Ilha Robinson Crusoe, Chile

Alexander Selkirk: na Pele do Verdadeiro Robinson Crusoe


A principal ilha do arquipélago Juan Fernández foi abrigo de piratas e tesouros. A sua história fez-se de aventuras como a de Alexander Selkirk, o marinheiro abandonado que inspirou o romance de Dafoe

Assim que deixa para trás o continente sul-americano, o elegante Twin Otter encontra um céu salpicado de pequenas nuvens.

Aqui e ali, perfura-as.

Seiscentos quilómetros depois, a nebulosidade intensifica-se e encobre o arquipélago de Juan Fernández. Deixa descobertas algumas arestas de terra que o piloto reconhece sem hesitações.

A pista surge apertada entre as nuvens e o topo dos penhascos de Robinson Crusoe. Apesar do vento forte, o piloto conduz o avião à terra batida com suavidade.

Aterragem iminente, Alexander Selkirk, na Pele Robinson Crusoe, Chile

Avião faz-se à pista elevada de Robinson Crusoe, com início no topo de um enorme penhasco.

Onde detém o avião, uma bandeira esvoaçante desfaz qualquer dúvida que a distância e a estranheza do terreno pudessem levantar. Regressávamos a solo chileno.

Bandeira Chilena, Alexander Selkirk, na Pele Robinson Crusoe, Chile

Uma bandeira do Chile assinala a posse chilena de um arquipélago situado a mais de 600km da costa do Chile

O aeródromo fica num lado da ilha. San Juan Bautista, a povoação onde se concentram os seus quinhentos habitantes, fica noutro. A impossibilidade de cumprir o caminho por terra obriga a um translado pelo mar. Além de lento, complicado.

O velho jipe ferrugento que assegura a ligação ao barco recusa-se a pegar.

Quando pega, porque é o único veículo disponível, tem que cumprir várias viagens de ida e volta, cada uma mais arrastada que anterior.

De empurrão, Alexander Selkirk, na Pele Robinson Crusoe, Chile

Habitantes de Robinson Crusoe tentam dar vida ao jipe que faz a ligação entre o aeródromo e a Bahia del Padre.

Como se não bastasse, a ondulação é forte. Atira a embarcação em que devíamos prosseguir contra o molhe da Bahia del Padre.

A agitação gera sucessivas discussões entre a tripulação.

Em redor, dezenas de leões-marinhos nadam inquietos. Parecem analisar o frenesim.

Quando o barco por fim zarpa, seguem-no por algumas centenas de metros, como que a assegurar a integridade do seu território.

Bahia del Padre, Alexander Selkirk, na Pele Robinson Crusoe, Chile

Uma enseada circular quase fechada de Robinson Crusoe, partilhada por leões-marinhos e pescadores.

As desventuras ainda estavam por terminar. A apenas cinco minutos de atingir o destino, o barco imobiliza-se. A tripulação percebe que vem a perder combustível desde que embateu num dos pilares do molhe da Bahia del Padre.

Em Robinson Crusoe, tudo se resolve.

Em três tempos, do nada, aparece uma pequena embarcação que, a grande esforço, nos reboca.

A reboque, Alexander Selkirk, na Pele Robinson Crusoe, Chile

Traineira que faz a ligação entre a Baía del Padre e San Juan Bautista é rebocada por um barco mais pequeno após ser danificada pela ondulação.

A chegada à vila é atribulada mas apoteótica. Dezenas de ilhéus acenam ansiosos pelos reencontros com os familiares, ou tão só entusiasmados pelo renovar das gentes. Começamos, a desvendar uma peculiar forma de vida.

Sobre o molhe, os moradores pescam à linha e puxam da água, peixe atrás de peixe. Ao largo, embarcações diminutas descarregam caixotes de lagosta acabada de capturar.

Contribuem assim para a principal exportação da ilha.

Lagostão, Alexander Selkirk, na Pele Robinson Crusoe, Chile

Pescador mostra uma das muitas lagostas pescadas ao largo do arquipélago Juan Fernandez.

Robinson Crusoe envia todos os anos, muitas toneladas destes crustáceos para o continente chileno.

