Corvo, Açores

O Abrigo Atlântico Inverosímil da Ilha do Corvo


Corvo à Vista
Ilha do Corvo vista do semi-rígido que assegurou temporariamente a ligação entre Santa Cruz das Flores e a Vila do Corvo.
Vista sobre o Caldeirão
Visitante da ilha do Corvo admira o Caldeirão.
Num pasto inclinado
Trio de jovens vacas pastam numa ladeira à beira da Lagoa do Caldeirão.
Atlântico vs Vila do Corvo
Enseada abaixo da Vila do Corvo.
Moinhos do corvo
Moinhos pitorescos no limiar da Vila do Corvo.
Ordenha à moda antiga
Sr. Rogério ordenha uma das suas vacas à mão.
Pasto inclinado II
Vaca a meio da encosta interior do Caldeirão do Corvo.
Anoitecer sobre o Grupo Ocidental
Noite cai sobre a Vila do Corvo e a ilha das Flores.
Modo de Espera
Cão do sr. Rogério aguarda pelo regresso do dono, nessa altura, ocupado com uma demorada ordenha manual. Estorninhos esvoaçam no céu acima.
Retalhos de Açores
Muros e sebes dividem a encosta leste da Ilha do Corvo abaixo do Caldeirão.
Os Lares do Corvo
Sector do casario da Vila do Corvo com a Igreja da Nª Srª dos Milagres à esquerda.
O Pasto do Caldeirão
Vacas devoram o pasto tenro do fundo do Caldeirão da ilha do Corvo.
A Postos
Vaca a meio da encosta interior do Caldeirão do Corvo.
Ocaso para lá do Corvo
Sol põe-se a ocidente da ilha do Corvo.
17 km2 de vulcão afundado numa caldeira verdejante. Uma povoação solitária assente numa fajã. Quatrocentas e trinta almas aconchegadas pela pequenez da sua terra e pelo vislumbre da vizinha Flores. Bem-vindo à mais destemida das ilhas açorianas.

Se acaso subsistissem dúvidas quanto à excepcionalidade insular do Corvo, a viagem a partir de Santa Cruz das Flores tratou de as erradicar.

Pouco mais de um ano antes, um dos furacões que se formam a oeste da costa ocidental africana tomou um rumo inesperado. Em vez de evoluir na direcção das Américas, apontou a norte. Nos primeiros dias de Outubro, o “Lorenzo” rasou o Grupo Ocidental dos Açores já enfraquecido da intensidade máxima de três dias antes.

Passou junto à ilha das Flores e ao Corvo com rajadas que ultrapassaram os 160 km/h. Nas Flores, a ventania e as vagas causaram danos substanciais no porto das Lajes. Também acabaram com a lancha “Ariel” que, até ao Agosto anterior, assegurara a ligação à Vila do Corvo.

Ao descermos a escadaria para o embarcadouro, com o sol a despertar a leste, algumas gruas ainda finalizavam a reconstrução do porto. Da “Ariel” nem sinal. Em vez, encontramos um semi-rigido, raso mas com motores poderosos.

O mar estava bravo, cavado por vagas vigorosas que castigavam o porto.

Por algum tempo, ainda esperámos que aparecesse um ferry a sério, uma embarcação que nos impressionasse pela sua dimensão, não pela potência dos motores. Em vão.

Somos dos primeiros a embarcar. O timoneiro dá ordem que da proa para a popa. Ficamos mais expostos do que desejávamos.

À primeira vista, a saída do porto parecia o trecho complicado por excelência. Mal deixamos a projecção marinha das Flores, as vagas aumentam, mudam de padrões. Sujeitam-nos uma navegação semi-acrobática.

Ilha do Corvo, Açores

Ilha do Corvo vista do semi-rígido que assegurou temporariamente a ligação entre Santa Cruz das Flores e a Vila do Corvo.

