De “Estabelecimento” Francófono à Capital Crioula das Seychelles
Divindades Hindus
Pormenor do gopuram do templo Templo Arul Mihu Navasakthi Vinaygar.
Tabuleiro de Oferendas
Chama de fé sobre um tabuleiro do templo Arul Mihu Navasakthi Vinaygar.
“If you Can”
Reflexo da vida de Victoria numa carrinha da cidade.
A Catedral de Victoria
Alunos caminham na base de Catedral de Victoria.
Golden Boy Marcus
Marcus Hollanda, num estilo semi-dourado de vestir.
Jivan Imports
Moradora caminha em frente à loja Jivan Imports.
Conversa
Vendedoras de Victoria junto a loja de roupa infantil.
Caminho para o Victoria Market
Sinal indica o mercado Sir Selwyn Selwyn Clarke.
Vida da Capital
Transeuntes aguardam pelo verde de um semáforo no centro histórico de Victoria.
Fruta Rastafari
Vendedor trajado à moda jamaicana, no mercado Selwyn Selwyn Clarke
Torre do Relógio de Prata
Réplica prateada da Torre do Relógio existente em Vauxhall, Londres.
Vendedor de Ovos
Clientes abastecem-se de ovos de um vendedor ambulante.
Especiarias
Vendedora islâmica toma conta de uma banca de especiarias e outras especialidades seychelenses.
Templo Arul Mihu Navasakthi Vinaygar
Torre gopuram do maior templo hindu da capital das Seychelles.
Sacerdotes & Go Pro
Sacerdotes hindus examinam um câmara fotográfica de acção.
Divindades Hindus
Pormenor do gopuram do templo Templo Arul Mihu Navasakthi Vinaygar.
Tabuleiro de Oferendas
Chama de fé sobre um tabuleiro do templo Arul Mihu Navasakthi Vinaygar.
“If you Can”
Reflexo da vida de Victoria numa carrinha da cidade.
A Catedral de Victoria
Alunos caminham na base de Catedral de Victoria.
Os franceses povoaram o seu “L’Établissement” com colonos europeus, africanos e indianos. Dois séculos depois, os rivais britânicos tomaram-lhes o arquipélago e rebaptizaram a cidade em honra da sua rainha Victoria. Quando a visitamos, a capital das Seychelles mantém-se tão multiétnica como diminuta.
Texto: Marco C. Pereira
Imagens: Marco C. Pereira-Sara Wong
Sublinha-se com frequência o facto de se tratar de uma das menores capitais do mundo.
A sê-lo, só deverá surpreender quem desconhecer que, mesmo disperso por 115 ilhas do Índico ocidental, as Seychelles são o país mais ínfimo de África.
Ainda assim, nos seus 20km2, Victoria abriga para cima de vinte mil habitantes, um terço da população da nação. É o suficiente para se ver vítima de uma ou outra amostra de engarrafamento. Constatamos o primeiro exemplo em redor da Torre do Relógio local, uma réplica prateada e reluzente da que dita o tempo sobre a Ponte londrina de Vauxhall.
Decididos a fotografarmos o monumento secular, atravessamos a Independence Avenue. Para cá e para lá. Uma vez. Outra. E mais outra. Abusamos e detemo-nos sobre o meio do asfalto, entre condutores desejosos de dali saírem, se bem que sem a ânsia quase raivosa de outras partes.
Durante algum tempo, o sinaleiro de serviço tolera as travessias que estima, extemporâneas. Momentos depois, saturado de nos ver estragar a sua obra, abandona o posto, descompõe-nos e avisa que, se voltarmos a repetir os vaivéns, nos multa.
Submetemo-nos à autoridade. Instalamo-nos de um dos lados da avenida. Admiramos a diversidade étnica e religiosa dos peões, por alguma razão, sobretudo mulheres, rechonchudas, de trajes sortidos e descomprometidos que revelam peles de distintos dourados.
E, a destoar, uma jovem mãe que quase arrasta uma filha indignada pela nossa abordagem fotográfica.
A indisposição da miúda, a condizer com o visual muçulmano, elegante, bem mais reservado da progenitora, moldada a um hijab longo, parcialmente coberto por uma blusa de um vermelho-claro.
