Meghalaya, Índia

Pontes de Povos que Criam Raízes


Jingkieng Wahsurah
Outra ponte de raízes de Nongblai que atravessa o rio às margens da povoação logo acima de uma queda d'água.
Quase em casa
Jovem de Nongriat desce uma escadaria, carregado, prestes a chegar à sua aldeia.
Um repouso sombrio
Família do chefe Longneh Khong Sni na sala da sua exígua palafita da aldeia de Nongblai.
Jingkieng Wahlangseng
Chefe Longneh Khong Sni com dois dos filhos sobre uma das pontes da aldeia de Nongblai
A noz de Betele
As frutas amareladas que viciam e estimulam boa parte da população de Meghalaya, da Índia e da Ásia.
Nohkalikai
A queda d'água mais elevada da India, com 350 metros. Precipita-se num enorme desnível do planalto de Shillong, Montes Khasi.
Aldeia de Tyrna
Aldeia dos Montes Khasi situada acima de Nongriat, a jusante da base da queda d'água de Nohkalikai.
Risada maternal
Mulher brinca com o seu filho no mercado principal de Cherrapunjee, ou Sohra como chama o povo Khasi a esta cidade.
Cachimbo de paz
Chefe de Nongblai Longneh Khong Sni fuma cachimbo sobre a ponte de raízes de Jingkieng Wahlangseng.
A caminho do outro lado
Crianças de Nongblai cruzam a ponte curva de Wahsurah.
No poleiro
Despertadores recarregam para o serviço da madrugada.
A meia-encosta
Moradora de Nomblai num trecho sombrio da longa subida da povoação até ao cimo do vale em que se situa.
Foto da foto
Guia Morning Star detem-se para uma foto na descida para Nongblai.
Palmeiras do vício
Floresta de palmeiras de nozes de bétele, consumidas em grande quantidade em Meghalaya e também em Nongblai.
Quase noite nas montanhas
Ocaso encerra mais um dia produtivo em Nongblai, por volta das 17h.
A imprevisibilidade dos rios na região mais chuvosa à face da Terra nunca demoveu os Khasi e os Jaintia. Confrontadas com a abundância de árvores ficus elastica nos seus vales, estas etnias habituaram-se a moldar-lhes os ramos e estirpes. Da sua tradição perdida no tempo, legaram centenas de pontes de raízes deslumbrantes às futuras gerações.

Estava longe de ser a realidade dos dias de Natal que por ali passamos: solarengos durante o dia, mais frescos após o ocaso, mas secos. A província de Meghalaya que se traduz como “morada das nuvens”, é, de longe, a mais chovida da Índia.

Conta com várias povoações no top 10 da pluviosidade mundial. Delas, Cherrapunjee e Mawsynram ostentam números na ordem dos 25.000 mm anuais. Disputam o recorde absoluto entre si e com outras povoações colombianas.

Por norma, quando chega Maio, o calor gera uma intensa evaporação do oceano Índico, Mar Arábico e Baía de Bengala. Nuvens carregadas de humidade são empurradas sobre o subcontinente por ventos de sul. Quanto mais elevada é a terra próxima mais chuva proporciona.

Ora, Meghalaya ocupa o planalto acima do aluvial Bangladesh, a poucos quilómetros do litoral da Baía de Bengala. Não tardamos a observar a ruptura na paisagem entre as duas regiões.

Tínhamos como base Shillong, a capital do estado. De lá partimos manhã atrás de manhã rumo a sul. Numa dessas jornadas, saímos com Cherrapunjee como destino final.

Muita curva e contracurva por montes e vales depois, Gus e Don, o condutor e o guia que nos auxiliavam na descoberta da província, fizeram o carro deter-se na beira de um precipício em forma de ferradura, repleto de vendedores. Mal nos aproximamos da falésia, percebemos como o cenário e os diferentes visuais que dele antes tínhamos visto espelhavam o contraste entre as duas épocas meteorológicas do ano.

Uma queda d’água longínqua – por sinal a mais alta da Índia, com 340 metros – precipita-se do cimo florestado da meseta para dentro de uma lagoa entre o verde e o azul.

Quedas d'água de Nohkalikai, Meghalaya, Índia

A queda d’água mais elevada da India, com 350 metros. Precipita-se num enorme desnível do planalto de Shillong, Montes Khasi.