Ilha do Corvo à Vista

Assim mesmo, 45 minutos de saltos entre os baixos e os cimos vertiginosos do Atlântico depois, damos entrada no molhe da Vila do Corvo, capital e povoação única da menor das ilhas açorianas.

Aceitamos uma boleia partilhada com outros três passageiros. Já instalados na pousada, a cada novo minuto, sentíamos agravar-se a ansiedade de ascendermos àquele que era, por excelência, o domínio natural mágico da ilha: o seu Caldeirão.

“Mas querem ir já?” pergunta-nos o Sr. Noel, quando lhe ligamos a pedir um serviço de táxi. “Assim que possa, por favor. Mas porquê, não lhe dá jeito agora?” questionamo-lo. “Estou aí em dez minutos. É só porque vim de lá há pouco e estava tudo fechado.” Mas costuma fechar mais à tarde?” “Não, aquilo lá em cima nunca se sabe. Muda em minutos.” esclarece-nos. “Olhe, vamos já e logo se vê. Daqui, vemos as nuvens a deslizarem a grande velocidade. Devem haver uns intervalos de sol.”

Dito e feito. Enquanto subimos, o Sr. Noel aconselha-nos a não nos aventurarmos pela orla. Com razões fundadas. As nuvens e o vento fustigavam o cimo do Caldeirão. No seu lado oeste, as falésias da caldeira mediam 718 metros acima do oceano. Eram, aliás, uma das elevações costeiras supremas do Atlântico do Norte.

A Visão do Deslumbrante Caldeirão do Corvo

Noel deixa-nos no miradouro do Caldeirão, junto ao início do trilho que a ligava ao fundo. E ao lado de um jipe dos bombeiros da Vila do Corvo, sem sinal de ocupantes mas, tudo indicava, estacionado a postos para socorrer caminhantes acidentados.

Na direcção contrária, o vendaval húmido irrigava a vertente da ilha virada ao oceano, retalhada por minifúndios ondulados.

Ao contrário do que receávamos, àquela hora, as nuvens pouco ou nada entravam no Caldeirão.

Cedemos à tentação. Caminhamos para norte do cimo da orla, curiosos quanto a se não nos revelaria um panorama ainda mais grandioso.

O improviso dura o que dura. Percebemos que estávamos ao nível da caravana de nuvens e que a névoa nos roubava os cenários. Quando descemos para dela nos livrarmos, debatemo-nos com o manto vegetal espesso que ali cobre o solo, feito de tufos de plantas briófitas, musgoso e ensopado.

Fartos das suas armadilhas e rasteiras, regressamos ao miradouro resignados a inaugurar a caminhada em redor do fundo do Caldeirão.

Caldeirão da Ilha do Corvo, Açores,

Visitante da ilha do Corvo admira o Caldeirão.

Por fim, a Longa Caminhada de Circum-Caldeirão

Cumprimos uma série dos meandros do trilho.

Até que a visão de umas poucas vacas a pastarem quase no cimo da vertente interior nos sugere fotografias especiais e incita a nova caminhada improvisada, ao longo, e acima e abaixo da curva da orla.

Ilha do Corvo, Açores, vacas pastam no Caldeirão

Vacas de raças sortidas pastam pela encosta interior do Caldeirão do Corvo acima.

Mesmo desprezados pelos bovídeos entregues ao pasto tenro sem fim, lá fazemos as nossas fotos.

Ilha do Corvo, Açores, vaca no Caldeirão

Vaca a meio da encosta interior do Caldeirão do Corvo.

Regressamos ao trilho. Os ziguezagues descendentes aproxima-nos de um muro em L.  E, à laia visual de Ngorongoro açoriano, de uma grande manada multicolor de vacas dispersa pelo ervado aquém da margem arredondada da Lagoa do Caldeirão.

A espaços, manchas de azul destoavam do tecto nevoento da caldeira. Surgiam como bênçãos solares que geravam projecções verde-douradas no declive norte da cratera e que faziam resplandecer a superfície da lagoa.

