Guia local prepara o embarque para uma volta à descoberta do lago Enriquillo.
Contemplação II
Guia Ináci na proa de um barco protegido do calor abrasador que cozinha o Lago Enriquillo.
As Caritas dos Taínos
Gravuras na rocha legadas pelos indígenas Taínos.
Jovem Croq
Um crocodilo juvenil recarrega-se ao sol.
Vista Emoldurada
Vista do lago Enriquillo a partir de dentro de uma das Cueva de Las Caritas Taínas.
Monumento a Enriquillo
Motocicilista e passageiro passam em frente à estátua do cacique taíno Enriquillo.
Enchente
Árvores mortas pela subidas das águas hipersalinas do Lago Enriquillo.
Fóssilização
O primeiro estágio de um fóssil preservado pelo sal do Lago Enriquillo.
Voo da Garça para as Nuvens
Garça deixa o seu pouso sobre uma árvore morta para um céu repleto de nuvens.
Voo Rasante da Garça
Garça voa baixo sobre as águas mornas do Lago Enriquillo.
Voo da Garça
Garça descola de um tronco seco.
Contemplação
Garça descola de um tronco seco.
Cerco das Iguanas
Visitante do Lago Enriquillo cercada por iguanas.
Os Répteis
Duas das muitas iguanas que proliferam em redor do lago Enriquillo.
Jovens Nativos
Miúdos observam a navegação dos visitantes-fotógrafos ao Lago Enriquillo.
Árvores anfíbias
Árvores mortas e quase submersas pelas águas subidas do lago.
O Pouso Possível
Guia perscruta a vegetação morta do Lago Enriquillo do cimo de um tronco tombado.
Lago Azul, entorno Verde-seco
Cenário do Lago Enriquillo como visto do sopé da colina das Caritas dos Taínos.
Com entre 300 e 400km2, situado a 44 metros abaixo do nível do mar, o Enriquillo é o lago supremo das Antilhas. Mesmo hipersalino e abafado por temperaturas atrozes, não pára de aumentar. Os cientistas têm dificuldade em explicar porquê.
Texto: Marco C. Pereira
Imagens: Marco C. Pereira-Sara Wong
Tomamos a estrada marginal 4 no sentido norte, em vez do habitual sul. Atravessamos Santa Cruz de Barahona, a grande cidade destas partes. De Barahona, seguimos para o interior de Hispaniola.
“Vamos tentar parar o menos possível na ida, pode ser?” sugere-nos o guia e condutor Carlos. Se virem alguma coisa que vos interesse fotografar, digam-me e memorizamos para o regresso.
O Lago Enriquillo é um lugar à parte. Se acham que tiveram calor desde que aterraram em São Domingo, esperem só mais umas horas que vão ver!”, e ri-se em jeito de guardião orgulhoso de um mistério. Da experiência e do convívio dos dias anteriores – incluindo uma incursão a outra lagoa salina, a de Oviedo – só podíamos confiar no señor Carlos.
Continuamos a viagem, primeiro na direcção da Laguna del Rincón, em que passamos da província de Barahona para a de Independencia. E, já nas imediações do grande lago que nos movia, por altura de um tal de Caño del Muerto, outra vez da de Independencia para a de Baoruco, a que pertencia um vasto sector nordeste do Enriquillo.
Cruzamos Neiba. Pouco depois, Villa Jaragua. Num sábado de manhã, estavam ambas entregues a um delicioso frenesim ora mercantil ora de práticas desportivas.
Prazerosa e genuína, a vida dominicana porque passávamos, deixava-nos frustrados por não podermos interromper a viagem. “Daqui a uns vinte minutos, vamos mesmo parar, mas esqueçam os mercados de rua. De Jarágua em diante, estes magotes de gente deixam de aparecer.”
Prosseguimos pela estrada 48, às tantas, transformada em Avenida Joaquín Aybar, uma longa marginal que se ajustava à linha do cimo do lago. Ainda trespassamos Las Clavellinas, Los Rios e Postrer Rio, qualquer uma das povoações, bem menor que Jarágua.