As Impressionantes Nokhalikai, ou Seven Sisters Falls

O seu nome anglófono, Seven Sisters Falls, alude ao facto de, na época chuvosa, o salto que ali víamos se multiplicar por sete, cada qual representativo de um dos estados do distinto Nordeste Indiano: Assam, Arunachal Pradesh, Tripura, Nagaland, Manipur, Meghalaya e Mizoram.

Em plena fase mais-que-ensopada da monção, as nuvens preenchem o anfiteatro natural no sopé. Invadem e irrigam também a maior parte da zona rugosa e luxuriante acima das Nohkalikai, o nome khasi (dialecto local) da queda d’água, inspirado numa lenda que envolve Likai, uma mulher local, o seu filho, marido e canibalismo familiar. De tal forma macabra que nos furtamos a entrar em pormenor.

Nos dias realmente chuvosos, mais que uma sequência de torrentes verticais, as Nohkalikai provêm de todo e qualquer sulco no relevo. Tornam-se um listado fluvial dissimulado pela névoa que por ali sempre paira.

Após o derradeiro chuáa do embate nas rochas na base, os seus caudais prosseguem, fartos, rumo às planícies arenosas do Bangladesh. Pelo caminho, passam por uma série de aldeias Khasi e Jaintia autodegredadas no fundo dos vales.

Aldeia de Tyrna, Meghalaya, Índia

Aldeia dos Montes Khasi situada acima de Nongriat, a jusante da base da queda d’água de Nohkalikai.

Povos dos Vales Fluviais Profundos

Uns dias depois, na ascensão de regresso de Nongblai, uma dessas povoações, perguntamos ao jovem guia nativo Morning Star Kongthaw o que tinha feito as pessoas habitarem lugares de tão doloroso acesso. Morning Star pouco adorna a explicação: “Há séculos atrás, a sobrevivência não era como hoje. As famílias tinham que encontrar fontes de alimento fiáveis.

Os rios passavam lá em baixo. Além de lhes garantirem peixe e outros animais, permitiam o cultivo de vegetais e frutas. Para as pessoas, o cansaço tinha pouco significado quando comparado com o terem a vida assegurada. Para muitas, ainda é assim.”

Moradora de Nomblai sobre escadaria, Meghalaya, Índia

Moradora de Nomblai num trecho sombrio da longa subida da povoação até ao cimo do vale em que se situa.

Duas etnias em particular, ocuparam os recantos ribeirinhos férteis de Meghalaya. Foram elas a Khasi e a Pnar, ou Jaintia, ambas matrilineares e que os missionários britânicos converteram ao ponto de os Khasi e os Pnar formarem, em Meghalaya, o estado mais Cristão e eventualmente menos “indiano” da Índia, onde as pessoas partilham uma noção de espaço individual e de recato perante o próximo incomuns no subcontinente.

Enquanto a explorávamos, Meghalaya mantinha-se rendida a intensas celebrações de Natal, como nenhum outro estado indiano o fazia.

Quando se instalaram no fundo dos vales dos Montes Khasi, tanto os Khasi como os Pnar tiveram que aprender a obter víveres dos caudais e das suas margens. Mas não só. Viram-se obrigados a prever as enormes oscilações sazonais no volume dos rios e o espaço de manobra a salvaguardar as suas habitações e cultivos.

Palmeiras de Bétele em Nongblai, Meghalaya, Índia

Floresta de palmeiras de nozes de bétele, consumidas em grande quantidade em Meghalaya e também em Nongblai.

As Pontes de Raízes de Nongblai e de Tantas Outras Aldeias

A outra questão a requerer o melhor do seu engenho foi como garantir a travessia dos caudais aumentados. A solução a que chegaram primou por um espantoso pragmatismo orgânico, bem mais moldável e resistente às torrentes furiosas que aço e betão e virtualmente sem custos.

Agora que o turismo chega a toda a parte e lhes bateu à porta, fascina o resto do mundo. Em muitos casos, também representa um meio de subsistência profícuo.

Demos início à incursão a Nongblai, desta feita, conduzidos por Sadam, um chofer hindu, mais que peculiar, tragicómico. Apanhamos Morning Star a poucos quilómetros do início da longa escadaria que tínhamos que percorrer.

Durante uma boa hora, descemos pelos degraus de pedra altos e irregulares e, em zonas de sombra, cobertos de musgo escorregadio, diz-nos o guia que, durante a época das chuvas, formava um enorme tapete verde. Nessa hora, só vimos a vegetação diversificada que envolvia as escadas e o lado de lá do vale.