Sir Selwyn Selwyn-Clarke e a Economia de Mercado de Victoria
Continuamos a deambular. Caminhamos até ao Sir Selwyn Selwyn-Clarke Market, o mercado central da cidade, baptizado em homenagem ao médico militar e governador colonial das Seychelles, de 1947 a 1951.
Àquela hora, encontramo-lo em grande azáfama.
Quem não tem lugar no interior, trabalha junto ao gradeamento, como faz Jeffe, um comerciante de ovos que os vende às caixas, a partir da caixa do seu camião.
Damos entrada no mercado. Confirmamos a convivência das áreas expectáveis. A da fruta, a do peixe, a das bebidas, especiarias e outros produtos regionais. Em cada uma delas, uma vez mais, um sortido étnico de vendedores.
Christopher, vendedor de fruta, distingue-se pela sua moda rastafári, pela barba bicuda e pelos tons vermelhos, verdes e amarelos do gorro listado, da t-shirt de alças e do colar ao pescoço.
Nas imediações, Bah Dalanda, com origens na Guiné Conacri, prenda-nos com simpatia e com abertura de espírito para os retratos que lhe pedimos.
Não que fosse necessário, mas, em troca, compramos um quilo das suas uvas. Já na peixaria, de sorriso tímido, Marcel Santache tenta impingir-nos uma garoupa escarlate.
As Ilhas Ignoradas do Almirante Vasco da Gama e Navegadores que se Seguiram
A sul das Seychelles, a ilha da Reunião ostenta o nome que mais traduz o encontro de povos no Índico. As Seychelles e, Victoria em particular, não lhe ficam atrás.
Em 1502, durante a segunda expedição à Índia, Vasco de Gama passou pelo arquipélago. Baptizou-o de Ilhas do Almirante.
Malgrado a honra (a sua própria honra), nem o navegador nem a Coroa Portuguesa as consideraram prioritárias.
Durante todo o século XVI, permaneceram por reclamar pelas potências coloniais europeias que já então disputavam o Mundo.
Em 1609, um navio inglês desorientado atracou por alguns dias na ilha do Norte. Uma vez mais, as Almirantes continuaram por reclamar. Apenas os piratas do Índico as consideravam suas e de lá atacavam os navios europeus repletos de riquezas que viajavam entre África e a Ásia.
A meio do século XVIII, os franceses, que já haviam colonizado as vizinhas Maurícias (então, Île de France), desembarcaram na ilha que o navegador Lazare Picault chamou de Île de L’Abundance (a actual Mahe). Dessa base, exploraram o arquipélago em redor.
Pouco depois, reclamaram, por fim, as Almirantes. Em jeito de homenagem ao Ministro das Finanças de Luís XV, Jean Moreau de Séchelles, chamaram-lhes Séchelles.
Por Fim, a Tentativa Pioneira de Colonização das Seychelles
Em 1770, Brayer du Barré, um empreendedor validado pela Coroa Francesa, zarpou da Île de France na liderança de uma comitiva de quinze colonos brancos, sete escravos africanos, cinco indianos e uma mulher negra.
Barré deixou os colonos na ilha de St. Anne, em frente à actual cidade de Victoria, incumbidos de consolidarem o assentamento e voltou a Île de France com a missão de obter mais fundos.
Em vão. No entretanto, as autoridades da ilha tinham concluído que seria impossível abastecer a nova colónia com a regularidade necessária ou dela obter víveres.
Barré regressou a St. Anne. Em desespero, tentou resolver o bloqueio da Coroa. Frustrado, resolveu abandonar o projecto. Partiu para a Índia, onde, pouco depois, veio a falecer.
As gentes desembarcadas em St. Anne, essas, ficaram dois anos entregues ao seu destino.
Em 1772, uma parte tinha deixado a ilha. Outra, havia-se mudado para a costa oposta a St. Anne, para o litoral nordeste da maior das ilhas das Seychelles, Mahé.
O L’Établissement Repovoado com Escravos chegados da ilha Maurícia
Informados de que, apesar do abandono, a colónia sobrevivia, colonialistas emergentes retomaram o projecto de Brayer du Barré. Chegaram com navios carregados de escravos crioulos da Île de France e consolidaram o que viriam a chamar de L’Établissement.
