Gurué, Moçambique, Parte 2

Em Gurué, entre Encostas de Chá


Vastidão da Zambézia II
Vista do relevo da Zambézia, visto duma encosta dos Montes Namuli
UP4
A velha Unidade de Produção 4, entre o rio Licungo e os Montes Namuli
As Professoras
Professoras da escola da UP4 de Gurué
Vida no Rio Licungo
Lavadeiras e crianças no rio Namuli, orla de Gurué
Logo abaixo das Quedas
Cenário das plantações de chá e montes Namuli, nos arredores de Gurué
Quedas para o Chá
Queda d'água entre chá numa encosta dos Montes Namuli
Homens do Musseque
Moradores de um bairro entre Gurué e os Montes Namuli
Casa do Chá
Casa isolada na vastidão de uma plantação de chá
Sombrinhas
Mulheres e recém-nascido à sombra do sol tropical de Gurué
Apanhadores
Apanhadores de chá carregados, acima do rio Licungo
Em plena apanha
Apanhadores de chá trabalham numa plantação junto à UP4
Casa dos Noivos
Ruínas da Casa dos Noivos, abandonada numa encosta dos Montes Namuli
gurue-mocambique-criancada-fila
Crianças dum musseque da orla de Gurué
Aldeia na Encosta
Aldeia na encosta dos Montes Namuli, Gurué
Ntchuva de Chão
Moradores de musseque jogam num jogo ntchuva desenhado no chão.
Vale de Chá
Panorama no vale Licungo e sua plantação de chá
Casal Carregado
Camponeses num caminho abaixo da Casa dos Noivos
Chá acima do Licungo
Trabalhadores apanham chá numa vertente íngreme acima do Rio Licungo
Moça de Gurué
Rapariga carregada, acima da UP4 de Gurué
Cascata da Santinha
Cascada cai ao lado da Santinha na orla de Gurué
Após um reconhecimento inicial de Gurué, chega a hora do chá em redor. Em dias sucessivos, partimos do centro da cidade à descoberta das plantações nos sopés e vertentes dos montes Namuli. Menos vastas que até à independência de Moçambique e à debandada dos portugueses, adornam alguns dos cenários mais grandiosos da Zambézia.

Ainda nos faltava perceber onde encontrar o chá que subsidiou o desenvolvimento da povoação.

Deixamos a Galp, retornamos à frente do hospital, onde pedimos direcções. Dizem-nos para seguirmos um caminho enlameado, repleto de poças alagadas.

Afastamo-nos da secção colonial e mais antiga da cidade, entre casas e lojas abarracadas que, às tantas, dão lugar a um musseque de tijolos, barro e chapa.

Por ali, duas equipas de jovens irrequietos disputam uma pelada sobre um aterro. Olga Veloso e o companheiro defrontam-se num tabuleiro de ntchuva desenhado na terra vermelha em frente à sua casa.

Moradores de musseque jogam num jogo ntchuva desenhado no chão.

Moradores de musseque jogam num jogo ntchuva desenhado no chão.

Teresa, uma vizinha, lava roupa, acocorada sobre um balde de um amarelo-torrado bem menos garrido que a blusa e o véu hijab escarlate que usava.

Detemo-nos à conversa. “Boas festas” deseja-nos Teresa. “Boas festas, porquê?” indagamo-la. “Ah, não sabem? Hoje é Dia da Mulher Moçambicana.”

A Visão Inaugural do Chá de Gurué

Devolvemos-lhe os votos. Enquanto tagarelamos, aproximamo-nos do limiar do seu quintal.

Por diante, estendia-se um panorama de montanha grandioso.

Teresa lava roupa na sua casa na orla de Gurué, com vista dos Montes Namuli.

Teresa lava roupa na sua casa na orla de Gurué, com vista dos Montes Namuli.

Num plano mais próximo, uma lomba de um verde resplandecente, forrada, sobretudo, de plantas de chá recém-colhidas. Detectamos vários sulcos abertos nessa lomba.

Faltava-nos saber como ir até lá e como poderíamos, de lá, ascender na cordilheira Namuli.

Nesse hiato, à boa moda maneira africana, cerca-nos um grupo de catraios curiosos. Entusiasmados pela intrusão dos mzungos, oferecem-se para nos explicarem o caminho.

Sem que com isso contássemos, acompanham-nos doze ou treze miúdos, decididos a nos escoltarem serra acima.