Escadaria de acesso a Nogriat, Meghalaya, Índia

Jovem de Nongriat desce uma escadaria, carregado, prestes a chegar à sua aldeia

Deparamo-nos apenas com dois ou três aldeãos vindos do sentido ascendente, menos cansados do que poderíamos supor. Por fim, percebemos o sulco do rio e vislumbrámos o casario da povoação algumas dezenas de metros acima.

Mandava o ritual que nos recebesse o chefe da aldeia. Morning Star ainda nos ensina umas palavras em dialecto khasi – por exemplo, o sempre útil obrigado, khublei shibun – mas Longneh Khong Sni, de inglês, nada falava pelo que toda a comunicação fluiu através do guia.

Morning Star conta-nos que as autoridades de turismo de Meghalaya o haviam avisado da nossa visita à última hora. Por arrasto, a família do chefe não pudera acolher-nos como gostaria.

O Acolhimento Providencial de Longneh Khong Sni

A descida tinha-nos deixado esfomeados. Os anfitriões sabiam-no. De acordo, dizem-nos para nos instalarmos no chão de madeira da pequena palafita e servem-nos chá, logo, arroz branco com omelete que devoramos como se do mais irresistível pitéu se tratasse.

Chefe Longneh Khong Sni na sua casa de Nongblai, Meghalaya, Índia

Família do chefe Longneh Khong Sni na sala da sua exígua palafita da aldeia de Nongblai.

Findo o repasto, o chefe puxa umas baforadas do seu cachimbo. Eu, aproveito a boleia de Morning Star e experimento pela primeira vez mascar noz de bétele, tão popular por aquelas paragens, um pouco por toda a Índia e Ásia.

O sabor revelou-se horrível. Como se não bastasse, o líquido semi-ácido causou-me uma enorme afta. Após dez minutos de salivação acentuada, cuspi, aliviado, o líquido avermelhado, lavei a boca e jurei que nunca mais. “Só lá vai com o hábito!” assegurou-me Morning Star, a conter uma risada. Por essa altura, estava convencido que era algo a que nunca me iria habituar.

Noz de Betele, Meghalaya, Índia

As frutas amareladas que viciam e estimulam boa parte da população de Meghalaya, da Índia e da Ásia.

Deixamos o lar do chefe apontados ao rio. Há mais de três horas que tínhamos deixado o conforto do hotel de Shillong com um propósito bem vincado em mente. Dez minutos de caminhada adicional depois, deparamo-nos com a razão de ser superior da excursão: Jingkieng Wahlangseng.

Jingkieng Wahlangseng, a Primeira das Pontes de Raízes

Uma ponte arbórea massiva e musgosa abraçava o vasto leito rochoso, com raízes aéreas profusas esticadas a partir dos troncos mais grossos, alinhadas, entrançadas e esculpidas para formarem um passadiço seguro. Outras, mais jovens e finas, caíam sobre a água cristalina em jeito de franjas decorativas.

Por intervenção dos aldeãos de Nongblai que as orientam com canas-de-bambu, a árvore-da-borracha (ficus elastica) que a gerara, crescera para o lado, com ramificações poderosas apontadas à direcção onde o sol se arrastava antes de sumir atrás da montanha.

Atravessamo-la para cá e para lá num absoluto êxtase vegetal. Enquanto isso, o chefe instala-se sobre o tronco na companhia de dois dos seus filhos infantes. Puxa de algumas derradeiras baforadas e fica a contemplar, na mais pura tranquilidade, o cenário abendiçoado em que vivia.

Ponte de raízes, Jingkieng Wahlangseng

Chefe Longneh Khong Sni com dois dos filhos sobre uma das pontes da aldeia de Nongblai.

“Gostaram desta?” indaga-nos Morning Star. Em Meghalaya existem centenas. Demoram quase meio século até atingirem esta dimensão mas, se ninguém as cortar, só ficam maiores e mais fortes. Aqui, na aldeia, são umas outras cinco. Vamos à próxima?”.

Em Busca da 2ª: Jingkieng Wahsurah

Claro que fomos. Com pena de não termos tempo para acompanharmos Morning Star dias, semanas a fio, pelos vales de Meghalaya. Para as descobrirmos, apreciarmos e cruzarmos a todas, de preferência, na época das chuvas quando a paisagem é ainda mais luxuriante e verdejante.