As suas remessas tornaram-se de tal maneira importantes que a Lassa – a companhia aérea que opera os voos de e para Valparaíso e Santiago – lhes reserva metade do espaço dos seus aviões.

Quando escrevemos metade, referimo-nos a todo um dos lados da cabine.

Como pudemos testemunhar, nessas ocasiões, as cadeiras são removidas. E o espaço disponibilizado é preenchido por caixotes que tresandam a marisco.

Espaço para lagostas, Alexander Selkirk, na Pele Robinson Crusoe, Chile

Auxiliares removem cadeiras de um avião prestes a descolar para o continente chileno para terem espaço para transportar caixotes de lagostas.

O mar sempre se revelou generoso para os locais. Dá-lhes que fazer e alimenta-os. Anula as razões mais óbvias para se saturarem de vez do isolamento de Robinson Crusoe.

A 600 km do litoral da América do Sul, esta é uma separação que nem o passar dos séculos nem a modernização do Chile conseguiram ainda resolver.

Ilha Robinson Crusoe: dos Piratas ao Caçador de Tesouros

Assim que nos instalamos, damos início à exploração da ilha.

Acompanham-nos os guias e instrutores de mergulho Pedro Niada e Marco Araya Torres, um casal de franceses recém-chegado e Toni um barcelonense estudante ERASMUS de Biologia, há já algum tempo na ilha.

Saímos com o propósito de desbravar o litoral rude e de mergulhar com os leões-marinhos, uma das espécies endémicas locais, agora em plena recuperação da matança sistemática levada a cabo por caçadores de vários países até ao início do século XIX.

Briga de Leões-marinhos, Alexander Selkirk, na Pele Robinson Crusoe, Chile

Leões-marinhos debatem-se pelo território rochoso no sopé de uma enorme falésia.

O percurso para as colónias dos “lobos” (como lhes chamam em Robinson Crusoe) revela o esplendor vulcânico dos cenários contrastantes que mudam consoante a orientação e a exposição aos ventos húmidos do Pacífico.

Temos também tempo para uma paragem estratégica na Baía do Inglês.

Ali, Pedro Niada introduz-nos a história de George Anson, o marinheiro que baptizou a baía onde se formou o povoado pirata de Cumberland e deu ao vale contíguo o seu nome.

Explicações de Pedro Niada, Alexander Selkirk, na Pele Robinson Crusoe, Chile

Guia Pedro Niada explica diversas pistas que parecem confirmar a presença de tesouros escondidos em Robinson Crusoe.

Explica-nos que Anson escondeu na baía um tesouro de valor incalculável e que já foram muitos os que o tentaram desenterrar. Em vão.

Adianta-nos ainda que Bernard Keiser, um milionário norte-americano, continua a tentar. Niada tinha acompanhado Bernard Keiser em várias das suas épocas de trabalho.

Com paciência e eloquência, à laia de documentário, o guia chileno percorre a enseada e elucida-nos sobre cada marca na rocha, cada medida e pista deixada pelos piratas com referência a pedras com formas curiosas, riachos ou árvores.

A narração deixa-nos ainda mais fascinados pela ilha. E algo desiludidos por estarmos em pleno semestre de restrição às escavações de Kaiser, uma restrição imposta pelo governo chileno.

O Arquipélago Exuberante de Juan Fernández

Deixamos a Baía do Inglês. Seguimos ao longo de uma costa batida pelo mar agitado que só acalma quando nos deparamos com a enseada dos leões-marinhos.

Contacto visual, Alexander Selkirk, na Pele Robinson Crusoe, Chile

Visitante e leão-marinho observam-se frente a frente.

Detectado um recanto suficientemente tranquilo para o mergulho, equipamo-nos. Logo, saltamos para a água.

Em três tempos, vêmo-nos cercados por crias e adultos frenéticos que não resistem à curiosidade, nos desafiam e chegam a morder-nos as barbatanas como que a tentar perceber de que espécie somos.

Por questões de calendário relacionadas com os voos e com as limitações impostas pelo transporte de lagosta, não temos o tempo que queríamos para descobrir a ilha. De acordo, após algumas viagens pelo litoral, decidimos passar a explorá-la para o interior, por trilhos quase sempre íngremes.