Por caprichos da demarcação das províncias dominicanas, em Postrer Rio, o caminho devolveu-nos à província de Independencia.
A Cueva de las Caritas de Los Indios e a Vista sobre o Lago Enriquillo
“Estão a ver aqueles corrimões lá em cima. É ali mesmo. Sigam o trilho com cuidado que o piso está seco e, aqui e ali, resvala. Se caem, vai ser um drama.” Demoramos pouco a perceber porquê. Ladeava o trilho uma vegetação de encosta tão verdejante como espinhosa.
Chegamos, sem sobressaltos, a uma plataforma de observação. Essa plataforma, por sua vez, facilitava o acesso a uma gruta cravada na encosta, mais um buraco amplo que propriamente uma caverna, mesmo se os dominicanos a tratavam por cueva.
Ascendemos ao interior lúgubre. Dali, contemplamos o grande Lago Enriquillo emoldurado pela sombra, estendido entre a floresta repleta de cactos no sopé e uma caravana de nuvens brancas acima da margem oposta.
Aquela que nos acolhia era uma de várias cuevas da vertente e dos cumes que os nativos tratam por “cerros de las Caritas de los Indios”.
Ternurento, o nome adveio da abundância de faces arredondadas gravadas na rocha porosa.
Os autores de tais obras foram os Taínos, indígenas que, aquando da chegada de Cristóvão Colombo, em 1492, dominavam boa parte das Caraíbas: as ilhas de Cuba, Hispaniola, Jamaica, Porto Rico, as Bahamas e outras do norte das Pequenas Antilhas, pelo menos estas.
Os Taínos são um dos ascendentes genéticos mais relevantes das populações actuais das Caraíbas.
No início do século XVI, Enriquillo, um seu cacique proeminente, liderou uma revolta e espécie de guerrilha contra os invasores espanhóis, a partir das montanhas a sul do lago.
A revolta durou o que durou. A sua coragem e determinação vieram a granjear-lhe o baptismo do maior lago das Antilhas e uma estátua destacada acima do entroncamento Duvergê – Barahona – Neyba.
Lá nos detemos, no caminho de regresso, decididos a prestar-lhe uma devida homenagem fotográfica.
Admiradas a vista e as gravuras caritas indígenas, regressamos à carrinha e a Carlos.
O guia conduz-nos à entrada do Parque Nacional Lago Enriquillo y Isla Cabritos, onde era suposto embarcarmos para uma navegação à descoberta.
Enfim, à Descoberta do Enigmático Lago Enriquillo
Encontramos as instalações do parque à sombra de uma floresta ainda mais frondosa que a que havíamos visto do cimo da cueva.
Quando saímos do carro, acercam-se de nós dezenas de iguanas, estimámos que por se terem habituado às ofertas de petiscos dos visitantes.
Uma senhorita dominicana esforça-se para que o namorado a fotografasse na companhia dos bichos. Aos poucos, estes, aumentam de número e cercam-na, cada vez mais próximo das suas pernas.
De início divertida, a moça entra em pânico.
De tal maneira histérica, que obriga o namorado a trazer-lhe uma cadeira, sobre a qual se refugia, até que o ranger do parque, incrédulo, se anima a enfrentar o calor e a afugentar os répteis.
Nesse hilariante entretanto, Carlos saúda e apresenta-nos os rapazes responsáveis por nos mostrar o lago. Subimos a bordo de um barco a motor sem capota.
“Era melhor que começássemos mais tarde”, diz-nos um deles, enquanto se enfiavam em roupa de manga comprida, com gorros. “Mas como querem dar uma volta grande, bom…vamos torrar… temos que sair já.”
Mal deixamos a protecção da floresta, a 46 metros abaixo do nível do mar, sentimos na pele aquilo a que Carlos e os barqueiros se referiam.