Jingkieng Wahsurah, a ponte que se seguiu, surgiu num sector do mesmo rio cortado por um grande socalco e que abrigava uma queda d’água. A luz entrava ali bem menos que na zona da ponte anterior.

Ainda assim, durante mais de um século, a ficus elastica residente tinha-se ali desenvolvido e largado os seus tentáculos de forma sôfrega. Mal percebíamos se os ramos e raízes atapetados pelo musgo pertenciam a uma ou a mais espécimes.

Morning Star some-se. Quando o descobrimos a partir do passadiço, estava empoleirado num dos ramos que se prolongavam para jusante, a fotografar a ponte de baixo para cima.

Jingkieng Wahsurah, ponte de raízes da aldeia de Nongblai, Meghalaya, Índia

Outra ponte de raízes de Nongblai que atravessa o rio às margens da povoação logo acima de uma queda d’água

Não resistimos a ele nos juntarmos pelo mesmo trilho íngreme. Para espanto dos filhos do chefe da aldeia e de duas outras crianças recém-aparecidas, pouco ou nada habituados a ver forasteiros em tais aventuras.

O sol já se insinuava ao limiar sul do vale e ainda tínhamos duas horas ou mais de volta às terras altas. Consciente da dificuldade adicional da subida no escuro, Morning Star apressou-nos.

Retornámos à casa de Longneh Khong Sni, agradecemos o privilégio da visita à aldeia e despedimo-nos da esposa e filhos. O chefe tinha uma reunião na povoação no cimo da escadaria pelo que subiu connosco.

Galos em Nongblai, Meghalaya, Índia

Despertadores recarregam para o serviço da madrugada

De Regresso às Terras Altas de Meghalaya

Até mais de meio, cumprimos a ascensão cansados mas sem demasiado queixume. A partir da hora e três quartos, com o breu instalado e as pernas a cederem ao peso das mochilas fotográficas e ao intenso desgaste, quase nos arrastámos para atingirmos o derradeiro degrau, sempre estimulados por Morning Star que se entreteve a renovar a promessa de que só faltavam cinco minutos.

Ainda bebemos juntos um chá masala numa casa de chá local. Por fim, enfiamo-nos no carro entregues aos caprichos de Sadam. Estávamos os dois prestes a adormecer, embalados pelas curvas, quando reparamos que o motorista tinha um leitor de vídeo instalado sobre o volante.

Assistia a um qualquer êxito Bollywoodesco enquanto nos conduzia pela estrada, quase sempre ladeada de precipícios. Mesmo assim, chegámos sãos e salvos a Shillong. Passámos o dia seguinte doridos como há muito não sentíamos.

A tareia não nos demoveu de repetirmos a dose.

Dois dias depois, descemos (e, claro está, subimos) 3000 degraus tão ou mais torturantes às profundezas de Nongriat. Lá encontrámos e reverenciámos Umshiang, de 180 anos. Uma das incríveis mas raras pontes duplas de raízes de Meghalaya. Provavelmente a mais visitada do estado, digna da sua própria estória.

Ocaso sobre Nongblai, Meghalaya, Índia

Ocaso encerra mais um dia produtivo em Nongblai, por volta das 17h.

Os autores agradecem o apoio na realização deste artigo às seguintes entidades:  Embaixada da Índia em Lisboa; Ministry of Tourism, Government of India e Meghalaya Tourism.

Agradecem e aconselham ainda os interessados em descobrir esta região única da Índia a contarem com o “especialista nativo em Pontes de Raízes e na natureza e cultura de Meghalaya” Morning Star Kongthaw:

Telm e Whats App: +91 80144 70908​

Facebook: MorningStar Kongthaw (Bah Morning)

Dawki, Índia

Dawki, Dawki, Bangladesh à Vista

Descemos das terras altas e montanhosas de Meghalaya para as planas a sul e abaixo. Ali, o caudal translúcido e verde do Dawki faz de fronteira entre a Índia e o Bangladesh. Sob um calor húmido que há muito não sentíamos, o rio também atrai centenas de indianos e bangladeshianos entregues a uma pitoresca evasão.
Jaisalmer, Índia

Há Festa no Deserto do Thar

Mal o curto Inverno parte, Jaisalmer entrega-se a desfiles, a corridas de camelos e a competições de turbantes e de bigodes. As suas muralhas, ruelas e as dunas em redor ganham mais cor que nunca. Durante os três dias do evento, nativos e forasteiros assistem, deslumbrados, a como o vasto e inóspito Thar resplandece afinal de vida.
Goa, Índia