Trilho do Mirador, Alexander Selkirk, na Pele Robinson Crusoe, Chile

Visitante desce um trilho íngreme numa zona elevada de Robinson Crusoe.

Quando caminhamos pelo âmago recortado de Robinson Crusoe, deslumbra-nos a sua flora fascinante, enriquecida por espécies endémicas. Só por si, as paisagens despertam um enorme fascínio. Mas o interesse de Robinson Crusoe e das suas irmãs vai muito além dos panoramas.

A quantidade de espécies animais e vegetais autóctones e a geologia dramática na base dos seus ecossistemas, atraem, há muito, ao arquipélago inúmeros cientistas.

Colibri de Juan Fernandez, Alexander Selkirk, na Pele Robinson Crusoe, Chile

Colibri de Juan Fernandez, uma ave endémica cada vez mais rara do arquipélago.

Como causa e consequência, em 1977, a UNESCO declarou-a uma Reserva Mundial da Biosfera, representativa da Região Oceânica da Polinésia do Sudeste.

O Verdadeiro Robinson Crusoe

A personagem chave da ilha Robinson Crusoe chegou muito antes. Estava pouco interessado na fauna e na flora. Sem quase ter tido tempo de perceber como ou porquê, passou a delas depender. A peripécia ficou para a posteridade como um dos momentos mais excêntricos da navegação corsária britânica.

À imagem das ilhas próximas – Alexander Selkirk e Santa Clara – Robinson Crusoe foi descoberta em 1574, por Juan Fernández, um navegador castelhano de família portuguesa.

Vislumbre da ilha, Alexander Selkirk, na Pele Robinson Crusoe, Chile

Brecha num manto de nuvens revela um recanto da ilha Robinson Crusoe.

Pouco depois, o arquipélago a que Fernández deu nome transformou-se num porto de abrigo preferido dos piratas que atacavam os galeões carregados de ouro e pedras preciosas destinados a Cartagena das Índias e a outras paragens do vasto império hispânico.

Em 1704, fundeou na baía de Cumberland, o “Cinque Ports“, um navio corsário inglês.

Tinha como capitão William Dampier, um criador de mapas admirado mas considerado inapto para liderar embarcações repletas de homens rudes e conflituosos nos mares mais perigosos até então conhecidos.

A Obsessão Tresloucada de William Dampier

Obcecado por saquear os navios espanhóis e portugueses que contornavam a costa oeste da América do Sul, Dampier insistiu, contra o bom senso e a vontade dos seus marinheiros, em contornar o temido Cabo Horn durante o Inverno Austral, a época do anos em que as tempestades ali são mais frequentes e ameaçadoras.

Por três vezes tentou o feito. Em todas, o navio foi afastado para longe da rota e sofreu danos avultados. Quando a tripulação que já padecia de escorbuto, ameaçou revoltar-se, o contramestre, o escocês Alexander Selkirk alertou Dampier.

Este, recusou-se a dar ouvidos. Em vez, manobrou o “Cinque Ports” uma vez mais para sul do Cabo Horn, sempre à mercê de um mar traiçoeiro.

A sorte estava do lado do capitão. Mesmo danificado, o navio lá conseguiu passar do Atlântico para o Pacífico. Então, Dampier conduziu-o a Masatierra (a actual Robinson Crusoe) para que os seus homens pudessem recuperar da travessia.

San Juan Bautista, Alexander Selkirk, na Pele Robinson Crusoe, Chile

A principal povoação do arquipélago Juan Fernández, abrigada numa enseada virada a sul, foi muito afectada por um tsunami gerado pelo sismo que assolou o Chile em 2010.

O Abandono Auto-Ditado de Alexander Selkirk

Selkirk esperava que Dampier ordenasse uma reparação geral do “Cinque Ports“. Dampier continuava ansioso e queria zarpar o quanto antes. Convencido de que o navio não iria aguentar mais tempestades, o contramestre Selkirk exigiu ser deixado na ilha. Farto das suas confrontações. Dampier fez-lhe a vontade.