O Braseiro Salgado e Atroz do Lago Enriquillo
Assolou-nos, de pronto, um calor húmido, entre o hipersalino (até três vezes mais salgado que o mar) e o insalubre. Demoramos algum tempo a perceber o mal que nos fazia até porque o movimento do barco nos arejava.
Ainda assim, aos poucos, cozinhava-nos e a desidratava-nos sem apelo.
O duo do lago manobra o barco, entre troncos de árvores que a subida das águas salgadas tinha deixado mortas, nalgumas zonas, quase só com os ramos das copas expostos, pousos providenciais de dezenas de garças brancas pouco fugidias.
Amaramos noutras áreas superficiais, quase a seco. Nestas, desembarcamos e examinamos a profusão de grandes troncos colapsados, na horizontal.
Por ali, os anfitriões do lago mantêm-se alerta.
Conseguem localizar uns poucos espécimes juvenis de crocodilos que se recarregavam, junto a cepos humedecidos. “Antes víamos imensos e por toda a parte” informa-nos Ináci, ciente de que a escassez e o tamanho dos répteis nos desiludia.
O Aumentar Desmedido do Lago Enriquillo
“Mas é que este lago não pára de aumentar, de um modo que até os crocodilos afecta. Eles perceberam que já não podem pôr os ovos nos lugares habituais porque as margens mudam de dia para dia.
Em vez, sobem mais alto nas encostas rochosas em redor do lago, onde os ninhos ficam à mercê de tudo um pouco. Também por isso, agora, os crocodilos estão dispersos por uma área muito mais vasta.”
Todas as espécies que compunham o ecossistema do lago se viram em apuros. Os corvos da palmeira e várias outras aves perderam o habitat que tinham nas árvores agora mortas.
Uma vasta comunidade de iguanas cyclura e rinoceronte de Hispaniola viram-se forçadas a migrar da Ilha Cabritos (quase submersa) e a disputar com espécies rivais, zonas mais altas das margens.
Também os habitantes humanos sofreram.
Sobre o final do século XX, o lago tinha mirrado tanto que as suas gentes estavam certas que em breve, desapareceria. Ao invés, uns anos depois, aumentava a olhos vistos.
Ao ponto de dezenas de milhares de famílias terem sido forçadas a abandonar as suas casas ribeirinhas, apoiadas por diversas instituições – entre a quais a União Europeia – que lhes concederam fundos de emergência.
Um Subida das Águas de Dez Metros apenas numa Década
A questão nunca esteve em se o Lago Enriquillo aumentava. Só entre 2006 e 2016, as suas águas subiram mais de onze metros, duplicou de tamanho e submergiu mais de 160km2 de terra antes arável, habitada por camponeses em modo de subsistência.
O que há muito intriga os cientistas é o porquê deste crescimento, que tem paralelo, e gerou um drama ainda pior, no lago de Azuéi, situado no vizinho Haiti.
A comunidade científica permanece em desacordo. Parte, defende que a responsabilidade está no aquecimento global e nas chuvas mais frequentes e intensas.
Num sector discordante, encontram-se os apologistas de que o fenómeno se deve a alterações no fluxo do rio Yaque del Sur.
Os que afiançam que passou a conduzir ao Lago Enriquillo muito mais água e assim validaram os planos do governo dominicano de construir uma barragem a montante.
Por essa altura, mais que a realidade hídrica da região, apoquentava-nos a crescente desidratação e uma indisposição que nem com goles frequentes de água conseguíamos evitar.
Ináci faz o barco acelerar e serpentear entre as fozes dos rios La Descoberta e de Amada, cujas águas frescas e doces sustêm a vida de uma pequena selva bem viva, pejada de palmeiras e que contrasta com os cadáveres vegetais mais próximos do lago.
Dali, saúdam-nos alguns adolescentes nativos, intrigados pela demanda embarcada masoquista em que andávamos.
O Fim Antecipado da Navegação pelo Lago Enriquillo
“Bom, rapazes, assim ao alcance deste barco, já vos mostrámos as zonas mais cheias de troncos e interessantes.
Os crocodilos, podemos andar a tarde toda às voltas e não encontrar mais nenhum. Digam-nos o que querem fazer.”