O Último Estertor da Portugalidade Goesa

A proeminente cidade de Goa já justificava o título de “Roma do Oriente” quando, a meio do século XVI, epidemias de malária e de cólera a votaram ao abandono. A Nova Goa (Pangim) por que foi trocada chegou a sede administrativa da Índia Portuguesa mas viu-se anexada pela União Indiana do pós-independência. Em ambas, o tempo e a negligência são maleitas que agora fazem definhar o legado colonial luso.
Tawang, Índia

O Vale Místico da Profunda Discórdia

No limiar norte da província indiana de Arunachal Pradesh, Tawang abriga cenários dramáticos de montanha, aldeias de etnia Mompa e mosteiros budistas majestosos. Mesmo se desde 1962 os rivais chineses não o trespassam, Pequim olha para este domínio como parte do seu Tibete. De acordo, há muito que a religiosidade e o espiritualismo ali comungam com um forte militarismo.
Guwahati, India

A Cidade que Venera Kamakhya e a Fertilidade

Guwahati é a maior cidade do estado de Assam e do Nordeste indiano. Também é uma das que mais se desenvolve do mundo. Para os hindus e crentes devotos do Tantra, não será coincidência lá ser venerada Kamakhya, a deusa-mãe da criação.
Dooars, Índia

Às Portas dos Himalaias

Chegamos ao limiar norte de Bengala Ocidental. O subcontinente entrega-se a uma vasta planície aluvial preenchida por plantações de chá, selva, rios que a monção faz transbordar sobre arrozais sem fim e povoações a rebentar pelas costuras. Na iminência da maior das cordilheiras e do reino montanhoso do Butão, por óbvia influência colonial britânica, a Índia trata esta região deslumbrante por Dooars.
Gangtok, Índia

Uma Vida a Meia-Encosta

Gangtok é a capital de Sikkim, um antigo reino da secção dos Himalaias da Rota da Seda tornado província indiana em 1975. A cidade surge equilibrada numa vertente, de frente para a Kanchenjunga, a terceira maior elevação do mundo que muitos nativos crêem abrigar um Vale paradisíaco da Imortalidade. A sua íngreme e esforçada existência budista visa, ali, ou noutra parte, o alcançarem.
Morondava, Avenida dos Baobás, Madagáscar

O Caminho Malgaxe para o Deslumbre

Saída do nada, uma colónia de embondeiros com 30 metros de altura e 800 anos ladeia uma secção da estrada argilosa e ocre paralela ao Canal de Moçambique e ao litoral piscatório de Morondava. Os nativos consideram estas árvores colossais as mães da sua floresta. Os viajantes veneram-nas como uma espécie de corredor iniciático.
Ooty, Índia

No Cenário Quase Ideal de Bollywood

O conflito com o Paquistão e a ameaça do terrorismo tornaram as filmagens em Caxemira e Uttar Pradesh um drama. Em Ooty, constatamos como esta antiga estação colonial britânica assumia o protagonismo.
Goa, Índia

Para Goa, Rapidamente e em Força

Uma súbita ânsia por herança tropical indo-portuguesa faz-nos viajar em vários transportes mas quase sem paragens, de Lisboa à famosa praia de Anjuna. Só ali, a muito custo, conseguimos descansar.

Hampi, India

À Descoberta do Antigo Reino de Bisnaga

Em 1565, o império hindu de Vijayanagar sucumbiu a ataques inimigos. 45 anos antes, já tinha sido vítima da aportuguesação do seu nome por dois aventureiros portugueses que o revelaram ao Ocidente.

Shillong, India

Selfiestão de Natal num Baluarte Cristão da Índia

Chega Dezembro. Com uma população em larga medida cristã, o estado de Meghalaya sincroniza a sua Natividade com a do Ocidente e destoa do sobrelotado subcontinente hindu e muçulmano. Shillong, a capital, resplandece de fé, felicidade, jingle bells e iluminações garridas. Para deslumbre dos veraneantes indianos de outras partes e credos.
Siliguri a Darjeeling, Índia

Ainda Circula a Sério o Comboio Himalaia de Brincar

Nem o forte declive de alguns tramos nem a modernidade o detêm. De Siliguri, no sopé tropical da grande cordilheira asiática, a Darjeeling, já com os seus picos cimeiros à vista, o mais famoso dos Toy Trains indianos assegura há 117 anos, dia após dia, um árduo percurso de sonho. De viagem pela zona, subimos a bordo e deixamo-nos encantar.
Maguri Bill, Índia