Selkirk voltou uma derradeira vez ao barco. Levou para terra o seu colchão, uma espingarda, pólvora e balas, tabaco, um machado e uma faca, uma bíblia, instrumentos de navegação e alguns livros. Pensou estaria bem preparado para o que estimava ser uma curta espera.

No momento decisivo, à medida que o barco a remos se afastava da costa de Masatierra, Selkirk ainda foi assolado pela dúvida e correu para a borda da água para chamar de volta os companheiros.

Forçados pelo capitão a ignorá-lo, os remadores continuaram em direcção ao “Cinque Ports”.  Selkirk ficou a ver o navio desaparecer no horizonte.

A sua solidão duraria quatro anos e quatro meses.

A Sobrevivência Desesperante de Alexander Selkirk

Nesse tempo, alimentou-se de cabras que tinham escapado de outros barcos e colonizado a ilha. Bem como do seu leite, de frutas e de vegetais que os espanhóis tinham plantado anos antes.

A paisagem circundante era, à sua maneira, paradisíaca e proliferavam nascentes de água doce.

Apesar de beneficiar de um relativo bem-estar sobrevivente, Selkirk ansiou, desde o primeiro minuto, pela chegada de uma embarcação que o salvasse. Subia, várias vezes por dia, aos pontos mais altos da ilha onde ficava a perscrutar o horizonte.

Vista Miradouro, Alexander Selkirk, na Pele Robinson Crusoe, Chile

Um dos panoramas perscrutado por Alexander Selkirk vezes sem conta em busca de navios

Passaram-se meses sem que o Pacífico lhe trouxesse novidades.

Tratou, então, de se instalar com mais condições. Construiu uma cabana com troncos que forrou com peles de cabra. Mais tarde, mudou-se para o interior de uma gruta.

Onde quer que estivesse, Selkirk mantinha uma fogueira acesa no exterior, esperançado de que alguém avistasse o fumo.

A sua longa solidão só terminou no início de 1709 quando avistou o “Duque”, o navio que o levaria de volta à Grã-Bretanha.

O piloto deste navio era William Dampier, o ex-capitão do “Cinque Ports” que o havia votado àquele longo e cruel abandono.

Cumprido o regresso, a aventura de Alexander Selkirk correu as docas, tabernas e estalagens da velha Albion. Incluía trechos tão mágicos como danças e cantorias com cabras amestradas sob a luz da lua.

Tornou-se de tal forma famosa que inspirou Daniel Dafoe a escrever “As Incríveis e Surpreendentes Aventuras de Robinson Crusoe” com base numa personagem fictícia e passado nas Caraíbas.

Nos Passos do Marinheiro Abandonado

Ao jeito de homenagem, de maneira aproveitar o potencial turístico da relação entre Alexander Selkirk e Robinson Crusoe, este último seria adaptado como o nome actual da ilha. Foi o escolhido pelos habitantes para substituir Masatierra, usado, até então, por a ilha ser a mais próxima do continente sul-americano.

Deixamos para o fim o percurso doloroso que conduzia ao Miradouro de Selkirk.

A cavalo, Alexander Selkirk, na Pele Robinson Crusoe, Chile

Nativo desce a cavalo do miradouro de Selkirk para o litoral de San Juan Bautista.

Após dois quilómetros de curvas e contracurvas sempre íngremes, o caminho avança sob autênticos túneis de vegetação densa.

Logo depois, revela-nos o posto de vigia de Selkirk, celebrado na aresta elevada da montanha por uma placa de bronze explicativa.

Selkirk, Na Pele de Robinson Crusoe, Alexander Selkirk, Chile

Sobrenome do marinheiro que ficou abandonado na principal ilha do arquipélago Juan Fernández e inspirou o romance de Daniel Dafoe.

Dali, cansados e fustigados pelo vento, observamos, deliciados, a beleza fascinante de Robinson Crusoe, reforçada pelas vertentes verdejantes dos montes em redor e pela língua de terra inóspita que se prolonga para sul das Tres Puntas.

No que a terra diz respeito, a vista terminava na distante Isla de Santa Clara, a menor das ilhas de Juan Fernández.