Ilha do Corvo, Açores, vacas pastam no Caldeirão

Vacas devoram o pasto tenro do fundo do Caldeirão da ilha do Corvo.

Prosseguimos trilho fora. Entre as vacas. Logo, pela margem lamacenta da grande lagoa.

Chegados ao ocidente da caldeira, vemo-nos de frente para a versão murada da sua vertente, também ela dividida em fracções geométricas por muros de pedra vulcânica cobertas de líquenes.

E a Ainda Mais Longa Caminhada de Regresso à Vila do Corvo

Quase duas horas de caminhada fotográfica depois, estávamos de volta aos esses que conduziam ao cimo do miradouro. Mesmo se as pernas se ressentiam da ladeira, forçamo-nos a um regresso pedestre à Vila do Corvo.

Aproximamo-nos de um trio de ribeiras que a Estrada do Caldeirão obriga a uma passagem subterrânea: a Riba da Ponte, a do Cerrado das Vacas e a da Lapa.

Por ali, apercebemo-nos de uma profusão de figueiras e de outras árvores de fruto, disputada pela maior e mais barulhenta colónia de estorninhos que testemunhámos em muitos anos de viagem.

Não serão os estorninhos a sua principal atracção. O Corvo é idolatrada pelos observadores de pássaros deste mundo. Vistas bem as coisas, até o próprio nome da ilha, estima-se que adaptado do que já constava em mapas genoveses do século XIV, Insula Corvi Marini, o justifica.

Lá abundam aves residentes, terrestres e marinhas. A escala de muitas outras, parte das rotas migratórias entre a Europa e a América do Norte fazem da ilha um destino ornitólogo de excelência.

A riqueza animal do Corvo também reside nos seus espécimes pecuários. Umas centenas de metros abaixo, espantamo-nos com o porte massivo de alguns porcos instalados num curral remediado. Nas imediações, confrontamo-nos com um bode surpreendido pela nossa súbita aparição.

Quanto mais descemos, mais nos embrenhamos na faceta rural da ilha.

Ilha do Corvo, Açores, retalhos rurais

Muros e sebes dividem a encosta leste da Ilha do Corvo abaixo do Caldeirão.

A Confraternização Rural com o Sr. Rogério Rodrigues

Junto à confluência da estrada com a Riba da Lapa, reingressamos num seu domínio bovino. Não obstante três ou quatro minifúndios pelo meio, apercebemo-nos de que um corvino transportava bilhas metálicas, na direcção de quatro vacas de raças sortidas, isoladas entre muros e sebes.

Beneficiários de infâncias no campo, sabíamos o quanto as tarefas do campo tinham evoluído desde os longínquos anos 80. Custava-nos a acreditar que, mesmo na remota ilha do Corvo, as vacas ainda fossem ordenhadas à mão.

Decididos a esclarecer o enigma, metemo-nos no caminho entremuros que conduzia àquele cimo. Apresentamo-nos. Pedimos desculpa pela invasão. O sr. Rogério dá-nos as boas-vindas, põe-nos à vontade e, enquanto manuseia as tetas de uma vaca frísia, esclarece-nos. “Pois, numa situação normal não o estaria a fazer. Mas calhou só ter que ordenhar estas quatro. Mesmo mais rápido e fácil com a máquina, o trabalho que dá lavá-la em seguida não compensa.”

Ilha do Corvo, Açores, ordenha manual

Sr. Rogério ordenha uma das suas vacas à mão

Ficamos à conversa uma boa meia-hora. Com paciência de santo, o sr. Rogério continua a responder-nos. Dá-nos um curso intensivo da criação de vacas e produção de leite na ilha do Corvo: as vantagens de criar vacas frísias ou Holstein por comparação, por exemplo, com as Jersey e as Guernsey, o teor de gordura no leite e o seu valor, entre tantos outros ensinamentos que retivemos para todo o sempre.

O Trecho Derradeiro e o Anoitecer Mágico da Vila do Corvo

Por nós, teríamos ficado mais umas horas naquele delicioso convívio mas, não tarda, iria escurecer e inda estávamos longe da Vila do Corvo.