Um Pantanal nos Confins do Nordeste Indiano

O Maguri Bill ocupa uma área anfíbia nas imediações assamesas do rio Bramaputra. É louvado como um habitat incrível sobretudo de aves. Quando o navegamos em modo de gôndola, deparamo-nos com muito (mas muito) mais vida que apenas a asada.
Jaisalmer, Índia

A Vida que Resiste no Forte Dourado de Jaisalmer

A fortaleza de Jaisalmer foi erguida a partir de 1156 por ordem de Rawal Jaisal, governante de um clã poderoso dos confins hoje indianos do Deserto do Thar. Mais de oito séculos volvidos, apesar da contínua pressão do turismo, partilham o interior vasto e intrincado do último dos fortes habitados da Índia quase quatro mil descendentes dos habitantes originais.
Guwahati a Sela Pass, Índia

Viagem Mundana ao Desfiladeiro Sagrado de Sela

Durante 25 horas, percorremos a NH13, uma das mais elevadas e perigosas estradas indianas. Viajamos da bacia do rio Bramaputra aos Himalaias disputados da província de Arunachal Pradesh. Neste artigo, descrevemos-lhe o trecho até aos 4170 m de altitude do Sela Pass que nos apontou à cidade budista-tibetana de Tawang.
PN Kaziranga, Índia

O Baluarte dos Monocerontes Indianos

Situado no estado de Assam, a sul do grande rio Bramaputra, o PN Kaziranga ocupa uma vasta área de pântano aluvial. Lá se concentram dois terços dos rhinocerus unicornis do mundo, entre em redor de 100 tigres, 1200 elefantes e muitos outros animais. Pressionado pela proximidade humana e pela inevitável caça furtiva, este parque precioso só não se tem conseguido proteger das cheias hiperbólicas das monções e de algumas polémicas.
Majuli, Índia

Uma Ilha em Contagem Decrescente

Majuli é a maior ilha fluvial da Índia e seria ainda uma das maiores à face da Terra não fosse a erosão do rio Bramaputra que há séculos a faz diminuir. Se, como se teme, ficar submersa dentro de vinte anos, mais que uma ilha, desaparecerá um reduto cultural e paisagístico realmente místico do Subcontinente.
Chandor, Goa, Índia

Uma Casa Goesa-Portuguesa, Com Certeza

Um palacete com influência arquitectónica lusa, a Casa Menezes Bragança, destaca-se do casario de Chandor, em Goa. Forma um legado de uma das famílias mais poderosas da antiga província. Tanto da sua ascensão em aliança estratégica com a administração portuguesa como do posterior nacionalismo goês.
savuti, botswana, leões comedores de elefantes
Safari
Savuti, Botswana

Os Leões Comedores de Elefantes de Savuti

Um retalho do deserto do Kalahari seca ou é irrigado consoante caprichos tectónicos da região. No Savuti, os leões habituaram-se a depender deles próprios e predam os maiores animais da savana.
Jovens percorrem a rua principal de Chame, Nepal
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 1º - Pokhara a ChameNepal

Por Fim, a Caminho

Depois de vários dias de preparação em Pokhara, partimos em direcção aos Himalaias. O percurso pedestre só o começamos em Chame, a 2670 metros de altitude, com os picos nevados da cordilheira Annapurna já à vista. Até lá, completamos um doloroso mas necessário preâmbulo rodoviário pela sua base subtropical.
Sombra vs Luz
Arquitectura & Design
Quioto, Japão

O Templo de Quioto que Renasceu das Cinzas

O Pavilhão Dourado foi várias vezes poupado à destruição ao longo da história, incluindo a das bombas largadas pelos EUA mas não resistiu à perturbação mental de Hayashi Yoken. Quando o admirámos, luzia como nunca.
lagoas e fumarolas, vulcoes, PN tongariro, nova zelandia
Aventura
Tongariro, Nova Zelândia

Os Vulcões de Todas as Discórdias

No final do século XIX, um chefe indígena cedeu os vulcões do PN Tongariro à coroa britânica. Hoje, parte significativa do povo maori reclama aos colonos europeus as suas montanhas de fogo.
Cerimónias e Festividades
Sósias, actores e figurantes