Santa Clara é a ilha “vizinha” que Alexander Selkirk se habituou a contemplar dia após dia.

Ilha de Santa Clara, Alexander Selkirk, na Pele Robinson Crusoe, Chile

Nuvem paira sobre a pequena ilha de Santa Clara.

Até à passagem do “Duke” a embarcação que o resgatou, mas que nunca resgatou Robinson Crusoe.

Ilha da Páscoa, Chile

A Descolagem e a Queda do Culto do Homem-Pássaro

Até ao século XVI, os nativos da Ilha da Páscoa esculpiram e idolatraram enormes deuses de pedra. De um momento para o outro, começaram a derrubar os seus moais. Sucedeu-se a veneração de tangatu manu, um líder meio humano meio sagrado, decretado após uma competição dramática pela conquista de um ovo.
PN Torres del Paine, Chile

A Mais Dramática das Patagónias

Em nenhuma outra parte os confins austrais da América do Sul se revelam tão arrebatadores como na cordilheira de Paine. Ali, um castro natural de colossos de granito envolto de lagos e glaciares projecta-se da pampa e submete-se aos caprichos da meteorologia e da luz.
Viagens de Barco

Para Quem Só Enjoa de Navegar na Net

Embarque e deixe-se levar em viagens de barco imperdíveis como o arquipélago filipino de Bacuit e o mar gelado do Golfo finlandês de Bótnia.
Sainte-Luce, Martinica

Um Projeccionista Saudoso

De 1954 a 1983, Gérard Pierre projectou muitos dos filmes famosos que chegavam à Martinica. 30 anos após o fecho da sala em que trabalhava, ainda custava a este nativo nostálgico mudar de bobine.
Rapa Nui - Ilha da Páscoa, Chile

Sob o Olhar dos Moais

Rapa Nui foi descoberta pelos europeus no dia de Páscoa de 1722. Mas, se o nome cristão ilha da Páscoa faz todo o sentido, a civilização que a colonizou de moais observadores permanece envolta em mistério.
Deserto de Atacama, Chile

A Vida nos Limites do Deserto de Atacama

Quando menos se espera, o lugar mais seco do mundo revela novos cenários extraterrestres numa fronteira entre o inóspito e o acolhedor, o estéril e o fértil que os nativos se habituaram a atravessar.
Puerto Natales-Puerto Montt, Chile

Cruzeiro num Cargueiro

Após longa pedinchice de mochileiros, a companhia chilena NAVIMAG decidiu admiti-los a bordo. Desde então, muitos viajantes exploraram os canais da Patagónia, lado a lado com contentores e gado.
Upolu, Samoa

A Ilha do Tesouro de Stevenson

Aos 30 anos, o escritor escocês começou a procurar um lugar que o salvasse do seu corpo amaldiçoado. Em Upolu e nos samoanos, encontrou um refúgio acolhedor a que entregou a sua vida de alma e coração.
El Tatio, Chile

Géiseres El Tatio - Entre o Gelo e o Calor do Atacama

Envolto de vulcões supremos, o campo geotermal de El Tatio, no Deserto de Atacama surge como uma miragem dantesca de enxofre e vapor a uns gélidos 4200 m de altitude. Os seus géiseres e fumarolas atraem hordas de viajantes.
San Pedro de Atacama, Chile

São Pedro de Atacama: a Vida em Adobe no Mais Árido dos Desertos

Os conquistadores espanhóis tinham partido e o comboio desviou as caravanas de gado e nitrato. San Pedro recuperava a paz mas uma horda de forasteiros à descoberta da América do Sul invadiu o pueblo.
Vulcão Villarrica, Chile

Ascensão à Cratera do Vulcão Villarrica, Sempre em Actividade

Pucón abusa da confiança da natureza e prospera no sopé da montanha Villarrica.Seguimos este mau exemplo por trilhos gelados e conquistamos a cratera de um dos vulcões mais activos da América do Sul.
Pucón, Chile

