens conduzem vacas no sentido contrário e um outro ultrapassa-nos a galope de um dos cavalos basuto ágeis da nação.

O Lesoto é um país de cavaleiros. Numa altura em que os Zulus e os primeiros colonos holandeses da zona (Voortrekkers) se confrontavam, o seu território actual acabou por receber cavalos da Cidade do Cabo como despojos de guerra. Esses cavalos tinham sido trazidos pela Companhia Holandesa das Índias Orientais.

Foram cruzados com outros equídeos árabes ou persas. Os mantidos na Cidade do Cabo tornaram-se maiores e seriam considerados de superior qualidade. Banidos deste aperfeiçoamento genético e forçados a longas montadas em terrenos difíceis, os Basuto são, ainda hoje, menores mas mais resistentes e corajosos.

Os homens basotho sabem que podem contar com eles até no pino do Inverno, quando as temperaturas chegam aos -20º, e as montanhas e os trilhos ficam cobertos de neve e gelo.

Então, mas não só, os cavaleiros montam os seus cavalos sob os chapéus cónicos e icónicos mokorotlo que têm lugar no centro da bandeira nacional.

Cowboys basotho, Malealea, Lesoto

Cavaleiros basotho a cavalo dos resistentes cavalos basuto com os chapéus e cobertores tradicionais da nação.

Fazem-no embrulhados nos não menos emblemáticos cobertores seanamarena. Estes cobertores foram introduzidos nas terras altas do Lesoto por mercadores britânicos.

Os nativos adaptaram-nos. Nos dias que correm, os também são usados na produção de cerveja tradicional e como presentes dados pelos noivos à família das noivas.

Quando uma mulher fica grávida, aninha-se num cobertor, como forma de simbolizar a vida que gesta.

Com o tempo, os cobertores tornaram-se de tal forma significativos que os seus novos designs têm que ser autorizados pela família real que tomou conta da antiga Basutolândia após a independência da Grã-Bretanha, em 1966.

Aprendizagem Uniforme, numa Escola Sofrível

Passamos por uma escola frequentada por dezenas de jovens da nação, estes vestidos de uniformes que combinam pulôveres vermelhos com calções e saias ora vermelhas mais claras, ora amarelas.

Alunas, Malealea, Lesoto

Duas raparigas na escola da aldeia, com os uniformes coloridos usados por todos os alunos.

Está na hora do recreio. A nossa presença concentra as atenções.

Ainda assim, com excepção pela atracção pelas máquinas fotográficas e pelos retratos que produzimos, vários dos miúdos altivos optam por não interromper as brincadeiras com que se entretinham, alguns junto a uma pintura legendada da bandeira do Lesotho: “Azul para chuva; branco para paz e verde para prosperidade”.

Alunos de igual, Malealea, Lesoto

Miúdos brincam junto a uma parede da escola com uma pintura legendada da bandeira do Lesoto.

Espreitamos uma das salas de aula vazias e comprovamos uma vez mais, pela precariedade e pela sujidade acumulada no chão, como o último dos princípios continua por conquistar.

À saída, cruzamo-nos com a professora Benedicta que veste um casaco de cabedal negro e segura uma mala também de couro, dourada.

Não conseguimos evitar que a discrepância entre as suas vestes aprimoradas e, pelo menos, a falta de limpeza das salas de aula, nos perturbe.

Caminhada em Redor de Malealea e do rio Makhaleng

Da escola, descemos em direcção ao vale semi-ressequido do rio Makhaleng, atrás de um grupo de forasteiros a cavalo de basutos. Contornamos os meandros do rio, entre mais milheirais e campos de milho-miúdo e de outros dos cereais silvestres que por ali proliferavam.

Alunos milheiral, Malealea, Lesoto

Crianças brincam no meio do milho que desponta nas imediações da sua escola.

Os cenários preservam-se dourados durante as três horas que caminhamos por caminhos também de cabras, até chegarmos a Botsoela, uma queda d’água com caudal gélido em que nos refrescamos.

Reemergimos das profundezas do vale para a orla de Malealea com o sol uma mais vez a abandonar aquelas alturas. Várias mulheres recolhem lenha para aquecer a noite que se anuncia.