Estrelas do Faz de Conta

Protagonizam eventos ou são empresários de rua. Encarnam personagens incontornáveis, representam classes sociais ou épocas. Mesmo a milhas de Hollywood, sem eles, o Mundo seria mais aborrecido.
Templo Nigatsu, Nara, Japão
Cidades
Nara, Japão

Budismo vs Modernismo: a Face Dupla de Nara

No século VIII d.C. Nara foi a capital nipónica. Durante 74 anos desse período, os imperadores ergueram templos e santuários em honra do Budismo, a religião recém-chegada do outro lado do Mar do Japão. Hoje, só esses mesmos monumentos, a espiritualidade secular e os parques repletos de veados protegem a cidade do inexorável cerco da urbanidade.
Comida
Mercados

Uma Economia de Mercado

A lei da oferta e da procura dita a sua proliferação. Genéricos ou específicos, cobertos ou a céu aberto, estes espaços dedicados à compra, à venda e à troca são expressões de vida e saúde financeira.
Sombra de sucesso
Cultura
Champotón, México

Rodeo Debaixo de Sombreros

Champoton, em Campeche, acolhe uma feira honra da Virgén de La Concepción. O rodeo mexicano sob sombreros local revela a elegância e perícia dos vaqueiros da região.
Bungee jumping, Queenstown, Nova Zelândia
Desporto
Queenstown, Nova Zelândia

Queenstown, a Rainha dos Desportos Radicais

No séc. XVIII, o governo kiwi proclamou uma vila mineira da ilha do Sul "fit for a Queen". Hoje, os cenários e as actividades radicais reforçam o estatuto majestoso da sempre desafiante Queenstown.
Eternal Spring Shrine
Em Viagem

Garganta de Taroko, Taiwan

Nas Profundezas de Taiwan

Em 1956, taiwaneses cépticos duvidavam que os 20km iniciais da Central Cross-Island Hwy fossem possíveis. O desfiladeiro de mármore que a desafiou é, hoje, o cenário natural mais notável da Formosa.

Conversa entre fotocópias, Inari, Parlamento Babel da Nação Sami Lapónia, Finlândia
Étnico
Inari, Finlândia

O Parlamento Babel da Nação Sami

A Nação sami integra quatro países, que ingerem nas vidas dos seus povos. No parlamento de Inari, em vários dialectos, os sami governam-se como podem.
tunel de gelo, rota ouro negro, Valdez, Alasca, EUA
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Portfólio Got2Globe

Sensações vs Impressões

Banhistas em pleno Fim do Mundo-Cenote de Cuzamá, Mérida, México
História
Iucatão, México

O Fim do Fim do Mundo

O dia anunciado passou mas o Fim do Mundo teimou em não chegar. Na América Central, os Maias da actualidade observaram e aturaram, incrédulos, toda a histeria em redor do seu calendário.
A pequena-grande Senglea II
Ilhas
Senglea, Malta

A Cidade Maltesa com Mais Malta

No virar do século XX, Senglea acolhia 8.000 habitantes em 0.2 km2, um recorde europeu, hoje, tem “apenas” 3.000 cristãos bairristas. É a mais diminuta, sobrelotada e genuína das urbes maltesas.
costa, fiorde, Seydisfjordur, Islandia
Inverno Branco
Seydisfjordur, Islândia

Da Arte da Pesca à Pesca da Arte

Quando armadores de Reiquejavique compraram a frota pesqueira de Seydisfjordur, a povoação teve que se adaptar. Hoje, captura discípulos da arte de Dieter Roth e outras almas boémias e criativas.
Casal de visita a Mikhaylovskoe, povoação em que o escritor Alexander Pushkin tinha casa
Literatura
São Petersburgo e Mikhaylovskoe, Rússia

O Escritor que Sucumbiu ao Próprio Enredo

Alexander Pushkin é louvado por muitos como o maior poeta russo e o fundador da literatura russa moderna. Mas Pushkin também ditou um epílogo quase tragicómico da sua prolífica vida.
Cavalos sob nevão, Islândia Neve Sem Fim Ilha Fogo
Natureza
Husavik a Myvatn, Islândia

Neve sem Fim na Ilha do Fogo

Quando, a meio de Maio, a Islândia já conta com o aconchego do sol mas o frio mas o frio e a neve perduram, os habitantes cedem a uma fascinante ansiedade estival.
Sheki, Outono no Cáucaso, Azerbaijão, Lares de Outono
Outono
Sheki, Azerbaijão