Entre as Araucárias de La Araucania

A determinada latitude do longilíneo Chile, entramos em La Araucanía. Este é um Chile rude, repleto de vulcões, lagos, rios, quedas d’água e das florestas de coníferas de que brotou o nome da região. E é o coração de pinhão da maior etnia indígena do país: a Mapuche.
Moradores percorrem o trilho que sulca plantações acima da UP4
Cidade
Gurué, Moçambique, Parte 1

Pelas Terras Moçambicanas do Chá

Os portugueses fundaram Gurué, no século XIX e, a partir de 1930, inundaram de camelia sinensis os sopés dos montes Namuli. Mais tarde, renomearam-na Vila Junqueiro, em honra do seu principal impulsionador. Com a independência de Moçambique e a guerra civil, a povoação regrediu. Continua a destacar-se pela imponência verdejante das suas montanhas e cenários teáceos.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
savuti, botswana, leões comedores de elefantes
Safari
Savuti, Botswana

Os Leões Comedores de Elefantes de Savuti

Um retalho do deserto do Kalahari seca ou é irrigado consoante caprichos tectónicos da região. No Savuti, os leões habituaram-se a depender deles próprios e predam os maiores animais da savana.
Bandeiras de oração em Ghyaru, Nepal
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 4º – Upper Pisang a Ngawal, Nepal

Do Pesadelo ao Deslumbre

Sem que estivéssemos avisados, confrontamo-nos com uma subida que nos leva ao desespero. Puxamos ao máximo pelas forças e alcançamos Ghyaru onde nos sentimos mais próximos que nunca dos Annapurnas. O resto do caminho para Ngawal soube como uma espécie de extensão da recompensa.
Escadaria Palácio Itamaraty, Brasilia, Utopia, Brasil
Arquitectura & Design
Brasília, Brasil

Brasília: da Utopia à Capital e Arena Política do Brasil

Desde os tempos do Marquês de Pombal que se falava da transferência da capital para o interior. Hoje, a cidade quimera continua a parecer surreal mas dita as regras do desenvolvimento brasileiro.
O pequeno farol de Kallur, destacado no relevo caprichoso do norte da ilha de Kalsoy.
Aventura
Kalsoy, Ilhas Faroé

Um Farol no Fim do Mundo Faroês

Kalsoy é uma das ilhas mais isoladas do arquipélago das faroés. Também tratada por “a flauta” devido à forma longilínea e aos muitos túneis que a servem, habitam-na meros 75 habitantes. Muitos menos que os forasteiros que a visitam todos os anos atraídos pelo deslumbre boreal do seu farol de Kallur.
Queima de preces, Festival de Ohitaki, templo de fushimi, quioto, japao
Cerimónias e Festividades
Quioto, Japão

Uma Fé Combustível

Durante a celebração xintoísta de Ohitaki são reunidas no templo de Fushimi preces inscritas em tabuínhas pelos fiéis nipónicos. Ali, enquanto é consumida por enormes fogueiras, a sua crença renova-se.
A Casa Oswald Hoffman, património arquitectónico de Inhambane.
Cidades
Inhambane, Moçambique

A Capital Vigente de uma Terra de Boa Gente

Ficou para a história que um acolhimento generoso assim fez Vasco da Gama elogiar a região. De 1731 em diante, os portugueses desenvolveram Inhambane, até 1975, ano em que a legaram aos moçambicanos. A cidade mantém-se o cerne urbano e histórico de uma das províncias mais reverenciadas de Moçambique.
Moradora obesa de Tupola Tapaau, uma pequena ilha de Samoa Ocidental.
Comida
Tonga, Samoa Ocidental, Polinésia

Pacífico XXL

Durante séculos, os nativos das ilhas polinésias subsistiram da terra e do mar. Até que a intrusão das potências coloniais e a posterior introdução de peças de carne gordas, da fast-food e das bebidas açucaradas geraram uma praga de diabetes e de obesidade. Hoje, enquanto boa parte do PIB nacional de Tonga, de Samoa Ocidental e vizinhas é desperdiçado nesses “venenos ocidentais”, os pescadores mal conseguem vender o seu peixe.
Celebração newar, Bhaktapur, Nepal
Cultura
Bhaktapur, Nepal