Um rapazito de uns seis ou sete anos vê-se aflito para acartar um tronco quase tão pesado como ele encosta acima.

A tempo do frio

Mulheres recolhem lenha no vale do rio Makhaleng com o fim de aquecerem mais uma noite frígida que se aproxima.

Conscientes de quanto importava a ajuda que prestava à mãe, resolvemos compensar a sua pequenez. A senhora agradece. Acabamos por nos fotografar com eles junto à pilha de galhos e troncos que ali haviam reunido.

Algumas lajes de granito acima, encontramos Tumelo Monare, embrulhado num cobertor garrido mas de gorro em vez de chapéu mokorotlo.

O jovem pastor apascentava o seu rebanho de ovelhas. “Isto é um rebanho a sério.” elogiamo-lo. “Quantas são?” perguntamos-lhe. “Tumelo responde-nos sem hesitar: “São 157!” “Cento e cinquenta e sete ovelhas fazem um rico rebanho!” retorquimos ainda em modo de cumprimento.

O pastor estava consciente da prosperidade que ali guardava. Devolve-nos um sorriso orgulhoso.

O Pastor, Malealea, Lesoto

Tumelo Monare de olho no seu grande rebanho de ovelhas.

Já informados de com quanto por dia sobrevivia uma boa parte da população basotho, ficamos a contemplar as cento e tal ovelhas como a verdadeira fortuna lanzuda e que representavam.

Table Mountain, África do Sul

À Mesa do Adamastor

Dos tempos primordiais das Descobertas à actualidade, a Montanha da Mesa sempre se destacou acima da imensidão sul-africana e dos oceanos em redor. Os séculos passaram e a Cidade do Cabo expandiu-se a seus pés. Tanto os capetonians como os forasteiros de visita se habituaram a contemplar, a ascender e a venerar esta meseta imponente e mítica.
Circuito Annapurna: 1º - Pokhara a ChameNepal

Por Fim, a Caminho

Depois de vários dias de preparação em Pokhara, partimos em direcção aos Himalaias. O percurso pedestre só o começamos em Chame, a 2670 metros de altitude, com os picos nevados da cordilheira Annapurna já à vista. Até lá, completamos um doloroso mas necessário preâmbulo rodoviário pela sua base subtropical.
Graaf-Reinet, África do Sul

Uma Lança Bóer na África do Sul

Nos primeiros tempos coloniais, os exploradores e colonos holandeses tinham pavor do Karoo, uma região de grande calor, grande frio, grandes inundações e grandes secas. Até que a Companhia Holandesa das Índias Orientais lá fundou Graaf-Reinet. De então para cá, a quarta cidade mais antiga da nação arco-íris prosperou numa encruzilhada fascinante da sua história.
Cabo da Boa Esperança - Cape of Good Hope NP, África do Sul

À Beira do Velho Fim do Mundo

Chegamos onde a grande África cedia aos domínios do “Mostrengo” Adamastor e os navegadores portugueses tremiam como varas. Ali, onde a Terra estava, afinal, longe de acabar, a esperança dos marinheiros em dobrar o tenebroso Cabo era desafiada pelas mesmas tormentas que lá continuam a grassar.
Santa Lucia, África do Sul

Uma África Tão Selvagem Quanto Zulu

Na eminência do litoral de Moçambique, a província de KwaZulu-Natal abriga uma inesperada África do Sul. Praias desertas repletas de dunas, vastos pântanos estuarinos e colinas cobertas de nevoeiro preenchem esta terra selvagem também banhada pelo oceano Índico. Partilham-na os súbditos da sempre orgulhosa nação zulu e uma das faunas mais prolíficas e diversificadas do continente africano.
Grande Zimbabwe

Grande Zimbabué, Mistério sem Fim

Entre os séculos XI e XIV, povos Bantu ergueram aquela que se tornou a maior cidade medieval da África sub-saariana. De 1500 em diante, à passagem dos primeiros exploradores portugueses chegados de Moçambique, a cidade estava já em declínio. As suas ruínas que inspiraram o nome da actual nação zimbabweana encerram inúmeras questões por responder.  
Harare, Zimbabwe

