Circuito Annapurna 15º - Kagbeni, Nepal

Às Portas do ex-Reino do Alto Mustang


A Ponte Possível
Caminhante atravessa o rio Kali Gandaki por uma ponte improvisada.
Tarefas do Dia
Moradora junto de chafariz improvisado
Direcções de Mustang
Placa fornece direcções aos caminhantes e condutores da região do Mustang
Kagbeni e Sangdachhe Himal
Panorâmica de Kagbeni com a montanha Sangdachhe Himal em fundo, Circuito Annapurna
A Grande Gompa de Kagbeni
A gompa Kag Chode Thupten Samphel Ling na na base das montanhas que envolvem Kagbeni, Circuito Annapurna.
Jovem Budista
Jovem aluno lê sob o sol da região do Mustang, Nepal
O duo “Dragon Hotel”
Empregados do "Dragon Hotel" de Kagbeni.
Ritual
Fiel faz girar rocas budistas da gompa Kag Chode Thupten Samphel Ling, Kagbeni
Budismo ao Sol
Alunos estudam num terraço do mosteiro Kag Chode Thupten Samphel Ling, Kagbeni
Mãe e Filhos
Mãe e filhos na loja de Kagbeni da família, Mustang
Fiel Budista
Fiel em frente à gompa A gompa Kag Chode Thupten Samphel Ling.
Mosteiro no Desfiladeiro
A gompa Kag Chode Thupten Samphel Ling acima do desfiladeiro do rio Kali Gandaki.
Iaques
Iaques num curral de Kagbeni, Mustang, Nepal
Kag Chode Thupten Samphel Ling
Edifício mais recente anexo à gompa Kag Chode Thupten Samphel Ling, Kagbeni
Formas de Kagbeni
Edifícios de Kagbeni, Circuito Annapurna, Nepal
Pasto para Iaques
Moradora de Kagbeni com forragem, Circuito Annapurna
Habitante Felpudo
Ovelha a uma porta de Kagbeni, Mustang, Circuito Annapurna
Ao Sol
Jovem moradora passa por uma rua parcialmente iluminada de Kagbeni, Circuito Annapurna
Cimos de Kagbeni
Cimo do edifício mais recente do mosteiro Kag Chode Thupten Samphel Ling, Kagabeni
A Parte Moderna do Mosteiro
O edifício mais recente complementar da gompa Kag Chode Thupten Samphel Ling, Kagbeni
A Ponte Possível
Caminhante atravessa o rio Kali Gandaki por uma ponte improvisada.
Tarefas do Dia
Moradora junto de chafariz improvisado
Direcções de Mustang
Placa fornece direcções aos caminhantes e condutores da região do Mustang
Kagbeni e Sangdachhe Himal
Panorâmica de Kagbeni com a montanha Sangdachhe Himal em fundo, Circuito Annapurna
Antes do século XII, Kagbeni já era uma encruzilhada de rotas comerciais na confluência de dois rios e duas cordilheiras em que os reis medievais cobravam impostos. Hoje, integra o famoso Circuito dos Annapurnas. Quando lá chegam, os caminhantes sabem que, mais acima, se esconde um domínio que, até 1992, proibia a entrada de forasteiros.

Sobre a 1h30 da tarde, vencemos o derradeiro meandro da estrada Muktinath Sadak.

Por muito que nos tentássemos abstrair, voltarmos a carregar as mochilas com o seu peso máximo sobre as costas.

O facto de termos cumprido boa parte do caminho a descer e sobre asfalto, gera um desgaste inesperado que parecia redobrar uma fome já intensa.

Entre nós, alguém tinha retido a informação de uma boa pousada, em Kagbeni.

Placa fornece direcções aos caminhantes e condutores da região do Mustang

Placa fornece direcções aos caminhantes e condutores da região do Mustang

Encontramo-la acima da povoação, com vista privilegiada sobre uma vastidão de arrozais verdejantes, o casario secular e o vale fluvial adiante. Chamava-se “Dragon Hotel”.

O Acolhimento Providencial do “Dragon Hotel”

Os quartos parecem-nos bem, não que alguma vez tivéssemos sido exigentes, como, até então, o tínhamos sido com os banhos. O casal ao serviço promete-nos que os duches funcionam com água quente e bem.

Afiança-nos que, esses, eram problemas lá das terras mais altas dos Annapurnas. Kagbeni era maior, menos elevada e, sobretudo naquela altura do ano, as canalizações não gelavam, como até poderia acontecer no Inverno. Por si só, a explicação soa-nos a alívio.