As Máscaras Nepalesas da Vida

O povo indígena Newar do Vale de Katmandu atribui grande importância à religiosidade hindu e budista que os une uns aos outros e à Terra. De acordo, abençoa os seus ritos de passagem com danças newar de homens mascarados de divindades. Mesmo se há muito repetidas do nascimento à reencarnação, estas danças ancestrais não iludem a modernidade e começam a ver um fim.
Fogo artifício de 4 de Julho-Seward, Alasca, Estados Unidos
Desporto
Seward, Alasca

O 4 de Julho Mais Longo

A independência dos Estados Unidos é festejada, em Seward, Alasca, de forma modesta. Mesmo assim, o 4 de Julho e a sua celebração parecem não ter fim.
DMZ, Coreia do Sul, Linha sem retorno
Em Viagem
DMZ, Dora - Coreia do Sul

A Linha Sem Retorno

Uma nação e milhares de famílias foram divididas pelo armistício na Guerra da Coreia. Hoje, enquanto turistas curiosos visitam a DMZ, várias das fugas dos oprimidos norte-coreanos terminam em tragédia
Étnico
Pueblos del Sur, Venezuela

Os Pauliteiros de Mérida, Suas Danças e Cia

A partir do início do século XVII, com os colonos hispânicos e, mais recentemente, com os emigrantes portugueses consolidaram-se nos Pueblos del Sur, costumes e tradições bem conhecidas na Península Ibérica e, em particular, no norte de Portugal.
tunel de gelo, rota ouro negro, Valdez, Alasca, EUA
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Portfólio Got2Globe

Sensações vs Impressões

Centro Cultural Jean Marie Tjibaou, Nova Caledonia, Grande Calhau, Pacifico do Sul
História
Grande Terre, Nova Caledónia

O Grande Calhau do Pacífico do Sul

James Cook baptizou assim a longínqua Nova Caledónia porque o fez lembrar a Escócia do seu pai, já os colonos franceses foram menos românticos. Prendados com uma das maiores reservas de níquel do mundo, chamaram Le Caillou à ilha-mãe do arquipélago. Nem a sua mineração obsta a que seja um dos mais deslumbrantes retalhos de Terra da Oceânia.
Camiguin, Filipinas, manguezal de Katungan.
Ilhas
Camiguin, Filipinas

Uma Ilha de Fogo Rendida à Água

Com mais de vinte cones acima dos 100 metros, a abrupta e luxuriante, Camiguin tem a maior concentração de vulcões que qualquer outra das 7641 ilhas filipinas ou do planeta. Mas, nos últimos tempos, nem o facto de um destes vulcões estar activo tem perturbado a paz da sua vida rural, piscatória e, para gáudio dos forasteiros, fortemente balnear.
Geotermia, Calor da Islândia, Terra do Gelo, Geotérmico, Lagoa Azul
Inverno Branco
Islândia

O Aconchego Geotérmico da Ilha do Gelo

A maior parte dos visitantes valoriza os cenários vulcânicos da Islândia pela sua beleza. Os islandeses também deles retiram calor e energia cruciais para a vida que levam às portas do Árctico.
Na pista de Crime e Castigo, Sao Petersburgo, Russia, Vladimirskaya
Literatura
São Petersburgo, Rússia

Na Pista de “Crime e Castigo”

Em São Petersburgo, não resistimos a investigar a inspiração para as personagens vis do romance mais famoso de Fiódor Dostoiévski: as suas próprias lástimas e as misérias de certos concidadãos.
Capacete capilar
Natureza
Viti Levu, Fiji

Canibalismo e Cabelo, Velhos Passatempos de Viti Levu, ilhas Fiji

Durante 2500 anos, a antropofagia fez parte do quotidiano de Fiji. Nos séculos mais recentes, a prática foi adornada por um fascinante culto capilar. Por sorte, só subsistem vestígios da última moda.
Estátua Mãe-Arménia, Erevan, Arménia
Outono
Erevan, Arménia