Outono no Cáucaso

Perdida entre as montanhas nevadas que separam a Europa da Ásia, Sheki é uma das povoações mais emblemáticas do Azerbaijão. A sua história em grande parte sedosa inclui períodos de grande aspereza. Quando a visitámos, tons pastéis de Outono davam mais cor a uma peculiar vida pós-soviética e muçulmana.
Namibe, Angola, Gruta, Parque Iona
Parques Naturais
Namibe, Angola

Incursão ao Namibe Angolano

À descoberta do sul de Angola, deixamos Moçâmedes para o interior da província desértica. Ao longo de milhares de quilómetros sobre terra e areia, a rudeza dos cenários só reforça o assombro da sua vastidão.
Visitante, Michaelmas Cay, Grande Barreira de Recife, Australia
Património Mundial UNESCO
Michaelmas Cay, Austrália

A Milhas do Natal (parte I)

Na Austrália, vivemos o mais incaracterístico dos 24os de Dezembro. Zarpamos para o Mar de Coral e desembarcamos num ilhéu idílico que partilhamos com gaivinas-de-bico-laranja e outras aves.
Em quimono de elevador, Osaka, Japão
Personagens
Osaka, Japão

Na Companhia de Mayu

A noite japonesa é um negócio bilionário e multifacetado. Em Osaka, acolhe-nos uma anfitriã de couchsurfing enigmática, algures entre a gueixa e a acompanhante de luxo.
Mini-snorkeling
Praias
Ilhas Phi Phi, Tailândia

De regresso à Praia de Danny Boyle

Passaram 15 anos desde a estreia do clássico mochileiro baseado no romance de Alex Garland. O filme popularizou os lugares em que foi rodado. Pouco depois, alguns desapareceram temporária mas literalmente do mapa mas, hoje, a sua fama controversa permanece intacta.
Kirkjubour, Streymoy, Ilhas Faroé
Religião
Kirkjubour, Streymoy, Ilhas Faroé

Onde o Cristianismo Faroense deu à Costa

A um mero ano do primeiro milénio, um missionário viquingue de nome Sigmundur Brestisson levou a fé cristã às ilhas Faroé. Kirkjubour, tornou-se o porto de abrigo e sede episcopal da nova religião.
Executivos dormem assento metro, sono, dormir, metro, comboio, Toquio, Japao
Sobre Carris
Tóquio, Japão

Os Hipno-Passageiros de Tóquio

O Japão é servido por milhões de executivos massacrados com ritmos de trabalho infernais e escassas férias. Cada minuto de tréguas a caminho do emprego ou de casa lhes serve para o seu inemuri, dormitar em público.
Mahu, Terceiro Sexo da Polinesia, Papeete, Taiti
Sociedade
Papeete, Polinésia Francesa

O Terceiro Sexo do Taiti

Herdeiros da cultura ancestral da Polinésia, os mahu preservam um papel incomum na sociedade. Perdidos algures entre os dois géneros, estes homens-mulher continuam a lutar pelo sentido das suas vidas.
O projeccionista
Vida Quotidiana
Sainte-Luce, Martinica

Um Projeccionista Saudoso

De 1954 a 1983, Gérard Pierre projectou muitos dos filmes famosos que chegavam à Martinica. 30 anos após o fecho da sala em que trabalhava, ainda custava a este nativo nostálgico mudar de bobine.
Lago Manyara, parque nacional, Ernest Hemingway, girafas
Vida Selvagem
PN Lago Manyara, Tanzânia

África Favorita de Hemingway

Situado no limiar ocidental do vale do Rift, o parque nacional lago Manyara é um dos mais diminutos mas encantadores e ricos em vida selvagem da Tanzânia. Em 1933, entre caça e discussões literárias, Ernest Hemingway dedicou-lhe um mês da sua vida atribulada. Narrou esses dias aventureiros de safari em “As Verdes Colinas de África”.
Napali Coast e Waimea Canyon, Kauai, Rugas do Havai
Voos Panorâmicos
NaPali Coast, Havai

As Rugas Deslumbrantes do Havai

Kauai é a ilha mais verde e chuvosa do arquipélago havaiano. Também é a mais antiga. Enquanto exploramos a sua Napalo Coast por terra, mar e ar, espantamo-nos ao vermos como a passagem dos milénios só a favoreceu.