Falham, no entanto, em perceber a urgência do almoço. Em vez de o apressarem, contam-nos mais sobre o alojamento. “… este hotel foi construído por um nepalês de cá que trabalhou quinze anos no Japão, na Toyota de Nagoya. Quando voltou, aplicou quase tudo o que tinha ganho na sua construção, em pedra e cimento, nada de madeira!”

Nós, a Sara, o Manel e o Josh partilhávamos o mesmo tipo de apetite voraz. Sem sequer o combinarmos, sentamo-nos à mesa sem que os donos nos tivessem chamado.

Tagarelamos a forte ritmo, sobre tudo um pouco, incluindo a partida da Sara e do Manel que tinham voo internacional de Kathmandu daí a dois dias e que, como tal, deviam chegar a Jomson o quanto antes, para, de lá, apanharem o autocarro para Pokhara.

Mais de uma hora de cavaqueira após termos feito o pedido, por fim, o casal do “Dragon Hotel” traz a comida para a mesa. Pelo que víamos, tinha valido a espera.

Empregados do "Dragon Hotel" de Kagbeni.

Empregados do “Dragon Hotel” de Kagbeni.

Noutra situação, os hambúrgueres vegetarianos com batatas caseiras fritas poderiam provar-se coisa pouca. Ali, depois de quase quinze dias a comermos os mesmos pratos elementares, souberam-nos a recompensa.

Findo o repasto, despedimo-nos da Sara e do Manel, já sob uma chuvada e trovoada que lhes atormentou a viagem para Jomson e com que não estávamos a contar.

A tormenta também furta a Kagbeni o seu abastecimento de electricidade. Pelas quatro da tarde, confrontados com uma bátega e um escurecer antecipado pelas nuvens carregadas, decidimos adiarmos a descoberta de Kagbeni.

Beneficiava-nos o facto de podermos estender o Circuito dos Annapurnas tanto quanto quiséssemos.

Deitamo-nos cedo.

Périplo pof Kagbeni, com Veneração da Sua Gompa Secular

Despertamos às seis e meia. Três quartos de hora depois, já descíamos para o centro da povoação.

Kagbeni revela-se diminuta, mas labiríntica.

Desenvolveu-se em volta do cerne religioso da gompa (mosteiro tibetano) Kag Chode Thupten Samphel Ling, fundado, em 1429, por Tenpai Gyaltsen, um erudito do clã Xáquia a que pertenceu também Siddharta Gautama, o “grande sábio dos xáquias”, mais conhecido por Buda.

A gompa Kag Chode Thupten Samphel Ling na na base das montanhas que envolvem Kagbeni, Circuito Annapurna.

A gompa Kag Chode Thupten Samphel Ling na na base das montanhas que envolvem Kagbeni, Circuito Annapurna.

Encontramos o edifício original da gompa num quase cubo de tom de tijolo, imposto ao sopé de uma encosta íngreme e terrosa, com a companhia de uma edificação mais moderna.

Segundo explica uma publicação local, o longo nome Kag Chode Thupten Samphel Ling tem como significado “mosteiro do lugar para parar e desenvolver concentração nos ensinamentos do senhor Buda.”

Ora, até meio do século XVIII, o mosteiro acolhia cerca de cem monges budistas provenientes de doze aldeias circundantes.

Cruzamo-nos com uns poucos, cinco ou seis, em vaivéns entre um edifício e o outro, sendo que, no secundário, mantinham tarefas de responsabilidade.

Jovem aluno lê sob o sol da região do Mustang, Nepal

Jovem aluno lê sob o sol da região do Mustang, Nepal

Começamos por espreitar a gompa.

Sumptuosa, de atmosfera lúgubre apenas iluminada pela janela solitária na sua fachada e por uma série de velas.

Desse breu, sobre o altar do templo, destacam-se as estátuas de bronze de Buda, ladeado pelos seus discípulos Sariputra, Maudgalanya e por outras divindades.

Depressa descobrimos dezenas de jovens alunos submetidos à tarefa aturada em que se traduz o nome do mosteiro.

A maior parte, numa sala de aula com janelas abertas ao exterior.