Crianças dum musseque da orla de Gurué

Crianças dum musseque da orla de Gurué

Transmitimos aos mais velhos que só precisavam de ir até à crista da lomba. Que, daí, nós continuaríamos e eles deviam regressar. Lá nos explicam, o melhor que sabem, onde começava a subida.

Duas miúdas afiançam-nos que íamos passar por uma Santinha.

Decorridos vinte minutos de ascensão improvisada por novos sulcos no chá, livramo-nos do mato para a traseira de uma casa. Aparece um homem. “Vocês gostam de fazer as coisas difíceis! Então porque é que não subiram pelo caminho normal?”

Quem nos interrogava era o sr. Gonçalves “Macobo”, mais conhecido por Gonzo. Gonçalves habitava aquela casa fazia dezasseis anos. Era responsável pelo chá em volta, com quatro outros vigias a seu mando. Falamos um pouco.

O possível, tendo em conta que Gonçalves tinha a visita de um casal que não queria deixar pendurado. “Agora só têm que seguir este caminho mais largo. Não se ponham a inventar!”

Assim fazemos.

Cascada cai ao lado da Santinha na orla de Gurué

Cascada cai ao lado da Santinha na orla de Gurué

Montes Namuli Acima, até à velha Casa dos Noivos

Adiante, damos com uma pequena queda d’água. À esquerda, encontramos um nicho encrustado na rocha.

E, no interior, uma estatueta alva da Virgem Maria.

Era a Santinha a que se referiam as miúdas.

Santinha: Nª Senhora num nicho ao lado de uma cascata na encosta dos Montes Namuli

Santinha: Nª Senhora num nicho ao lado de uma cascata na encosta dos Montes Namuli

Continuamos.

Sobrevoam-nos, de árvore em árvore, turacos, a ave nacional da Suazilândia.

À medida que o caminho sobe e ziguezagueia, prenda-nos com vistas desafogadas na savana.

Do casario de Gurué e dos musseques em volta. Da vastidão da Zambézia virada a noroeste, de que despontavam mesetas e picos.

Vista do relevo da Zambézia, visto duma encosta dos Montes Namuli

Vista do relevo da Zambézia, visto duma encosta dos Montes Namuli

Uns ermos, outros alinhados e com formas sortidas.

Tínhamos como derradeiro objectivo uma tal de Casa dos Noivos de que nos haviam também falado no musseque e que de lá não víamos por estar no fundo de um eucaliptal.

Andamos a bom andar.

Por duas vezes, cruzamo-nos com camponeses carregados que nos dizem que era só continuarmos.

Ruínas da Casa dos Noivos, abandonada numa encosta dos Montes Namuli

Ruínas da Casa dos Noivos, abandonada numa encosta dos Montes Namuli

Até que damos com o eucaliptal e, após lhe circundarmos a base, dissimuladas num mato crescido, com as ruínas da Casa dos Noivos da Companhia Zambézia, uma antiga propriedade colonial com vistas impressionantes que conquistou o seu epíteto por ser uma das preferidas da região para luas-de-mel e afins.

Escurece a olhos vistos. Ataca-nos uma frota de melgas sedentas de sangue. Deixam-nos apreensivos com possíveis malárias.

Ditamos a retirada.

De Volta a Gurué, na Noite da Mulher Moçambicana

Quase a corrermos caminho abaixo, mas com incontáveis pausas para fotos de cada vez que o crepúsculo nos implorava por atenção para os cenários da Zambézia, ainda mais irresistíveis que na subida.

Reentramos em Gurué uma hora depois do escurecer. Derreados e extasiados.

Por ser Domingo, Dia da Mulher Moçambicana e véspera de uma ponte-feriado, encontramos a cidade numa festa que irradiava do Jardim Municipal.

Grupo de mulheres na noite do Dia da Mulher Moçambicana

Grupo de mulheres na noite do Dia da Mulher Moçambicana

Incluindo  o bar-restaurante “Arina”, à pinha de convivas nos seus melhores trajes domingueiros. Por novo favor especial da Dª Lídia, é lá que jantamos.

Despertamos moídos de tanto calcorrear, mas prontos para mais.

Retínhamos a existência de umas poucas UPs (Unidades de Produção) erguidas pelos portugueses para processamento do chá e legadas a Gurué.