O Último Estertor do Surreal Mugabué

Em 2015, a primeira-dama do Zimbabué Grace Mugabe afirmou que o presidente, então com 91 anos, governaria até aos 100, numa cadeira-de-rodas especial. Pouco depois, começou a insinuar-se à sua sucessão. Mas, nos últimos dias, os generais precipitaram, por fim, a remoção de Robert Mugabe que substituiram pelo antigo vice-presidente Emmerson Mnangagwa.
Grande ZimbabuéZimbabué

Grande Zimbabwe, Pequena Dança Bira

Nativos de etnia Karanga da aldeia KwaNemamwa exibem as danças tradicionais Bira aos visitantes privilegiados das ruínas do Grande Zimbabwe. o lugar mais emblemático do Zimbabwe, aquele que, decretada a independência da Rodésia colonial, inspirou o nome da nova e problemática nação.  
PN Hwange, Zimbabwé

O Legado do Saudoso Leão Cecil

No dia 1 de Julho de 2015, Walter Palmer, um dentista e caçador de trofeus do Minnesota matou Cecil, o leão mais famoso do Zimbabué. O abate gerou uma onda viral de indignação. Como constatamos no PN Hwange, quase dois anos volvidos, os descendentes de Cecil prosperam.
Victoria Falls, Zimbabwe

O Presente Trovejante de Livingstone

O explorador procurava uma rota para o Índico quando nativos o conduziram a um salto do rio Zambeze. As cataratas que encontrou eram tão majestosas que decidiu baptizá-las em honra da sua rainha
Ilha do Ibo a Ilha QuirimbaMoçambique

Ibo a Quirimba ao Sabor da Maré

Há séculos que os nativos viajam mangal adentro e afora entre a ilha do Ibo e a de Quirimba, no tempo que lhes concede a ida-e-volta avassaladora do oceano Índico. À descoberta da região, intrigados pela excentricidade do percurso, seguimos-lhe os passos anfíbios.
Bazaruto, Moçambique

A Miragem Invertida de Moçambique

A apenas 30km da costa leste africana, um erg improvável mas imponente desponta do mar translúcido. Bazaruto abriga paisagens e gentes que há muito vivem à parte. Quem desembarca nesta ilha arenosa exuberante depressa se vê numa tempestade de espanto.
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Pelas Terras Moçambicanas do Chá

Os portugueses fundaram Gurué, no século XIX e, a partir de 1930, inundaram de camelia sinensis os sopés dos montes Namuli. Mais tarde, renomearam-na Vila Junqueiro, em honra do seu principal impulsionador. Com a independência de Moçambique e a guerra civil, a povoação regrediu. Continua a destacar-se pela imponência verdejante das suas montanhas e cenários teáceos.
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Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
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A Reanimação Prodigiosa do PN Liwonde

Durante largo tempo, a incúria generalizada e o alastrar da caça furtiva vitimaram esta reserva animal. Em 2015, a African Parks entrou em cena. Em pouco tempo, também beneficiário da água abundante do lago Malombe e do rio Chire, o Parque Nacional Liwonde tornou-se um dos mais vivos e exuberantes do Malawi.
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Marpha e o Fim Antecipado do Circuito

Contados treze dias de caminhada desde a já longínqua Chame, chegamos a Marpha. Abrigada no sopé de uma encosta, na iminência do rio Gandaki, Marpha revela-se a derradeira povoação preservada e encantadora do percurso. O excesso de obras ao longo da via F042 que nos levaria de volta a Pokhara, faz-nos encurtar a segunda parte do Circuito Annapurna.
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Lençois da Bahia: nem os Diamantes São Eternos

No século XIX, Lençóis tornou-se na maior fornecedora mundial de diamantes. Mas o comércio das gemas não durou o que se esperava. Hoje, a arquitectura colonial que herdou é o seu bem mais precioso.
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Rupturas mais ou menos proeminentes da crosta terrestre, os vulcões podem revelar-se tão exuberantes quanto caprichosos. Algumas das suas erupções são gentis, outras provam-se aniquiladoras.
auto flagelacao, paixao de cristo, filipinas
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Nenhuma nação em redor é católica mas muitos filipinos não se deixam intimidar. Na Semana Santa, entregam-se à crença herdada dos colonos espanhóis.A auto-flagelação torna-se uma prova sangrenta de fé
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À Conquista da Cidade Vittoriosa