Despedimo-nos. Voltamos à Estrada do Caldeirão sob a supervisão do cão do Sr. Rogério que nos acompanhou da caixa-trono da também já sua pick up, interessado, sobretudo, num rápido retorno do dono.

Cão ilha do Corvo, Açores

Cão aguarda pelo regresso do corvino Sr. Rogério de uma demorada ordenha manual.

Atingimos o ponto panorâmico sobranceiro face à fajã, com o sol prestes a assentar no ocidente atlântico sem fim. Dali mesmo, contemplamos o ocaso e o lusco-fusco que sempre o confirma.

Vemos as luzinhas cor-de-fogo da Vila do Corvo iluminarem o seu casario, apertado na ponta sul da ilha, entre a vertente do vulcão e a pista quase anfíbia do aeroporto. Vislumbramos ainda o cintilar longínquo de alguns candeeiros das Flores, sob um céu arroxeado de chuva.

Vila do Corvo, Açores

Noite cai sobre a Vila do Corvo e a ilha das Flores.

Seguimos directos para um já urgente jantar. Após o que nos deixamos dormir, embalados pelo ribombar soporífero do Atlântico.

Vila do Corvo. Capital e única Povoação da Ilha do Corvo

O sol outonal da manhã incita-nos a despacharmos o pequeno-almoço em três tempos e voltarmos a sair.

Guiados pela torre da Igreja da Nª Srª dos Milagres, seguimos directos para a Rua da Matriz. De onde passamos para o varandim sobre o porto, a enseada pedregosa e com vista privilegiada para o casario que se estendia pela encosta íngreme acima.

Vila do Corvo, Açores

Enseada abaixo da Vila do Corvo.

Caminhamos pelas suas ruelas e canadas, intrigados pelas linhas do mini-veículo amarelo do lixo, não nos espantaríamos se soviéticas.

Desviamos para uma tal de rua do Rego. Paredes meias com a escarpa que encerra a povoação, um painel de azulejo ilustra um episódio mais memorável que tantos outros da história do Corvo.

Na gravura azul e branca, benzidos por uma figura da Nª Senhora, corvinos ancestrais lançam grandes calhaus falésia abaixo, sobre invasores infiéis recém-desembarcados.

A imagem alerta-nos para o facto de, ao longo da colonização da sua ilha, os Corvinos terem vencido adversidades bem mais sérias que o mero isolamento.

Casario da Vila do Corvo, Açores

Sector do casario da Vila do Corvo com a Igreja da Nª Srª dos Milagres à esquerda.

A Descoberta e a Colonização Atribulada da Ilha do Corvo

O Corvo e as Flores foram descobertas por Diogo de Teive, no regresso da sua expedição à Terra Nova, de 1452. Daí em diante, o imponente Monte do Caldeirão passou a servir de Norte aos navegadores.

A tentativa de colonização pioneira só se deu mais de um século depois, por cerca de trinta habitantes da Terceira. Tanto essa como a seguinte terminaram com abandonos forçados.

A bem-sucedida, só foi conseguida, em 1548, quando Gonçalo de Sousa, capitão donatário do actual Grupo Ocidental recebeu permissão da Coroa para a iniciar com escravos – crê-se que oriundos de Santo Antão, Cabo Verde, mais tarde, colocados ao serviço de camponeses e criadores de gado já com provas dadas.

Moinhos da Vila do Corvo, Açores

Moinhos pitorescos no limiar da Vila do Corvo.

Durante a segunda metade do século XVI e XVII, como ilustrava o painel de azulejo, o Corvo viu-se vítima de ataques e saques perpetrados por piratas da Barbária.

Quando nem estes ataques demoveram os corvinos de continuarem na sua ilha, percebeu-se que a tinham colonizado em definitivo, com toda a alma e coração.