Mulheres e recém-nascido à sombra do sol tropical de Gurué

Mulheres e recém-nascido à sombra do sol tropical de Gurué

Pedimos a um motoboy o Justino e a um colega que nos explicassem onde ficava cada qual e como operavam.

Visita Frustrada à Unidade de Produção 5

Decidimo-nos por apontar à UP5. Dois motoboys conduzem-nos N103 abaixo. Logo, pelo desvio de terra batida que, entre arvoredo, conduz à fábrica.

Um funcionário que controla a cancela da Chazeira de Moçambique detém-nos.

Uma das unidades de produção de chá activas de Gurué

Uma das unidades de produção de chá activas de Gurué

Lamenta, mas não nos pode deixar passar sem permissão do patrão. “O patrão deve estar a chegar, já fala com vocês!”

Dá-nos passagem para uns escritórios que podíamos jurar que se mantinham os deixados pelos portugueses. O patrão – dizem-nos que um moçambicano de etnia chinesa vindo da Beira – tarda em aparecer.

Em vez, surge um subchefe, indiano de Kerala. “… aqui raramente damos acesso a fotógrafos sem um pedido e permissão prévios” comunica-nos. “Então e quanto tempo é necessário?” retorquimos. “Depende, três dias, pode ser cinco ou até mais.”

Frustramo-nos.

Não seria a primeira unidade processadora de chá que visitávamos, longe disso. Seria, sim, a primeira em Gurué e com uma génese colonial que queríamos documentar.

Rapariga carregada, acima da UP4 de Gurué

Rapariga carregada, acima da UP4 de Gurué

Desistimos.

Chamamos Justino. Ao se inteirar, explica-nos que estes bloqueios estavam sempre a acontecer. “Contaram-me que, quando entram pessoas e fotografam os trabalhadores, eles levantam problemas aos capatazes e ao patrão.

Pedem dinheiro. Ao que parece, o “boss” fartou-se!”.

A UP4 e o Caminho Divinal de Chá paras as Quedas

Pedimos a Justino para nos levarem às quedas d’água mais famosas e fotogénicas da região. O caminho pedregoso massacra-nos.

Deixa-lhes as motas a perder óleo e a fumegar. Mas renova-nos o deslumbre do dia anterior.

Panorama no vale Licungo e sua plantação de chá

Panorama no vale Licungo e sua plantação de chá

O caminho serpenteava por um vale fluvial com encostas abruptas.

Emulava o trajecto de um rio esguio no seu fundo. Esse rio, o Licungo nascia mais acima, sobre os 2000m de altitude dos montes Namuli.

Deu o nome a um dos chás mais emblemáticos e exportados alguma vez produzido por Portugal.

Ora, as quedas em que os motoboys nos deixam, faziam parte do Licungo mas pareciam mergulhar no mar de chá legado pelos portugueses.

Queda d'água entre chá numa encosta dos Montes Namuli

Queda d’água entre chá numa encosta dos Montes Namuli

Fotografamo-las e às plantações, entusiasmados, por demasiado tempo.

Depois, encetamos a descida na direcção da UP4 que já tínhamos atravessado, pelo meio de plantações e de cenários de uma beleza sem igual.

Cruzamo-nos com nativos que ascendem de Gurué e da UP4 rumo às suas casas nas terras mais altas da cordilheira.

Camponeses num caminho abaixo da Casa dos Noivos

Camponeses num caminho abaixo da Casa dos Noivos

Como nós, também o sol desce.

Aos poucos, doura as falésias, gera silhuetas de árvores africanas que sublinham o garrido dos tons.

Reentramos no domínio da UP4, já com a sombra a instalar-se em volta e uma luminosidade fulminante a destacar os socalcos de chá que almejavam as alturas dos Namuli.

A velha Unidade de Produção 4, entre o rio Licungo e os Montes Namuli

A velha Unidade de Produção 4, entre o rio Licungo e os Montes Namuli

Com a noite a cair, o lugar parece-nos demasiado sublime para nos contentarmos.

Na manhã seguinte, regressamos.

A tempo da apanha do chá, que decorre, aliás, em mais que uma área das plantações. Como alvitrado por Justino, a nossa presença levanta uma insatisfação que se alastra.