O calor de fornalha e o sal em evaporação continuavam a arruinar-nos os organismos a forte ritmo, pelo que nos vimos forçados a antecipar o regresso ao parque.
O revês provou-se irrisório, se tivermos em conta os danos provocados pelo descontrolado Lago Enriquillo nas últimas décadas.
A hipersalinidade da Laguna de Oviedo oscila consoante a evaporação e da água abastecida pela chuva e pelos caudais vindos da serra vizinha de Bahoruco. Os nativos da região estimam que, por norma, tem três vezes o nível de sal do mar. Lá desvendamos colónias prolíficas de flamingos e de iguanas entre tantas outras espécies que integram este que é um dos ecossistemas mais exuberantes da ilha de Hispaniola.
É o lugar mais baixo à superfície do planeta e palco de várias narrativas bíblicas. Mas o Mar Morto também é especial pela concentração de sal que inviabiliza a vida mas sustém quem nele se banha.
Puerto Plata resultou do abandono de La Isabela, a segunda tentativa de colónia hispânica das Américas. Quase meio milénio depois do desembarque de Colombo, inaugurou o fenómeno turístico inexorável da nação. Numa passagem-relâmpago pela província, constatamos como o mar, a montanha, as gentes e o sol do Caribe a mantêm a reluzir.
No recanto nordeste da República Dominicana, onde a natureza caribenha ainda triunfa, enfrentamos um Atlântico bem mais vigoroso que o esperado nestas paragens. Lá cavalgamos em regime comunitário até à famosa cascata Limón, cruzamos a baía de Samaná e nos embrenhamos na “terra das montanhas” remota e exuberante que a encerra.
Sábado após Sábado, o recanto sudoeste da República Dominicana entra em modo de descompressão. Aos poucos, as suas praias e lagoas sedutoras acolhem uma maré de gente eufórica que se entrega a um peculiar rumbear anfíbio.
Contra todas as probabilidades, um dos litorais dominicanos mais intocados também é dos mais remotos. À descoberta da província de Pedernales, deslumbramo-nos com o semi-desértico Parque Nacional Jaragua e com a pureza caribenha da Bahia de las Águilas.
Em 1960, o Mar de Aral era um dos quatro maiores lagos do mundo mas projectos de irrigação secaram grande parte da água e do modo de vida dos pescadores. Em troca, a URSS inundou o Uzbequistão com ouro branco vegetal.
Os indígenas nicaraos tratavam o maior lago da América Central por Cocibolca. Na ilha vulcânica de Ometepe, percebemos porque o termo que os espanhóis converteram para Mar Dulce fazia todo o sentido.
Se a Nova Zelândia é conhecida pela sua tranquilidade e intimidade com a Natureza, Wanaka excede qualquer imaginário. Situada num cenário idílico entre o lago homónimo e o místico Mount Aspiring, ascendeu a lugar de culto. Muitos kiwis aspiram a para lá mudar as suas vidas.
Partimos da estância balnear de Busua, para o extremo ocidente da costa atlântica do Gana. Em Beyin, desviamos para norte, rumo ao lago Amansuri. Lá encontramos Nzulezu, uma das mais antigas e genuínas povoações lacustres da África Ocidental.
Por um capricho geológico, Sorvagsvatn é muito mais que o maior lago das ilhas Faroé. Falésias com entre trinta a cento e quarenta metros limitam o extremo sul do seu leito. De determinadas perspectivas, dá a ideia de estar suspenso sobre o oceano.
No mapa mundo, para sul do famoso pantanal brasileiro, surge uma região alagada pouco conhecida mas quase tão vasta e rica em biodiversidade. A expressão guarani Y berá define-a como “águas brilhantes”. O adjectivo ajusta-se a mais que à sua forte luminância.
Santo Domingo é a colónia há mais tempo habitada do Novo Mundo. Fundada, em 1498, por Bartolomeu Colombo, a capital da República Dominicana preserva intacto um verdadeiro tesouro de resiliência histórica.