Alunos estudam num terraço do mosteiro Kag Chode Thupten Samphel Ling, Kagbeni

Alunos estudam num terraço do mosteiro Kag Chode Thupten Samphel Ling, Kagbeni

Uns poucos, a estudarem num terraço solarengo, sobre tapetes, com uma vista desafogada em redor culminada pelo pico da montanha Sangdachhe Himal (6.403m), uma das intermédias do Nepal.

O Labirinto de Pedra e Barro de Kagbeni

Contada mais de uma hora no mosteiro, partimos para as ruas e ruelas em que se multiplicou Kagbeni, na sua zona mais antiga, entre lares antigos feitos de madeira e barro seco, reforçado por secções fulcrais de pedra.

Terraços e estandartes budistas de casas tradicionais de Kagbeni

Terraços e estandartes budistas de casas tradicionais de Kagbeni

Dos cimos de muitos destes lares ondulam ao vento estandartes budistas, alguns brancos, outros, multicolores.

Quase todos, junto a pilhas de lenha providenciais.

Cruzamo-nos com alguns dos cerca de seiscentos moradores da povoação, entregues ao seu dia-a-dia.

Uma mulher prestes a entrar num curral, carrega um fardo de erva seca.

Moradora de Kagbeni com forragem, Circuito Annapurna

Moradora de Kagbeni com forragem, Circuito Annapurna

Outra, lava algo num chafariz próximo da sua casa.

Um grupo menos atarefado põe a conversa em dia, com a bênção do totem local da fertilidade feminina, moldada em barro, de olhos e seios bem esbugalhados.

Mulheres conversas próximo de um totem da feminidade de Kagbeni.

Mulheres conversas próximo de um totem da feminidade de Kagbeni.

Cruzamo-nos com ovelhas deambulantes.

Umas ruelas depois, com uma mulher que fala ao telefone junto ao totem oposto, o da fertilidade masculina, representado por um guerreiro de espada e pénis hirtos.

Mulher de Kagbeni conversa ao telefone com um totem da masculinidade em fundo

Mulher de Kagbeni conversa ao telefone com um totem da masculinidade em fundo

Nos arredores, sem surpresa, deambulam iaques.

Kagbeni tem, inclusive, um tal de hotel Yac Donalds tornado famoso pela colagem não só ao nome, como à identidade gráfica da marca de fast junk food.

Há Séculos na Confluência do rio Gandaki com o Kali

Na região, Kagbeni também é tratada por “ghaak”, o termo para uma junção apertada.

Na sua íntegra, o nome oficial de Kagbeni resume a confluência do rio Kali (ka) com o Gandaki (g..a), ambos provenientes de terras mais altas e sagrados, tanto para Budistas como para Hindus.

Kagbeni ter-se-á desenvolvido, de início, assente na sua função primordial de taxação monárquica das caravanas de sal que circulavam entre o Tibete, a Índia, Manang e Dolpa, no oeste do Nepal.

Mais tarde, também como escala do caminho peregrino para o templo de Muktinath por que tínhamos passado no dia anterior.

Os habitantes da povoação original, bem mais antiga, mudaram-se já por duas vezes, dizem os anciãos que, em ambos os casos, devido a acontecimentos e actividades paranormais que só tiveram término quando, por fim, se instalaram no lugar actual.

Mãe e filhos na loja de Kagbeni da família, Mustang

Mãe e filhos na loja de Kagbeni da família, Mustang

Monções Descontroladas e Enxurradas Devastadoras

Distintos fenómenos, desta feita naturais, voltaram a apoquentar as suas gentes.

Em Agosto de 2023, em plena época de monção, o afluente Kag do rio Gandaki transbordou das chuvas copiosas que caíram dias a fio.

A enxurrada fez desaparecerem oito edifícios.

Edifícios de Kagbeni, Circuito Annapurna, Nepal

Edifícios de Kagbeni, Circuito Annapurna, Nepal

No total, dezanove ficaram seriamente destruídos, num dano para Kagbeni que se considera irreparável.

E, no entanto, quando por lá andámos, em Março, até mesmo o grande Gandaki que se agiganta durante o degelo e as monções, parecia um qualquer riacho a sulcar um mar de seixos e brita.

Rio Kali Gandaki, diminuído pela época seca já avançada

Rio Gandaki, diminuído pela época seca já avançada

A determinada altura, resolvemos descer para o leito do rio nas traseiras da povoação.

Uma ponte mal-arranjada de sacos de areia, troncos e tábuas permitia vencer os dois braços por que o caudal principal se dividia.

Cruzamo-los, para cá e para lá.