Apanhadores de chá carregados, acima do rio Licungo

Apanhadores de chá carregados, acima do rio Licungo

Obriga-nos a muita conversa sensibilizadora e a um pagamento comunitário que, tendo em conta a quantidade de trabalhadores, se prova curto e suscita focos de indignação.

Agradecemos o melhor que podemos.

E despedimo-nos, decididos a espreitarmos a UP4. Ao contrário da UP5, esta unidade de produção estava inactiva no que dizia respeito ao processamento de chá.

Em vez, tinha sido transformada numa embaladora de águas e refrigerantes que aproveitava as nascentes e fluxos originados nos Namuli.

Professoras da escola da UP4 de Gurué

Professoras da escola da UP4 de Gurué

À entrada do complexo, numa escola espartana, Tânia e Fátima, duas jovens professoras formavam boa parte da criançada que morava em redor.

O Rio Licungo. Epónimo do Famoso Chá Licungo

Outra parte, encontramo-la quando atravessamos a ponte sobre o Licungo e o acesso à cidade.

Num frenesim multicolor de mulheres, roupa e de miúdos que se serviam do rio para lavagens e secagens, para banhos, tropelias, tarefas maternais e agrícolas, num caudal de vida que nos volta a reter e a fazer perder noção do tempo.

Lavadeiras e crianças no rio Namuli, orla de Gurué

Lavadeiras e crianças no rio Namuli, orla de Gurué

Ao vermos o sol cair para trás de um pico rochoso, resolvemos voltar à cidade a pé.

A decisão revela-se uma vez mais enriquecedora. Ainda no trecho plano do caminho, com o monte Murresse a insinuar-se na distância, percebemos que uns poucos bandos de aves voavam e grasnavam na nossa direcção.

Acompanhamo-las com o olhar.

Sem que o esperássemos, pousam nas copas de uns eucaliptos seculares projectados bem acima estrada. Quando apontamos as teleobjectivas, percebemos que eram calaus bicórnios, uma subespécie exuberante e esquiva, que não contávamos ver por aqueles lados, muito menos que se instalasse por ali.

Escurece. Ao ponto de só o luar nos revelar o cimo arredondado do Muresse. Quando reentramos, a cidade já se havia recomposto do fim-de-semana prolongado.

Estávamos há sete dias em Gurué. Mais do que tínhamos planeado. Bem menos do que Gurué merecia.

Na manhã seguinte apanhamos um chapa para Mocuba. Com a companhia do sr. José Marques Santos e da esposa, portugueses octagenários, de Celorico da Beira.

Desde 1950 que viviam em Ile, a uns poucos quilómetros de Gurué. Nem as guerras nem ninguém os tinham convencido a voltarem a Portugal.

 

COMO IR

Voe de Lisboa para Maputo, com a TAPflytap.com por a partir de 800€ ida-e-volta. De Maputo, poderá voar com a LAM até Quelimane onde poderá alugar um jipe ou uma pick up e viajar até Gurué.

Reserve o seu programa mais amplo de Moçambique com a Quadrante Viagens: quadranteviagens.pt

Ilha Ibo, Moçambique

Ilha de um Moçambique Ido

Foi fortificada, em 1791, pelos portugueses que expulsaram os árabes das Quirimbas e se apoderaram das suas rotas comerciais. Tornou-se o 2º entreposto português da costa oriental de África e, mais tarde, a capital da província de Cabo Delgado, Moçambique. Com o fim do tráfico de escravos na viragem para o século XX e a passagem da capital para Porto Amélia, a ilha Ibo viu-se no fascinante remanso em que se encontra.
Bazaruto, Moçambique

A Miragem Invertida de Moçambique

A apenas 30km da costa leste africana, um erg improvável mas imponente desponta do mar translúcido. Bazaruto abriga paisagens e gentes que há muito vivem à parte. Quem desembarca nesta ilha arenosa exuberante depressa se vê numa tempestade de espanto.
Ilha de Moçambique, Moçambique  

A Ilha de Ali Musa Bin Bique. Perdão, de Moçambique

Com a chegada de Vasco da Gama ao extremo sudeste de África, os portugueses tomaram uma ilha antes governada por um emir árabe a quem acabaram por adulterar o nome. O emir perdeu o território e o cargo. Moçambique - o nome moldado - perdura na ilha resplandecente em que tudo começou e também baptizou a nação que a colonização lusa acabou por formar.
PN Gorongosa, Moçambique