Os recém-chegados escravos tornaram-se a génese dos actuais quase cem mil seychellenses, gradualmente anglizados a partir de 1798, quando os ingleses tomaram o quase indefeso arquipélago.
Hoje, mais de 90% da população das Seychelles mantém-se crioula ou kreol.
Mesmo se os nativos abominam o termo que consideram pejorativo e tudo fazem para que os considerem apenas e só seychellois (seychellenses). Os restantes, são migrantes britânicos, franceses, chineses e indianos.
Em vez de Seychelles ou Séchelles, os nativos tratam a sua nação por Sesel.
Desde 1976, citizens da vasta Commonwealth of Nations mas independentes, expressam-se no dialecto seselwa, uma mescla prolífica de francês, inglês, de suaíli, de indiano e até malgaxe.
Mesmo conscientes das agruras coloniais sofridas pelos ancestrais, têm pela sua nação tropical e paradisíaca uma estima intocável.
O Hino Francófono da Banda “Dezil”
Assim o sentimos quando, há uns anos, nos deslumbrámos com um videoclip quase artesanal e despretensioso que passava no canal francês de música MCM. Tratava-se de “Sans Ou (La Riviere)” da banda, à data, pouco mais que adolescente, Dezil, que é como quem diz “das ilhas”.
O tema, que tem como refrão, francês, cantado com um denso sotaque kreol.
“Une minute je suis à la rivière Une heure et je pleure la mer Un jour sans toi baby c’est trop beaucoup Je vais pleurer un océan Toi que j’aime infiniment “
pode aplicar-se tanto a um qualquer namorico como à relação dos seychellois com a sua pátria. Por estranho que pareça, o coração das Seychelles está na ínfima e peculiar capital que os britânicos se apressaram a rebaptizar de Victoria.
Por lá nos mantivemos, a calcorrear as suas ruas e vielas, à descoberta de tudo um pouco, de lugares e personagens, alguns inverosímeis.
Pelas Ruas e Ruelas da Diminuta Victoria
Nas imediações do edifício colonial e garrido, quase de lego, que abriga o negócio Jivan Imports, cruzamo-nos com um nativo tirado de um qualquer desenho-animado: Marcus Hollanda faz tempo, de perna dobrada para trás, contra um muro coroado por uma sebe refrescante.
Tem uma das peles mais negras e lisas que encontrámos em Victoria.
A sua tez faz destacar o dourado do boné e o amarelo do polo que usa a combinar, com um fio argentino grosso a pender do pescoço.
De início, intimidado pelo nosso súbito interesse, Marcus depressa assimila os motivos que lhe explicamos. Posa orgulhoso, altivo a condizer. Por alguma razão, ainda o tratamos por Golden Boy.
Os Templos que Servem as Fés da Capital das Seychelles
Também ali perto, a Catedral de Victoria cumpre as suas funções de evangelização cristã, reforçada por uma aliada anglicana. Malgrado a sua arquitectura imponente, ambos os templos carecem do exotismo tropical e índico que procurávamos.
Andamos, de um extremo ao outro, até ao templo hindu Arul Mihu Navasakthi Vinaygar, o lugar de culto incontornável e inconfundível dos habitantes hindus de Victoria e das imediações de Mahé.
Erguido em estilo dravidiano, a sua torre ornamentada (gopuram) agrupa dezenas de figuras de divindades numa comunhão garrida, acima dos fiéis de sari e de outros trajes típicos do Subcontinente.
Descalçamo-nos. Entramos.
Examinamos os distintos pormenores de fé do interior, sob o olhar de dois sacerdotes enfiados em dhotis cor-de-laranja, de troncos descobertos, um deles com o peito, os braços e a testa adornados por uma pintura sagrada, listada a branco.
Dão-nos as boas-vindas. Convidam-nos a sentarmos à conversa e examinam algum do equipamento que transportávamos. Dez minutos depois, munidos de uma pequena câmara de acção que lhes emprestamos, ensaiam selfies arredondadas.
Discutem os benefícios e artifícios do aparelhinho.
Quando a eles regressamos, ainda à margem de qualquer esperada espiritualidade, colocam-nos dúvidas técnicas que nos divertimos a esclarecer.
Fotografamo-nos juntos.