O suficiente para admirarmos o casario e o mosteiro que o encerrava no fundo do desfiladeiro, agora, com muito mais da montanha Sangdachhe Himal visível.

Panorâmica de Kagbeni com a montanha Sangdachhe Himal em fundo, Circuito Annapurna

Panorâmica de Kagbeni com a montanha Sangdachhe Himal em fundo, Circuito Annapurna

A espaços, um ou outro morador da região passava por nós, apontado a Kagbeni.

O Limiar Proibitivo (pelo preço) do ex-Reino do Alto Mustang

Satisfeitos com o panorama, mudamo-nos para a margem esquerda do rio, aquela em que instalou o povoado.

Damos com um novo caminho no limiar de Kagbeni e com um sinal negro, com letras amarelas que sustentava um “aviso importante”.

Dali em diante, estaríamos a entrar numa área restrita do Alto Mustang.

Cartaz anuncia as regras de acesso ao ex-Reino do Alto Mustang

Cartaz anuncia as regras de acesso ao ex-Reino do Alto Mustang

As autoridades concediam excepção e passagem a três lugares, todos pouco distantes.

O acesso para além destes pontos, carecia de uma autorização especial. Segundo havíamos apurado, com um custo de 500 usd, por pessoa, para dez dias.

Exorbitante, se comparado com os permits do Circuito Annapurna, é módico se tivermos em conta o histórico de absoluta interdição desta região, em tempos conhecida por Reino de Lo e que tém capital na cidade murada de Lo Manthang.

O Alto Mustang manteve-se como reino até 2008, o ano em que o suserano Nepal passou de monarquia a república e obrigou a monarquia subalterna a ajustar-se.

Os seus muitos séculos de clausura fazem com que a região a norte de Kagbeni preserve as tradições e dialectos tibetanos ancestrais.

Cimo do edifício mais recente do mosteiro Kag Chode Thupten Samphel Ling, Kagabeni

Cimo do edifício mais recente do mosteiro Kag Chode Thupten Samphel Ling, Kagabeni

Com a China a impor os modos da civilização Han ao vasto Tibete, também o Alto Mustang muda. Ao mesmo tempo, a fama de mistério do antigo reino tem atraído mais e mais visitantes, sobretudo ocidentais.

Naquele momento, com o sinal pela frente, seduz-nos a ideia de adicionarmos ao périplo pelos Annapurnas uma embaixada a Lo Manthang.

Só que estávamos a viajar pela Índia e Nepal havia quatro meses.

Os mil dólares e os dez dias extra iam condicionar outros planos e lugares imperdíveis.

Mantemos esse ensejo.

Circuito Annapurna: 13º - High Camp a Thorong La a Muktinath, Nepal

No Auge do Circuito dos Annapurnas

Aos 5416m de altitude, o desfiladeiro de Thorong La é o grande desafio e o principal causador de ansiedade do itinerário. Depois de, em Outubro de 2014, ter vitimado 29 montanhistas, cruzá-lo em segurança gera um alívio digno de dupla celebração.
Circuito Annapurna 14º - Muktinath a Kagbeni, Nepal

Do Lado de Lá do Desfiladeiro

Após a travessia exigente de Thorong La, recuperamos na aldeia acolhedora de Muktinath. Na manhã seguinte, voltamos a descer. A caminho do antigo reino do Alto Mustang e da aldeia de Kagbeni que lhe serve de entrada.
Circuito Annapurna 16º - Marpha, Nepal

Marpha e o Fim Antecipado do Circuito

Contados treze dias de caminhada desde a já longínqua Chame, chegamos a Marpha. Abrigada no sopé de uma encosta, na iminência do rio Gandaki, Marpha revela-se a derradeira povoação preservada e encantadora do percurso. O excesso de obras ao longo da via F042 que nos levaria de volta a Pokhara, faz-nos encurtar a segunda parte do Circuito Annapurna.
Circuito Annapurna: 2º - Chame a Upper PisangNepal

(I)Eminentes Annapurnas

Despertamos em Chame, ainda abaixo dos 3000m. Lá  avistamos, pela primeira vez, os picos nevados e mais elevados dos Himalaias. De lá partimos para nova caminhada do Circuito Annapurna pelos sopés e encostas da grande cordilheira. Rumo a Upper Pisang.
Bhaktapur, Nepal