O Coração da Vida Selvagem de Moçambique dá Sinais de Vida

A Gorongosa abrigava um dos mais exuberantes ecossistemas de África mas, de 1980 a 1992, sucumbiu à Guerra Civil travada entre a FRELIMO e a RENAMO. Greg Carr, o inventor milionário do Voice Mail recebeu a mensagem do embaixador moçambicano na ONU a desafiá-lo a apoiar Moçambique. Para bem do país e da humanidade, Carr comprometeu-se a ressuscitar o parque nacional deslumbrante que o governo colonial português lá criara.
Enxame, Moçambique

Área de Serviço à Moda Moçambicana

Repete-se em quase todas as paragens em povoações de Moçambique dignas de aparecer nos mapas. O machimbombo (autocarro) detém-se e é cercado por uma multidão de empresários ansiosos. Os produtos oferecidos podem ser universais como água ou bolachas ou típicos da zona. Nesta região a uns quilómetros de Nampula, as vendas de fruta eram sucediam-se, sempre bastante intensas.
Ilha do Ibo a Ilha QuirimbaMoçambique

Ibo a Quirimba ao Sabor da Maré

Há séculos que os nativos viajam mangal adentro e afora entre a ilha do Ibo e a de Quirimba, no tempo que lhes concede a ida-e-volta avassaladora do oceano Índico. À descoberta da região, intrigados pela excentricidade do percurso, seguimos-lhe os passos anfíbios.
Pemba, Moçambique

De Porto Amélia ao Porto de Abrigo de Moçambique

Em Julho de 2017, visitámos Pemba. Dois meses depois, deu-se o primeiro ataque a Mocímboa da Praia. Nem então nos atrevemos a imaginar que a capital tropical e solarenga de Cabo Delgado se tornaria a salvação de milhares de moçambicanos em fuga de um jihadismo aterrorizador.
Ilha de Goa, Ilha de Moçambique, Moçambique

A Ilha que Ilumina a de Moçambique

A pequena ilha de Goa sustenta um farol já secular à entrada da Baía de Mossuril. A sua torre listada sinaliza a primeira escala de um périplo de dhow deslumbrante em redor da velha Ilha de Moçambique.

Machangulo, Moçambique

A Península Dourada de Machangulo

A determinada altura, um braço de mar divide a longa faixa arenosa e repleta de dunas hiperbólicas que delimita a Baía de Maputo. Machangulo, assim se denomina a secção inferior, abriga um dos litorais mais grandiosos de Moçambique.
Vilankulos, Moçambique

Índico vem, Índico Vai

A porta de entrada para o arquipélago de Bazaruto de todos os sonhos, Vilankulos tem os seus próprios encantos. A começar pela linha de costa elevada face ao leito do Canal de Moçambique que, a proveito da comunidade piscatória local, as marés ora inundam, ora descobrem.
Parque Nacional de Maputo, Moçambique

O Moçambique Selvagem entre o Rio Maputo e o Índico

A abundância de animais, sobretudo de elefantes, deu azo, em 1932, à criação de uma Reserva de Caça. Passadas as agruras da Guerra Civil Moçambicana, o PN de Maputo protege ecossistemas prodigiosos em que a fauna prolifera. Com destaque para os paquidermes que recentemente se tornaram demasiados.
Tofo, Moçambique

Entre o Tofo e o Tofinho por um Litoral em Crescendo

Os 22km entre a cidade de Inhambane e a costa revelam-nos uma imensidão de manguezais e coqueirais, aqui e ali, salpicados de cubatas. A chegada ao Tofo, um cordão de dunas acima de um oceano Índico sedutor e uma povoação humilde em que o modo de vida local há muito se ajusta para acolher vagas de forasteiros deslumbrados.
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Inhambane, Moçambique

A Capital Vigente de uma Terra de Boa Gente

Ficou para a história que um acolhimento generoso assim fez Vasco da Gama elogiar a região. De 1731 em diante, os portugueses desenvolveram Inhambane, até 1975, ano em que a legaram aos moçambicanos. A cidade mantém-se o cerne urbano e histórico de uma das províncias mais reverenciadas de Moçambique.
Gurué, Moçambique, Parte 1