De novo, como há dias se sucedia, no aconchego multiétnico de Victoria e das Seychelles.
Saída do nada, uma colónia de embondeiros com 30 metros de altura e 800 anos ladeia uma secção da estrada argilosa e ocre paralela ao Canal de Moçambique e ao litoral piscatório de Morondava. Os nativos consideram estas árvores colossais as mães da sua floresta. Os viajantes veneram-nas como uma espécie de corredor iniciático.
Partimos de Fianarantsoa às 7a.m. Só às 3 da madrugada seguinte completámos os 170km para Manakara. Os nativos chamam a este comboio quase secular Train Grandes Vibrations. Durante a longa viagem, sentimos, bem fortes, as do coração de Madagáscar.
A meio do século XVIII, continuava inabitada e ignorada pelos europeus. A expedição francesa do navio “La Curieuse” revelou-a e inspirou-lhe o baptismo. Os britânicos mantiveram-na uma colónia de leprosos até 1968. Hoje, a Île Curieuse acolhe centenas de tartarugas de Aldabra, o mais longevo animal terrestre.
Durante séculos, os marinheiros árabes e europeus acreditaram que a maior semente do mundo, que encontravam nos litorais do Índico com forma de quadris voluptuosos de mulher, provinha de uma árvore mítica no fundo dos oceanos. A ilha sensual que sempre os gerou deixou-nos extasiados.
Praias escondidas por selva luxuriante, feitas de areia coralífera banhada por um mar turquesa-esmeralda são tudo menos raras no oceano Índico. La Digue recriou-se. Em redor do seu litoral, brotam rochedos massivos que a erosão esculpiu como uma homenagem excêntrica e sólida do tempo à Natureza.
Mahé é maior das ilhas do país mais diminuto de África. Alberga a capital da nação e quase todos os seichelenses. Mas não só. Na sua relativa pequenez, oculta um mundo tropical deslumbrante, feito de selva montanhosa que se funde com o Índico em enseadas de todos os tons de mar.
No século XIX, franceses e britânicos disputaram um arquipélago a leste de Madagáscar antes descoberto pelos portugueses. Os britânicos triunfaram, re-colonizaram as ilhas com cortadores de cana-de-açúcar do subcontinente e ambos admitiram a língua, lei e modos francófonos precedentes. Desta mixagem, surgiu a exótica Maurícia.
Nem todos os litorais tropicais são retiros prazerosos e revigorantes. Batido por rebentação violenta, minado de correntes traiçoeiras e, pior, palco dos ataques de tubarões mais frequentes à face da Terra, o da ilha da Reunião falha em conceder aos seus banhistas a paz e o deleite que dele anseiam.
Cilaos surge numa das velhas caldeiras verdejantes da ilha de Reunião. Foi inicialmente habitada por escravos foragidos que acreditavam ficar a salvo naquele fim do mundo. Uma vez tornada acessível, nem a localização remota da cratera impediu o abrigo de uma vila hoje peculiar e adulada.
Vasco da Gama abriu o Índico ao império luso. No século XVIII, o arquipélago de Zanzibar tornou-se o maior produtor de cravinho e as especiarias disponíveis diversificaram-se, tal como os povos que as disputaram.
Fianarantsoa foi fundada em 1831 por Ranavalona Iª, uma rainha da etnia merina então predominante. Ranavalona Iª foi vista pelos contemporâneos europeus como isolacionista, tirana e cruel. Reputação da monarca à parte, quando lá damos entrada, a sua velha capital do sul subsiste como o centro académico, intelectual e religioso de Madagáscar.
Saída do nada, uma colónia de embondeiros com 30 metros de altura e 800 anos ladeia uma secção da estrada argilosa e ocre paralela ao Canal de Moçambique e ao litoral piscatório de Morondava. Os nativos consideram estas árvores colossais as mães da sua floresta. Os viajantes veneram-nas como uma espécie de corredor iniciático.
Partimos de Fianarantsoa às 7a.m. Só às 3 da madrugada seguinte completámos os 170km para Manakara. Os nativos chamam a este comboio quase secular Train Grandes Vibrations. Durante a longa viagem, sentimos, bem fortes, as do coração de Madagáscar.