As Máscaras Nepalesas da Vida

O povo indígena Newar do Vale de Katmandu atribui grande importância à religiosidade hindu e budista que os une uns aos outros e à Terra. De acordo, abençoa os seus ritos de passagem com danças newar de homens mascarados de divindades. Mesmo se há muito repetidas do nascimento à reencarnação, estas danças ancestrais não iludem a modernidade e começam a ver um fim.
Circuito Annapurna: 1º - Pokhara a ChameNepal

Por Fim, a Caminho

Depois de vários dias de preparação em Pokhara, partimos em direcção aos Himalaias. O percurso pedestre só o começamos em Chame, a 2670 metros de altitude, com os picos nevados da cordilheira Annapurna já à vista. Até lá, completamos um doloroso mas necessário preâmbulo rodoviário pela sua base subtropical.
Circuito Annapurna: 5º - Ngawal a BragaNepal

Rumo a Braga. A Nepalesa.

Passamos nova manhã de meteorologia gloriosa à descoberta de Ngawal. Segue-se um curto trajecto na direcção de Manang, a principal povoação no caminho para o zénite do circuito Annapurna. Ficamo-nos por Braga (Braka). A aldeola não tardaria a provar-se uma das suas mais inolvidáveis escalas.
Circuito Annapurna: 4º – Upper Pisang a Ngawal, Nepal

Do Pesadelo ao Deslumbre

Sem que estivéssemos avisados, confrontamo-nos com uma subida que nos leva ao desespero. Puxamos ao máximo pelas forças e alcançamos Ghyaru onde nos sentimos mais próximos que nunca dos Annapurnas. O resto do caminho para Ngawal soube como uma espécie de extensão da recompensa.
Circuito Annapurna: 3º- Upper Pisang, Nepal

Uma Inesperada Aurora Nevada

Aos primeiros laivos de luz, a visão do manto branco que cobrira a povoação durante a noite deslumbra-nos. Com uma das caminhadas mais duras do Circuito Annapurna pela frente, adiamos a partida tanto quanto possível. Contrariados, deixamos Upper Pisang rumo a Ngawal quando a derradeira neve se desvanecia.
Circuito Annapurna: 6º – Braga, Nepal

Num Nepal Mais Velho que o Mosteiro de Braga

Quatro dias de caminhada depois, dormimos aos 3.519 metros de Braga (Braka). À chegada, apenas o nome nos é familiar. Confrontados com o encanto místico da povoação, disposta em redor de um dos mosteiros budistas mais antigos e reverenciados do circuito Annapurna, lá prolongamos a aclimatização com subida ao Ice Lake (4620m).
Circuito Annapurna: 7º - Braga - Ice Lake, Nepal

Circuito Annapurna - A Aclimatização Dolorosa do Ice Lake

Na subida para o povoado de Ghyaru, tivemos uma primeira e inesperada mostra do quão extasiante se pode provar o Circuito Annapurna. Nove quilómetros depois, em Braga, pela necessidade de aclimatizarmos ascendemos dos 3.470m de Braga aos 4.600m do lago de Kicho Tal. Só sentimos algum esperado cansaço e o avolumar do deslumbre pela Cordilheira Annapurna.
Circuito Annapurna: 9º Manang a Milarepa Cave, Nepal

Uma Caminhada entre a Aclimatização e a Peregrinação

Em pleno Circuito Annapurna, chegamos por fim a Manang (3519m). Ainda a precisarmos de aclimatizar para os trechos mais elevados que se seguiam, inauguramos uma jornada também espiritual a uma caverna nepalesa de Milarepa (4000m), o refúgio de um siddha (sábio) e santo budista.
Circuito Annapurna: 8º Manang, Nepal

Manang: a Derradeira Aclimatização em Civilização

Seis dias após a partida de Besisahar chegamos por fim a Manang (3519m). Situada no sopé das montanhas Annapurna III e Gangapurna, Manang é a civilização que mima e prepara os caminhantes para a travessia sempre temida do desfiladeiro de Thorong La (5416 m).
Circuito Annapurna 10º: Manang a Yak Kharka, Nepal

A Caminho das Terras (Mais) Altas dos Annapurnas

Após uma pausa de aclimatização na civilização quase urbana de Manang (3519 m), voltamos a progredir na ascensão para o zénite de Thorong La (5416 m). Nesse dia, atingimos o lugarejo de Yak Kharka, aos 4018 m, um bom ponto de partida para os acampamentos na base do grande desfiladeiro.
Circuito Annapurna 11º: Yak Karkha a Thorong Phedi, Nepal