Pelas Terras Moçambicanas do Chá

Os portugueses fundaram Gurué, no século XIX e, a partir de 1930, inundaram de camelia sinensis os sopés dos montes Namuli. Mais tarde, renomearam-na Vila Junqueiro, em honra do seu principal impulsionador. Com a independência de Moçambique e a guerra civil, a povoação regrediu. Continua a destacar-se pela imponência verdejante das suas montanhas e cenários teáceos.
Fiéis saúdam-se no registão de Bukhara.
Cidade
Bukhara, Uzbequistão

Entre Minaretes do Velho Turquestão

Situada sobre a antiga Rota da Seda, Bukhara desenvolveu-se desde há pelo menos, dois mil anos como um entreposto comercial, cultural e religioso incontornável da Ásia Central. Foi budista, passou a muçulmana. Integrou o grande império árabe e o de Gengis Khan, reinos turco-mongois e a União Soviética, até assentar no ainda jovem e peculiar Uzbequistão.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Rinoceronte, PN Kaziranga, Assam, Índia
Safari
PN Kaziranga, Índia

O Baluarte dos Monocerontes Indianos

Situado no estado de Assam, a sul do grande rio Bramaputra, o PN Kaziranga ocupa uma vasta área de pântano aluvial. Lá se concentram dois terços dos rhinocerus unicornis do mundo, entre em redor de 100 tigres, 1200 elefantes e muitos outros animais. Pressionado pela proximidade humana e pela inevitável caça furtiva, este parque precioso só não se tem conseguido proteger das cheias hiperbólicas das monções e de algumas polémicas.
Monges na escadaria do mosteiro Tashi Lha Khang
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna 16º - Marpha, Nepal

Marpha e o Fim Antecipado do Circuito

Contados treze dias de caminhada desde a já longínqua Chame, chegamos a Marpha. Abrigada no sopé de uma encosta, na iminência do rio Gandaki, Marpha revela-se a derradeira povoação preservada e encantadora do percurso. O excesso de obras ao longo da via F042 que nos levaria de volta a Pokhara, faz-nos encurtar a segunda parte do Circuito Annapurna.
hacienda mucuyche, Iucatão, México, canal
Arquitectura & Design
Iucatão, México

Entre Haciendas e Cenotes, pela História do Iucatão

Em redor da capital Mérida, para cada velha hacienda henequenera colonial há pelo menos um cenote. Com frequência, coexistem e, como aconteceu com a semi-recuperada Hacienda Mucuyché, em duo, resultam nalguns dos lugares mais sublimes do sudeste mexicano.

Passageiros, voos panorâmico-Alpes do sul, Nova Zelândia
Aventura
Aoraki Monte Cook, Nova Zelândia

A Conquista Aeronáutica dos Alpes do Sul

Em 1955, o piloto Harry Wigley criou um sistema de descolagem e aterragem sobre asfalto ou neve. Desde então, a sua empresa revela, a partir do ar, alguns dos cenários mais grandiosos da Oceania.
bebe entre reis, cavalhadas de pirenopolis, cruzadas, brasil
Cerimónias e Festividades
Pirenópolis, Brasil

Cruzadas à Brasileira

Os exércitos cristãos expulsaram as forças muçulmanas da Península Ibérica no séc. XV mas, em Pirenópolis, estado brasileiro de Goiás, os súbditos sul-americanos de Carlos Magno continuam a triunfar.
Miami, entrada da América Latina, Florida, Estados Unidos,
Cidades
Miami, Flórida, E.U.A.

A Porta de Entrada da América Latina

Não é só a localização privilegiada, entre um oceano exuberante e o verde dos Everglades, com a vastidão caribenha logo ali a sul. É o afago tropical, o do clima e o cultural e uma modernidade urbana exemplar. Cada vez mais em castelhano, num contexto latino-americano.
Singapura Capital Asiática Comida, Basmati Bismi
Comida
Singapura

A Capital Asiática da Comida

Eram 4 as etnias condóminas de Singapura, cada qual com a sua tradição culinária. Adicionou-se a influência de milhares de imigrados e expatriados numa ilha com metade da área de Londres. Apurou-se a nação com a maior diversidade gastronómica do Oriente.
Capacete capilar
Cultura
Viti Levu, Fiji

Canibalismo e Cabelo, Velhos Passatempos de Viti Levu, ilhas Fiji

Durante 2500 anos, a antropofagia fez parte do quotidiano de Fiji. Nos séculos mais recentes, a prática foi adornada por um fascinante culto capilar. Por sorte, só subsistem vestígios da última moda.
arbitro de combate, luta de galos, filipinas
Desporto
Filipinas