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São mais de 5 milhões as caixas luminosas ultra-tecnológicas espalhadas pelo país e muitas mais latas e garrafas exuberantes de bebidas apelativas. Há muito que os japoneses deixaram de lhes resistir.
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Está-nos nos genes. Pelo prazer de participar, por títulos, honra ou dinheiro, as competições dão sentido ao Mundo. Umas são mais excêntricas que outras.
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Conseguir voos baratos tornou-se quase uma ciência. Fique a par dos princípios porque se rege o mercado das tarifas aéreas e evite o desconforto financeiro de comprar em má hora.
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Jipe percorre uma estrada ladeada de cactos-de-punhal
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O Cimo Espinhoso de Bonaire

O PN Washington Slagbaai ocupa uma vastidão rugosa, repleta de cactos, no extremo noroeste de Bonaire. Em tempos esclavagistas, os holandeses usaram-na como sua principal base produtiva, geradora de sal, de carne de cabra, madeira e outros. No final da década de 70, de maneira a proteger os seus biomas e cenários únicos, declararam-na santuário natural.
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Em 1600, Ieyasu Tokugawa inaugurou um xogunato que uniu o Japão por 250 anos. Em sua homenagem, Nikko re-encena, todos os anos, a transladação medieval do general para o mausoléu faustoso de Toshogu.
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Não é só Chania, a pólis secular, repleta de história mediterrânica, no extremo nordeste de Creta que deslumbra. Refrescam-na e aos seus moradores e visitantes, Balos, Stavros e Seitan, três dos mais exuberantes litorais da Grécia.

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Foi uma capital pródiga quando Moscovo não passava de um lugarejo rural. Pelo caminho, perdeu relevância política mas acumulou a maior concentração de igrejas, mosteiros e conventos do país dos czares. Hoje, sob as suas incontáveis cúpulas, Suzdal é tão ortodoxa quanto monumental.
white pass yukon train, Skagway, Rota do ouro, Alasca, EUA
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A última grande febre do ouro norte-americana passou há muito. Hoje em dia, centenas de cruzeiros despejam, todos os Verões, milhares de visitantes endinheirados nas ruas repletas de lojas de Skagway.
Bufalos, ilha do Marajo, Brasil, búfalos da polícia de Soure
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Uma embarcação que transportava búfalos da Índia terá naufragado na foz do rio Amazonas. Hoje, a ilha de Marajó que os acolheu tem uma das maiores manadas do mundo e o Brasil já não passa sem estes bovídeos.
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Enxame, Moçambique

Área de Serviço à Moda Moçambicana

Repete-se em quase todas as paragens em povoações de Moçambique dignas de aparecer nos mapas. O machimbombo (autocarro) detém-se e é cercado por uma multidão de empresários ansiosos. Os produtos oferecidos podem ser universais como água ou bolachas ou típicos da zona. Nesta região a uns quilómetros de Nampula, as vendas de fruta eram sucediam-se, sempre bastante intensas.
Esteros del Iberá, Pantanal Argentina, Jacaré
Vida Selvagem
Esteros del Iberá, Argentina

O Pantanal das Pampas

No mapa mundo, para sul do famoso pantanal brasileiro, surge uma região alagada pouco conhecida mas quase tão vasta e rica em biodiversidade. A expressão guarani Y berá define-a como “águas brilhantes”. O adjectivo ajusta-se a mais que à sua forte luminância.
Passageiros, voos panorâmico-Alpes do sul, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Aoraki Monte Cook, Nova Zelândia

A Conquista Aeronáutica dos Alpes do Sul

Em 1955, o piloto Harry Wigley criou um sistema de descolagem e aterragem sobre asfalto ou neve. Desde então, a sua empresa revela, a partir do ar, alguns dos cenários mais grandiosos da Oceania.