A Chegada ao Sopé do Desfiladeiro

Num pouco mais de 6km, subimos dos 4018m aos 4450m, na base do desfiladeiro de Thorong La. Pelo caminho, questionamos se o que sentíamos seriam os primeiros problemas de Mal de Altitude. Nunca passou de falso alarme.
Circuito Annapurna: 12º - Thorong Phedi a High Camp

O Prelúdio da Travessia Suprema

Este trecho do Circuito Annapurna só dista 1km mas, em menos de duas horas, leva dos 4450m aos 4850m e à entrada do grande desfiladeiro. Dormir no High Camp é uma prova de resistência ao Mal de Montanha que nem todos passam.
Circuito Annapurna: 13º - High Camp a Thorong La a Muktinath, Nepal

No Auge do Circuito dos Annapurnas

Aos 5416m de altitude, o desfiladeiro de Thorong La é o grande desafio e o principal causador de ansiedade do itinerário. Depois de, em Outubro de 2014, ter vitimado 29 montanhistas, cruzá-lo em segurança gera um alívio digno de dupla celebração.
Circuito Annapurna 14º - Muktinath a Kagbeni, Nepal

Do Lado de Lá do Desfiladeiro

Após a travessia exigente de Thorong La, recuperamos na aldeia acolhedora de Muktinath. Na manhã seguinte, voltamos a descer. A caminho do antigo reino do Alto Mustang e da aldeia de Kagbeni que lhe serve de entrada.
Circuito Annapurna 16º - Marpha, Nepal

Marpha e o Fim Antecipado do Circuito

Contados treze dias de caminhada desde a já longínqua Chame, chegamos a Marpha. Abrigada no sopé de uma encosta, na iminência do rio Gandaki, Marpha revela-se a derradeira povoação preservada e encantadora do percurso. O excesso de obras ao longo da via F042 que nos levaria de volta a Pokhara, faz-nos encurtar a segunda parte do Circuito Annapurna.
Circuito Annapurna: 2º - Chame a Upper PisangNepal

(I)Eminentes Annapurnas

Despertamos em Chame, ainda abaixo dos 3000m. Lá  avistamos, pela primeira vez, os picos nevados e mais elevados dos Himalaias. De lá partimos para nova caminhada do Circuito Annapurna pelos sopés e encostas da grande cordilheira. Rumo a Upper Pisang.
Bhaktapur, Nepal

As Máscaras Nepalesas da Vida

O povo indígena Newar do Vale de Katmandu atribui grande importância à religiosidade hindu e budista que os une uns aos outros e à Terra. De acordo, abençoa os seus ritos de passagem com danças newar de homens mascarados de divindades. Mesmo se há muito repetidas do nascimento à reencarnação, estas danças ancestrais não iludem a modernidade e começam a ver um fim.
Circuito Annapurna: 1º - Pokhara a ChameNepal

Por Fim, a Caminho

Depois de vários dias de preparação em Pokhara, partimos em direcção aos Himalaias. O percurso pedestre só o começamos em Chame, a 2670 metros de altitude, com os picos nevados da cordilheira Annapurna já à vista. Até lá, completamos um doloroso mas necessário preâmbulo rodoviário pela sua base subtropical.
Moradores percorrem o trilho que sulca plantações acima da UP4
Cidade
Gurué, Moçambique, Parte 1

Pelas Terras Moçambicanas do Chá

Os portugueses fundaram Gurué, no século XIX e, a partir de 1930, inundaram de camelia sinensis os sopés dos montes Namuli. Mais tarde, renomearam-na Vila Junqueiro, em honra do seu principal impulsionador. Com a independência de Moçambique e a guerra civil, a povoação regrediu. Continua a destacar-se pela imponência verdejante das suas montanhas e cenários teáceos.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Duo de girafas cruzadas acima da savana, com os montes Libombo em fundo
Safari
Reserva de KaMsholo, eSwatini

Entre as Girafas de KaMsholo e Cia

Situada a leste da cordilheira de Libombo, a fronteira natural entre eSwatini, Moçambique e a África do Sul, KaMsholo conta com 700 hectares de savana pejada de acácias e um lago, habitats de uma fauna prolífica. Entre outras explorações e incursões, lá interagimos com a mais alta das espécies.
Thorong La, Circuito Annapurna, Nepal, foto para a posteridade
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 13º - High Camp a Thorong La a Muktinath, Nepal

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Cabana de Bay Watch, Miami beach, praia, Florida, Estados Unidos,
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Miami Beach, E.U.A.