Quando só as Lutas de Galos Despertam as Filipinas

Banidas em grande parte do Primeiro Mundo, as lutas de galos prosperam nas Filipinas onde movem milhões de pessoas e de Pesos. Apesar dos seus eternos problemas é o sabong que mais estimula a nação.
Erika Mae
Em Viagem
Filipinas

Os Donos da Estrada Filipina

Com o fim da 2ª Guerra Mundial, os filipinos transformaram milhares de jipes norte-americanos abandonados e criaram o sistema de transporte nacional. Hoje, os exuberantes jeepneys estão para as curvas.
Tabatô, Guiné Bissau, Balafons
Étnico
Tabatô, Guiné Bissau

Tabatô: ao Ritmo do Balafom

Durante a nossa visita à tabanca, num ápice, os djidius (músicos poetas)  mandingas organizam-se. Dois dos balafonistas prodigiosos da aldeia assumem a frente, ladeados de crianças que os imitam. Cantoras de megafone em riste, cantam, dançam e tocam ferrinhos. Há um tocador de corá e vários de djambés e tambores. A sua exibição gera-nos sucessivos arrepios.
Vista para ilha de Fa, Tonga, Última Monarquia da Polinésia
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Portfólio Got2Globe

Sinais Exóticos de Vida

Comboio do Fim do Mundo, Terra do Fogo, Argentina
História
Ushuaia, Argentina

Ultima Estação: Fim do Mundo

Até 1947, o Tren del Fin del Mundo fez incontáveis viagens para que os condenados do presídio de Ushuaia cortassem lenha. Hoje, os passageiros são outros mas nenhuma outra composição passa mais a Sul.
Bando de Pelicanos-Pardo de olho em alimento
Ilhas
Islamorada, Florida Keys, Estados Unidos

A Aldeia Floridense Feita de Ilhas

Os descobridores espanhóis baptizaram-na de ilha Púrpura, mas os tons predominantes são os dos incontáveis recifes de coral num mar pouco profundo. Confinada às suas cinco keys, Islamorada mantêm-se pacata, num meio-caminho alternativo entre Miami e Key West, as urbes da Flórida que a prodigiosa Overseas Highway há muito liga.
lago ala juumajarvi, parque nacional oulanka, finlandia
Inverno Branco
Kuusamo ao PN Oulanka, Finlândia

Sob o Encanto Gélido do Árctico

Estamos a 66º Norte e às portas da Lapónia. Por estes lados, a paisagem branca é de todos e de ninguém como as árvores cobertas de neve, o frio atroz e a noite sem fim.
Baie d'Oro, Île des Pins, Nova Caledonia
Literatura
Île-des-Pins, Nova Caledónia

A Ilha que se Encostou ao Paraíso

Em 1964, Katsura Morimura deliciou o Japão com um romance-turquesa passado em Ouvéa. Mas a vizinha Île-des-Pins apoderou-se do título "A Ilha mais próxima do Paraíso" e extasia os seus visitantes.
Ponte Suspensa, Cabro Muco, vulcão Miravalles
Natureza
Miravalles, Costa Rica

O Vulcão que Miravalles

Com 2023 metros, o Miravalles destaca-se no norte da Costa Rica, bem acima de uma cordilheira de pares que inclui o La Giganta, o Tenório, Espiritu Santo, o Santa Maria, o Rincón de La Vieja e o Orosi. Inactivo no que diz respeito a erupções, alimenta um campo geotermal prolífico que amorna as vidas dos costarriquenhos à sua sombra.
Estátua Mãe-Arménia, Erevan, Arménia
Outono
Erevan, Arménia

Uma Capital entre o Leste e o Ocidente

Herdeira da civilização soviética, alinhada com a grande Rússia, a Arménia deixa-se seduzir pelos modos mais democráticos e sofisticados da Europa Ocidental. Nos últimos tempos, os dois mundos têm colidido nas ruas da sua capital. Da disputa popular e política, Erevan ditará o novo rumo da nação.
Braga ou Braka ou Brakra, no Nepal
Parques Naturais
Circuito Annapurna: 6º – Braga, Nepal