A meio do século XVIII, continuava inabitada e ignorada pelos europeus. A expedição francesa do navio “La Curieuse” revelou-a e inspirou-lhe o baptismo. Os britânicos mantiveram-na uma colónia de leprosos até 1968. Hoje, a Île Curieuse acolhe centenas de tartarugas de Aldabra, o mais longevo animal terrestre.
Durante séculos, os marinheiros árabes e europeus acreditaram que a maior semente do mundo, que encontravam nos litorais do Índico com forma de quadris voluptuosos de mulher, provinha de uma árvore mítica no fundo dos oceanos. A ilha sensual que sempre os gerou deixou-nos extasiados.
Praias escondidas por selva luxuriante, feitas de areia coralífera banhada por um mar turquesa-esmeralda são tudo menos raras no oceano Índico. La Digue recriou-se. Em redor do seu litoral, brotam rochedos massivos que a erosão esculpiu como uma homenagem excêntrica e sólida do tempo à Natureza.
Mahé é maior das ilhas do país mais diminuto de África. Alberga a capital da nação e quase todos os seichelenses. Mas não só. Na sua relativa pequenez, oculta um mundo tropical deslumbrante, feito de selva montanhosa que se funde com o Índico em enseadas de todos os tons de mar.
Os portugueses fundaram Gurué, no século XIX e, a partir de 1930, inundaram de camelia sinensis os sopés dos montes Namuli. Mais tarde, renomearam-na Vila Junqueiro, em honra do seu principal impulsionador. Com a independência de Moçambique e a guerra civil, a povoação regrediu. Continua a destacar-se pela imponência verdejante das suas montanhas e cenários teáceos.
Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Um retalho do deserto do Kalahari seca ou é irrigado consoante caprichos tectónicos da região. No Savuti, os leões habituaram-se a depender deles próprios e predam os maiores animais da savana.
Num pouco mais de 6km, subimos dos 4018m aos 4450m, na base do desfiladeiro de Thorong La. Pelo caminho, questionamos se o que sentíamos seriam os primeiros problemas de Mal de Altitude. Nunca passou de falso alarme.
A religiosidade birmanesa sempre assentou num compromisso de redenção. Em Bagan, os crentes endinheirados e receosos continuam a erguer pagodes na esperança de conquistarem a benevolência dos deuses.
Nem o Império do Oriente chegou tão longe. Na Semana Santa, milhares de centuriões apoderam-se de Marinduque. Ali, se reencenam os últimos dias de Longinus, um legionário convertido ao Cristianismo.
A realidade passa despercebida a boa parte do mundo, mas existem dois Alascas. Em termos urbanos, o estado é inaugurado no sul do seu oculto cabo de frigideira, uma faixa de terra separada dos restantes E.U.A. pelo litoral oeste do Canadá. Ketchikan, é a mais meridional das cidades alasquenses, a sua Capital da Chuva e a Capital Mundial do Salmão.
Eram 4 as etnias condóminas de Singapura, cada qual com a sua tradição culinária. Adicionou-se a influência de milhares de imigrados e expatriados numa ilha com metade da área de Londres. Apurou-se a nação com a maior diversidade gastronómica do Oriente.
Champoton, em Campeche, acolhe uma feira honra da Virgén de La Concepción. O rodeo mexicano sob sombreros local revela a elegância e perícia dos vaqueiros da região.
Banidas em grande parte do Primeiro Mundo, as lutas de galos prosperam nas Filipinas onde movem milhões de pessoas e de Pesos. Apesar dos seus eternos problemas é o sabong que mais estimula a nação.
Em 1956, taiwaneses cépticos duvidavam que os 20km iniciais da Central Cross-Island Hwy fossem possíveis. O desfiladeiro de mármore que a desafiou é, hoje, o cenário natural mais notável da Formosa.
A caminho da Guatemala, constatamos como a existência proscrita do povo garifuna, descendente de escravos africanos e de índios arawaks, contrasta com a de vários redutos balneares bem mais airosos.
A maior parte das fotografias em viagem são tiradas com luz solar. A luz solar e a meteorologia formam uma interacção caprichosa. Saiba como a prever, detectar e usar no seu melhor.