A Praia de Todas as Vaidades

Poucos litorais concentram, ao mesmo tempo, tanto calor e exibições de fama, de riqueza e de glória. Situada no extremo sudeste dos E.U.A., Miami Beach tem acesso por seis pontes que a ligam ao resto da Florida. É parco para o número de almas que a desejam.
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O Éden Açoriano Traído pelo outro Lado do Mar

A Cuada foi fundada, estima-se que em 1676, junto ao limiar oeste das Flores. Já em pleno século XX, os seus moradores juntaram-se à grande debandada açoriana para as Américas. Deixaram para trás uma aldeia tão deslumbrante como a ilha e os Açores.
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O 4 de Julho Mais Longo

A independência dos Estados Unidos é festejada, em Seward, Alasca, de forma modesta. Mesmo assim, o 4 de Julho e a sua celebração parecem não ter fim.
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Big Sur, E.U.A.

A Costa de Todos os Refúgios

Ao longo de 150km, o litoral californiano submete-se a uma vastidão de montanha, oceano e nevoeiro. Neste cenário épico, centenas de almas atormentadas seguem os passos de Jack Kerouac e Henri Miller.
Moa numa praia de Rapa Nui/Ilha da Páscoa
Étnico
Ilha da Páscoa, Chile

A Descolagem e a Queda do Culto do Homem-Pássaro

Até ao século XVI, os nativos da Ilha da Páscoa esculpiram e idolatraram enormes deuses de pedra. De um momento para o outro, começaram a derrubar os seus moais. Sucedeu-se a veneração de tangatu manu, um líder meio humano meio sagrado, decretado após uma competição dramática pela conquista de um ovo.
Ocaso, Avenida dos Baobás, Madagascar
Portfólio Fotográfico Got2Globe

Dias Como Tantos Outros

História
Nelson a Wharariki, PN Abel Tasman, Nova Zelândia

O Litoral Maori em que os Europeus Deram à Costa

Abel Janszoon Tasman explorava mais da recém-mapeada e mítica "Terra Australis" quando um equívoco azedou o contacto com nativos de uma ilha desconhecida. O episódio inaugurou a história colonial da Nova Zelândia. Hoje, tanto a costa divinal em que o episódio se sucedeu como os mares em redor evocam o navegador holandês.
Cilaos, ilha da Reunião, Casario Piton des Neiges
Ilhas
Cilaos, Reunião

Refúgio sob o tecto do Índico

Cilaos surge numa das velhas caldeiras verdejantes da ilha de Reunião. Foi inicialmente habitada por escravos foragidos que acreditavam ficar a salvo naquele fim do mundo. Uma vez tornada acessível, nem a localização remota da cratera impediu o abrigo de uma vila hoje peculiar e adulada.
Quebra-Gelo Sampo, Kemi, Finlândia
Inverno Branco
Kemi, Finlândia

Não é Nenhum “Barco do Amor”. Quebra Gelo desde 1961

Construído para manter vias navegáveis sob o Inverno árctico mais extremo, o quebra-gelo Sampo” cumpriu a sua missão entre a Finlândia e a Suécia durante 30 anos. Em 1988, reformou-se e dedicou-se a viagens mais curtas que permitem aos passageiros flutuar num canal recém-aberto do Golfo de Bótnia, dentro de fatos que, mais que especiais, parecem espaciais.
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Literatura
PN Lago Manyara, Tanzânia

África Favorita de Hemingway

Situado no limiar ocidental do vale do Rift, o parque nacional lago Manyara é um dos mais diminutos mas encantadores e ricos em vida selvagem da Tanzânia. Em 1933, entre caça e discussões literárias, Ernest Hemingway dedicou-lhe um mês da sua vida atribulada. Narrou esses dias aventureiros de safari em “As Verdes Colinas de África”.
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Natureza
Monte Denali, Alasca

O Tecto Sagrado da América do Norte

Os indígenas Athabascan chamaram-no Denali, ou o Grande e reverenciam a sua altivez. Esta montanha deslumbrante suscitou a cobiça dos montanhistas e uma longa sucessão de ascensões recordistas.
Estátua Mãe-Arménia, Erevan, Arménia
Outono
Erevan, Arménia