Durante a sua segunda viagem às Américas, Colombo desembarcou numa ilha exótica encantadora. Baptizou-a de Savona, em honra de Michele da Cuneo, marinheiro savonês que a percebeu destacada da grande Hispaniola. Hoje tratada por Saona, essa ilha é um dos édenes tropicais idolatrados da República Dominicana.
À descoberta do noroeste dominicano, ascendemos à Montaña Redonda de Miches, recém-transformada num insólito apogeu de evasão. Desse cimo, apontamos à Bahia de Samaná e a Los Haitises, com passagem pelo pitoresco rancho Salto Yanigua.
Os portugueses fundaram Gurué, no século XIX e, a partir de 1930, inundaram de camelia sinensis os sopés dos montes Namuli. Mais tarde, renomearam-na Vila Junqueiro, em honra do seu principal impulsionador. Com a independência de Moçambique e a guerra civil, a povoação regrediu. Continua a destacar-se pela imponência verdejante das suas montanhas e cenários teáceos.
Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
A meio do século passado, a caça excessiva extinguia boa parte da fauna do reino da Suazilândia. Ted Reilly, filho do colono pioneiro proprietário de Mlilwane entrou em acção. Em 1961, lá criou a primeira área protegida dos Big Game Parks que mais tarde fundou. Também conservou o termo suazi para os pequenos fogos que os relâmpagos há muito geram.
Sem que estivéssemos avisados, confrontamo-nos com uma subida que nos leva ao desespero. Puxamos ao máximo pelas forças e alcançamos Ghyaru onde nos sentimos mais próximos que nunca dos Annapurnas. O resto do caminho para Ngawal soube como uma espécie de extensão da recompensa.
O chanceler Bismarck sempre desdenhou as possessões ultramarinas. Contra a sua vontade e todas as probabilidades, em plena Corrida a África, o mercador Adolf Lüderitz forçou a Alemanha assumir um recanto inóspito do continente. A cidade homónima prosperou e preserva uma das heranças mais excêntricas do império germânico.
Protagonizam eventos ou são empresários de rua. Encarnam personagens incontornáveis, representam classes sociais ou épocas. Mesmo a milhas de Hollywood, sem eles, o Mundo seria mais aborrecido.
A comunidade mundial de velejadores conhece bem o alívio e a felicidade de vislumbrar a montanha do Pico e, logo, o Faial e o acolhimento da baía da Horta e do Peter Café Sport. O regozijo não se fica por aí. Na cidade e em redor, há um casario alvo e uma efusão verdejante e vulcânica que deslumbra quem chegou tão longe.
Cada povo, suas receitas e iguarias. Em certos casos, as mesmas que deliciam nações inteiras repugnam muitas outras. Para quem viaja pelo mundo, o ingrediente mais importante é uma mente bem aberta.
Em 1619, as autoridades de Mérida ditaram a povoação do território em redor. Da encomenda, resultaram 19 aldeias remotas que encontramos entregues a comemorações com caretos e pauliteiros locais.
Em 1853, Busselton foi dotada de um dos pontões então mais longos do Mundo. Quando a estrutura decaiu, os moradores decidiram dar a volta ao problema. Desde 1996 que o fazem, todos os anos. A nadar.
Os Estados Unidos continentais parecem encerrar-se, a sul, na sua caprichosa península da Flórida. Não se ficam por aí. Mais de cem ilhas de coral, areia e mangal formam uma excêntrica extensão tropical que há muito seduz os veraneantes norte-americanos.
Lifou é a ilha do meio das três que formam o arquipélago semi-francófono ao largo da Nova Caledónia. Dentro de algum tempo, os nativos kanak decidirão se querem o seu paraíso independente da longínqua metrópole.
Hoi An foi um dos entrepostos comerciais mais importantes da Ásia. Mudanças políticas e o assoreamento do rio Thu Bon ditaram o seu declínio e preservaram-na como as cidade mais pitoresca do Vietname.