Uma Capital entre o Leste e o Ocidente

Herdeira da civilização soviética, alinhada com a grande Rússia, a Arménia deixa-se seduzir pelos modos mais democráticos e sofisticados da Europa Ocidental. Nos últimos tempos, os dois mundos têm colidido nas ruas da sua capital. Da disputa popular e política, Erevan ditará o novo rumo da nação.
Rede em Palmeiras, Praia de Uricao-Mar das caraibas, Venezuela
Parques Naturais
PN Henri Pittier, Venezuela

PN Henri Pittier: entre o Mar das Caraíbas e a Cordilheira da Costa

Em 1917, o botânico Henri Pittier afeiçoou-se à selva das montanhas marítimas da Venezuela. Os visitantes do parque nacional que este suíço ali criou são, hoje, mais do que alguma vez desejou
San Cristobal de Las Casas, Chiapas, Zapatismo, México, Catedral San Nicolau
Património Mundial UNESCO
San Cristóbal de Las Casas, México

O Lar Doce Lar da Consciência Social Mexicana

Maia, mestiça e hispânica, zapatista e turística, campestre e cosmopolita, San Cristobal não tem mãos a medir. Nela, visitantes mochileiros e activistas políticos mexicanos e expatriados partilham uma mesma demanda ideológica.
Verificação da correspondência
Personagens
Rovaniemi, Finlândia

Da Lapónia Finlandesa ao Árctico, Visita à Terra do Pai Natal

Fartos de esperar pela descida do velhote de barbas pela chaminé, invertemos a história. Aproveitamos uma viagem à Lapónia Finlandesa e passamos pelo seu furtivo lar.
La Digue, Seychelles, Anse d'Argent
Praias
La Digue, Seicheles

Monumental Granito Tropical

Praias escondidas por selva luxuriante, feitas de areia coralífera banhada por um mar turquesa-esmeralda são tudo menos raras no oceano Índico. La Digue recriou-se. Em redor do seu litoral, brotam rochedos massivos que a erosão esculpiu como uma homenagem excêntrica e sólida do tempo à Natureza.
A Crucificação em Helsínquia
Religião
Helsínquia, Finlândia

Uma Via Crucis Frígido-Erudita

Chegada a Semana Santa, Helsínquia exibe a sua crença. Apesar do frio de congelar, actores pouco vestidos protagonizam uma re-encenação sofisticada da Via Crucis por ruas repletas de espectadores.
white pass yukon train, Skagway, Rota do ouro, Alasca, EUA
Sobre Carris
Skagway, Alasca

Uma Variante da Febre do Ouro do Klondike

A última grande febre do ouro norte-americana passou há muito. Hoje em dia, centenas de cruzeiros despejam, todos os Verões, milhares de visitantes endinheirados nas ruas repletas de lojas de Skagway.
Máquinas Bebidas, Japão
Sociedade
Japão

O Império das Máquinas de Bebidas

São mais de 5 milhões as caixas luminosas ultra-tecnológicas espalhadas pelo país e muitas mais latas e garrafas exuberantes de bebidas apelativas. Há muito que os japoneses deixaram de lhes resistir.
Jovens mulheres gémeas, tecelãs
Vida Quotidiana

Margilan, Uzbequistão

Périplo pelo Tecido Artesanal do Uzbequistão

Situada no extremo oriental do Uzbequistão, Vale de Fergana, Margilan foi uma das escalas incontornáveis da Rota da Seda. Desde o século X, os produtos de seda lá gerados destacaram-na nos mapas, hoje, marcas de alta-costura disputam os seus tecidos. Mais que um centro prodigioso de criação artesanal, Margilan estima e valoriza um modo de vida uzbeque milenar.
Glaciar Meares
Vida Selvagem
Prince William Sound, Alasca

Viagem por um Alasca Glacial

Encaixado contra as montanhas Chugach, Prince William Sound abriga alguns dos cenários descomunais do Alasca. Nem sismos poderosos nem uma maré negra devastadora afectaram o seu esplendor natural.
Pleno Dog Mushing
Voos Panorâmicos
Seward, Alasca

O Dog Mushing Estival do Alasca

Estão quase 30º e os glaciares degelam. No Alasca, os empresários têm pouco tempo para enriquecer. Até ao fim de Agosto, o dog mushing não pode parar.