Uma Capital entre o Leste e o Ocidente

Herdeira da civilização soviética, alinhada com a grande Rússia, a Arménia deixa-se seduzir pelos modos mais democráticos e sofisticados da Europa Ocidental. Nos últimos tempos, os dois mundos têm colidido nas ruas da sua capital. Da disputa popular e política, Erevan ditará o novo rumo da nação.
Recompensa Kukenam
Parques Naturais
Monte Roraima, Venezuela

Viagem No Tempo ao Mundo Perdido do Monte Roraima

Perduram no cimo do Monte Roraima cenários extraterrestres que resistiram a milhões de anos de erosão. Conan Doyle criou, em "O Mundo Perdido", uma ficção inspirada no lugar mas nunca o chegou a pisar.
Património Mundial UNESCO
Estradas Imperdíveis

Grandes Percursos, Grandes Viagens

Com nomes pomposos ou meros códigos rodoviários, certas estradas percorrem cenários realmente sublimes. Da Road 66 à Great Ocean Road, são, todas elas, aventuras imperdíveis ao volante.
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Personagens
Christchurch, Nova Zelândia

O Feiticeiro Amaldiçoado da Nova Zelândia

Apesar da sua notoriedade nos antípodas, Ian Channell, o feiticeiro da Nova Zelândia não conseguiu prever ou evitar vários sismos que assolaram Christchurch. Com 88 anos de idade, após 23 anos de contrato com a cidade, fez afirmações demasiado polémicas e acabou despedido.
El Nido, Palawan a Ultima Fronteira Filipina
Praias
El Nido, Filipinas

El Nido, Palawan: A Última Fronteira Filipina

Um dos cenários marítimos mais fascinantes do Mundo, a vastidão de ilhéus escarpados de Bacuit esconde recifes de coral garridos, pequenas praias e lagoas idílicas. Para a descobrir, basta uma bangka.
Composição sobre Nine Arches Bridge, Ella, Sri Lanka
Religião
PN Yala-Ella-Candia, Sri Lanka

Jornada Pelo Âmago de Chá do Sri Lanka

Deixamos a orla marinha do PN Yala rumo a Ella. A caminho de Nanu Oya, serpenteamos sobre carris pela selva, entre plantações do famoso Ceilão. Três horas depois, uma vez mais de carro, damos entrada em Kandy, a capital budista que os portugueses nunca conseguiram dominar.
Sobre Carris
Sobre Carris

Viagens de Comboio: O Melhor do Mundo Sobre Carris

Nenhuma forma de viajar é tão repetitiva e enriquecedora como seguir sobre carris. Suba a bordo destas carruagens e composições díspares e aprecie os melhores cenários do Mundo sobre Carris.
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Sociedade
Mérida, Venezuela

A Renovação Vertiginosa do Teleférico mais Alto do Mundo

Em execução a partir de 2010, a reconstrução do teleférico de Mérida foi levada a cabo na Sierra Nevada por operários intrépidos que sofreram na pele a grandeza da obra.
Jovens mulheres gémeas, tecelãs
Vida Quotidiana

Margilan, Uzbequistão

Périplo pelo Tecido Artesanal do Uzbequistão

Situada no extremo oriental do Uzbequistão, Vale de Fergana, Margilan foi uma das escalas incontornáveis da Rota da Seda. Desde o século X, os produtos de seda lá gerados destacaram-na nos mapas, hoje, marcas de alta-costura disputam os seus tecidos. Mais que um centro prodigioso de criação artesanal, Margilan estima e valoriza um modo de vida uzbeque milenar.
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Vida Selvagem
Cape Cross, Namíbia

A Mais Tumultuosa das Colónias Africanas

Diogo Cão desembarcou neste cabo de África em 1486, instalou um padrão e fez meia-volta. O litoral imediato a norte e a sul, foi alemão, sul-africano e, por fim, namibiano. Indiferente às sucessivas transferências de nacionalidade, uma das maiores colónias de focas do mundo manteve ali o seu domínio e anima-o com latidos marinhos ensurdecedores e intermináveis embirrações.
Napali Coast e Waimea Canyon, Kauai, Rugas do Havai
Voos Panorâmicos
NaPali Coast, Havai

As Rugas Deslumbrantes do Havai

Kauai é a ilha mais verde e chuvosa do arquipélago havaiano. Também é a mais antiga. Enquanto exploramos a sua Napalo Coast por terra, mar e ar, espantamo-nos ao vermos como a passagem dos milénios só a favoreceu.