Num Nepal Mais Velho que o Mosteiro de Braga

Quatro dias de caminhada depois, dormimos aos 3.519 metros de Braga (Braka). À chegada, apenas o nome nos é familiar. Confrontados com o encanto místico da povoação, disposta em redor de um dos mosteiros budistas mais antigos e reverenciados do circuito Annapurna, lá prolongamos a aclimatização com subida ao Ice Lake (4620m).
Um dos prédios mais altos de Valletta, Malta
Património Mundial UNESCO
Valletta, Malta

As Capitais Não se Medem aos Palmos

Por altura da sua fundação, a Ordem dos Cavaleiros Hospitalários apodou-a de "a mais humilde". Com o passar dos séculos, o título deixou de lhe servir. Em 2018, Valletta foi a Capital Europeia da Cultura mais exígua de sempre e uma das mais recheadas de história e deslumbrantes de que há memória.
Era Susi rebocado por cão, Oulanka, Finlandia
Personagens
PN Oulanka, Finlândia

Um Lobo Pouco Solitário

Jukka “Era-Susi” Nordman criou uma das maiores matilhas de cães de trenó do mundo. Tornou-se numa das personagens mais emblemáticas da Finlândia mas continua fiel ao seu cognome: Wilderness Wolf.
Conversa ao pôr-do-sol
Praias
Boracay, Filipinas

A Praia Filipina de Todos os Sonhos

Foi revelada por mochileiros ocidentais e pela equipa de filmagem de “Assim Nascem os Heróis”. Seguiram-se centenas de resorts e milhares de veraneantes orientais mais alvos que o areal de giz.
Aurora ilumina o vale de Pisang, Nepal.
Religião
Circuito Annapurna: 3º- Upper Pisang, Nepal

Uma Inesperada Aurora Nevada

Aos primeiros laivos de luz, a visão do manto branco que cobrira a povoação durante a noite deslumbra-nos. Com uma das caminhadas mais duras do Circuito Annapurna pela frente, adiamos a partida tanto quanto possível. Contrariados, deixamos Upper Pisang rumo a Ngawal quando a derradeira neve se desvanecia.
A Toy Train story
Sobre Carris
Siliguri a Darjeeling, Índia

Ainda Circula a Sério o Comboio Himalaia de Brincar

Nem o forte declive de alguns tramos nem a modernidade o detêm. De Siliguri, no sopé tropical da grande cordilheira asiática, a Darjeeling, já com os seus picos cimeiros à vista, o mais famoso dos Toy Trains indianos assegura há 117 anos, dia após dia, um árduo percurso de sonho. De viagem pela zona, subimos a bordo e deixamo-nos encantar.
Uma espécie de portal
Sociedade
Little Havana, E.U.A.

A Pequena Havana dos Inconformados

Ao longo das décadas e até aos dias de hoje, milhares de cubanos cruzaram o estreito da Florida em busca da terra da liberdade e da oportunidade. Com os E.U.A. ali a meros 145 km, muitos não foram mais longe. A sua Little Havana de Miami é, hoje, o bairro mais emblemático da diáspora cubana.
Casario, cidade alta, Fianarantsoa, Madagascar
Vida Quotidiana
Fianarantsoa, Madagáscar

A Cidade Malgaxe da Boa Educação

Fianarantsoa foi fundada em 1831 por Ranavalona Iª, uma rainha da etnia merina então predominante. Ranavalona Iª foi vista pelos contemporâneos europeus como isolacionista, tirana e cruel. Reputação da monarca à parte, quando lá damos entrada, a sua velha capital do sul subsiste como o centro académico, intelectual e religioso de Madagáscar.
Tartaruga recém-nascida, PN Tortuguero, Costa Rica
Vida Selvagem
PN Tortuguero, Costa Rica

Uma Noite no Berçário de Tortuguero

O nome da região de Tortuguero tem uma óbvia e antiga razão. Há muito que as tartarugas do Atlântico e do Mar das Caraíbas se reunem nas praias de areia negro do seu estreito litoral para desovarem. Numa das noites que passamos em Tortuguero assistimos aos seus frenéticos nascimentos.
The Sounds, Fiordland National Park, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Fiordland, Nova Zelândia

Os Fiordes dos Antipodas

Um capricho geológico fez da região de Fiordland a mais crua e imponente da Nova Zelândia. Ano após anos, muitos milhares de visitantes veneram o sub-domínio retalhado entre Te Anau e Milford Sound.