Esse sentimento de pertença, a par da exuberância natural e vulcânica, fazem do Corvo uns Açores ainda mais especiais.

Do Corvo, regressámos às Flores. Uns dias depois, ao aterrarmos na Graciosa, completámos a nossa descoberta particular do arquipélago.

Ilha das Flores, Açores

Os Confins Atlânticos dos Açores e de Portugal

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Uma biosfera imaculada que as entranhas da Terra moldam e amornam exibe-se, em São Miguel, em formato panorâmico. São Miguel é a maior das ilhas portuguesas. E é uma obra de arte da Natureza e do Homem no meio do Atlântico Norte plantada.
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Horta, Açores

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Vulcão dos Capelinhos, Faial, Açores

Na Pista do Mistério dos Capelinhos

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Graciosa, Açores

Sua Graça a Graciosa

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Cilaos, Reunião

Refúgio sob o tecto do Índico

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PN Bromo Tengger Semeru, Indonésia

O Mar Vulcânico de Java

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Ilha da Páscoa, Chile

A Descolagem e a Queda do Culto do Homem-Pássaro

Até ao século XVI, os nativos da Ilha da Páscoa esculpiram e idolatraram enormes deuses de pedra. De um momento para o outro, começaram a derrubar os seus moais. Sucedeu-se a veneração de tangatu manu, um líder meio humano meio sagrado, decretado após uma competição dramática pela conquista de um ovo.
Castro Laboreiro, Portugal  

Do Castro de Laboreiro à Raia da Serra Peneda - Gerês

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Sistelo, Peneda-Gerês, Portugal

Do "Pequeno Tibete Português" às Fortalezas do Milho

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Campos de Gerês -Terras de Bouro, Portugal

Pelos Campos do Gerês e as Terras de Bouro

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Montalegre, Portugal

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Porto Santo, Portugal

Louvada Seja a Ilha do Porto Santo

Descoberta durante uma volta do mar tempestuosa, Porto Santo mantem-se um abrigo providencial. Inúmeros aviões que a meteorologia desvia da vizinha Madeira garantem lá o seu pouso. Como o fazem, todos os anos, milhares de veraneantes rendidos à suavidade e imensidão da praia dourada e à exuberância dos cenários vulcânicos.
Pico do Arieiro - Pico Ruivo, Madeira, Portugal

Pico Arieiro ao Pico Ruivo, Acima de um Mar de Nuvens

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À Descoberta da Finisterra Madeirense

Curva atrás de curva, túnel atrás de túnel, chegamos ao sul solarengo e festivo de Paul do Mar. Arrepiamo-nos com a descida ao retiro vertiginoso das Achadas da Cruz. Voltamos a ascender e deslumbramo-nos com o cabo derradeiro de Ponta do Pargo. Tudo isto, nos confins ocidentais da Madeira.
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Pico Branco, Terra Chã e Outros Caprichos da Ilha Dourada

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De Fajã em Fajã

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Perdida entre as montanhas nevadas que separam a Europa da Ásia, Sheki é uma das povoações mais emblemáticas do Azerbaijão. A sua história em grande parte sedosa inclui períodos de grande aspereza. Quando a visitámos, tons pastéis de Outono davam mais cor a uma peculiar vida pós-soviética e muçulmana.
Ilha do Principe, São Tomé e Principe
Parques Naturais
Príncipe, São Tomé e Príncipe

Viagem ao Retiro Nobre da Ilha do Príncipe

A 150 km de solidão para norte da matriarca São Tomé, a ilha do Príncipe eleva-se do Atlântico profundo num cenário abrupto e vulcânico de montanha coberta de selva. Há muito encerrada na sua natureza tropical arrebatadora e num passado luso-colonial contido mas comovente, esta pequena ilha africana ainda abriga mais estórias para contar que visitantes para as escutar.
Composição sobre Nine Arches Bridge, Ella, Sri Lanka
Património Mundial UNESCO
PN Yala-Ella-Candia, Sri Lanka