Abel Janszoon Tasman explorava mais da recém-mapeada e mítica "Terra Australis" quando um equívoco azedou o contacto com nativos de uma ilha desconhecida. O episódio inaugurou a história colonial da Nova Zelândia. Hoje, tanto a costa divinal em que o episódio se sucedeu como os mares em redor evocam o navegador holandês.
Upolu acolhe a capital e boa parte das atenções turísticas. Do outro lado do estreito de Apolima, a também vulcânica Savai’i é a maior e mais elevada ilha do arquipélago de Samoa e a sexta da imensa Polinésia. Os samoanos louvam de tal maneira a sua genuinidade que a consideram a alma da nação.
Estamos a 66º Norte e às portas da Lapónia. Por estes lados, a paisagem branca é de todos e de ninguém como as árvores cobertas de neve, o frio atroz e a noite sem fim.
O Pavilhão Dourado foi várias vezes poupado à destruição ao longo da história, incluindo a das bombas largadas pelos EUA mas não resistiu à perturbação mental de Hayashi Yoken. Quando o admirámos, luzia como nunca.
Com 2023 metros, o Miravalles destaca-se no norte da Costa Rica, bem acima de uma cordilheira de pares que inclui o La Giganta, o Tenório, Espiritu Santo, o Santa Maria, o Rincón de La Vieja e o Orosi. Inactivo no que diz respeito a erupções, alimenta um campo geotermal prolífico que amorna as vidas dos costarriquenhos à sua sombra.
Perdida entre as montanhas nevadas que separam a Europa da Ásia, Sheki é uma das povoações mais emblemáticas do Azerbaijão. A sua história em grande parte sedosa inclui períodos de grande aspereza. Quando a visitámos, tons pastéis de Outono davam mais cor a uma peculiar vida pós-soviética e muçulmana.
O PN Washington Slagbaai ocupa uma vastidão rugosa, repleta de cactos, no extremo noroeste de Bonaire. Em tempos esclavagistas, os holandeses usaram-na como sua principal base produtiva, geradora de sal, de carne de cabra, madeira e outros. No final da década de 70, de maneira a proteger os seus biomas e cenários únicos, declararam-na santuário natural.
Equivalente católica da Nª Sra. de Fátima, a Nossa Senhora de Guadalupe move e comove o México. Os seus fiéis cruzam-se nas estradas do país, determinados em levar a prova da sua fé à patrona das Américas.
A noite japonesa é um negócio bilionário e multifacetado. Em Osaka, acolhe-nos uma anfitriã de couchsurfing enigmática, algures entre a gueixa e a acompanhante de luxo.
São bem conhecidas as razões para o menor dos 28 parques nacionais costarriquenhos se ter tornado o mais popular. A fauna e flora do PN Manuel António proliferam num retalho ínfimo e excêntrico de selva. Como se não bastasse, limitam-no quatro das melhores praias ticas.
O cimo da garganta do rio Debed esconde os mosteiros arménios de Sanahin e Haghpat e blocos de apartamentos soviéticos em socalcos. O seu fundo abriga a mina e fundição de cobre que sustenta a cidade. A ligar estes dois mundos, está uma cabine suspensa providencial em que as gentes de Alaverdi contam viajar na companhia de Deus.
A última grande febre do ouro norte-americana passou há muito. Hoje em dia, centenas de cruzeiros despejam, todos os Verões, milhares de visitantes endinheirados nas ruas repletas de lojas de Skagway.
Em 1974, milhares de brasileiros e paraguaios confluíram para a zona de construção da então maior barragem do Mundo. 30 anos após a conclusão, Itaipu gera 90% da energia paraguaia e 20% da do Brasil.
O trabalho é essencial à maior parte das vidas. Mas, certos trabalhos impõem um grau de esforço, monotonia ou perigosidade de que só alguns eleitos estão à altura.
Quando a fazenda Passo do Lontra decidiu expandir o seu ecoturismo, recrutou a outra fazenda da família, a São João. Mais afastada do rio Miranda, esta outra propriedade revela um Pantanal remoto, na iminência do Paraguai. Do país e do rio homónimo.
Em 1955, o piloto Harry Wigley criou um sistema de descolagem e aterragem sobre asfalto ou neve. Desde então, a sua empresa revela, a partir do ar, alguns dos cenários mais grandiosos da Oceania.