Na iminência do século XIX, Sal mantinha-se carente de água potável e praticamente inabitada. Até que a extracção e exportação do sal lá abundante incentivou uma progressiva povoação. Hoje, o sal e as salinas dão outro sabor à ilha mais visitada de Cabo Verde.
As próprias autoridades definem Kemi como ”uma pequena cidade ligeiramente aloucada do norte finlandês”. Quando a visitamos, damos connosco numa Lapónia inconformada com os modos tradicionais da região.
Em 1993, frustrado pela desconsideração do governo português da sua obra “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, Saramago mudou-se com a esposa Pilar del Río para Lanzarote. De regresso a esta ilha canária algo extraterrestre, reencontramos o seu lar. E o refúgio da censura a que o escritor se viu votado.
Por alguma razão os indígenas o tratavam por “rio longo”. A determinado ponto, o Atchafalaya espraia-se num pântano feito de lagoas ligadas por canais, salpicadas de ciprestes, carvalhos e tupelos. Exploramo-lo, entre Lafayette e Morgan, Luisiana, no caminho para a sua foz do Golfo do México.
Perdida entre as montanhas nevadas que separam a Europa da Ásia, Sheki é uma das povoações mais emblemáticas do Azerbaijão. A sua história em grande parte sedosa inclui períodos de grande aspereza. Quando a visitámos, tons pastéis de Outono davam mais cor a uma peculiar vida pós-soviética e muçulmana.
Em 1937, Jimmy Angel aterrou uma avioneta sobre uma meseta perdida na selva venezuelana. O aventureiro americano não encontrou ouro mas conquistou o baptismo da queda d'água mais longa à face da Terra
A quase triangular Tenerife tem o centro dominado pelo majestoso vulcão Teide. Na sua extremidade oriental, há um outro domínio rugoso, mesmo assim, lugar da capital da ilha e de outras povoações incontornáveis, de bosques misteriosos e de incríveis litorais abruptos.
Fartos de esperar pela descida do velhote de barbas pela chaminé, invertemos a história. Aproveitamos uma viagem à Lapónia Finlandesa e passamos pelo seu furtivo lar.
Cenários tropicais perfeitos e a vida genuína dos habitantes são os únicos luxos disponíveis nas também chamadas Corn Islands ou Ilhas do Milho, um arquipélago perdido nos confins centro-americanos do Mar das Caraíbas.
Gangtok é a capital de Sikkim, um antigo reino da secção dos Himalaias da Rota da Seda tornado província indiana em 1975. A cidade surge equilibrada numa vertente, de frente para a Kanchenjunga, a terceira maior elevação do mundo que muitos nativos crêem abrigar um Vale paradisíaco da Imortalidade. A sua íngreme e esforçada existência budista visa, ali, ou noutra parte, o alcançarem.
Nenhuma forma de viajar é tão repetitiva e enriquecedora como seguir sobre carris. Suba a bordo destas carruagens e composições díspares e aprecie os melhores cenários do Mundo sobre Carris.
A ganância do jogo, a luxúria da prostituição e a ostentação generalizada fazem parte de Las Vegas. Como as capelas que não têm olhos nem ouvidos e promovem matrimónios excêntricos, rápidos e baratos.
Dizer que Tóquio não dorme é eufemismo. Numa das maiores e mais sofisticadas urbes à face da Terra, o crepúsculo marca apenas o renovar do quotidiano frenético. E são milhões as suas almas que, ou não encontram lugar ao sol, ou fazem mais sentido nos turnos “escuros” e obscuros que se seguem.
Uma depressão situada a 15km para sudeste do rio Zambeze retém água e minerais durante toda a época seca do Zimbabué. A Kanga Pan, como é conhecida, nutre um dos ecossistemas mais prolíficos do imenso e deslumbrante Parque Nacional Mana Pools.
Um capricho geológico fez da região de Fiordland a mais crua e imponente da Nova Zelândia. Ano após anos, muitos milhares de visitantes veneram o sub-domínio retalhado entre Te Anau e Milford Sound.