Jornada Pelo Âmago de Chá do Sri Lanka

Deixamos a orla marinha do PN Yala rumo a Ella. A caminho de Nanu Oya, serpenteamos sobre carris pela selva, entre plantações do famoso Ceilão. Três horas depois, uma vez mais de carro, damos entrada em Kandy, a capital budista que os portugueses nunca conseguiram dominar.
aggie grey, Samoa, pacífico do Sul, Marlon Brando Fale
Personagens
Apia, Samoa Ocidental

A Anfitriã do Pacífico do Sul

Vendeu burgers aos GI’s na 2ª Guerra Mundial e abriu um hotel que recebeu Marlon Brando e Gary Cooper. Aggie Grey faleceu em 1988 mas o seu legado de acolhimento perdura no Pacífico do Sul.
Lançamento de rede, ilha de Ouvéa-Ilhas Lealdade, Nova Caledónia
Praias
Ouvéa, Nova Caledónia

Entre a Lealdade e a Liberdade

A Nova Caledónia sempre questionou a integração na longínqua França. Na ilha de Ouvéa, arquipélago das Lealdade, encontramos uma história de resistência mas também nativos que preferem a cidadania e os privilégios francófonos.
Aurora ilumina o vale de Pisang, Nepal.
Religião
Circuito Annapurna: 3º- Upper Pisang, Nepal

Uma Inesperada Aurora Nevada

Aos primeiros laivos de luz, a visão do manto branco que cobrira a povoação durante a noite deslumbra-nos. Com uma das caminhadas mais duras do Circuito Annapurna pela frente, adiamos a partida tanto quanto possível. Contrariados, deixamos Upper Pisang rumo a Ngawal quando a derradeira neve se desvanecia.
Composição Flam Railway abaixo de uma queda d'água, Noruega
Sobre Carris
Nesbyen a Flam, Noruega

Flam Railway: Noruega Sublime da Primeira à Última Estação

Por estrada e a bordo do Flam Railway, num dos itinerários ferroviários mais íngremes do mundo, chegamos a Flam e à entrada do Sognefjord, o maior, mais profundo e reverenciado dos fiordes da Escandinávia. Do ponto de partida à derradeira estação, confirma-se monumental esta Noruega que desvendamos.
Mahu, Terceiro Sexo da Polinesia, Papeete, Taiti
Sociedade
Papeete, Polinésia Francesa

O Terceiro Sexo do Taiti

Herdeiros da cultura ancestral da Polinésia, os mahu preservam um papel incomum na sociedade. Perdidos algures entre os dois géneros, estes homens-mulher continuam a lutar pelo sentido das suas vidas.
Mulheres com cabelos longos de Huang Luo, Guangxi, China
Vida Quotidiana
Longsheng, China

Huang Luo: a Aldeia Chinesa dos Cabelos mais Longos

Numa região multiétnica coberta de arrozais socalcados, as mulheres de Huang Luo renderam-se a uma mesma obsessão capilar. Deixam crescer os cabelos mais longos do mundo, anos a fio, até um comprimento médio de 170 a 200 cm. Por estranho que pareça, para os manterem belos e lustrosos, usam apenas água e arrôz.
tunel de gelo, rota ouro negro, Valdez, Alasca, EUA
Vida Selvagem
Valdez, Alasca

Na Rota do Ouro Negro

Em 1989, o petroleiro Exxon Valdez provocou um enorme desastre ambientai. A embarcação deixou de sulcar os mares mas a cidade vitimada que lhe deu o nome continua no rumo do crude do oceano Árctico.
Napali Coast e Waimea Canyon, Kauai, Rugas do Havai
Voos Panorâmicos
NaPali Coast, Havai

As Rugas Deslumbrantes do Havai

Kauai é a ilha mais verde e chuvosa do arquipélago havaiano. Também é a mais antiga. Enquanto exploramos a sua Napalo Coast por terra, mar e ar, espantamo-nos ao vermos como a passagem dos milénios só a favoreceu.